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O Marco que atrapalha o crescimento do futebol feminino

Por Leandro Iamim

Marco Aurélio Cunha é um monumento ao atraso do futebol brasileiro. Talvez o sabonete mais bem-sucedido de sua geração na arte (pois é uma arte!) de envelopar a ignorância com verniz intelectual.

Ao fingir que não sabia da demissão de Emily Lima da seleção, demissão essa arquitetada por ele mas creditada pelo mesmo ao presidente da CBF (aquele que não pode sair do país), lançou mão, entre uma abobrinha fisiológica e outra, da matemática do embuste: seus 36 anos alegados de experiência no futebol.

Trinta e seis anos distribuídos entre os cargos de médico, aspone, proxeneta político, animador de programa de TV e fofoqueiro de plantão, sempre um apêndice desnecessário quando em um vestiário, sempre (e bem detectou Emily) no papel dos olhos de quem manda – um lambe-botas oficial. Fala bonito, dá gosto de ver, e seu sucesso como palhaço em rede aberta de TV lhe rendeu até, vejam como é bom ter trinta anos de experiência com o futebol, um cargo de vereador, sumariamente abandonado para assumir a coordenação do futebol feminino da CBF, talvez só por amor ao esporte, talvez por ser, o mundo da política formal, complexa demais para quem vive de fazer políticas nas sombras.

CBF treinada por Vadão em sua chegada. E quem é Vadão, se não apenas mais um dos abutres cuja retaguarda atenta vive de telefonar para clubes quando degola-se mais uma cabeça no futebol que mais demite técnico no mundo? Sim, ele é mais do que apenas isso. É um “profissional” marcado entre outros também experientes no ofício como um sujeito, digamos assim, de bom diálogo com engravatados, empresários da bola, um tipo bem astuto, que entendeu há décadas o jogo que Emily se recusou a jogar nos últimos dez meses. Que seja ele o nome mais forte para voltar ao cargo, não me surpreende.

Primeiro, porque escancara o fato de que a questão da demissão não era o jogo, o futebol – Vadão não nos deu, em Copa e Olimpíada, nenhum vislumbre de trabalho interessante, moderno, adequado, foi um fiasco absoluto.

Segundo, porque bastam dez meses para que os bons amigos sintam saudades um do outro, embora o impostor que coordena tudo isso vá dizer, como já disse, que a decisão é de Del Nero, da CBF, minha, de Jesus, do poste de luz, menos dele, ele nunca, longe dele, ele quer que achemos que um vaso na sala de espera da CBF tem a mesma influência que sua lábia interessada nas decisões de gabinete.

O mais espantoso é que Marco Aurélio Cunha tem plena consciência de que não é suportado dentro do ambiente da seleção feminina. Cumpre feliz o papel de intragável. É tolerado à força, pelo poder que tem e mais uma vez comprovou ter, mas detestado em escala quase unânime, o que, para quem testemunha, parece ser, na verdade, um fetiche, um prazer mórbido, e antes fosse só essa a tara do pequeno notável: o coordenador que defendeu a valorização dos corpos femininos para atrair o público do futebol masculino tem bastante tesão pelo negócio do futebol, embora nem tanto pelo jogo em si, como volta a provar.

Na outra ponta da história, as jogadoras, que cogitaram entregar uma carta pedindo a permanência de Emily, impotentes na decisão, mas ainda capazes de se mobilizarem. Dessa vez, ao contrário do que geralmente ocorre no futebol, as atletas são e estão mais fortes que os cartolas, absolutamente desmoralizados pelas próprias depravações.

Torço para que falem. Que rejeitem o estabelecido por gente como esta que comanda a CBF e não tem o menor respaldo popular. Eles são e estão frágeis. Quem se colocar contra Marco Aurelio Cunha pode até sofrer alguma coisa agora, mas em bem pouco tempo terá o merecido lugar na história que Marco Aurelio Cunha, há 36 anos, insiste em borrar.

É você, Marco Aurélio Cunha, que a seleção feminina (e o futebol como um todo) quer que suma do mapa.

 

*Leandro Iamin é jornalista e um dos fundadores da Central3

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Travessia #82 Tim Maia, 75 anos

Ele foi o bastião do soul no Brasil e uma de nossas vozes mais afinadas. Um louco e gênio musical como só os anos 60 e 70 nos propiciaram.

Tim Maia faria 75 anos neste 28 de setembro. É ele o tema do Travessia desta semana.

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Dibradoras #93 NFL

Touchdown Feminino

As convidadas do programa deram um show de conhecimento sobre futebol americano. Recebemos no estúdio Paula Ivoglo (criadora do site NFL de Bolsa) e Cássia Pires (do Luluzinha Club, site especializado feito por mulheres desde 2013). Com elas, falamos sobre o aumento do interesse feminino pelo esporte que ainda é dominado por homens, seja cobrindo, nas transmissões ou jogando.

Paula participou recentemente de uma transmissão da NFL a convite da ESPN Brasil e tem se preparado para quebrar barreiras e, quem sabe, marcar espaço como a primeira mulher a comentar os jogos de futebol americano na TV. “Estou a três meses fazendo um curso de radialismo e também na área de jornalismo esportivo e digital. Minha ideia é trabalhar como comentarista e narradora”.

Cássia Pires é uma das 31 colaboradoras do site Luluzinha Club que divulga informações sobre a liga, os campeonatos, confrontos, jogadores e, inclusive as regras e termos do jogo. Cássia também faz parte da comissão técnica da equipe de futebol americano do Palmeiras.

