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C3 na Copa | Dia 27, Eurocopa do Mundo

Dia 27 – Eurocopa do Mundo

por Gabriel Brito

França 1 x 0 Bélgica – Inveja

Antes de tudo: que dia triste essa terça-feira. Andar pelas ruas de uma gélida São Paulo, ver as pessoas amuadas em seus casacos, a tocar em frente a rotina medíocre, entrar em bancos e sair dos mercados enquanto duas seleções europeias disputavam uma vaga na final da Copa da Rússia foi bem deprimente. Que dia deixamos de viver. E no caso dos paulistas um feriado ainda mais prolongado.

Dito isso, lá estávamos nós cumprindo as últimas ordens da 21ª Copa do Mundo.

Em campo, um jogo que ao menos prometia compensar. Duas das mais saborosas seleções – tanto pelas razões esportivas como culturais – marcadas pelo jogo ofensivo fariam uma semifinal.

Na conversa de véspera com amigos imaginamos um jogo de muitos gols.

No entanto, mais uma vez vimos se confirmar a tônica dos campeonatos recentes: jogos cerrados, defesas quase instransponíveis e placar mínimo, não raro conseguido na base da força e da bola parada.

No fim das contas, é por isso que uma nova geração de comentaristas e analistas se esmera tanto em criar uma linguagem supostamente rebuscada que explicaria o jogo para não iniciados – e ai dos pecadores que continuarem achando pouca merda.

A gente entende o jogo. Mas se fosse só isso, movimentos táticos e estratégicos, seríamos doentes por xadrez. As praças estariam lotadas todos os finais de semana para duelos mentais extenuantes. A prefeitura inauguraria novos equipamentos públicos para os cada vez mais demandados encontros entre os adeptos do tabuleiro.

Todo mundo teria um amigo na mesa do bar a olhar para o celular e dizer “peraí, deu treta no grupo Chess-mates, o grupo dos parça no zap”.

– o meu grupo chama Check-mates, bom né?, responderia o outro, a respeitar a breve parada na conversa.
– sinto falta pra cacete, diria o terceiro, agora pai de dois filhos que raramente permitem uma boemia.

Dito isso, quero deixar claro que não estou a achincalhar o que França e Bélgica apresentaram em Leningrado.

O jogo, a considerar os padrões vigentes, foi bom sim. A bem da verdade até mereceu mais gols. Courtouis e Lloris de fato não permitiram, ambos tiveram excelentes atuações.

Os belgas mostraram que tinham sede de mais história, começaram bem a partida, criaram chances e até jogaram o forte time azul para trás.

Martinez voltou a mostrar a virtude que falta a Tite, apegado que é a titulares e formações de confiança praticamente irrevogáveis: o técnico espanhol novamente mexeu na equipe, voltou à linha de três zagueiros, reforçou o meio campo com Dembele, considerando que precisava de mais gente pra bater com o respectivo setor oposto e novamente se saiu bem no aspecto tático.

Tite, de tantas virtudes, muito, mas muito provavelmente, teria mantido tudo, fosse o Brasil contra a França.

Poderosa, a França logo responderia, com Mbappé e Griezmann sempre participativos. Pogba também aparecia bem e o equilíbrio se afirmou.

De todo modo, foi na força e no alto que a França voltou a decidir. Depois de Varane, Umtiti subiu para marcar o gol que daria a vaga na terceira final em seis Copas para a França menos gaulesa da história.

Como dissemos antes, trata-se do pacote mais completo do Mundial. Time forte em todos os setores, tem condições de resolver partidas por meio da técnica ou da força, do jogo veloz ou cadenciado, individual ou coletivamente.

Seria difícil, e foi mesmo, para os diabos vermelhos reverterem a situação. No futebol das muralhas defensivas, mesmo aqueles que sabem driblar, como Hazard, que fez uma brilhante Copa, muito dificilmente vão furar bloqueios tão cheios de cobertura e recomposição. Viradas nem se fala, artigo raríssimo no futebol de alto grau de competitividade.

