Copa C3 | Dia 14, nada como um dia após o outro

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Dia 14 – Nada como um dia após o outro

por Gabriel Brito

Alemanha 0 x 2 Coréia do Sul – um grande time nasce, cresce, ganha o que precisa e morre

Um dia para a memória coletiva das Copas do Mundo esta quarta-feira, 27 de junho de 2014. Não há outro lide possível: quatro anos após o maior absurdo da história do futebol a Alemanha cai eliminada na primeira fase e o Brasil vence bem uma partida que lhe confere a liderança de sua chave.

Deitada na glória, a seleção germânica já tinha mostrado um pouco menos de fome que o habitual na semifinal da Euro-2016 contra a França, quando Griezman anotou duas vezes e selou um triunfo relativamente fácil em Marselha.

Ontem, em Kazan, vimos o desfecho de uma campanha constrangedora, a igualar as decepções brasileira em 1966, francesa em 2002, italiana em 2010 (emendada em 14 e 18) e espanhola em 2014, campeões mundiais que pegaram o caminho de casa muito mais rápido do que supunham as bolsas de apostas.

E foi completamente merecido. O fim de ciclo é inerente a qualquer grande equipe de qualquer grande esporte. Joachim Low falhou em não manter a fome de glórias em alta na sua equipe.

Não é recomendável resumir derrotas à “falta de vontade” ou “pegada” e até elogiamos a atitude da equipe em se lançar com tudo ao ataque nas duas partidas anteriores.

A questão é que ao se contabilizar a terceira partida e registrar que os tetracampeões do mundo ficaram à frente no placar apenas por um minuto significa.

Estranhamente, no embate contra os bravos coreanos Low foi recorrentemente infeliz nas opções. Sem Boateng, não quis escalar Rudiger ao lado de Hummels. Khedira já mostrara sua obsolescência contra o México e Gundogan foi desperdiçado. Draxler e Muller parecem ter sido queimados e o limitado Timo Werner ganhou nova chance. Por fim, vale lembrar do lastimável descarte de Sané por não estar ainda à altura “do automatismo da máquina”, como justificara o comandante.

Em campo, um time que todos queriam bater jamais conseguiria encontrar soluções para abrir defesas, no que a ausência do ótimo ponta do Manchester City se revela ainda mais incompreensível.

Pra completar o pacote, um Toni Kroos que tentou assumir o papel de Schweinsteiger, mas falhou. Errou o passe que permitiu à Suécia contra-atacar para o gol de Toivonen e ontem não só errou o passe que gerou o ataque seguido de escanteio do primeiro gol coreano como ainda deu a assistência involuntária para o gol de Kim.

Não só foi miseravelmente eliminada como não esteve muito longe de sair da Rússia com três derrotas. A insanidade de Neuer que terminou no segundo tento asiático é a moldura da foto.

Engraçado notar a comoção até de quem estava mais contra que a favor do Brasil em 2014. Nem meu pai resistiu e logo torpedeou um “chupa Alemanha! VEXAME HISTÓRICO!” em nossas conexões pessoais.

Vamos evitar os debates pseudoestruturais que inundam redes sociais, com falsas retóricas a opor interlocutores imaginários, tanto aqueles que ressaltaram o projeto alemão (que existiu) como os que sempre bradaram contras as mazelas da CBF (que seguem) ou ainda as apreciações destes ou daqueles jogadores.

Ficamos com a conclusão do amigo Paulo Junior sobre este que é, acima de tudo, mais um time que fez história e chegou ao fim, às vezes com direito a uma queda espetacular no final:

“Apesar das ponderações, do envelhecimento, da precária forma física e do mau momento técnico de um ou outro, quem sou eu para não considerar favorita a espinha de Hummels e Boateng, Kross e Khedira, Ozil e Muller? Juntam-se a eles jovens promissores, boas campanhas em torneios secundários – Copa das Confederações e Olimpíada -, o retorno de Reus e o frescor de quem acaba de ser campeão mundial. Difícil ver a Alemanha em campo e não recordar aqueles seis minutos à beira da Pampulha.

Mas, enfim, no juízo final mundialista, é hora de se despedir definitivamente daquele time, que na prática não viajou à Rússia. A zaga não transmitiu a mesma segurança, os novos líderes não supriram a ausência de Lahm e Schweinsteiger, as bolas que cruzaram a área não se encontraram aos pés de Klose. Todo mundo jogou pior – incrível. E o comandante, refém de uma história de quatro anos atrás, se viu preso nessa expectativa sobre o passado, aquele que não voltará nunca mais”.

Suécia 3 x 0 México – Se for ver, era muito esperado

No outro jogo da chave, o México não poderia ser mais fantástico. Não poderia ser mais México. Depois de duas vitórias categóricas, inclusive aquela que tonteou os alemães, uma derrota que até reverteu o saldo de gols. Avançou de fase porque os deuses do futebol já tinham deliberado antes de as imagens nos revelarem.

Irresistível ignorar as místicas que rondam a seleção asteca. Quando parece que vai, cai de forma bizarra, e daí por diante.

No entanto, a tricolor de fato encarou um time que lhe impôs limites. O segredo das vitórias anteriores passava também pelo enorme espaço que alemães e coreanos permitiram aos velozes armadores da equipe.

A torrente de contra-ataques da estreia dispensa comentários. Na segunda rodada, novamente um time que saiu para buscar a vitória e lhe concedeu campo aberto, tanto que há gols praticamente idênticos nessas partidas.

