Cine São Paulo (2017)

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Crise política, tensões religiosas, atentados terroristas. Preconceito, machismo, intolerância. O mundo pega fogo e o cinema acompanha tudo de perto; o documentário, ainda mais que todos outros gêneros, está ali, captando tudo, registrando para a história, apontando caminhos, fazendo sua crítica através de filmes de denúncia, depoimentos no calor do momento e cineastas engajados politicamente. Os grandes temas tomam as grandes telas, e também as pequenas: estão nos celulares, nos tablets, no Netflix e no Youtube. É ótimo que seja assim. Mas, ao mesmo tempo, como é bom que ainda existam os filmes pequenos! Um tema simples, um protagonista ingênuo, aquela velha premissa: um homem e seu sonho. É aí, também, que mora a magia do cinema. E é essa magia que está por trás de tudo em “Cine São Paulo”.

(O CENTRAL CINE BRASIL DESTA QUINTA, 27 DE ABRIL, CONVERSA COM OS DIRETORES DE CINE SÃO PAULO – O FILME AINDA TEM DUAS EXIBIÇÕES NO FESTIVAL É TUDO VERDADE, SEXTA (28) E DOMINGO (30), AMBAS 20H, NO CCSP, EM SÃO PAULO)

O documentário acompanha o humilde Seu Chico e sua cruzada para reativar o antigo cinema da família, na pequena cidade de Dois Córregos. O Cine São Paulo, que dá nome ao filme, tem uma longa trajetória – são mais de 100 anos desde sua fundação – mesmo que entre trancos e barracos, fechamentos e reaberturas. Cada uma dessas retomadas tem seus dramas particulares, com vilões próprios a sua época. Se o desafio anterior era competir com os videocassetes, agora Seu Chico tem nos computadores e celulares rivais de maior força e agilidade. Para muitos, seu sonho de reabrir um antigo cinema parece ainda mais anacrônico e sem sentido desta vez. Inclusive para sua esposa.

Esse drama íntimo, e que aparece em poucos momentos do filme, é um de seus pontos mais bonitos. O que começa como um motivo de discórdia entre o casal, pois ela não gosta nada da ideia de gastar todas economias em um projeto aparentemente sem sentido, acaba por uni-los em um objetivo.

Como não poderia deixar de ser em um filme que tem no próprio cinema sua maior referência, há citações e cenas de grandes clássicos. Eles pontuam a narrativa do documentário, assim como marcam os momentos importantes da vida de seu protagonista. Seu Chico, nos tempos em que atuava como projecionista, gostava de anotar em um caderno os eventos importantes de sua vida; ao lado deles, a data e o nome do filme que estava sendo projetado naquele dia. Para os cinéfilos, é difícil não se emocionar junto com ele, enquanto as páginas, já amareladas e gastas, são reviradas.

Também é de se elogiar o trabalho estético e de montagem, muito apurados, complementados por uma trilha sonora simples, mas que conduz bem as emoções do espectador. “Cine São Paulo” é um filme redondo, bem narrado e com um personagem que nos cativa rapidamente. Viva os “Seu Chico” do mundo, que ainda acreditam na importância desse antigo ritual de sentar-se em grupo numa sala escura e se deixar levar pelas imagens. Viva os pequenos filmes que fazem valer essa hora e pouco passada sem olhar o celular e sem saber do mundo lá fora.

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