Mbappé se não repetiu seus momentos mais brilhantes, terminou, ao lado de Pogba, mostrando aquela marra da qual tantos no orgulhávamos. Ambos pisando na bola, tirando onda, tentando matar os belgas pelos nervos. Estes, tiveram uma geração inteira forjada, como dissemos em crônica anterior, em moldes parecidos com os dos franceses. Aliás, fora dos moldes.

Por aqui, nos esmeramos exemplarmente em matar os mestres nessa arte. Cagamos regra, ceifamos genialidades e adequamos tudo ao mercado. Brancos domesticando pretos, se forem olhar bem, tanto no campo como na mídia.

Tenho muita inveja desse time da França, confesso aqui sem vergonha alguma.

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Baião de Dois #114 Sampaio Campeão

A Bolívia Querida está em festa! O Sampaio Correia conseguiu bater o Bahia na final da Copa do Nordeste e valeu o primeiro título do Nordestão para o Maranhão. Além da festa em São Luis, tivemos celebração em Campina Grande, Fortaleza e Imperatriz com os acessos de Treze, Ferroviário e Cavalo de Aço, respectivamente, para a Série C.

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C3 na Copa #28 França finalista

O Central 3 na Copa de hoje trata da primeira finalista deste Mundial, a França, que superou a Bélgica nesta terça-feira. Com Leandro Iamin, Paulo Junior, Matias Pinto e a equipe Trivela – Felipe Lobo e Bruno Bonsanti.

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It’s Time #82

A equipe do MMA Brasil chega após o histórico UFC 226 com toda a repercussão da vitória de Daniel Cormier sobre Stipe Miocic. O campeão do peso meio-pesado agora também detém o cinturão da categoria de cima, sendo o segundo na história a conseguir tal feito.

Foi abordada também a entrada de Brock Lesnar no octógono depois da luta, desafiando o novo campeão, para luta que deverá ocorrer apenas em 2019, devido à suspensão do desafiante. Ainda houve tempo para falar sobre as vitórias dos brasileiros Paulo Borrachinha, que nocauteou mais um adversário no peso médio e Raphael Assunção, que chega à décima primeira vitória nas últimas doze lutas na organização.

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C3 na Copa #27 Chegou a semi

Amanhã tem semifinal de Copa, França x Bélgica, e o C3 na Copa fala disso e das situações de Sampaoli, Tite e Luis Enrique. Na escalação, Bonsanti, Paulo Jr, Matias Pinto, José Trajano e Leandro Iamin. Jogão a vista, e papo bom aqui e agora!

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Copa C3 | Dia 24, bode

Dia 24 – Bode

por Gabriel Brito

Inglaterra 2 x 0 Suécia – Atropelo inglês

Primeiro dia da Copa onde só restaram europeus, lembrando 2006 e aqueles dias cinzas que encerraram minhas férias duramente organizadas em torno do Mundial.

Confesso que foi difícil manter atenção total à partida em que os ingleses facilmente despacharam os suecos e voltaram a uma semifinal depois de 28 anos.

A um passo da final, o renovado english team recupera boa parte da moral perdida dos últimos anos.

A quantidade de gols na bola aérea é marcante, mas seria injusto atrelar o sucesso do time apenas a um velho expediente de sua old school.

Trata-se de um time leve e com bons recursos técnicos. A eficiência de um surpreendente Jordan Henderson na cabeça de área se soma à habilidade dos bons Dele Ali, Sterling e Lingard. Estes, impõem um bom volume de jogo e explicam em parte as seguidas oportunidades a partir de faltas e escanteios.

Last, but not least, uma zaga forte, com fome de glória, tem sido um importante sustentáculo de um time que finalmente se desapegou das linhas de 4 como referência única em sua organização.

Opaca, a Suécia foi engolida pela engrenagem inglesa que embala na hora certa e soma duas boas apresentações nas partidas eliminatórias – a Colômbia, por mais que amemos, sequer merecera aquela prorrogação.

O jogo é daqueles que deixa claro que talentos individuais ainda valem mais que uma boa prancheta – esta deve complementar os primeiros, jamais o inverso.

Neste sentido, só podemos assinar embaixo a observação do colega Paulo Junior a respeito dos grandes meio-campistas e organizadores de time que marcam a campanha de vários europeus.

