Sandro de América

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Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez

4 de Janeiro de 2010. Todos os telejornais peruanos emitiam o começo de outra década e o adeus de um mito latino americano, enquanto eu padecia de uma intensa e quase mortal infecção intestinal – a maior de toda uma vida – após doses cavalares de Chicha Morada, Cusqueña, Inca Cola e Papa Amarilla. Guardava leito em plena Dos de San Felipe, sem pena nem glória e alguns miligramas de soro fisiológico. Na residência dos Fernández del Aguila, localizada no bairro limeño de Jesús Maria, seguia anestesiado em meio a um tradicional temblor vespertino que embalava o luto de todo um continente. Naquela tarde chegaria a notícia da morte de Sandro. Uma parada cardio-respiratória levava o personagem idílico que melhor simbolizava a transbordante latinidade setentera.

Escutei Sandro pela primeira vez nos idos de 2004. Hugo Irrisarri, vocalista do Doble Fuerza, apresentou sua impagável discografia sudaca de Jovem Guarda: Billy Bond, Eddie Pequenino y sus rockersJohnny Tedesco, Kano y Los Bulldogs, Los Gatos Salvajes, Los Iracundos, Los Locos de Lanús, Palito Ortega e Violeta Rivas foram devidamente catalogados e copiados em CD-R. Eis que, Al Calor de Sandro y los de Fuego estava eclipsada entre as pérolas trazidas para Santo André. O segundo disco de Sandro traz versões em espanhol de hits das bandas da invasão britânica – Dave Clarck Five, Gerry and The Pacemakers, The Animals, The Beatles e The Hollies –  além clássicos da estirpe de Chuck Berry, Elvis Presley e Jerry Lee Lewis.

Sandro – nome artístico do argentino Roberto Sánchez – com sua jaqueta de couro, a pélvis tremula e os empolgantes LP’s liderando Los de Fuego, batizaria o proto rock na Argentina. Foram 4 álbuns com a banda de seus amores, formada nas esquinas suburbanas de Lanús sob o ritmo Bill Haley e Buddy Holly. Passo a passo, o garoto de Valentin Alsina se converteria em ícone juvenil, rocker incorrigível e símbolo sexual. Em 1967, com Convención de Vagabundos, Sandro dá início a sua exitosa filmografia que chegaria a 14 pelis. Assim como os já citados Beatles e Elvis, além de Roberto Carlos, alcançaria no cinema um público mais jovem e eclético.

O disco Beat Latino, lançado no mesmo ano do seu debut nas telonas, marcou o final da era rockeira. Sandro troca a surrada jaqueta pelo terno, a gravata e a dor de cotovelo. Arranca a fase romântica que o impulsiona ao mercado de todo o continente. No verão seguinte grava Sandro de América, seu disco mais emblemático com direito a um show histórico no aclamado festival de Viña del Mar.

Na virada dos anos 70, Sandro marcaria para sempre o seu nome. Camisa aberta, correntes, medalhas, pulseiras e  rosas para as fãs… Era o esplendor do gitano que o marcaria eternamente, para delírio de Sidney Magal – seu maior correspondente brazuca. La Vida Sigue Igual, Rosa Rosa e Trigal se transformam em hinos setentistas.

A influência de Sandro ainda é ouvida através de diversos bandas e cantores do rock argentino. 2 Minutos, Andrés Calamaro, Bersuit Vergabarat, Mal Momento, entre outros regravaram os sucessos do artista. Attaque 77 em seu disco de covers chamado Otras Canciones fez uma versão punk do sucesso Dame Fuego, para deleite dos convivas.

Sua relação com o futebol é vaga e misteriosa. Sandro viveu boa parte de sua vida em Banfield, ao sul da Grande Buenos Aires. Recuperando-se do transplante de coração, teria festejado a conquista do Apertura pelo Taladro, no final de 2009, ao lado dos enfermeiros em um hospital na província de Mendoza – onde faleceu nos primeiros dias do ano posterior. Na semana em que completaria 70 anos, deixamos esta singela homenagem que teve início na trilha sonora da última edição do Conexão Sudaca. Viva Sandro! Pois como ele mesmo cantava: “al final la vida sigue igual”.

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