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Judão #125 K-Pop: muito mais do que a gente pensava!

K-Pop não é um gênero musical, K-Pop é uma indústria”.

Foi assim que começou a conversa com Isabela de Albuquerque, uma K-POPPER que esteve no ASTERISCO, o seu programa / talk show / podcast / o que você quiser sobre cultura pop e adjacências do JUDAO.com.br, pra falar do que a gente pensava que era só um tipo de música e acabamos descobrindo MUITO mais que isso: das promoções para que se conheça os astros às competições diárias na TV, passando por todo o tratamento recebido porquem deseja seguir a carreira, aprendemos um MONTE.

A conversa também teve Copa do Mundo, marketing agressivo, palhaços, falta de cuecas, tratamentos de pele e ódio, muito ódio, daquele jetinho que só a gente sabe fazer. 🙂

Dá aquela apertada gostosa no play pra ouvir tudo isso e aprender bastante, porque… Quem diria que um porgrama sobre K-Pop poderia ser tão informativo, não é mesmo? 😀

https://www.instagram.com/p/Bkv5li_nqvG/

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It’s Time #81

​Na semana que antecede a International Fight Week, semana mais importante do calendário anual do UFC, a equipe do MMA Brasil chega com a prévia das principais lutas do maior evento do ano, o UFC 226. O Card está recheado de grandes combates, incluindo uma superluta, na qual o campeão do peso pesado Stipe Miocic coloca seu cinturão em disputa contra o campeão peso meio-pesado Daniel Cormier.  Também teremos o invicto Brian Ortega desafiando a coroa do peso pena hoje detida por Max Holloway.

Alem das lutas valendo o cinturão, outros combates foram comentados, envolvendo Francis Ngannou e Derek Lewis, Michael Chiesa e Anthony Pettis e os brasileiros Raphael Assunção, Paulo Borrachinha e Gilbert Durinho.
Houve tempo também para falar das principais notícias que moveram o mundo do MMA na última semana, como as novas aquisições do Bellator em seu plantel e o título de Glaico França no Pancrase.

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Desqualificadas #06 Relacionamentos e aplicativos (parte 2)

Episódio #06 – (Parte 2) – Tantra, Tinder e sexualidade sagrada

Segunda e última parte da conversa com Cláudya Toledo – matchmaker e uma das maiores especialistas de relacionamentos do Brasil! Não teve apocalipse zumbi mas teve muita troca de energia (das boas!), sexualidade, Tantra, India e até a experiência no Tinder da Beatriz Alves.

Contato Alessandra Ruiz :

Authoria Studio – Agenciamento literário de autores brasileiros

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contato@authoriastudio.com.br / https://www.facebook.com/authoria.als/

Cláudya Toledo:

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Workshop Couple:

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Workshop Carametade:

https://claudyatoledo.com.br/workshop-cara-metade/

Leia os ebooks da Cláudya Toledo agora mesmo:

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Copa C3 | Dia 18 – Ressaca boa

Por Gabriel Brito

 

Rússia 1 (4) x (3) 1 Espanha – Enorme Guardiola

Depois de um sábado alucinante de 10 gols e embates que envolviam camisas que nos comovem, não havia possibilidade de o domingo entregar algo à altura.

Mas quando você está de ressaca o relógio anda de um jeito diferente. E quanto mais tempo deitado melhor. Portanto, a morosidade espanhola que permitiu um jogo contra adversário tão inferior durar mais de 120 minutos foi motivo de um silencioso deleite no sofá.

Dito isso, só podemos reiterar o que dissemos desde a primeira rodada: o tiki taka acabou. A Espanha vive de uma sombra que não se aplica à realidade e mofa com a bola de um jeito que não hipnotiza ninguém.

Além do mais, parece claro que a saída de Lopetegui deixou alguma ferida. Hierro não pareceu nunca ter tido o time muito à mão, foi óbvio em algumas mudanças e quando quis surpreender tampouco pareceu muito feliz nas opções.