Antigos mestres nesta arte, os sul-americanos se especializaram demais em bons defensores e jogadores de lado de campo, matéria-prima sempre demandada pelo mercado externo, a reproduzir velhas sinas da história do continente. Duríssimas ironias da vida, que o futebol magistralmente reencena.

Organizado, o time nórdico não conseguiu se impor e oferecer perigo em momento algum, basicamente porque nenhum de seus atletas alcança o nível dos britânicos.

2 a 0 foi pouco e, apesar das boas surpresas semifinalistas, pinta a final entre duas camisas de peso e um novo bicampeão.

Rússia 2 (3) x 2 (4) Croácia – Fim do conto russo

Ainda baqueados, nos postamos preguiçosamente diante da TV para a última quarta de final.

Atrativo até havia, tanto pela possível extensão do devaneio russo de chegar numa semifinal de Copa do Mundo com um time precário como pelo bom time croata.

Este, ainda não repetiu a primeira fase e avançou com dois empates que não podemos dizer amargos, dado o peso da camisa, mas que ficaram abaixo das expectativas.

De forma muito menos brilhante, o quadro axadrezado repete a façanha de 1998, com a diferença de que não terá pela frente o dono da casa na disputa pela vaga na final.

Cheryshev entra pra história como um daqueles jogadores que brilha numa Copa e “mais nada” na vida. Golaço que encheu de esperança sua torcida – também uma torcida de Copa, nada a ver com o que vemos nos jogos dos clubes russos.

Mais rica tecnicamente, a Croácia achou o caminho do empate ainda antes do intervalo e não sei como não virou o jogo no segundo tempo.

Rakitic e Modric continuam sendo os esteios de um time cujos atacantes revezam momentos de brilho, mas deixam a sensação de que falta uma inspiração a mais.

Veio a prorrogação que seria o primeiro tempo extra com gols, neste caso de dois defensores que fizeram heroica Copa do Mundo.

Mario Fernandes manteve o Brasil vivo por mais algumas horas no Mundial, mas emulou os heróis do tempo normal que erram miseravelmente sua penalidade. Rakitic teve o inédito prazer de fechar pela segunda vez uma série de pênaltis.

Rivalidade política à parte, para a Rússia ficou de ótimo tamanho. Caiu de pé, como gostam de dizer. A Croácia aproveita as brechas e chega longe pela segunda vez. Mas terá de jogar mais do que fez contra Dinamarca e Rússia se quiser estender seu épico.

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C# na Copa | Dia 23 – Veias abertas (2)

Por Gabriel Brito

Uruguai 0 x 2 França – O melhor sul-americano

Se a fase de grupo lhe foi leve, os cruzamentos foram bem o oposto para a brava celeste olímpica.

Depois de tanto suar para eliminar seu similar europeu, e ainda perder Cavani justo no dia de sua melhor partida com a camisa da seleção, encarar o melhor elenco do Mundial era um muro e tanto a saltar.

Se não foi bailado como a Argentina, o Uruguai perdeu para um time que tem absolutamente tudo. Se não vai na inspiração, pode ser na força, se não é a solidez do meio campo, podem ser os habilidosíssimos atacantes; se não é nem um nem outro defensores de enorme potência podem resolver, no jogo aéreo ou até num chutaço, como Pavard em seu antológico gol nas oitavas.

O time francês é assim: bom por cima, por baixo, na velocidade, na cadência, na habilidade ou na força física. O pacote mais completo da Copa do Mundo, e com gás pra mais duas.

Tabarez armou o time que podia para jogar sem o grande parceiro de Suárez, congestionou seu combativo meio campo e viu seu onze colocar a pierna fuerte que a ocasião obrigava.

Mas, como dito, se não vai de um jeito tem tudo pra ir de outro para os franceses. Varane apareceu por cima e abriu o placar como não se esperava. Cáceres quase respondeu antes do fim do primeiro tempo, mas Lloris mostrou que debaixo dos paus seu lado também é muito bem servido.

O frango de Muslera é daqueles que os mais críticos sempre esperaram do goleiro outrora inseguro. Outrora, não em sua terceira e melhor Copa de todas.

