O verão do meu xará

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Por Leandro Paulo

Em algumas situações, nós viciados em futebol, escolhemos um clube “alternativo” para dedicarmos nosso carinho e afeto particular. Uma propriedade diferente, sem fama ou holofotes. Assim surgem adeptos do Crystal Palace, do Livorono, do Sankt Pauli etc.

Já escrevi sobre o BarreirosDestroyers, Rampla Juniors entre outros. Mas o Famalicão sempre será algo diferente, para mim é uma extensão do meu Santa Cruz (tanto o de Recife quanto o de Quipapá) em Portugal. Escrevi sobre o clube e sua relação com o Santa Cruz em Dezembro de 2015.

Na virada do ano, o time bracarense decolou saltando da 11ª colocação para o vice-lugar na Liga de Honra e briga arduamente para retornar a elite. Sempre estou acompanhando suas partidas, algo que marcará esse verão – no inverno português – tanto para o clube quanto para um jogador em especial.

Um dos destaques dessa boa fase dos famalicenses também se chama Leandro Paulo… Não, não sou eu. Seria demais para esse coração que sonhou em ser jogador.

O “outro” Leandro Paulo, também é pernambucano, virou Leandro Souza no universo do Futebol. Jogou nas categorias de base dos clubes de Recife, se profissionalizou no Lagartense, da cidade de Lagarto no Sergipe (terra do atacante naturalizado espanhol Diego Costa), e lutou muito em clubes pequenos de Portugal.

Sua jornada no além-mar iniciou justamente na cidade de Vila Nova de Famalicão quando jogou pelo pequeno GD Ribeirão. Depois atuou por uma temporada no Alpendorada, do Mêda, e depois pelo Benfica, de Castelo Branco, equipas das divisões de acesso.

Em 2011, teve a oportunidade de defender um dos ditos grandes de Portugal: o Boavista. Porém, os enxadrezados viviam a pior fase de sua rica história, sendo forçados a jogar a Liga de Honra na temporada 2008/9, por conta do envolvimento de seus dirigentes no escândalo Apito Final, sendo rebaixados para a II Divisão B, quando Leandro chegou à cidade do Porto.

[Boavista FC - Divulgação]
[Boavista FC – Divulgação]
Na época seguinte, foi um dos artilheiros da Terceira Divisão com 17 gols em 30 partidas disputadas pelo Mirandela, chegando à elite do futebol… cipriota ao se transferir para o Doxa Katokopias, que desde a ocupação turca, em 1974, joga em Peristerona. Finalmente, pode disputar a prestigiosa Liga Sagres quando assinou com o Moreirense em 2014.

Como o Famalicão sempre teve um pernambucano nos seus períodos gloriosos, Leandro Souza mantem o legado e sido o craque do Fama, que gentilmente me concedeu esta rápida entrevista, por intermédio do seu irmão Tonny, que seguirá os seus passos na próxima janela de transferências.

É mais um relato de um brasileiro que se aventurou no Planeta Bola com classe e talento. Continuará desconhecido do grande público, marcando gols e em busca dos seus sonhos.

Discorra sobre os seus primeiros passos no futebol no Brasil e sua chegada à Portugal

Eu comecei a minha carreira nos infantis do Náutico, ao lado do Betinho (autor do gol do titulo da Copa do Brasil pelo Palmeiras em 2012), Diego, Sandro e outros talentos. Fomos campeões em 2002, só que depois fui dispensado com mais vinte cinco jogadores, pois o clube ficou com apenas quatro jogadores daquele grupo. Fiz testes no Vitória, no Paulista de Jundiaí, voltei para o Recife e em 2005 parti para uma nova no Operário-MT.

Fui destaque e campeão por lá, quando recebi o convite para jogar nos juniores do Sport Recife no ano seguinte. Joguei com o Flávio Caça-Rato e muitos outros bons jogadores e também conquistei o campeonato pernambucano da categoria, mas tal como no alvirrubro de Recife, boa parte do grupo foi dispensada.

Aí surgiu uma proposta para o Lagartense e fui novamente atrás do meu sonho. Foi quando chamei a atenção de um empresário português que estava em Sergipe para observar novos talentos. Ele me convidou para ir para lá e eu aceitei imediatamente.