Foi a primeira vez que se registrou mais de 1000 passes numa partida de Copa. No entanto, era visível que de nada servia. Só na aparência pode-se chamar tanta posse de bola improdutiva pelo nome que já é história.

Primeiro porque a própria denominação já tem o signo da rapidez, do instante que voa. Tocar a bola lentamente e pra trás nunca foi a ideia brilhantemente desenvolvida por um Guardiola que tanta inquietude mostra em relação à rotina.

Não se tratava apenas de tocar, mas de se mexer e aproximar constantemente, engrenagem que se mantinha à perfeição também sem a bola. Esse é o lado menos recordado, mas a marcação dos times talhados por esse modelo de jogo era incessante. Tudo era exaustivo para o adversário, não apenas o momento defensivo.

De resto, trata-se de uma geração na qual alguns jogadores brincaram juntos desde antes do profissionalismo, tipo de convívio e confluência que não se reproduzem em treinos e planilhas, patrimônio inigualável da ala barcelonista (que incluía Messi), a grande responsável por aqueles anos felizes.

A conclusão que me fica após três campanhas falidas em grandes campeonatos, após três títulos seguidos, façanha praticamente sem igual, é que quanto mais passar o tempo maior ficará a imagem de Pep Guardiola sobre esse processo.

Mais evidente fica que a paranoia do catalão em sempre inventar modos de jogar e conectar seus jogadores, transformando o domínio da bola em caminhões de chances de gols, não foi em vão. E aquilo, definitivamente, não foi normal, não foi só um bom time que aproveitou o momento de um conjunto de atletas no auge da carreira.

Até porque vencer a Copa de 2010 sem centroavante é mais comprovação do que ressalva da eficácia do método. Houvesse um 9 que fizesse a mesma Copa de David Villa na África do Sul, a real noção daquela superioridade ficaria mais visível.

Voltando a Moscou, beirou a fraude a opção de jogo da Fúria. De nada adiantava circular a bola de forma tão incansável se na hora que ela caía em uma das pontas ninguém, exceto Diego Costa e depois Aspas, tratava de entrar na área para receber e arrematar.

Aliás, que tremendo absurdo diante de tamanho domínio a opção de Hierro em sacar o brasileiro e colocar um atleta similar, ao invés de tirar um Koke cujos passes nada traziam de interessante. Contra um time que tanto fez questão de ceder a bola, Busquets era mais que suficiente. Saúl, arisco meia do Atlético de Madrid, ter sido privado de jogar qualquer minuto em quatro partidas é inexplicável.

Já no final da prorrogação, Hierro enfim se deu conta de que era necessário, e até fácil, jogar com dois centroavantes. Mas não abdicou de um dos volantes, tampouco sacou o exausto Alba na prorrogação.

Refém de um fetiche que nem de longe reproduzia a ideia original, a Espanha permitiu que os russos efetivassem seu plano de arrastar o jogo para as penalidades máximas, quando autoestima e ambiente local seriam fatores preponderantes.

Claro, para isso teve de contar com competentes atuações, como de Akinfeev, Ignashevitch (esse heroico, gigante), Mario Fernandes, Golovin (outro gigante) e a consciência de jogadores limitados, porém inteiramente mergulhados na dura missão, a exemplo de Dzyuba e Smolov. Pode até ser um time de “Segunda B”, como disse o Marca, mas sabia o que podia fazer e de que modo.

Quanto à Espanha, tem jogadores mais comuns do que a badalação do futebol de hoje permite perceber e terá de se reinventar, sem jogar toda a água fora, mas ciente de que há coisas na vida que são especiais demais para se repetirem quando bem entendemos.

Croácia 1 (3) x 1 (2) Dinamarca – À moda europeia

O jogo de fundo começou da melhor forma possível. Os dois gols em quatro minutos deram a esperança de que víssemos um épico do tipo Suíça x Áustria em 1954.