Aí era demais. Não havia mística capaz de subir tanta ladeira.

Ainda assim, das eliminações sul-americanas a dos bicampeões olímpicos e mundiais é de longe a menos deprimente. O Uruguai parece ser o único time do continente que realmente apresenta tudo aquilo que lhe é possível, com limitações aceitas de antemão e por todos conhecidas.

A importância de Oscar Tabarez nesta reabilitação da Celeste é inegável, como bem mostra a matéria de Leandro Stein no Trivela. E o sentimento de unidade que recobre as relações deste pequeno país é outro ponto invejável se comparamos com os dois vizinhos que parecem expor todas as vísceras nacionais a cada fracasso futebolístico.

Gracias, Maestro.

 

Brasil 1 x 2 Bélgica – Aonde estamos?

A partida de Kazan era a primeira hora da verdade para a seleção brasileira, considerando que até sem técnico ou qualquer comando respeitável a camisa amarela pode aparecer numa semifinal, erguer uma taça, trazer velhas ilusões de volta.

E também era a grande hora da verdade para os europeus, repletos de atletas bem sucedidos nos seus clubes, mas famosos por não jogarem à altura das grandes circunstâncias com a camisa vermelha.

Pois bem. A Bélgica, que esteve a poucos metros de uma eliminação para o Japão, passou sua grande prova. Ganhou um jogo pra história, que servirá de argumento para uma geração corretamente questionada ao acumular decepções quando já era bem cotada.

Já o lado titeano, reprovou. E não se trata de lidar apenas com o resultado consumado. Trata-se de reconhecer erros que não por acaso custaram a eliminação. Foi exemplar nas Eliminatórias e rápida reorganização de um time em profundo desencanto. Mas se apegou demais ao que foi feito 12 meses antes do que interessava.

Desastroso contra os japoneses, era evidente que o meio campo belga mudaria. Martinez sacou o atacante Mertens, colocou Fellaini, importante naquela virada, ao lado de Witsel e liberou De Bruyne para jogar como um velho camisa 10. Enfim, haveria mais gente no meio campo.

Enquanto isso, o Brasil manteve os hábitos. No fim das contas, beirava aquele velho 4-3-3 de peneira de garotos, com dois meias e três atacantes lááá na frente, a jogar sem olhar pro retrovisor.

Paulinho foi o homem de uma nota só. Um homem “surpresa” que se manda ao ataque do mesmo jeito em todas as posses de bola do time. O que nos faz questionar tal definição.

É grave. Pois um camisa 8 que nunca está ao lado do volante para a construção de jogadas também afasta o lateral do jogo ofensivo e sobrecarrega William, muitas vezes isolado e obrigado a buscar a solução individual, que desta forma perde o caráter de imprevisibilidade.

Coutinho sofre para ser um organizador que no clube não é, na prática é quase outro atacante. Pra completar, tudo isso gira em torno da estrela Neymar, que simplesmente não se apresenta à altura do cartaz. Alertamos aqui após o martírio contra a Costa Rica: talvez seja hora de tratar o camisa 10 como apenas mais um. Talvez seja mais saudável para o próprio. Talvez fosse.

Fica pra história que aos 26 anos Neymar não é tão grande como poderia ter sido. E já coloco no passado, pois seria insuportável que na próxima Copa do Mundo vejamos essa egocêntrica e mimada figura novamente no centro das atenções e com a 10 nas costas.

Ok, há vários pequenos detalhes que escapam ao controle de qualquer humano e ainda decidem o jogo. Com um pouco de sorte, a joelhada na trave de Thiago Silva poderia ter entrado e o acidente do gol contra não ocorrido.

O Brasil pecou pela ansiedade em empatar logo e ofereceu uma sequência de contra-ataques que era o sonho de um time que ficou leve com o contexto. E numa impressionante falta de presença de espírito permitiu-se a Lukaku puxar o contra-ataque do segundo.

Os três reservas melhoraram o time, o que deixou gosto tão amargo que sequer foi possível elogiar Tite por isso: ele mexeu bem ou escalou errado?

Ademais, como em 2010 o Brasil morreu com um atacante que o próprio técnico não via condição de utilizar.

