Bolaños, por duas horas

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Esmeraldas, na costa norte do Equador, é conhecida por manter a cultura africana num país em que uma parcela muito pequena, menos de 10% da população, é negra. Diz a história que em 1500 e pouquinho um navio espanhol com escravos afundou na região. Outros chegaram fugindo de regiões como a Nicarágua. E então foi se firmando um ponto de resistência e descendência africana no território equatoriano.

[Divulgação/Grêmio]
[Divulgação/Grêmio]

Vários jogadores de destaque nasceram na região. Uma reportagem da Sportv, às vésperas da Copa do Mundo de 2014, contou sete dos onze prováveis titulares. Erazo, então no Flamengo e hoje no Atlético-MG, é um deles, por exemplo. Curioso é que a cidade de Esmeraldas, capital da província de mesmo nome, nem tradição na primeira divisão do futebol local tem. Miller Bolaños é um dos filhos dessa terra. Esmeraldeño, como dizem. Começou a jogar no Caribe Junior, clube atualmente na terceira divisão e famoso por ser também o campo do início da carreira de Antonio Valencia, equatoriano mais caro da história ao ser contratado pelo Manchester United em 2009.

Dos rojinegros, Miller foi se profissionalizar no Barcelona, de Guayaquil. Em 2007, jogou o Sul-Americano Sub-17 quando inclusive o selecionado do país venceu o Brasil na primeira fase por 5 a 4, ainda que tenha sido lanterna, depois, do hexagonal final – os brasileiros bateram campeões. E em outubro daquele ano acabou flagrado com uso de cocaína, suspenso por uma pena que acabou diminuída para seis meses e colocando em cheque o futuro como um dos grandes nomes de uma nova geração. Mas reencontrou o bom futebol na LDU, campeã da Sul-Americana em 2009 e nacional em 2010, e apesar de uma passagem sem lembranças no Chivas USA, voltou para casa em tempo de brilhar no Emelec e ser tricampeão em 2013-14-15.

Enfim, Miller Bolaños chegou ao Brasil para atuar pelo Grêmio, considerado por muitos o principal reforço dentre os tantos estrangeiros que chegaram ao Brasil para 2016. Estreou, ironia daquelas, contra a própria LDU. O tricolor gaúcho, coisas do futebol, chegou à primeira semana de março já pressionado. O bom final de Brasileiro sob o comando de Roger foi apagado na velocidade de um ataque do Toluca, que venceu os gremistas, com um jogador a menos, na estreia da Libertadores. Era a hora da verdade, estádio cheio, Porto Alegre em noite de show dos Stones. Bolaños titular.

O atacante de 25 anos não fez a partida da vida, e seria exagero dizer que a atuação foi brilhante, mas a primeira impressão foi mais do que boa. Logo no primeiro tempo, muita movimentação, toques à vontade e um gol, pouco mais de meia hora com a nova camisa, para confirmar a boa atuação do time que enfiou 4 a 0 nos visitantes. Como se fosse velho de guerra, comemorou com intimidade digna de dança com o volante Edinho e dedos erguidos para o céu – ainda que esse último gesto seja universal e automático. Saiu no meio do segundo tempo ovacionado pela torcida.

De quarta para domingo, um pulo, Gre-Nal valendo por dois – pontos para o Campeonato Gaúcho e a Liga Sul-Minas-Rio. E se o Gre-Nal perdeu recentemente D’Alessandro, um de seus personagens mais marcantes de uma história que chegou ao jogo 409, ganhava Bolaños, candidato a ídolo, reconhecendo Porto Alegre logo em semana de Libertadores, Mick Jagger e maior jogo possível.

Mas o clássico, para Miller, durou três minutos. Durou 45, vai, mas logo no começo uma cotovelada de William rendeu uma grave lesão no maxilar. O atacante seguiu em campo, mas no intervalo correu para o hospital e teve confirmada a necessidade de cirurgia. Lance em que, que coisa, o árbitro assinalou falta do equatoriano no colorado. E William, negue e peça desculpas até o Gre-Nal 1000, no mínimo foi para dar. Aquela chegada mais dura, de braço aberto, peso todo jogado contra o rival, que vez ou outra dá nisso. Deu.

Bolaños, duas horas em campo, sendo parte na estreia e outra com um maxilar estourado, já correu o suficiente para deixar saudade. Num deserto de grandes jogadores chamado futebol brasileiro, onde talento é miragem, Miller parecia um cara de valer o ingresso, os minutos em frente à TV. Esperemos.

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