Pão e chocolate

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*Por Xico Pati

Há 40 anos entrava em cartaz a obra prima do diretor Franco Bursati, Pane e cioccolata (Pão e chocolate). Ótima ocasião para relembrar a maravilhosa cena que mistura futebol e identidade nacional.

É uma das cenas mais místicas do cinema italiano. Em 1973 saia o filme Pane e Cioccolata dirigido por Franco Bursati. É a história de um imigrante italiano na Suíça, interpretado por Nino Manfredi, que almeja um visto de trabalho no país vizinho. O personagem Nino Garofalo passa por enormes dificuldades, chegando a dormir num galinheiro amontoado a outros compatriotas.

Nino é demitido de todos os seus empregos e passa por várias situações constrangedoras por conta de sua origem. Com o objetivo de escapar dessa situação, ele decide pintar o cabelo de loiro para ficar parecido com um local e assim se integrar naquela sociedade hostil. Ai surge a cena antológica onde Nino entra num bar repleto de suíços e alemães (Assista ao vídeo abaixo). Na televisão passa o jogo entre Itália e Inglaterra. Evidentemente todos os suíços torciam para a Inglaterra e vaiavam os italianos. Para não gerar qualquer tipo de desconfiança, Nino é obrigado a fingir que está torcendo para o English Team, vaiando e xingando a sua Azzurra.

Porém, no segundo tempo, quando a Itália já vencia por 1 x 0, Fabio Capello aumentou a vantagem para a Nazionale. Overdose de emoção na cabeça de Nino, o qual se segurou durante todo o primeiro tempo. De repente, quando a TV mostrou as bandeiras tricolores se agitarem no estádio, ele surtou e começou a gritar: Gol! Gol! Gol!. Só se ouvia os seus gritos ecoando no bar. Diante do olhar de desaprovação dos suíços, ele desabafa: “Sim! Eu sou italiano! E ai?

Incomoda? Gooooooooooooooool!” A cena termina com Nino indo se olhar no espelho depois de ter discutido com um dos clientes. Após olhar fixamente o ridículo tingimento no cabelo, ele bate a cabeça contra o espelho num gesto desesperado de vergonha por ter traído a sua origem.

Esta cena foi muito comentada em toda Itália, por escritores, cineastas, jogadores e sociólogos, porque ela explica um monte de coisas ao mesmo tempo. Ela demonstra o complexo de inferioridade que os imigrantes italianos sentiam durante anos no estrangeiro, seja na Inglaterra, na França, na Alemanha ou na Suíça. No futebol, esse complexo desapareceu no dia 14 de novembro de 1973, no dia em que os Azzurri foram jogar contra a Inglaterra em Wembley.

Nunca, na história, a Itália, apesar do bicampeonato mundial, havia vencido os ingleses na terra da Rainha. Mas o gol de Fabio Capello, no final do segundo tempo, mudou essa história. O gol começa com um lance de Giorgio Chinaglia (imigrante no Pais de Gales desde os seis anos de idade) que dribla e chuta pro gol. O goleiro rebate e sobra para Capello marcar o segundo e último gol da lendária vitória italiana.

http://https://www.youtube.com/watch?v=3oRX7-AiT2E

Vários imigrantes italianos estavam neste dia em Wembley. Para eles, muitas vezes tratados como simples garçom de bar pelos ingleses, foi uma libertação. Uma alegria imensa que vai além de uma simples revanche sobre a suposta superioridade futebolística britânica.

“Eu pensei na hora neste resultado histórico, mas sobretudo em todos os italianos no exterior. Para eles, é uma espécie de revanche (“riscattto” em italiano). Esse gol foi o mais importante da minha carreira por conta disso tudo”, comentou Fabio Capello em uma entrevista a RAI.

A cena do bar, o gol em Wembley e esta vitória histórica, Fabio Capello assim explicou: “Nos anos 70, a Itália não era uma potencia mundial, mas um país pobre. Os italianos no estrangeiro não eram respeitados e não tinham grande importância. A cena do filme Pane e Ciocolata corroborou com o que eu pensei na hora que marquei o segundo gol. Era um presente para todos italianos no mundo. Era uma resposta para o complexo de inferioridade”.

O famoso jornalista Gianni Brera explicava que em campo os italianos se sentiam inferiores fisicamente, pois corriam sempre menos que os seus adversários. “Eram menores que os alemães e os ingleses. Eram grandes e fortes”.

Uma ligação direta com a escolha de Nino em pintar o cabelo de loiro, antes que ele desse conta que o amor pela sua pátria e o orgulho de ser italiano eram mais fortes que uma simples cor de cabelo.

Fonte: So.foot

 

*Xico Pati é descendente de italianos e idealizador da Central3

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