Cheguei em Portugal com 19 anos, fui para um clube pequeno chamado GD Ribeirão, quando cheguei a enfrentar o Diego Costa, natural de Lagarto. Três anos atrás passei pelo futebol cipriota no Doxa, onde marquei 10 gols, e fui contratado pelo Moreirense Futebol Clube, que disputou a Liga Sagres e no final da temporada assinei com o Famalicão.

Como você foi parar no Famalicão? Já ouviu falar em Augusto, Birigui, Lula, Tanta e outros conterrâneos nossos que jogaram no clube?

Sim já ouvir fala desses jogadores, especialmente o Tanta. O Abel Braga também foi treinador aqui [Nota: foi ele quem subiu o clube em 1990]. Além de mim tem outro jogador pernambucano, o volante Mercio, que é de Recife, mas no futebol brasileiro jogou apenas pelo Centro Limoeirense. Ele também já jogou no Chipre e está no Famalicão a três anos, ao lado de outros jogadores brasileiros; Diego Medeiros, Éder Diego, Luiz Alberto e Mauro Alonso. Fui convidado pelo treinador e o diretor para agarrar esse projeto e larguei tudo por acreditar nele.

Em 2016 o clube perdeu apenas um jogo e nesse ano você passou a marcar mais gols. Considera esse momento o seu auge como jogador ?

Sim, é verdade estamos muito bem graças a Deus. Trabalhamos muito, somos uma equipa unida que sabe o que quer. Não é fácil, mas já estamos a 11 jogos sem perder e com muito trabalho chegamos nesses números.

Como está o clima na Vila Nova de Famalicão com a arrancada do clube?

A cidade está em festa, pois é uma cidade que gosta e ama o futebol. Uma cidade que enche o estádio [Nota: atualmente o FC Famalicão tem 6 mil sócios em dia] como já não se vê em muitos clubes de Portugal. Sinto muito o calor do público nas arquibancadas e fico muito feliz de ver o nosso estádio cheio.

O quê está acontecendo de errado com os clubes pernambucanos ao promover os garotos da base?

Os clubes de Pernambuco têm que avaliar melhor as categorias de base para não perderem tantos jogadores. Um dia gostaria de voltar para um clube grande do Recife, mas eles não podem desvalorizar os meninos.

Mesmo jogando por vários clubes pequenos e passando por alguns momentos difíceis no futebol já pensou alguma vez em largá-lo?

Nunca, e olha que já passei por momentos muito difíceis tanto em Portugal quanto no Brasil. Mas quem tem um Deus que realiza sonhos não pensa em desistir nunca. Acho que quem desiste de um sonho são os fracos, temos que ser fortes para o mundo, senão o mundo passa por cima de nós. Com Deus na frente temos que sempre ter fé e amigos.

Quando joguei a II Divisão Zona Norte pelo Sport Clube Mirandela marquei 17 gols, em um campeonato que poucos tinham notícias, mas o meu trabalho pôde abrir novas oportunidades naquele momento.

Aquele golaço de bicicleta contra o Oliveirense em fevereiro, dá para sonhar com o prêmio Puskas? Foi o mais bonito da sua carreira?

Graças a Deus foi um bonito gol, mas para o prêmio Puskas não. Tem gols muito mais bonitos por aí, quem sabe um dia faço outro… Bem melhor, mas tenho alguns mais bonitos.

É mais difícil jogar por um clube pequeno do Nordeste ou por uma equipa das divisões de acesso de Portugal?

Boa pergunta! Já pensei nisso algumas vezes. As divisões de acesso no Brasil e no Nordeste são muito difíceis e com muita qualidade. Joguei com Aderlan Santos [Nota: zagueiro que iniciou a carreira no Salgueiro, foi para o Braga e agora defende o Valencia] e ele jamais teve espaço aí, mas dentro de algum tempo será um dos maiores defensores do Brasil.

E como é a realidade do futebol cipriota?

A primeira divisão é forte, mas a segunda divisão do Chipre não tem tanta qualidade como a Série A-2 do campeonato Pernambuco, por exemplo.

Desejo-lhe muita sorte nessa reta final da Liga Vitalis. E sobre a artilharia, dá para alcançar o Higor Platiny?

Muito obrigado pela atenção. Sim, é possível chegar lá,  vou trabalhar bastante para lutar por essa conquista também [Nota: o atacante brasileiro do Feirense tem quatro gols de vantagem].

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