Doce ilusão. A bem da verdade, dois gols bem modernos. Um lateral na área seguido de conclusão fortuita e gol. Por mim essa jogada estaria proibida o quanto antes. Lateral só poderia ir pra área após algum outro toque depois do arremesso ou ao menos se tocasse o chão antes de adentrá-la.

Na sequência, mais um gol do pinball que temos apontado aqui. Campo cada vez menor para superatletas como os de hoje, portanto, cada vez mais frequentes os bate-rebates até entre jogadores do mesmo time. Pra vender “emoção” parece legal, para os apreciadores de construções mais técnicas do que atléticas nem tanto.

A partir daí, o jogo já não seria mais o mesmo. Melhor, a Croácia ameaçava sempre um pouco mais, porém, sem capacidade de decidir. Mandzukic marcou o seu primeiro no Mundial, mas a inspiração do time depende demais dos dois armadores, que nem sempre estão perto do gol.

Foi num lance de iluminação que Modric deu a Rebic a chance de matar o jogo, já nos estertores da prorrogação, mas o “brilhante pênalti” de Jorgensen não deixou. Estarrecedor que evitar um gol tão evidente não tenha dado cartão vermelho. A explicação de que por ter disputado a bola sem deslealdade e já ter a punição da pena máxima e provável gol até convence. Mas deixa claro como a subjetividade sempre estará presente neste jogo inigualável chamado futebol.

Por esse critério, poderia ter se interpretado igualmente a mão na bola de Sanchez contra o Japão e dessa forma permitido ao volante jogar a partida que na prática não jogou.

Enfim, Schmeichel mostrou que é um goleiraço e evitou a consagração de Modric, o melhor jogador da Copa do Mundo até o fim deste texto.

No fim das contas, o típico jogo sob medida e sem grandes riscos que marcaram toda a Eurocopa e de modo geral pautam jogos entre seleções europeias.

Os pênaltis premiaram o melhor time. Alívio. Afinal, nem da primeira fase a Dinamarca mereceu passar. Uma pena não termos visto ontem os peruanos em ação contra os adriáticos. Por sinal, teria dado um belo confronto.

Finalista inédito é quase uma certeza neste lado da chave, exceto por Inglaterra e Suécia, que só chegaram ao jogo máximo quando foram sede. E final inédita também é outro fato quase consolidado, dado que só um improbabilíssimo Brasil x Suécia poderia reviver o jogo da taça.

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Central 3 na Copa #20 Brasil e Bélgica lá!

O Brasil se classificou e a Bélgica virou no minuto final: os dois temas estão comentados, debatidos, destrinchados, aqui no Central 3 na Copa, escalado hoje com Leandro Iamin, Matias Pinto, José Trajano, Felipe Lobo e Bruno Bonsanti. A Copa do Mundo vai afunilando, e o Brasil segue!

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Copa C3 | Dia 17 – Um sábado para a memória coletiva

Por Gabriel Brito

 

Memorável a abertura das oitavas de final. Tanto pelos jogaços infartantes como pela reunião de toda a família paterna aqui em casa depois de uma década, com direito a uma feijoada que ainda se digere.

França 4 x 3 Argentina – o time e o bando

Enquanto a casa estava vazia, o coração sudaca sofria, ainda que estivesse preparado. Algo já nos dizia que era melhor a Argentina ter caído fora logo na primeira fase, evitar a ilusão que o futebol está sempre pronto a oferecer e entender de uma vez por todas o que se passa na atual conjuntura.

Mas não foi assim. E a classificação não se tratava de uma concessão tão generosa dos deuses do futebol. Pela frente, apenas o melhor elenco da Copa.

E não houve lugar para velhas místicas e milongas, “huevo y corazón”. O time atropelou o bando. “Y le hizo precio”. 4 a 3 para os franceses é placar mentiroso. Se por lampejos platinos e distrações azuis o jogo chegou a ser acessível para a albiceleste, por desempenho individual e coletivo só poderia ter dado França.