E se Tite, apesar da cansativa publicidade, de fato tem boas ideias, por outro lado repetiu velhos vícios da “camaradagem dos vestiários”, “grupo fechado” e outras inutilidades mais do que datadas. Foi muita gente em mal estado físico.

Pois por mais colonizadas que estejam as mentes que acham factível dar preferência cega a quem joga na Europa, aí estava mais um motivo para apostar em jogadores do futebol nacional, afinal, estamos na metade da temporada.

Ainda neste sentido, preciso entender quem tanto caiu de pau em Fagner. Fez uma Copa correta, menos decepcionante que as de Daniel Alves em 2010 e 14, por exemplo (mas quem questiona o lateral fashion que deu passes pro Messi?).

Foi dos que mais sentiu o jogo, no sentido que precisávamos, na reta final. Vejo gente que nem torce para a seleção fazendo uma questão danada de dizer que por ali foi o caminho belga das pedras, por mais que as imagens evidenciem que o oposto sempre foi o mais convidativo e Hazard inclusive tenha trocado de lado na reta final do segundo tempo. Entendeu por onde o pau ia cantar e onde não.

Gostem ou não, o jogador brasileiro ainda sente coisas que os “europeus” já esqueceram. Corre na pressão duas vezes por semana e lida com torcedores que ainda mantêm uma relação mais visceral, ou “necessitada”, com o futebol. Melhor do que jogar na Europa é viver na Europa, convenhamos.

Enquanto a defesa se virava para evitar o terceiro, víamos atuações quase lunáticas de atacantes que reiteradamente tentaram empatar o jogo por meio da simulação de pênalti, mesmo quando faziam jogadas promissoras.

Nunca tiveram a frieza de construir a jogada ou dar o toque que a ocasião exigia. Agiram quase como autômatos que insistiam no repertório de sempre, a cumprir corretamente o protocolo. Renato Augusto de fato mostrou uma lucidez solitária.

Domesticado por essa vida mansa onde reina a ordem tática e um estrelato que o faz viver muito acima da realidade humana, o jogador brasileiro virou mais um no bolo.

Pior do que perder da Bélgica é tentar entender em que momento da história passamos a ter, a rigor, um time bem equivalente, sem um diferencial realmente preponderante para o país pentacampeão. De 1 a 11, não é absurdo considerar os belgas melhores. Ainda mais sem Casemiro. Chocante ler, e concordar, com Tostão: “temo pelo Brasil não ter um craque como de Bruyne no meio campo”.

Pior ainda é ver que quando a pressão aumentou os belgas não se furtaram de matar jogadas logo no início. Em que momento da história a tal da malícia passou pro lado de lá?

Desde 2006 vemos um elenco com 20 convocados do futebol estrangeiro e 3 nacionais. Não deve ser coincidência o acúmulo de fiascos cada vez menos comoventes.

Por fim, como é “interessante” notar que os semifinalistas tiraram dois grandes times do futebol de suas periferias, do campo de terra e da rua (é, na Europa também tem isso), enquanto por aqui tornamos a formação do jogador e seu acesso ao esporte mais popular algo cada vez mais corporativo e empresarial.

Agora todos começam a dar conta do prejuízo. Até o Galvão Bueno se meteu a questionar a CBF após a eliminação. Mas quero ver quem se dispõe a cortar na carne. Pra muita gente tá bom assim.

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C3 na Copa #26 Caminhando para as semifinais

Domingo sem jogo é domingo sem podcast? Errado! Aquecendo o ambiente para a semifinal, Iamin, Birner, Lobo e Stein falam sobre a frieza da seleção brasileira no desembarque, a juventude mirando 2022, além, claro dos primeiros movimentos de franceses e belgas para o duelo de São Petersburgo.

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Copa C3 | Os craques da mini-Euro que o Brasil não tem

No fim das contas, apesar de um certo desconforto em ter os seis últimos jogos da Copa do Mundo voltados para apenas um continente, os quatro times europeus que vão à última semana do Mundial jogam bola. Com o respeito aos torneios de Rússia e Suécia, o reconhecimento do esforço de Portugal, Sérvia, Suíça, Dinamarca e Islândia, a frustração do papelão da Polônia, e a preguiça em assistir as arrastadas Espanha e Alemanha… se é para ver finais europeias, ao menos restaram os quatro times mais interessantes.

