Por uma festa legítima na popular

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Por Leonardo Lepri Ferro

É só ter um pouquinho de paciência que ela aparece. Entre uma propaganda e outra, eis que surge como a representação – quase – perfeita de uma realidade que só interessa quando traduzida em material visual, bom o suficiente para ser usado como propaganda institucional.

A publicidade em questão versa sobre um poderoso banco que hoje se traduz na principal fonte de ingressos da Conmebol. Talvez por causa deste pequeno detalhe, o banco acredita que o dinheiro que possui armazenado virtualmente em seu cofre lhe confere o direito de cometer qualquer tipo de sacrilégio. Inclusive o mais absurdo deles: inserir a marca, o nome próprio entre o “COPA” e o “LIBERTADORES”.

Se o amigo leitor ainda não assistiu a publicidade em pauta, ou não associou a cara ao crachá, não se preocupe. Cedo ou tarde ela vai saltar durante alguma transmissão do canal FECHADO, dono dos direitos televisivos da competição, e que se autoproclama “A CASA DA LIBERTADORES”.

Nas cenas ensaiadas por atores, imagino que exaustivamente, vemos falsos torcedores profissionais tentando imitar a beleza única que apenas os verdadeiros torcedores amadores conseguem produzir, sem nenhum ensaio prévio,amontoados nos tablones das canchas mais SUDACAS que conhecemos espalhadas por aí.

Não há como negar: as toneladas de papel picado derramando do céu, as bobinas sendo desenrolada sem um voo suicida, os bumbos com platillos tocando uma murga rítmica e hipnotizante, as centenas de bandeiras tremulando com as cores sagradas do time, os guarda-chuvas seguindo freneticamente o mesmo padrão, toda aquela fumaceira dos sinalizadores, as faixas com engenhosos poemas dedicados ao clube, o escudo marcado a sangue na pele do fanático… tudo isso (e por isso tudo) faz da Libertadores a competição entre clubes mais apaixonante do mundo.

É claro que falta sentimento genuíno aos figurantes da propaganda, mas o esforço empregado pela produção em imitar a tradicional festa da hinchada é algo admirável.

Na semana passada, porém, a Conmebol enviou um comunicado aos clubes participantes da Copa Libertadores.Sob o falso e repetitivo pretexto da segurança, mandou avisar sobre prováveis punições aos times que, na condição de mandante, permitam tudo aquilo que foi descrito apenas algumas linhas acima. Bom, pelo que se pode entender diante desta medida, e seguindo suas ações sempre coerentes (?), a entidade máxima responsável por gerir o futebol sul-americano se mostrou explicitamente contrária à publicidade “carro-chefe” de seu principal anunciante. Aquelado tal banco. É isso mesmo, Conmebol?

Querer acabar com algo que faz parte da idiossincrasia do torcedor de Libertadores é um tremendo tiro no pé e mascara os verdadeiros problemas que ameaçam a segurança nos estádios. Estas não se tratam de medidas corretivas, mas meramente punitivas. Poderia até chegar a afirmar que parece algo feito com pura sede de vingança. Proibir o uso destes símbolos de identidade apenas agrava o problema, já que os hinchas não deixarão de usa-los e passarão a buscar maneiras ilegais dese fazer uma festa LEGÍTIMA nas arquibancadas.

Então, por que ao invés de simplesmente proibir tudo de uma vez, não se procura regulamentar, legalizar e fiscalizar os instrumentos, por exemplo.Quais podem ser utilizados? Por que não há uma classificação dos fogos de artifícios que representam um risco real ao público e aqueles que são inofensivos? Uma urgente diferenciação entre bandeiras e lanças medievais?

Não há vontade política para isso. A festa popular é vista como um empecilho a essa iminente modernização que aguarda sua vez ansiosa, com o “ticket” na mão, enquanto desfruta de um Campari sentada no suntuoso bar de alguma Arena modernosa. Eles pretendem”europeizar” o futebol por aqui, mas acabaram importando o que há de pior no futebol por lá: os ingressos caros e as canchas frias, sem nenhum pingo de SENTIMIENTO.

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