A arrancada monstruosa de Mbappé era só o começo. Os segundos da disparada que terminou em pênalti evidenciava a plenitude de um lado e incompletude de outro. Até porque o contra-ataque começou num erro besta de domínio de bola de Banega.

Já estava claro que o time do prodígio de 19 anos estava uns três degraus acima no aspecto físico, a exemplo da falta que Mascherano e Tagliafico fizeram-lhe ao mesmo tempo e Griezman atirou no travessão. Sempre, absolutamente sempre, atrasados os argentinos. Mascherano nem se fala. Passaria o jogo chegando tarde demais.

Comparemos os trios de volantes: Kanté, Matuidi e Pogba; Mascherano, Enzo Perez e Banega. Claríssimo quem será o dominador e o dominado, até por uma questão etária.

E não se trata de questionar a “vergonha na cara” ou coisa do tipo, tal como gostamos de fazer por essas terras mais calientes. Se não fosse isso, o atropelo seria ainda mais inequívoco. Por questões como amor próprio é que jogadores como Di Maria ainda conseguiram tirar uma boa atuação de onde não se esperava – como bem explicou o editor aqui.

Se o empate levava um resultado mentiroso ao vestiário, que dizer então do gol-acidente de Gabriel Mercado? Nada disso, porém, seria suficiente.

Desastrosa no aspecto estrutural, a Argentina levou três gols e uma virada fulminante em dez minutos.

Notemos que não é por acaso. No gol de empate, a jogada começa pela esquerda francesa, o cruzamento vai para o outro lado e o lateral Pavard faz o golaço. Isso tudo mundo viu. Mas o que vale observar é como os franceses são maioria numérica na área. Mascherano e Perez não conseguem fazer a recomposição rapidamente nem se postar à frente do chute.

No gol da virada, a França entra tocando rápido e quando Mbappé arremata são 5 franceses contra 3 na área. O quarto gol de contra-ataque apenas sentencia a verdade: um bando com velhas e cansadas referências diante de um time que ainda tem outras duas Copas do Mundo.

E parecia que um 6 a 2 ou coisa assim viria. Meio inexperiente e meio avoada para grandes jogos, a França não teve tanto sangue no olho. Deschamps teve daquelas atitudes indecifráveis que alguns técnicos adoram tomar e sacou Mbappé e Griezman, para ver se complicava alguma coisa. Quase conseguiu. Seria uma tremenda mentira.

O futebol de exportação da América do Sul e seus lamentáveis dirigentes pensam que os ricos atletas que fazem a vida do outro lado do Atlântico morrem de encanto pelas camisas que nossos pais ensinaram a respeitar.

Não é assim. Eles não precisam. Não dependem de velhos caudilhos e fanfarrões para nada na vida. Por fora do pastiche midiático que, a nós mortais, vende o sentimento de pátria eles estão é cagando e andando pra isso. Ou encontram um ambiente agradável ou vão correr só metade do que podem. Não tem romantismo.

Ademais, forjados no futebol mais confortável e blindado da história, nem sequer tiveram, de fato, as velhas atitudes e mostras de personalidade de outros tempos. Se não gostam de Sampaoli e montam o time a seu gosto, por que caralhos Dybala não joga? Já não bastou Tevez fora em 2014 por conta de caprichos de vestiários de meninos sensíveis e intocáveis? E que vestiário é esse que prefere o papo do mate em um mês de convívio à imortalidade de um título mundial, mesmo ao lado de desafetos?

Quando a Argentina fez 2 a 1, quantas vezes Messi pediu a bola para pisá-la, irritar o jovem time francês, ganhar tempo, mostrar que havia um senhor do futebol em campo? Não temos pretensões freudianas aqui, mas a imagem de cabeça baixa e mão sobre a cara a cada intempérie do jogo são de irritar qualquer monge budista. Não dão a impressão de que alguma reação valente, épica ou briosa virá à tona.

