Eduardo morreu, mas não acredito

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“Eu não seria capaz de ler de novo. Cairia desmaiado. Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é chatíssima. Meu físico não aguentaria. Seria internado no pronto-socorro”. Foi assim que Eduardo Galeano se referiu a sua obra de referência, em sua última visita ao Brasil.

Por essas e outras, foi um grande mestre e como tal será lembrado. Quando ventríloquos hiperbólicos pretendem dar cátedra sobre todo e qualquer assunto que voe por aí, sem sair da poltrona, ler essas declarações do autor de As Veias Abertas da América Latina, antes de um ato de arrependimento, é aprender.

Assim como escreveríamos diferente tantas palavras atiradas ao mundo, também gostaríamos de agir de outra forma em diversas quadras da vida. Mas continua sendo muito mais fácil pensar na solução brilhante depois de sofrida a história.

Também aprendemos com Galeano que vale a pena se manter do mesmo lado, bancar as mais arriscadas escolhas.

Sem perder a ternura e a capacidade de mudar, reelaborar, reconstruir. Mas sem perder o chão do mundo, jogar para a galera a troco de medíocres confetes e “honorários”.

As veias continuam abertas e, muito graças a ele, sabemos bem. Igualmente por sua graça, felizmente, somos cada vez mais os que queremos suturá-las, limpá-las da cobiça, da destruição.

Tal como se viu nos livros que se seguiram em sua obra, queremos aprender a fazer novas leituras do que vemos, sem perder de vista onde queremos chegar e por que.

Se soubermos verbalizar toda a grandeza apenas do futebol, como fazia tão bem, ainda mais nesses tempos urgentes, achacados por aqueles que já sombreavam nosso sol enquanto terminávamos o inventário do saque, teremos deixado algo digno de nota.

Estamos aqui, na busca, sedentos de arejadas narrativas e novos caminhos para a clamada independência, afinal, também nos foi transmitido que exigir o impossível é a sensatez que sobrou.

Estamos vazios. E não podemos prometer preencher tamanha lacuna. Pelo menos ela é cálida, memoriosa, haverá de continuar acalentando nossos sonhos, como aquele sol que eternamente observa nossos destinos em disputa.

 

Twitter: @gabrimafaldino

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