Brasão na camisa pesa muito

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Observem esta foto com carinho e reverência.

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É a seleção paulista de 1974. Um timaço perfilado. Um uniforme pra lá de bonito, classudo, solene. O Morumbi no auge, um craque para cada um dos cinco times de maior torcida do estado. Não dá para ignorar este retrato na parede na hora de desejar o fim dos estaduais.

Esta é a substância inflamável da memória afetiva do eldorado do nosso futebol. É por causa da força deste selecionado acima que, por exemplo, ganhar um estadual na época era tão importante quanto conquistar a Libertadores. A máxima competitividade morava do outro lado do muro, o estádio mais bonito e lotado estava do lado de cá do armazém. País grande pra cacete, uma vida bairrista era solução natural que a visão globalizada de 2016 não entende mas não pode desprezar.

As seleções estaduais foram, por décadas, uma festa, salpicada artesanalmente de rivalidades nem sempre sutis que explicavam um país que nunca teve qualquer coesão social. A seleção do Rio era uma pândega, e a mineira era ardida de tão forte. No peito delas, um brasão de federação. E um brasão numa camisa com Ademir da Guia e Rivellino ganha mais força do que a gente pode medir.

Deste modo, companheiro, bater nas federações tal qual são hoje é esporte fácil, e por isso simplista. As seleções estaduais acabaram e as federações não. Aconteceu o contrário do ideal. Neste final de semana começam os estaduais e a Primeira Liga já está mais ou menos tinindo por aí. Nanicos de todo canto jogarão para 100 pessoas em manhãs de domingo nas divisões inferiores. No meio da pior crise da história do futebol brasileiro, eu e você defendemos rupturas, reis nus em praças públicas, renúncias e celas habitadas. Não conheço quem considere a Federação Paulista de Futebol séria, digna, representante de nossa tara esportiva. Eu mesmo acho o Paulistão que agora começa com uma injeção, não no braço, de baixo astral.

Revisitar a história sem fazer revisionismo é lembrar que mesmo em 1974, quando o flash espoucou e esta foto acima foi tirada, a FPF – e a FERJ e as outras – não era ambiente para levar o filho e dizer “aqui trabalha a reserva moral do futebol, garoto”. O Morumbi, nestes jogos, sim, era. De modo que estes tigres sardentos que são as Federações, fazendo política como o Agnaldo Timóteo faz campanha para se reeleger síndico de prédio, ganharam relevância e a força que ainda não mingou de todo através de camisas listradas, ou azuis, ou vermelhas, e não por serem, noutras épocas, excelentes gestoras do futebol – nunca foram. Mas o que acontece dentro de campo você não arranca fácil da história, demora mais que garrafa pet solta no mar para decompor-se.

É quando o ligeiro raciocínio encontra um pouco de mea culpa. Fomos nós que consagramos estes escudos, emprestando nossos craques para a festa das seleções estaduais (afinal o futebol é festa, é diversão, é entretenimento, bla, bla, bla) e valorizando uma história paralela, praticamente ignorada pelas novas gerações, em que os clubes ficavam por alguns momentos de lado, e eram as camisas das federações que apareciam no jornal na manhã seguinte de interessantes contendas.

As federações, claro, gostaram de brincar e, embora tenham perdido as camisas, não perderam o gosto.

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