A Argentina do grondonismo sem Grondona dá pena. Deixou de formar os craques da velha estirpe, exporta promessas até pra MLS e não consegue estabelecer uma linha de trabalho duradoura. Sampaoli pode ter tido seus erros, mas pegou um rabo de foguete e comeu na mão de jogadores que sabem perfeitamente dos desmandos e imoralidades do futebol local – aquele do qual saíram voando, assim que puderam.

O boicote a seu trabalho e ausência completa de uma equipe, na acepção da palavra, são apenas mais uma elucidação do que se fez por aqui nas últimas décadas. E considerando o potencial técnico francês, o desfecho foi suave.

Uruguai 2 x 1 Portugal – Jogando, de verdade, por um país

Do outro lado do Rio da Prata residia nossa esperança. Desta vez feliz para nosotros, o final não foi, novamente, obra do acaso.

O Uruguai tem tudo que a Argentina perdeu em alguma esquina escura. Não apenas coesos, os jogadores da Celeste valorizam cada minuto vivido com a camisa que envergam sobre o dorso.

E quem tem a melhor dupla de zaga e de atacantes do mundo – ou quase isso – pode sonhar alto.

O gol de saída de Cavani, em sua melhor jornada com a camisa bicampeã do mundo, deixou o jogo do jeito que os charruas gostam – se charrua chega a ser um devaneio diante da realidade étnica do país, ao menos em termos lúdicos é mesmo aplicável.

O Uruguai gosta até demais do jogo de trincheira. Tem time e argumentos para ousar um pouquinho, mas parece que todos gostam mesmo é da dividida, do corte que aborta o chute frontal, das mil subidas de cabeça para frustrar um Cristiano Ronaldo.

Por outro lado, é magistral neste tipo de jogo. Se por um lado chamou demais os campeões da Europa e finalmente sofreu o empate, por outro não precisou de 10 minutos para providenciar o gol de desempate e retornar ao cenário de seu feitio.

Lamentável a lesão de Cavani, que volte a tempo do pesadíssimo confronto de quartas. Mas Suárez se virou, Torreira, que tocava bumbo na torcidinha de seu time de cidade pequena, viveu uma noite de Obdulio Varela; Laxault, cuja entrada arredondou o time, ganhou todas por seu lado, que corte lindo fez aos 47 do segundo tempo, em cruzamento de Quaresma que André vinha pra matar.

Suárez se virou como pode na frente, lutou e ganhou o tempo que lhe foi possível. A aí temos uma bela diferença para Messi. O uruguaio entende seus colegas, não espera que ninguém jogue no seu nível; adapta-se à realidade de um time que combate, combate, combate e quando dá belisca lá na frente.

Portugal é uma versão europeia da Celeste. Sabe lutar e resistir, por uma questão de lógica compreende que nunca terá mais que seus rivais continentais e isso lhe forja a alma. Mas ontem alguém havia de ficar pelo caminho. E o Uruguai dispôs de um bocadinho mais de inspiração.

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Copa C3 | O tempo espanhol (ou valeu, Iniesta)

Podia ser só sinal da idade, mas o futebol tem sido mais implacável que nossas memórias juvenis tentando sobreviver à passagem do tempo: a melhor Espanha da história envelheceu.

Oito anos depois do título na África do Sul, começou a Copa com Ramos e Piqué atrás, Busquets, Iniesta e Silva no meio (Reina, o sexto campeão do mundo, no banco). Ganhou um jogo, contra o Irã, no sufoco dum gol contra implorado, e teve o auge de sua falta de futebol numa atuação pavorosa contra a medíocre Rússia, em 120 minutos que sintetizaram tudo que a Espanha faz de ruim com seu futebol. Na hora do almoço brasileira, um jogo de siesta, uma impressão de domínio das mais fajutas que vão se lembrar, uma pressão tão insossa que embala um bebê com sono na mesa do bar.

Por muito tempo defendi a posse de bola espanhola. Não é possível que, num futebol cada domingo mais estratégico e sem espaços, o problema seja querer trocar passes. Reclamávamos dos bicos para frente, do chuveirinho na área, dos volantes brucutus e quando surge um time de baixinhos bons de bola a gente reclama que… tocam demais?

