Ascenso

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Por Leandro Paulo

Durante os 101 anos de história do campeonato pernambucano, jamais uma equipe da Mata Meridional figurou na elite estadual. Nos torneios organizados pelas usinas a microrregião possuía grandes esquadrões. Nesse período destacavam-se as equipes do Leão XIII, de Catende, e o Usina Treze de Maio, de Palmares.

Somente em 1977 que a FPF organizou a 2ª Divisão, que foi conquistado pela Associação Atlética Maguari, do município de Bonito. A equipe foi fundada no dia 1º de Maio de 1971, para a distração dos funcionários das Indústrias Alimentícias Maguari, fabricante e exportadora de sucos.

Maguari

Contudo, o acesso não foi garantido pelo Pássaro Azul, visto que o torneio foi organizado somente para a manutenção dos clubes que não tinham condições financeiras para disputar a Série A1. Nesta mesma temporada, outra equipe da região a estrear na Série A2 foi o Central Barreiros, que amargou a lanterna com oito derrotas e um empate, além da goleada sofrida por 7 a 1 diante da Associação Garanhunense de Atletismo.

Esta edição inaugural só foi retomada dezoito anos depois, justamente quando o Palmares Futebol Clube foi fundado, representante da maior cidade da microrregião e que obteve a maior sequência de participações no segundo escalão do futebol pernambucano, conquistando a terceira colocação na edição de 1998. Em 2000, o Estádio Ulysses Arcanjo de Oliveira sofreu com as enchentes que castigaram a Mata Sul naquele ano. O futebol voltou ao ULYSSÃO somente em 2003, passando por 2005 e despedindo-se em 2007, quando o Zumbi enfrentou o Usina Catende Futebol Clube, outra equipe matense, que também se licenciou nesta temporada.

Na década passada, pude assistir grandes esquadrões jogando no Estádio Capitão João de Brito, em Quipapá. Nos meus sonhos de criança imagina o time perfeito com Davi e Zé Boi de Minas, de Quipapá, Lira, de São Benedito do Sul, Serginho de Belém de Maria e Zinho, de Maraial, porém mal sabia que o amadorismo não combinava com o capitalismo emergente no futebol, a paixão não tinha empresário, então “os craques dos meus sonhos” corriam apenas pelos campos da Mata.

Acompanhávamos com orgulho o sucesso de Catende (o tricolor dos anos 70 e o rubro-negro dos 90), Edson Miolo, Edson Silva, Mirandinha, Tozó e até tínhamos que estender a explicação para afirmar que o Augusto Recife era natural de Joaquim Nabuco. Enchemos o peito ao saber que o gol mais rápido da história do Brasileirão foi marcado por Nivaldo, catendense de fibra que ensina sua arte na terra natal.

Estava perto de finalizar esse texto para relatar a epopeia do Barreiros que vencia por 3 a 2, mas novamente coube o destino que o “nosso sonho” fosse adiado. O Belo Jardim empatou o jogo aos 44′ do 2º Tempo e como havia vencido o primeiro jogo por 1 a 0 conseguiu o acesso para 1ª Divisão.

Meu Deus! Já deixamos a praia tão longe…

No entanto avistamos bem perto outro mar…

Danou-se! Se move, parece uma onda…

Que nada! É um partido já bom de cortar…

Vou danado pra Catende,

Vou danado pra Catende,

Vou danado pra Catende com vontade de chegar…

                                                       Ascenso Ferreira

Queria que o clube praiano mandasse sua valentia e viesse com alegria de “Catende afora”.  Todavia não seria “uma partida boa de contar”, era apenas o partido de cana, mesmo que o trem não passe mais por aqui. Continuaremos sem estar na vitrine do futebol local, seguimos com um péssimo IDH, com usinas falidas, risco de enchentes, sem fábricas… Mas ainda temos água, cana, mata, rios e sonhos.

Nosso paradoxo social não iria mudar com o êxito do Barreiros,  mas até o futebol reflete o quanto nossa região é deixada em segundo plano; seja economicamente ou desportivamente, porém culturalmente sempre seremos resistentes.

Talvez o meu respeito por esses craques mantenha o sonho infantil vivo. Mas certamente nesse mundo invertido, possa sonhar com futebol, paz, igualdade e poesia.

A trilha desse sonho bem que poderia ser uma analogia,

Que possa imaginar uma Paris recuperando sua alegria,

Tal qual “Seu Ascenso” fez em Oropa, França e Bahia.

Meus olhos Brasileiros não enjoam da Europa sem piedade

Tal qual aquele poema de Carlos Drummond de Andrade,

Só espero que lá, em Minas ou na Mata tenham fraternidade.

                                                                               Leandro Paulo

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