Difícil também querer rabiscar alguma curva de domínio europeu num torneio que demora quatro anos para voltar e tão equilibrado, onde o chaveamento impõe muito das possibilidades de ir adiante. E com momentos e desempenhos muito diferentes a cada encontro. Com praticamente o mesmo time, quatro anos mais jovem, essa Bélgica não fez quase nada contra a Argentina em 2014; já o Uruguai, agora presa fácil para a França, vem de um Mundial em que bateu Inglaterra e Itália. Ciclos.

Talvez a diferença mais evidente entre os times seja a função de organização do time tão ausente nos casos de Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia no mata-mata. Nos sul-americanos, o craque está lá perto da área. Talvez com exceção de James Rodríguez diante da Polônia, quando fez as vezes de um verdadeiro maestro à moda antiga da camisa 10, as esperanças ficam nas definições da turma da frente com Neymar, Coutinho, Messi, Suárez, Cavani.

Sem entrar no mérito tático, já que ocupam posições e funções bastante distintas dentro do campo e do onze que completam, fico com a sensação técnica e psicológica das partidas de Griezmann, Hazard-De Bruyne, Henderson e Modric nas quartas de final. Fazem questão de carimbar todas as bolas e, quando o rival aperta, é neles que o time desafoga. Não necessariamente para carregarem o peso de um país querendo que decidam num lance, mas para fazerem o time jogar. No ritmo deles o time vai jogando, jogando, maturando os ataques, controlando os nervos. Donos do jogo e fazendo do campo apertado um latifúndio, desfrutando dos espaços. Jornadas de craque.

No Brasil, as referências técnicas são mais assistentes e finalizadores; atrás, Tite abre mão da organização e do trato com a bola para ter Paulinho, um jogador de transição, que toca e vai à área; Casemiro é ótimo, mas não chega nessa posição de líder técnico para articular as jogadas. Renato Augusto podia ser, Fred mais ainda, com o ritmo de quem joga o futebol europeu toda semana, mas as lesões os impediram. E a seleção ficou sem.

Já parece assunto velho, mas Arthur faz isso no Grêmio com uma paciência rara, e Paquetá, em outro estilo, é a cabeça e o pulmão do Flamengo ainda que tenha Diego ao lado. Porque opções para pontas e centroavantes a formação de jogadores vai continuar oferecendo a cada instante, ainda que em níveis variados. Mesmo que não sejam um Neymar ou um Ronaldo, haverá um Robinho, um Nilmar, um Bernard, um Taison; ou mesmo um Fred, um Grafite, um Jô, um Firmino – todos reservas em suas Copas. Mas e esse cara que toma o jogo para si, incansavelmente medindo cada palmo de campo para fazer o time funcionar ao seu redor?

Para 2018 já foi. Veremos daqui a quatro anos.

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C3 na Copa #25 Inglaterra x Croácia

O Central 3 na Copa deste sábado trata das classificações de Inglaterra e Croácia para se enfrentarem na semifinal do Mundial. Com Paulo Junior, Felipe Lobo, Bruno Bonsanti e Leandro Stein.

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A adesão não virá de helicóptero

Seria ingenuidade acreditar que o 7×1 pautou as ações da seleção brasileira no ciclo que, ontem, sábado, terminou com a derrota para a Bélgica. Não foi. Da carta da Dona Lúcia até o gol de De Bruyne, o time das cinco estrelas se esforçou para cuidar dos negócios. Em colapso político, perdeu dedos, mas conseguiu manter os anéis – é um caso de sucesso, convenhamos, que a CBF tenha mantido, e até aumentado, sua lista de patrocinadores e receitas mesmo com tudo que acontece a Marco Polo, Coronel Nunes, Marín, Caboclo e grande elenco. Foi a prioridade do trabalho canarinho, que apostou em Dunga, vejam vocês, Dunga, DUNGA de novo, para rebater o 7×1 mais 3×0 que aniquilou o orgulho próprio de um torcedor que daqui a pouco entra em cena.