Mas sim, conseguiram. Dou o braço a torcer, definitivamente. A Espanha jogou para provar mais uma vez que no futebol qualquer teimosia é burra, qualquer insistência por um jogo inabalável pelas intempéries é só um fetiche sem graça. Aceito, da mesa dum quiosque de praia aos gritos de ‘tchau, Espanha, coisa chata da porra!’: o time espanhol preferiu se enforcar no próprio estilo que ganhar jogos como os gigantes do futebol.

Assim com a maioria dos grandes times da história, a transição é traumática, e só poderia ser. Fiquei pensando como foram malhados os brasileiros em 1966 – os veteranos Gylmar dos Santos Neves, Djalma Santos, Bellini, Zito, Garrincha – ou mesmo os alemães de agora – mais jovens, na casa dos 30 anos e tratados como veteranos bancados pelo treinador, como Hummels, Boateng, Özil, Müller. A manhã é de análises sobre o fim da dupla de zaga, a incapacidade de saída de bola do volante craque até anteontem e, essa mais objetiva, o último ato do mais talentoso de todos eles.

Andrés Iniesta deu seu derradeiro tapa na bola convertendo o pênalti na derrota contra a Rússia. Não fez um Mundial ruim. Foi bem quando o time virou o jogo contra Portugal, abriu espaço para o gol diante do Irã e fez linda jogada no empate com o Marrocos. Ficou no banco no jogo decisivo talvez porque o treinador subestimou o próprio caráter decisivo do duelo. Caminhou para os livros de história numa melancólica eliminação surpreendente de oitavas de final, muito pouco para quem rende uma coleção sem fim de jogadas resolvidas num dos mais bonitos gestos que um jogador contemporâneo foi capaz de fazer. Quando o futebol passou a correr e correr em transições sem fim, Iniesta seguiu pensando, rodando, driblando. Um ponto fora da curva mantendo o jogo, semana após semana, a seu ritmo.

Se retira o maior europeu que vi jogar. Um cara que sempre me prendeu na frente da TV, daqueles raros que não se conta a atuação pelos melhores momentos. Com Iniesta sempre fomos convidados a uma imersão ao jogo, quase hipnótica. Foi um prazer. Cada um xinga e torce para quem quiser, mas o ‘Chupa, Iniesta!’ que alguém gritou na mesa ao lado desceu quadrado. É obrigado, Iniesta! Valeu, maestro, me diverti muito contigo.

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Central 3 na Copa #19

Um domingo de pênaltis, jogos amarrados, eliminação espanhola, glória russa e classificação croata no Mundial: está aqui o Central 3 na Copa de hoje, com Felipe Lobo, Bruno Bonsanti, Vitor Birner e Leandro Iamin.

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Central 3 na Copa #18 França e Uruguai

O Central 3 na Copa deste sábado tratou dos primeiros jogos das oitavas de final: a França superou a Argentina e o Uruguai bateu Portugal. Com Paulo Junior, Matias Pinto, Felipe Lobo, Leandro Stein, Vitor Birner e Victor Zapata.

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A Argentina e a (pouca) Dignidade

Por Leandro Iamin

 

Se é que lá esteve, Argentina vai embora da Copa do Mundo com alguma dignidade preservada. Alguma, friso. Não plena. E uma dignidade criada pelas circunstâncias indecorosas, não por um brio natural. Dignidade esta que a gente interpreta também através de símbolos acessórios – o time bateu como era o futebol, sei lá, nos anos 70, tirou um resultado do nada, sem uma lógica ou construção, se permitiu um pouco de loucura. Porém, perdeu da forma mais previsível, sem distrações, sem pileque de Maradona e sem o estereótipo do drama proposital: a pior Argentina das últimas mil Copas conseguiu, pelo menos um pouquinho, se descolar do colapso engravatado que destrói o futebol do país, sem no entanto ganhar de verdade, após o banho frio e a cabeça fresca, um lugar respeitável na memória do torcedor.

