Kosovo: Mais que ontem e menos que amanhã

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Há exatamente sete anos, o Kosovo proclamava a sua independência. Desde então, a sua seleção nacional conseguiu apenas ser tolerada por FIFA e UEFA, sem todavia ser um membro oficial das poderosas entidades do futebol. A agonia deste pequeno território da península balcânica comprova a importância do futebol como instrumento para nações e culturas se afirmarem perante o mundo. Segue um breve relato de uma nova seleção europeia, que prefere olhar para o futuro ao invés de remoer o passado.

No dia 5 de março de 2014, os torcedores presentes no estádio Olímpico, Adem Jashari, (nome de um dos fundadores do Exército da Libertação do Kosovo) se angustiaram durante longos 90 minutos. O placar foi um entediante 0x0. Contudo o mote principal estava muito além das quatro linhas. Ao receber o Haiti, em Mitrovica, a seleção do Kosovo disputou o seu primeiro jogo oficial, seis anos após a declaração de independência, proclamada no dia 17 de fevereiro de 2008.

Três dias antes da partida, os 17 000 ingressos foram vendidos em sete horas. Contrariada, a Federação Sérvia encaminhou uma carta à FIFA solicitando o cancelamento do jogo inaugural sob os seguintes pretextos: O risco da seleção do Kosovo utilizar símbolos nacionalistas em seu uniforme (coisa proibida pela própria FIFA), coros anti-sérvios e bandeiras da Sérvia queimadas e rasgadas dentro do estádio. Se é verdade ou não, os dardânios* jogaram desde então outros três amistosos oficiais, no dia 21 de maio contra a Turquia (1×6), 25 de maio contra o Senegal (1×3) e no dia 7 de setembro contra Omã (1 x 0). Tudo sobre a complacência da FIFA que apenas tolera a participação da seleção do Kosovo, negando a sua filiação, assim como a UEFA. Falar que a situação do futebol kosovar é um caos não seria mero eufemismo. Assim como é o contexto político daquele país.

Quando o Kosovo declarou sua independência em 2008, o pequeno Estado dos Balcãs estava há 10 anos sob administração da ONU, logo após a guerra cruenta de 1998/ 99. Esta mesma ONU que mandou um observador, em 2007, propor a independência daquele território. Proposta esta negada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em razão do veto da Rússia, mas que serviu de base ao Parlamento kosovar para anunciar mesmo assim a sua independência de maneira efetiva e unilateral no ano seguinte. Se a Sérvia, apoiada pela Rússia, tentou um recurso para invalidar esta declaração, o fato é que a Corte internacional de justiça considerou, em 2010, que o Kosovo não teria violado o direito internacional ao pronunciá-la. Assim, quatro anos mais tarde, 110 países (108 membros das Nações Unidas) reconheceram oficialmente a independência kosovar.

Não só na politica que o pequeno dos Balcãs agoniza mas também no mundo do futebol. Sua primeira tentativa de adesão à FIFA aconteceu no dia 6 de maio de 2008. Entretanto, pelos critérios da “dona do futebol”, ele teria que ser “um estado independente reconhecido pela comunidade internacional” para ser aceito. Na época, somente 51 estados membros das Nações Unidas haviam reconhecido a sua soberania. Em maio 2012, a Federação kosovar de futebol obteve da FIFA a autorização para organizar amistosos…. retirada alguns dias depois por causa de uma queixa da Federação de futebol da Sérvia. Decisão apoiada por Michel Platini, o qual considerou o assunto de esfera política e que esta decisão ia de encontro com o estatuto da UEFA. Alguns meses mais tarde, nove jogadores de origem kosovar, como por exemplo, Lorik Cana, Grani Xhaka e Shaqiri enviaram uma carta ao senhor Blatter solicitando que o Kosovo pudesse participar de amistosos. Autorização essa que demorou dois anos pra ser concedida dando ensejo ao jogo contra o Haiti.

Antes disso, a seleção kosovar participou de alguns amistosos, mutilados pelo tempo como o país foi pela história. Os dois primeiros jogos, disputados com nove anos de intervalo (14 de fevereiro 1993 e 7 de setembro 2002), foram contra os vizinhos albaneses. Este mesmo vizinho que o Kosovo disputou o seu último jogo não oficial em fevereiro de 2010. Enquanto isso, a seleção kosovar teve tempo de vencer a seleção Monegasca e a Arábia Saudita em 2006 e 2007 respectivamente, após ter participado em 2005 do seu único torneio: o aniversário de 50 anos da Federação do Chipre do norte de futebol em um grupo com três seleções formada por Chipre do Norte e a Lapônia. Um total de sete jogos disputados num espaço de 17 anos, sem contar os jogos realizados contra times profissionais.

Mas o que seria futebolisticamente a equipe do Kosovo? Apesar de ter esperado 4 anos (entre 2010 e 2014), o treinador Albert Bunjaki é seu treinador desde 2009. Ex-assistente técnico do time Kalmar FF, o treinador é antes de tudo um sujeito que gosta de trabalhar com jovens promessas, ele que dirigiu o juniores do Orebro SK. Este é o perfil de uma seleção, mas também de uma Federação que ainda precisa ganhar experiência. Eles entraram de fato na cena internacional no ano passado necessitando de certa estabilidade ao longo prazo. Por outro lado, a seleção kosovar pode contar com jogadores tarimbados como Samir Ujkani, goleiro reserva do Palermo, o qual escolheu defender a seleção do Kosovo ao invés da Albânia. O atacante Albert Bunjaku, ex-jogador do Kaiserlautern e artilheiro da seleção kosovar com 2 gols marcados.

Se alguns filhos de imigrantes políticos durante a guerra da Iugoslávia escolheram vestir a camisa de outro país – O melhor exemplo é Adnan Zanuzaj, que ignorou a convocação do Kosovo no jogo contra o Haiti – outros preferem defender as cores dos dardânios ao invés dos respectivos países de adoção. Como por exemplo, Bersant Celina, jogador do Manchester City, que disse adeus à Noruega e escolheu os Balcãs. Outros nunca pisaram na terra de seus ancestrais mas tem o Kosovo em seus corações. Imran Bunjaku, nascido em Zurique, jogador do Grasshopper e ex-sub 21 da Albânia, é um exemplo.

Tudo isso ocasiona uma bela mistura heterogênea com jogadores formados principalmente na Escandinávia e Suíça alemã, trazendo em suas bagagens uma disciplina tática ao elenco. Anel Raskaj, atual capitão da seleção, é comparado a Zidane pelo seu treinador, com apenas 17 anos de idade, a jovem promessa do juniores do Eintracht Frankfurt disputou 4 jogos. Um jovem atleta que tinha apenas 4 meses de idade quando a guerra do Kosovo eclodiu em 28 de fevereiro de 1998.

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