Sete opiniões e uma confissão

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Por Luiz Felipe de Carvalho

1ª opinião – A genialidade é uma questão subjetiva, e nem a ciência possui parâmetros claros para definir quem é gênio e quem não é (isso não é opinião, li numa matéria da National Geographic e esbanjo aqui toda minha erudição). Feito o preâmbulo, digo-lhes que só reconheço dois gênios dentro da música popular brasileira: Caetano Veloso e Raul Seixas. Fácil notar que ambos tem características parecidas: tem obras robustas, são mais instintivos do que racionais, são performáticos, quebraram barreiras, são subversivos e iconoclastas, transitaram por diversos ritmos e estilos, são excelentes letristas, grandes melodistas, fizeram gigantescos sucessos populares mas tem dezenas de tesouros escondidos, sempre foram inquietos, sinceros e absolutamente imperfeitos. Ah, e ambos são baianos, o que parece ser uma indicação geográfica de qualidade.

2ª opinião – Herbert Vianna é um injustiçado. Dentro do rock brasileiro, Cazuza e Renato Russo são as quase-unanimidades ao se pensar em grandes letristas. São eles sempre lembrados como “poetas” (e as aspas não estão aqui porque não sejam bons, mas porque são letristas, não poetas) na maioria das matérias que a imprensa publica sobre o assunto. Não é que Herbert, nesse contexto, seja um coitadinho. Ele construiu uma carreira de sucesso, e é respeitado. Mas nunca parece estar no mesmo patamar de seus colegas. E eu acho que está. E acho até que ele errou menos do que seus dois pares citados. Renato e Cazuza podem ter tido mais lampejos de genialidade, mas cometeram mais “pecados” (e aqui os pecados são estilísticos, não comportamentais, que fique claro). Herbert quase nunca erra. E também tem vários lampejos de genialidade.

3ª opinião – Não adianta: eu não gosto de música popular instrumental. Sabe aquela faixa que aquele artista coloca no álbum, sem letra e sem canto? Então, eu sempre pulo essa faixa. Para mim a música popular está ligada ao canto, mesmo que não signifique nada, tipo “a tonga da mironga do cabuletê” ou “obladi-oblada”.

4ª opinião – Todas as faixas de todos os discos que eu conheço do AC/DC é como se fossem uma só música que se repete com pequenas variações. A sorte – e o talento – deles é que essa uma música é legal pra caralho.

5ª opinião – Tem dois grandes sucessos do rock nacional que eu não consigo entender muito bem porque são sucessos. Um é “Flores em você”, do Ira!. A letra que diz “eu sou eu, você é você” nem é o que mais me incomoda, mas sim o preparo para um grande refrão que não vem. É só aquele “que vejo flores em você”, e pronto. Minimalismo demais. Acho chata, que me desculpe o Edgard. Outra é “Aonde quer que eu vá”, que os Paralamas do Sucesso gravaram pra coletânea Arquivo II, de 2000. Acho a melodia banal e a letra sem graça. Bom, talvez existam mais sucessos do rock nacional que eu não consiga entender porque são sucessos, mas minha birra maior é com essas duas.

6ª opinião – Raul Seixas e Cazuza estão no meu altar, mas ambos sempre tiveram uma mania irritante de fugir às suas respectivas tessituras na hora de cantar. Tessitura, eu aprendi há pouco, é o máximo de notas que uma voz (ou instrumento) consegue alcançar sem perder a qualidade. Em resumo: Cazuza e Raul não sabem gritar – e me irritam um pouco quando o fazem.

7ª opinião – Não gosto de discos ao vivo. Ao vivo tem que ser ao vivo. Se o “ao vivo” não for ao vivo, for em disco, então deixa de ser “ao vivo”, e perde seu sentido. Sim, há grandes momentos de grandes bandas e artistas captados em álbuns “ao vivo”: Deep Purple, Muddy Waters, James Brown, entre muitos outros. Mas servem mais como registro histórico do que outra coisa. Na hora de colocar pra ouvir, prefiro as versões em estúdio.

Uma confissão – Eu já tive o sonho de viver de música. Até tentei por um tempo. Não deu, passou, não tenho frustração nem nostalgia. Só tem uma coisa que eu teria vontade hoje em dia: que um desses caras/minas/bandas que fazem sucesso pacaceta gravasse uma música minha e eu ficasse ganhando dinheiro de direitos autorais pelo resto da vida (estilo o filme “Um grande garoto”, sabe?). Isso é uma parte da confissão. A outra parte é que esses dias eu entrei no site do Gusttavo Lima (isso já poderia contar como uma confissão completa, seu padre?) e descobri que lá existe um email de contato cujo endereço é “compositor@gusttavolima.com.br”, feito justamente para compositores mandarem seus trabalhos. Já faz uns três meses que eu mandei uma música pra ele (ou pro produtor dele) ouvir. Pronto, essa é a confissão (e não, por enquanto não há planos de ele incluir a canção em seu próximo trabalho, já que ele ainda não respondeu ao email, mas né, faz só alguns poucos meses que mandei, deem tempo ao homem).

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3 comentários em “Sete opiniões e uma confissão”

  • Não tenho seu conhecimento musical, nem sei dedilhar violão ou tocar qualquer instrumento. Concordo com voce que música tem que ter o canto, o cantor. A magia acontece quando se mesclam a melodia e a letra. A não ser, para mim, o Bolero de Ravel, que impõe uma história de forte impacto emocional, que sempre me abala quando ouço. Então, sem o conhecimento e a experiência que voce tem com música, me arrisco a dizer que Chico Buarque e Milton Nascimento, no mínimo, o primeiro mais racional, falando quase sempre do que não é visto ou sentido, e Milton, que sempre toca o coração, são gênios para mim.

  • maria lúcia pereira disse:

    Nunca tinha parado pra pensar no Herbert…”Verdade verdadeira”, o que disse sobre ele… Continue mandando suas músicas.Assim como o Gustavo Lima,outros devem dar essa abertura e vc pode simmm…se dar bem nessa…

  • Regina Aurea Pereira disse:

    De todos os citados, coloco Cazuza no altar e gosto de muita coisa de Caetano. Vou dar uma chance pro Herbert, quem sabe…

    Gostei demais da confissão. Insista! Não seja mais um injustiçado!

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