Começa a contagem regressiva para um outro tempo, de Dybala e outros jovens tão diferentes daqueles cabeludos de outrora, e também a espera pela grande reportagem, acho que um documentário mesmo, onde os personagens desta Argentina abrirão a boca e dirão o que realmente aconteceu no ambiente interno argentino enquanto uma multidão viajava até São Petersburgo para depois correr até Kazan representando o que as seleções deste continente possuem de mais certo, aquilo que nunca falta: adesão, coração, orgulho. A seleção argentina de 2018, pela indecência de suas pequenas fraturas de convivência, pela devassa em toda reserva de autoridade e pelo trabalho de bola-e-campo feito de maneira incompreensível e, por isso, irresponsável, não merecia um só tocar de bumbo. O torcedor está lá e canta porque não sabe nem pode nem quer fazer outra coisa. O mesmo não se pode dizer de tantos atletas cujas capacidades são tão diferentes dos desempenhos.

O 4×3 para a França de Mbappé, no número, carimba e dá crédito à narrativa que não compro. Nela, a Argentina fez um dos grandes jogos da história das Copas. Talvez, aí concordo, tenha sido coadjuvante de um jogo realmente marcante, mas reside aqui um perigo: a Argentina é aquela seleção dos protagonistas, e está se acostumando ao outro lado do balcão. Envelhecida na figura de seus principais jogadores, assistiu hoje uma geração francesa jovem, fresca, relaxada, que ganha o jogo de 2018 já se colocando como favorita para 2022 e 2026 – ou será que Pavón, por exemplo, chega na próxima Copa como um gênio da bola? Queríamos ver Dybala, mas também queríamos ver muita coisa que a Argentina se negou a mostrar. Na verdade, a seleção sudaca se comportou como o namorado adolescente que só reage (ainda que sem dar o braço a torcer sobre seus erros) quando o namoro já parece irreversível. Dá uma satisfação pífia a uma coisa parecida com o ego, recupera e preserva a tal dignidade do primeiro parágrafo, mas e daí, se tanto falta?

A França fez quatro, cabia mais, achava facilmente os espaços quando atacava e se tornava destruidora quando contra-atacava, virou o jogo com uma tranquilidade assustadora, teve método, tem estilo, e sequer parecia jogar no máximo de sua potência. Mais time, mais banco, mais presente, mais futuro. Aos argentinos, um breve sonho entre dois gols, um pouco de demência para levar a vida um pouco melhor e nada, absolutamente nada de futebolisticamente positivo para levar destes dias em solo russo. Mascherano diz na beira do gramado: “à partir de agora, sou mais um torcedor”. Bem-vindo ao lado mais digno desta história.

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Xadrez Verbal #147 Eleições na Turquia

Recebemos novamente a professora Monique Sochaczewski Goldfeld para comentar sobre a eleição de Recep Erdogan, agora como Presidente da Turquia em um sistema presidencialista. O que isso significa e quais os desafios que ele enfrentará? Também passeamos pela Europa, onde o assunto imigração dominou a pauta dessa semana, assim como uma força militar comum e notícias de cada país. Com destaque, claro, ao anúncio de uma cúpula entre Putin e Trump na Finlândia.

De lá vamos para a América Latina. O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, esteve no Brasil, e você vai saber o principal de como foi essa visita. Repercutimos notícias desde o Chile até o norte da região, com especial destaque ao pleito vindouro no México. Quais os principais candidatos, as pautas de destaque e a relação comercial entre México e Brasil.

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O Central 3 na Copa da noite desta sexta-feira comenta os primeiros jogos das oitavas de final do Mundial, com Argentina, França, Uruguai e Portugal em campo. Com Paulo Junior, Leandro Iamin, Matias Pinto, Felipe Lobo, Bruno Bonsanti e Rodrigo Borges.

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