Cultura de futebol e o legado que o Impedimento nos deixa

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Por Guilherme Dorf

Nos últimos anos tenho ouvido bastante gente rebater a tese de que somos o país do futebol. Meu amigo Matias Pinto afirma que somos o país com mais praticantes de futebol, embora não sejamos o povo que mais gosta do esporte. Meu conhecido José Wisnik  comenta que o futebol no Brasil é muito jogado e pouco estudado.

Quando começamos o Sem Firulas no início de 2013, uma grande questão nos atormentava: Por que será que aqui no Brasil os conteúdos relacionados ao futebol que saem na grande imprensa são tão pobres? Temos público para digerir e assimilar materiais mais refinados?

Na busca pela resposta, fomos atrás de veículos interessantes que fugissem da Tiagoleifertização ou da Bruna Marquezinezação do nosso futebol e do nosso jornalismo esportivo.

Na Inglaterra, o berço do futebol, encontramos a Blizzard. É uma publicação trimestral colaborativa feita por jornalistas renomados ao redor do mundo que se aproveitam a ausência de limite de caracteres e da liberdade para escrever sobre histórias de futebol que realmente importam. O projeto idealizado pelo excelente Jonathan Wilson do The Guardian traz matérias, reportagens e teses sempre com profundidade e uma escrita envolvente.

Ainda na Terra da Rainha, o curioso The Football Pink se descreve como um grupo de escritores e blogueiros obcecados por futebol que levam seus delírios, observações e estórias para os fãs do “jogo bonito”.

Era de se esperar que encontrássemos tanta coisa boa na Inglaterra por eles terem inventado o esporte e por serem uma nação tão ligada à cultura como os Beatles, o Monthy Python entre outros não nos deixam mentir, contudo o que não imaginávamos era o nosso próximo destino: os Estados Unidos.

O país da MLS também resolveu abraçar a cultura futebolística. No ano passado, foram lançadas as revistas Eight by Eight e Howler Magazine. Ambas trazem reportagens instigantes e ilustrações bastante criativas. Na mesma linha, a revista espanhola Líbero  chega para suprir a mesma demanda.

Voltando ao tema inicial do post, nossa referência brasileira sempre foi o já saudoso site Impedimento. Não havia como não amar um site que não tratava apenas de futebol, mas sim de “futebol e cultura sulamericana”.

Eu me incluo no grupo de inúmeras pessoas que ficaram realmente tristes com o fim do site como se houvéssemos perdido um parente próximo. Se vocês pararem para reparar, em nosso gigante leque de opções de conteúdo do esporte bretão muito se fala de futebol, mas pouco se fala DE futebol.

Você encontra um livro sobre um jogador, sobre um clube, sobre uma conquista. Você lê o jornal e se depara com notícias, descrições literais do que foi o jogo. Com raras exceções ,(alô Xico Sá, cadê você Torero?) jornalistas costumam apenas falar de maneira abrangente sobre os jogos deixando inúmeras possibilidades psicológicas, filosóficas e porque não dizer mitológicas descobertas.

O tesão do Impedimento foi sacar que existiam pessoas dispostas a curtir esse tipo de conteúdo menos “sacadinha”, menos meme, menos piadinha virilizável e também dispostas a trocá-lo por leituras mais difíceis de digerir, de mais repertório e com mais amplitude. E por incrível que pareça, na era da Internet onde se espera que tudo seja de graça, os leitores do Impedimento eram tão fanáticos que alguns deles até ajudavam a financiar os custos do site.

Quando vejo o surgimento dessas publicações que comentei, percebo que o fim do site Impedimento pode ter uma consequência benéfica para quem ama o futebol. Não era justo que o site carregasse sozinho todo o fardo de pulverizar e popularizar a cultura futebolística por todos os lados e acredito que esse papel acabou ficando pesado para os colaboradores do site.

O Impedimento já nos mostrou que não são todos os torcedores que querem ficar vendo polêmicas vazia na TV, discutir contratações que nunca acontecem ou saber o que se passa no Insta dos jogadores.

Imagino que ele vire um mártir e o seu óbito tão doloroso possa ajudar a disseminar mais transmissores da cultura futebolística pelo país assim como já acontece na Europa e nos EUA.

Nós tentamos fazer a nossa parte no Sem Firulas e se depender da gente, manteremos a chama do Impedimento sempre acesa por acreditar que quem curte futebol merece o conteúdo da melhor qualidade possível.

Esse é o legado que o Impedimento deixa para nós.

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