Copa do Brasil, a gigante mal cuidada

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É um temporal no ensopado dizer que a Copa do Brasil deveria ter todos os mil times profissionais do país – a inglesa tem 736. As fases iniciais começando ainda em fevereiro, jogos únicos, todas os meios de semana, primeiro entre os menores, evitando viagens mais longas, a décima-quinta força do Acre recebendo um emergente e recém-promovido time do Amazonas, ou o campeão da terceirona gaúcha desafiando uma tradicional, porém decadente, equipe do interior catarinense.

Se o ideal é distante, a CBF faz menos que o mínimo: a Copa do Brasil que começa nesta semana tem 86 times, menos que a soma das quatro divisões do Campeonato Brasileiro, fato impressionante, talvez único, uma façanha: é mais fácil caber dentro da liga nacional que do copão eliminatório.

O calendário é uma aberração, com a primeira rodada mais longa que muito torneio: Goianésia x ABC, confronto que começa nesta quarta-feira, 16 de março, enfrenta o vencedor de Gama x América-RN, cujo jogo de ida acontece em 20 de abril. Entendê-lo, é um mistério. Terça mesmo, quando vi as imagens do Flamengo desembarcando em Aracaju contrastando com o resultado da partida do Santos, custei a perceber que o time paulista jogava pelo Estadual: na semana em que São Paulo, Corinthians e Palmeiras atuam pela Copa Libertadores, que os exclui do início da Copa do Brasil, não deveriam os santistas entrarem em campo pelo Nacional? Ou melhor: não deveria se usar uma semana só para a Copa do Brasil, sem Libertadores?

O sorteio tem uma direção obtusa. Lista-se os times de acordo com o famigerado ranking da CBF e os divide em oito potes, sendo que o primeiro pega o quinto e o quarto pega o oitavo, o que rendeu um Brasil de Pelotas (66° no ranking, mas atualmente na Série B do Campeonato Brasileiro) enfrentando o Atlético-PR (12° e time de Série A); e também um Rio Branco-AC (65° no ranking e campeão estadual) x Galvez-AC (sem ranking e vice-campeão estadual). Ou seja: nem promovem o imponderável da aleatoriedade – o East London Derby sorteado para a Carling Cup retratado no filme Hooligans dá uma ideia do que um sorteio bem promovido pode causar; nem direcionam de forma que se evite a repetição da final do Campeonato Acreano logo na abertura – afinal, as duas vagas do Acre viram uma, quase que numa pré-Copa do Brasil local.

Mas antes do calendário, ainda antes do sorteio, tem a definição das vagas, que se dão por escolhas locais, a gosto dos patronos das federações. Enquanto Amapá, Espírito Santo, Rondônia, Roraima e Tocantins só levam o campeão estadual, São Paulo, com cinco vagas, não só coloca o Linense, legítimo campeão da Copa Paulista (o recurso de Copas estaduais é usado também por outros vários estados), como a Ferroviária, atual vencedora da segunda divisão do Paulistão.

E mais: como as vagas ainda dependem de classificados à Libertadores, o clube só tem definido um lugar na virada do ano – o Red Bull, sexto colocado do Paulistão que terminou em maio, herdou o espaço deixado pelo Trio de Ferro, que disputa o torneio continental. Tem ainda o coringa que não ganha nada com isso, posto este ano ocupado pelo Internacional que, quinto colocado no Brasileiro, não está no principal torneio sul-americano, mas entra depois por arredondar os beneficiados em número par (!).

Há quem diga que a gente briga com quem a gente gosta, então justifico meu amargor para com a disputa mais legal do país, tentando esquecer essa bagunça quando a bola rolar nesta noite em Goianésia, Lins e Paraupebas, às 20h30, para os primeiros toques na bola da temporada de Copa do Brasil. Sem maiores cerimônias, apertadas num meio de rodada da Libertadores e com a CBF torcendo para acabar logo.

Jogos da quarta-feira de abertura da Copa do Brasil

20h30 – Goianésia x ABC
20h30 – Linense x Botafogo-PB
20h30 – Paraupebas x Londrina
21h45 – Rio Branco-ES x Santa Cruz
21h45 – Imperatriz x Fortaleza
21h45 – Confiança x Flamengo
21h45 – Globo x Bahia

*Para não dizer que a bagunça é pouca, a CBF anunciou o aumento dos clubes na Série D deste ano, de 40 para 48; são duas vagas a mais para São Paulo, que já teria duas via Campeonato Paulista; a notícia animou clubes do Paulistão, que teriam mais chances de jogar o Nacional, mas, segundo anunciou hoje o Linense, os beneficiados são os finalistas da última Copa Paulista, o time de Lins e o Ituano. Isso é Brasil: no meio de março você fica sabendo que está a 12 jogos da Série C do ano que vem.

 

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