Copa C3 | A memória que nos contam

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Era o Campeonato Brasileiro de 1998, jogavam Portuguesa e Palmeiras no Canindé e a torcida da casa cantava a plenos pulmões o “não é mole, não! Junior Baiano afundou a seleção!”. Ele acabou marcando o gol da vitória visitante e foi para cima do setor rival, em tom de desabafo. Seria campeão da Libertadores do ano seguinte, marcando gols importantíssimos.

Quatro Copas depois, o caso Fred. O ótimo centroavante fez um Mundial ruim e, diante de um time mal armado, virou o cone do fracasso brasileiro, escancarado no 7-1 do Mineirão. Voltou a atuar pelo Fluminense, passou toda uma Série A sendo hostilizado aos quatro cantos do país e terminou… artilheiro do campeonato. Foram 16 gols em 23 jogos depois da Copa.

As narrativas vão sendo construídas a cada domingo sem vitória, e nem precisamos chegar em Barbosa, o maior peso nas costas da história, o exemplo máximo. Faz parte do jogo. Heróis, vilões, alvos mais fáceis, estrelas bajuladas, traumas, manchetes de jornal. Sobra para alguém, e carrega-se para sempre.

Torcer é da rotina, se frustrar com o resultado adverso idem, mas é preciso um pouco de responsabilidade para se contar a história. É na segunda-feira de manhã, e hoje em dia ainda mais rápido, já no anoitecer de domingo, que forjamos essa memória a cada quatro anos.

A narração oficial e única Galvão-Arnaldo bateu seus 50 pontos de audiência para Brasil x Suíça no domingo. Em 2014, com jogo na quinta-feira, a transmissão global ficou na casa dos 37 pontos, e em 2010 eram uns 45 – ambos os Mundiais tinham também transmissão da Band (números do levantamento de Maurício Stycer). Interessante observar qual história acaba sendo a mais difundida pela voz do plim-plim.

Zuber, atacante da Suíça, disputa espaço na área com Miranda, zagueiro do Brasil, e toca para o gol. Lance de intensidade, de interpretação entre o apoio natural do europeu sobre o brasileiro ou empurrão num movimento irregular para se posicionar após a cobrança de bola parada. A regra como ela sempre foi: difícil e sutil sob os olhares de um mediador.

Galvão Bueno falou em desmoralização do VAR – que foi utilizado sem necessidade de parar o jogo, como a Fifa contou hoje, na chamada consulta silenciosa, quando a partida segue porque não se constatou falta clara. Depois, berrou que está falando há meses que o árbitro de vídeo “é um blefe”. Seu colega Arnaldo Cezar Coelho, árbitro de final de Copa, disse que o “Brasil está sem força na Fifa”, insinuando, veja só, que no fim das contas o que pesa numa arbitragem é o jogo político das camisas envolvidas.

Somada a isso a exaltação pelas dez faltas sofridas pelo camisa 10 canarinho, o craque-amigo que procurou boa parte delas, e a narrativa está pronta: não quiseram usar o árbitro de vídeo num lance que prejudicou o Brasil e Neymar foi caçado. Em algum momento vai sobrar um “precisamos falar também que o Brasil não foi bem no segundo tempo”, mas depois das vírgulas a sentença já estará dada.

O Brasil teve momentos bons, momentos ruins, e empatou contra um adversário que é a síntese da dificuldade desse Mundial: muita disciplina na estratégia definida, muita imposição física, muito conhecimento sobre o adversário e um jogo mental rígido, sem distrações nem medo de camisa ou cara feia. Brasil, Alemanha e Argentina terminaram o jogo rondando a área e dando com a cara na porta, e isso me parece o grande assunto da Copa até aqui.

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