De Labruna a Gallardo

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Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez

O lado mais belo do futebol argentino, que nos cativa e nos dá alento, se dá pela chama amadora que se mantem acesa. A gratidão, o amor incondicional de quem nasce dentro do clube é preservado religiosamente, apesar do dinheiro, das voltas da vida ou alguma frustração recorrente. A camiseta se respeita, o berço futebolístico ainda mais. No último domingo, o Parque Independência ardeu para receber o ídolo Lucas Bernardi, que debutava como treinador de seu amado Newell’s Old Boys. Festa linda, para invejar e destilar no discurso dos que vivem resignados: “tem que ser profissional…” Os clubes rosarinos são um caso à parte: amor, devoção e o lado amador marcado na alma.

Já o River Plate talvez simbolize este sentimento com maior fervor. A história do clube de Nuñez está marcada por grandes ídolos dirigindo o time principal ao longo das décadas. Ángel Labruna, o maior de todos, sembrou esse legado. Goleador de La Maquina nos anos 40, Labruna conduziu o clube a uma volta olímpica após um jejum de 18 anos. O Metropolitano de 75, com Angelito no banco e pibes do calibre de Norberto Alonso, Juan José López e Reinaldo Mostaza Merlo – além de figuras emblemáticas como Ubaldo El Pato Fillol, Roberto El Mariscal Perfumo e Oscar Pinino Más – marcaria o selo de uma fábula épica: Daniel Passarella, Ramón Díaz, Leonardo Astrada, Matías Almeyda e agora Marcelo Gallardo mostram que para triunfar no River, hay que ser de River.

Héctor El Bambino Veira, bastante identificado com o San Lorenzo, foi a grande exceção ao dirigir a equipe campeã da Copa Libertadores, em 1986. Por outro lado, vale destacar que no maior vexame da história do clube estavam J.J López no banco e Passarella na tribuna presidencial, duas figuras com relação tênue com o rival de toda la vida. Uma mancha entre tantas glórias, para desgosto de Tano Pasman e da segunda maior hinchada da Argentina.

Gallardo chegou ao River com 12 anos de idade, levado por um vizinho de Merlo, ao oeste de Buenos Aires, fanático pelo conjunto millonario, que viu naquele garoto franzino um projeto de craque. Foram precisos quatro toques na bola, após se irritar com os companheiros que não lhe davam a redonda, para impressionar pela técnica e pela personalidade ímpar. Coube ao supracitado Passarella dar a primeira oportunidade ao Muñeco entre os titulares de La Banda diante do NOB, em partida válida pelo Clausura de 1993, ao lado de outros jogadores talhados por Delém como Almeyda, Astrada e Ortega. El Kaiser começava a desenhar uma equipe histórica, que tocaria o céu da América com um futebol lírico, jovial e triunfador, mantendo a ideologia do Millo roja durante boa parte dos anos 90, conquistando cinco títulos argentinos além da Libertadores (1996) e Supercopa (1997).

Marcelo Daniel ainda teve outras duas passagens pelo River, entre o futebol francês e estadunidense, e conseguiu dar una vuelta más ao liderar dentro de campo a equipe campeã do Clausura 2004, sendo comandada fora da cancha pelo velho conhecido El Negro Astrada. No término da carreira como futebolista pelo Nacional, de Montevideo, Gallardo conseguiu a proeza de ser bicampeão uruguaio, primeiro como jogador e depois treinador do Bolso.

Voltou ao River, agora na casamata, em julho do ano passado, herdando a base campeã deixada por Ramón Díaz. El Pelado, seu tutor na etapa mais vitoriosa no CARP, partia em meio a polêmica com D’Onofrio e um vestiário complicado, repleto de brigas e egos à flor da pele. Gallardo aparou as arestas e começou a desenhar uma equipe que joga à feição de seus conceitos futebolísticos: bola no chão, protagonismo de local ou visitante, possessão e presença constante no campo adversário. O River voltou a ser River e conquistou a inédita Copa Sulamericana com autoridade e a assinatura de um estilo que contempla o paladar da exigente Tribuna San Martín. Mais do que isso, hoje, seu time desempenha o futebol mais vistoso do continente, mostrando maturidade para trazer a almejada terceira Libertadores ao Monumental, que pulsa ao som do hit: de la mano del Muñeco, todos la vuelta vamos a dar.

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