Ode ao Canindé

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Por Felipe Bigliazzi

“Pra onde vai o mundo? Pra onde vai o mundo? Onde é que ele vai? Onde é que ele vai? Será que ele vai estourar?Será que ele vai poluir? Até não podermos respirar Até não podermos existir. Enquanto o terceiro mundo espera o juízo final eu quero uma vaga no ônibus da corrida espacial” (Os Replicantes)

“Terceiro mundo vai explodir. Quem tiver de sapato não sobra!não pode sobrar!”Profético, tal qual a cena clássica de O Bandido da Luz vermelha de Rogério Sganzerla, seguimos tateando a escuridão, buscando evolução espiritual, a caridade e a compaixão perante aos demais. Já não sobra muito. Como o atual momento da Portuguesa explica, os prazeres da vida vão se esvaindo burocraticamente, caindo de divisão e perdendo seu lugar na história.

Tempos de Manuel da Lupa, Unimed, Ílidio Lico e STJD, nos obriga a resgatar doces momentos vividos no Osvaldo Teixeira Duarte. Retorno a 4 de Novembro de 2001. Um domingo qualquer. Comida caseira, pés para o alto e a banheira do Gugu com Luiza Ambiel e Nana Gouvêa. Final de feriado prolongado, singelamente consumidos com os familiares evitando a fadiga no almoço tradicional na casa de Seu Mario e Dona Neide. Batata, frango, arroz, polenta…. bons gordurames primaverais e um anseio futebolístico em vista: ir ao Canindé para ver Romário.

Roder, aquele tio bonachão que nos apresentara o rock pesado e outras bossas, coloca Fireball do Deep Purple em alto e bom som. Enquanto gastava seu maço de Marlboro, seu sobrinho predileto aprontava-se para descer rumo a estação Santo André da CPTM. São as delícias daqueles tempo, que o futebol atual, sem saber do perigo, tira das atuais gerações. Com 15 reais no bolso, não mais do que isso, era possível cruzar a cidade e ver um bom jogo da primeira divisão nacional. De 2000 a 2004, percorremos os quatros cantos da pauliceia com uma liberdade romântica, saindo do ABC solitariamente para contemplar jornadas e mais jornadas de futebol.

Enfim, o encontro com o baixinho. Este ser onírico de nossa infância, com seus poderes goleadores e sobrenaturais no inconsciente coletivo dos nascidos em 1984. Portuguesa e Vasco, confronto lusitano pelo Brasileirão, era o programa indicado para a ocasião dominical.Uma previa deliciosa com o então campeão nacional e seu tridente Romário, Euller e Juninho Paulista. Chegando ao Brás cruzo com uma dezena de vascaínos, seguindo a caminhada cruz-maltina até descer na estação Armênia do Metrô.

Conhecia os recantos do Bom Retiro, graças as noites com muito hardcore, pogo e mosh no Hangar 110. Cruzeiro do Sul percorrida, ingresso comprado, encontro lugar na Leões da Fabulosa, atrás do arco defendido por Carlos Germano. Por segundo fiquei ali, parado, lembrando de Dener e sua pintura assinada contra o Santos. Naquele mesmo gol, em uma tarde chuvosa de 1993, tudo o que buscamos em um jogador foi sintetizado em pouco mais de 10 segundos: rolinho, tapa no zagueiro e carrinho para balançar o filó.

Meia hora de jogo e a Portuguesa já metia 3 a 0 com uma tripleta de Ricardo Oliveira. Um baile do time de Candinho. Aos 40 minutos, o momento sublime de Romário, caminhando marrentamente até receber de Euller e diminuir com um toque sútil. O baixinho, para meu deleite, seguia aos 35 anos destilando categoria e em grande estilo, querendo mostrar serviço para voltar a seleção.

A Lusa abriria 4×1 no começo do primeiro tempo. Nos vinte minutos finais veio um vendaval vascaíno e o empate do lateral Gilberto, num gol de falta aos 44 do segundo tempo. Lembro de um par de arranca rabos, tradicionais na acalorada torcida da Lusa.

Canindé, Canindé.Foi lá que vi cadeiras voar pela primeira vez. Vi meu amigo Felipe Pioli, justo ele, um misto de Michel Teló e Roberto Leal, ser apedrejado em um Lusa x São Paulo de 98. Todo clássico, seja com Palmeiras, Corinthians ou Santos era promessa de confusão. Torcida pequena e aguerrida, cercada pelos rivais em seu próprio estádio num pequeno setor em frente as cabines de rádio. O cenário perfeito daqueles anos que passavam ao ritmo das narrações de Fernando Solera nos compactos da Mesa Redonda.

Por fim, para acalmar a Leões da Fabuloso, veio o gol da vitória numa cabeçada a queima roupa, já nos acréscimos. 5×4 Portuguesa . Voltei pra casa em transe. Uma jornada de futebol real, lúdica, dessas que possivelmente não veremos mais sob as margens do Tietê. Força Lusa!

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