Da malícia e outras bobagens

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Que a Libertadores é um torneio jogado metade dentro, metade fora de campo, todos sabemos bem, e a representação alvinegra de Itaquera deveria frequentar os encontros da dita cuja com a faca nos dentes (ou no bolso) depois do inominável episódio de 2013.

Após passar mais de 45 minutos sem cometer uma falta sequer na Vila Belmiro, contra um Santos sempre dotado de jogadores lisos e habilidosos, ontem vimos a estratosférica marca de 8 amarelos para os historicamente disciplinados corintianos.

Um fato digno de revisão de nossas convicções, tão críticas aos jogos hiper faltosos do futebol nacional e elogiosa do “estilo Libertadores” de interpretar faltas e contatos. Mas talvez não. Talvez seja assim mesmo, para bom entendedor.

Posto isso, time que joga bem costuma superar tal sorte de obstáculos, se podemos dizer assim.

E o Corinthians pós-hexa, a bem da verdade, ainda não mostrou nenhum potencial de futebol verdadeiramente qualificado. Sobrevive graças à famosa eficiência da “titebilidade”, termo que expressa bem como a própria torcida reconhece a primazia do técnico e seus rigorosos métodos como grande pilar do sucesso.

Dessa forma, o primeiro tempo criou a ilusão de que o Corinthians fecharia o turno com 9 pontos e a classificação pra lá de encaminhada.

Após grande defesa de Cássio em arremate de Sergio Diaz – o melhor em campo – o alvinegro tomou conta do jogo, abriu o placar com o oportunismo de André e parecia crescentemente envolver o Ciclón del Barrio Obrero.

Giovanni Augusto e Lucca evoluíam gradativamente na partida e encontravam espaço pra ameaçar. O mesmo André ainda acertaria a trave e perderia um gol que se mostraria fatídico, no último momento do primeiro tempo.

Tudo parecia tranquilo. Mas a realidade tomaria conta do segundo tempo.

Sempre confiante no sistema, o Corinthians voltou seguindo a cartilha de se segurar no começo e especular com o resultado. Ao Cerro Porteño, cabia dar tudo pelo resultado, como manda o figurino de dono da casa, e mais uma vez a típica determinação do futebol paraguaio seria recompensada.

Logo de cara veio o empate e a casa alvinegra começava a cair, em especial após o segundo amarelo de André, que jamais seria aplicado em certas circunstâncias (talvez nem o primeiro).

A partir daí, a tal confiança em um sistema que consegue controlar todo o andamento e destino do jogo mostraria sua imperdoável ingenuidade. Talvez não seja culpa da doutrinação do gaúcho, mas apenas o fato de que o atual futebol brasileiro realmente esteja repleto de “jogadores de condomínio”, obedientes, tímidos e desprovidos da velha malícia que sempre acompanhou os grandes momentos do bolapé nesses trópicos.

Após rebote de Cássio, Guillermo Beltrán chegou pra dividida e deu um biquinho no arqueiro corintiano. Em qualquer pelada valendo 3 pontos nesta República, seria mais que óbvia uma indignação encenada pelos colegas de time sobre o avante adversário a fim de tensionar a arbitragem contra o outro lado, do momento que se está com 10 homens.

Mas, simplesmente, não houve qualquer reação. Cássio pôs a bola no chão e recomeçou o jogo.

Pra coroar a falta de tato, Rodriguinho deu um carrinho completamente fora de hora sobre um jogador que estava a quilômetros do gol, recebendo justamente o segundo amarelo e indo para o chuveiro. É certo que seu amarelo fora injusto, mas é surreal a atitude que culminou em sua expulsão e deixou o Timão com 9.

A partir daí, a condenação estava dada, os azulgranas fariam o segundo gol em boa trama concluída por Diaz e Beltrán se aproveitaria de mais uma inocência de Felipe – talvez o protótipo mais perfeito do jogador moderno descrito linhas acima. Assim como o segundo tento do Guarani no ano passado, novamente o zagueiro foi deslocado no corpo feito um juvenil e o bravo Beltrán matou o jogo.

Estragada a noite, restava afogar as mágoas com os amigos que enchiam a sala de casa, não sem antes ver o árbitro peruano marcar um patético pênalti de consolo que Giovanni Augusto poderia ter chutado na direção de Luque se tivesse o mesmo brio mostrado por Tite, ali mesmo, do banco de reservas, ao melhor estilo “me engana que eu gosto”.

Que não se entenda esse texto como uma lamúria de um resultado injusto, fabricado. O Corinthians teve a chance de matar o Cerro Porteño, que por sua vez fez um segundo tempo de time grande e amealhou méritos para justificar o resultado e a liderança do grupo. Aos corintianos, inclusive sem chuteira, fica a lição de que Libertadores não foi feita para ser ganha com bons modos e entrevistas polidas.

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