Não joga no país. Quando joga, como foi em São Paulo por exemplo, é a um preço tão absurdo que gera em arenas novas seus recordes de renda sem ser recorde de público. O corte econômico é evidente, mas deixemos pra lá por ora: joga por obrigação, convive com a pauta fácil do “e se a torcida vaiar quando o gol não vier?”, emenda com aquele “Torcedor é assim mesmo, temos que trazê-los para o nosso lado”, faz, quando muito, um treino mais ou menos aberto, um monte de gente querendo entrar para ver um fim de aquecimento e um bate-bola preguiçoso, cinco garotas gritam por Neymar e saem no Jornal Nacional, a pauta é boa, o amor do povo, “É gratificante, fico feliz com esse carinho”.

Chega a Copa. Jogadores chegam à Granja Comary de helicóptero. “É para chegarem mais rápido, uma facilidade”. Me irritam tanto estas facilidades, mas vá lá, Tite fez o Brasil ter um time, a gente banca uma ou outra extravagância quando as coisas vão bem em campo. Se era Teresópolis ou Kiev, deu na mesma. Relação zero, e bóra para Londres, onde o Brasil, também por obrigação, mas dos papéis e dos contratos, dos negócios enfim, joga habitualmente. Um pulinho na Áustria, depois a Rússia, e um susto: a torcida brasileira foi em peso para o país mundialista. Com um interesse em mostrar algum brio, algum serviço após uma Copa de 2014 devastadora, não só pelo 7×1, mas pelo passeio que as torcidas do continente deram na nossa em terras brasileiras.

O corte econômico da Copa é o mesmo dos amistosos que o Brasil fez aqui, supostamente para nossa gente. Não à toa, o espaço ocupado pelos animados brasileiros na Rússia tinha inspirações de jogos universitários, não de jogos de futebol, este futebol depredado aqui praticado no qual o torcedor e o ato de torcer é simplesmente demonizado. Mas Tite montou um time, e este time teve momentos realmente brilhantes no caminho para a Copa, passou leveza, alegria, carisma. O torcedor passa por cima de quase qualquer desaforo quando o time joga a bola redonda. É uma equação curiosa. Torcer é ato de identidade, identificação, mas às vezes uma bola bem jogada se sobrepõe aos desaforos acumulados dos anos.

Ano que vem tem Copa América no Brasil. Os sinais, se o cinismo não os cegou, são claros: o brasileiro é menos resistente à seleção do que a narrativa recente sobre o nível de exigência dele tentou fazer colar. Se Dani Alves se disquitou do 7×1, David Luiz continuou um cidadão feliz e Neymar rosna para tudo que não é elogio, parece que tem gente que reagiu ao inqualificável desastre de Belo Horizonte assumindo a cicatriz, pegando para si a vergonha que foi todo o mês de Copa – do primeiro ao último jogo – e mostrando a solidariedade com a causa canarinho que a seleção negou ao seu torcedor, exceto à Dona Lúcia. Se em campo Tite devolveu um brilho à seleção, fora de campo tem como aproximar as partes e tornar esta seleção menos londrina e mais brasileira. É bom para todos. Um mascote com cara de bravo e uma colaboração aos bravos agitadores em terras russas já fez algum estrago. Imagina a adesão e o pertencimento reais de muito mais gente?

Uma simples mudança de postura serviria para não nos sentirmos mais visitantes em plena Copa América de 2019, em casa, contra um time vizinho cuja torcida nos engole como a mexicana nos engoliu em 2014. O movimento da adesão é sempre algo com forte teor espontâneo, mas até a espontaneidade precisa de alguma ajuda – e ela não chega de helicóptero.

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C3 na Copa #24 O adeus de Brasil e Uruguai

O Brasil está fora da Copa, e claro que este foi o tema principal do programa de hoje, escalado com Leandro Iamin, Paulo Júnior, Matias Pinto, Felipe Lobo, Vitor Birner e Bruno Bonsanti. A vitória francesa que eliminou o Uruguai também foi discutido, em noite quente de quartas de final. No ar!

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