Ontem, foi diferente. Uma Suécia organizada pra atacar em bloco e sem jamais se atirar ao ataque como se não houvesse amanhã tirou o que Layún, Lozano e Vela mais aproveitaram.

Sem construir alternativas, o México foi sendo colocado nas cordas e se fosse Ochoa o placar já estaria aberto no primeiro tempo.

No segundo os merecidos gols escandinavos foram saindo naturalmente – ainda que o de pênalti tenha registrado mais uma simulação 2.0; alguém precisa avisar aos juízes de que os criminosos sempre aprendem um jeito de subverter a lei ou corromper aparatos de segurança.

De resto, a Suécia é um time repleto de jogadores discretos que vai somando importantes resultados diante de camisas respeitáveis. E tem um confronto de oitavas plenamente acessível.

Suíça 2 x 2 Costa Rica – Quanto menos compromisso, melhor

De rabo de olho, o que já era heroico, acompanhamos um confronto onde a Suíça claramente teve de desempenhar um papel que lhe incomoda: mandar e resolver o jogo.

De outro lado, mais um eliminado que entrou disposto a voltar pra casa com alguma boa lembrança. Em 10 minutos e duas bolas na trave já tinha superado toda sua produção ofensiva acumulada.

Até pela vontade dos Ticos em irem à frente, os suíços foram se criando e a bem da verdade foram prejudicados por erro daquilo que segue demasiado humano.

Se no primeiro pênalti assinalado o árbitro fez uso do VAR para voltar atrás, no segundo preferiu ir por sua conta e comprar a cavada (fora da área!) de Campbell.

E os idiotas da objetividade ainda deram o gol de Bryan Ruiz para o azarado goleiro helvético. Quem foi ao estádio de Nizhny Novgorod deve ter se divertido.

Brasil 2 x 0 Sérvia – A titebilidade se manifestou

Chegou a primeira grande prova brasileira. E o time de Adenor Leonardo Bacchi aprovou.

No entanto, é preciso fazer pontuações e, para aqueles que se importam com o hexa, convocar ao realismo.

Em primeiro lugar e a despeito do placar final, o roteiro do jogo foi praticamente o mesmo verificado na estreia. Um Brasil mais dono da bola tratou de pressionar, buscar furos nas bem organizadas linhas defensivas do adversário, mas as dificuldades se impunham.

Outra semelhança é que o responsável por abrir a muralha oposta foi Philippe Coutinho.

Veio o segundo tempo e tivemos outras reiterações: pressão, razoavelmente consentida, dos sérvios, que por milagre não terminou no gol de Mitrovic; a mesma falha de bola aérea que deixou Fagner no mano com o enorme camisa 9 eslavo, quando um dos zagueiros deveria ter se deslocado para trás; retomada da ofensividade na segunda metade da etapa. Neste caso, o final foi feliz e o Brasil – merecidamente, diga-se – faturou a primeira posição do grupo F.

Agora vamos justificar o intertítulo: para aqueles que viveram tantas tardes e noites de Pacaembu e Itaquera vários acontecimentos são reconhecíveis: o primeiro gol realizou a fantasia do homem surpresa que todos sabem como joga e, num brilhante passe de Coutinho, Paulinho apareceu para marcar. Vale destacar que tal movimentação se deu pelo menos três vezes na etapa inicial, trata-se de uma alternativa realmente procurada.

Pragmático, Tite tem a lucidez de planejar que por pelo menos 15 minutos qualquer adversário digno de nota vai dominar a partida e jogar um pouco mais que seu lado. Hora do famigerado “saber sofrer”, isto é, todos marcando e, se der, um contra-ataque.

O mais difícil de elucidar é o momento da estocada final. Mas os times de Tite sempre tratam de chegar inteiros no quarto final da partida, quando desatenções ou falências pouco visíveis são corriqueiras num contexto onde a maioria dos jogadores está cansada.

E como eu disse pro meu pai quando seu camisa 15 fez o famoso gol de cabeça contra o Vasco aos 42 do segundo tempo: “quantos gols do Paulinho depois dos 30 do segundo tempo a gente já viu aqui?”. Esse é o gol de Thiago Silva.

Vitória no bolso, do jeito que o comandante gaúcho não só gosta como já desenha de véspera. E, no frigir dos ovos, três jogos que guardam mais semelhanças do que diferenças nesta primeira fase bem sucedida.

Espero ter dado minha contribuição para que se ignorem fanfarronices e euforias midiáticas. É muito mais difícil do que parece.

Notas:

De novo Neymar fez um jogo normal. Até bom, mas normal. Incomoda como ele e Gabriel, magros e baixos perante zagas (ainda que não seja o caso mexicano) altas e fortíssimas, simplesmente não buscam uma tabela. Ainda se atrapalharam por fome demais em dois momentos.

O 10 é importante, mas a real é que em três jogos não estraçalhou nenhum. Tem tudo pra contribuir e decidir em momentos cruciais. No entanto, além do que vimos na Rússia, o chato aqui lembra que pouco ou nada jogou nas oitavas e quartas de 2014. É urgente tratá-lo como apenas mais um.

A zaga vai bem, obrigado. Segura e técnica. Os laterais, mais humildes que os pretensos titulares Daniel e Marcelo, só querem fazer o certo, sem inventar. Pode ser ótimo, ainda mais se lembramos 2006.

Casemiro se tornou um puta jogador, que coisa. E Philippe Coutinho é, de longe, o melhor e mais produtivo do time na soma dos três jogos.

Dito isso, se nos últimos 10 minutos de ontem não deu pra testar um Taison ou Fred, quando será a hora? O banco preocupa.

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