Falamos também sobre os casos de assédio e violência doméstica praticados por jogadores e que, em muitos casos, não são punidos com rigor pela própria NFL que é bem criticada por conta desse comportamento. “A lista de jogadores que já cometeram assédio e até mesmo estupro é imensa, vai de Peyton Manning, um grande ídolo, e a gente não fica sabendo. Mas a NFL tem tomado providências para mudar isso”, disse Cássia. “ A NFL é muito preocupada em manter sua imagem perante ao público, por isso eles podem julgar o crime independente do que define a lei”, completou Paula.

Ouçam já!

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Trivela #144

O podcast desta semana falou, claro, de Libertadores (só o Grêmio sobrevive entre os brasileiros), Sul-Americana (queda do Corinthians e classificação de Flamengo e Sport) e do livro Clientes Versus Rebeldes, do jornalista Irlan Simões, que veio à bancada da Trivela. Vem com a gente!

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Cine #72 Pendular

O Central Cine Brasil desta semana, na edição #72, conversou com Julia Murat, diretora do filme Pendular, premiado em Berlim, exibido no atual Festival de Brasília e que estreia nesta quinta-feira, 21 de setembro, em todo Brasil. Falamos também de Bingo – O Rei das Manhãs, filme escolhido para representar o país na corrida até o Oscar, e outras notícias do cinema nacional. Vem com a gente!

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Botão #126 Palmeiras x Corinthians 98/2000

Foi o maior momento da rivalidade entre Palmeiras x Corinthians.

Entre 1997 e 2000, os dois inimigos paulistas fizeram de tudo: goleadas improváveis, final com embaixadinha, cuspe e ofensa racista, máscara da Feiticeira, duelos com times reservas e mistos e, claro, os confrontos pela semifinal continental de 2000, auge técnico e nervoso desta relação fervente entre elencos que viviam para superar o outro.

Em 99, quatro partidas pela Libertadores e o surgimento de São Marcos. Em 2000, o mundial que o Corinthians jogou e o Palmeiras ficou de fora. O contraste de temperamentos entre Felipão, que vazou áudio ofendendo os corinthianos, e Oswaldinho de Oliveira. História é o que não falta neste recorte de tempo que Leandro Iamin e Paulo Júnior te trazem

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Bundesliga no Ar #006

O Bundesliga no Ar desta semana, com Paulo Junior e Gerd Wenzel, falou da quinta rodada do Campeonato Alemão, que manteve o Borussia Dortmund líder sem sofrer gols, e também do brasileiro Raffael, da grande atuação de James Rodríguez e do que vem pela frente na rodada 6. Vem com a gente!

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Playbook #13

Árbitro de vídeo é coisa do passado

Se árbitro de vídeo é a discussão do momento no Brasil, este recurso já faz parte da cultura do futebol americano há pelo menos 30 anos.

Lances duvidosos são esclarecidos na NFL com ajuda das imagens. O Playbook #13 tratou do tema, seguindo sua linha de desvendar e traduzir o jogo da bola oval para todos os níveis de fã.

Mas claro que a semana #2 da NFL não passou em branco, e nossos especialistas falaram do ótimo momento das franquias da AFC West (Broncos, Chiefs e Raiders), que conquistaram de maneira pra lá de convincente duas vitórias.

E antes de ouvir este episódio, um alerta: um dos temas neste podcast o kicker do Los Angeles Charges, de nome polêmico e frutífero em piadas e trocadilhos.

Ouse escutar sem rir. Nós duvidamos.

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com que corpo eu vou? #004 Corpo urbano

Estamos na Semana da Mobilidade, de corpo presente, discutimos hoje os desafios de comunicação e deslocamento, em São Paulo. Participação da Claudia Franco, da escola Ciclo Femini, uma das principais especialistas em ciclismo urbano, do Brasil.

Todo programa, colunistas fixos, Elisabeth Leone, comunicação, Dra. Tathi Parmigiano, ginecologia do esporte, e Marina Didier, Voila Arquitetura.

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Judão #94 Rock in Casa

Tá bom que a gente não tava lá, mas acompanhamos todos os detalhes de quem passou (e até de quem NÃO passou) pelos palcos do ô-ôôô-ôôô-ôôô-Rock in Rio nesta primeira semana – da dobradinha do Maroon 5, uma das muitas bandas com números no nome, ao Justin Timberlake, passando por Alicia Keys, Pet Shop Boys, Ivete Sangalo, Skank, Frejat e esta galera toda…

A principal dica aqui é: FIQUE DE OLHO NO PALCO SUNSET, TÁ? 😀

O time do JUDAO.com.br desfilou ainda seus fartos conhecimentos musicais — e, em alguns casos, a falta dele, o que faz parte — também sobre o que nos aguarda na próxima semana, que deve ter um pouco mais de ROQUE e que contará, claro, com a participação in loco de ninguém menos do que Thiago Borbolla, devidamente preparado para surtar com Bon Jovi e Guns n ‘Roses.

Ah, sim: para manter a tradição, Jornalista Eduardo falou sobre seu duradouro relacionamento com o Tinder… que, para desespero da comunidade asterística, acaba de se encerrar por completo. </3

Aperte o play não só pra escutar a gente falando sobre música, mas também pra ouvir os destaques da nossa playlist especialmente selecionada com os destaques da semana 2 da festança dos Medina! 😉

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Mesa Oval #79

A Mesa Oval analisou o Super 8 – Campeonato Brasileiro de Rugby que terá um campeão inédito em final também inédita: Jacareí x Farrapos. Para isso, Victor, Diego e Taveira chamaram Maurício Carli, comentarista do SporTV.

Ouça!

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