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Banda Alma Celeste
Direto de Belém, estabelecemos contato com o antropólogo Marcos Felipe e Lucival Ferreira, membro da BAC, para tratar sobre a posição de parte da torcida bicolor em não reproduzir cantos homofóbicos e o ato de levantar a bandeira do arco íris durante o jogo contra o Santos, válido pela Copa do Brasil.
Também abordamos outras ações correlatas no Brasil no passado e presente, o engajamento de ultras antifascistas na Europa e fechamos esta edição com a música de Justin Fashanu, ex-jogador inglês e símbolo da luta contra a intolerância no futebol.
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Máquina do Tempo
A banda gaúcha está volta na estrada, lançando DVD e produzindo videoclipe, inclusive com cenas gravadas durante esta edição do TRS. O começo de carreira na Porto Alegre dos anos 90, as influências musicais e parcerias ao longo de mais de 25 anos de carreira, a ausência de Malásia e os novos trabalhos estiveram na pauta.
Quem também visitou Thunderbird foi a amiga e atriz Julia Bobrow, que está em cartaz com Os Satyros na peça Pessoas Brutas.
Além da prévia do jogo de volta entre tricolores e rubro-negros, passamos por todas divisões do Campeonato Brasileiro para saber a situação dos clubes nordestinos e sobrou tempo para tratarmos das crises de Campinense e Náutico.
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O ASTERISCO
Nasceu o primeiro álbum do projet REC/ALL, encabeçado por Rod Rossi — sim, exatamente aquele que ultrapassou a barreira otaku e de fato conseguiu transformar os animes em uma profissão. Ao lado de nomes como Kiko Loureiro e Felipe Andreolli, a banda-que-não-é-uma-banda já está vendendo o CD, pode ser ouvida nas plataformas de streaming e em shows pelo Brasil.
Rod esteve no Estúdio Sócrates Brasileiro da Central 3 pra conversar com a gente sobre o projeto (que, lembre-se, não é uma banda!), claro, mas também sobre o golpe do sanduíche de pernil, o processo que uma mina tá sofrendo por ter usado o celular em uma sessão de cinema, as primeiras reações ao filme da Mulher-Maravilha, American Gods e mitologia em geral — inclusive essa de que o jornalismo morreu. Não só tá vivo como continua produzindo manchetes geniais. 🙂
Nesta edição do podcast It’s Time, parceria da Central3 com o MMA Brasil, foi abordado o futuro de Vitor Belfort, que declarou a continuidade de sua carreira fora do UFC.
A segunda parte da análise do UFC 211 também ganhou espaço, com destaque para as vitórias de Demian Maia e Frankie Edgar, além do polêmico desfecho da grande luta entre Eddie Alvarez e Dustin Poirier.
Para finalizar, uma análise do esperado para o empolgante duelo do próximo domingo entre Alexander Gustafsson e Glover Teixeira.
Warwrick Gomes é o cara mais bem informado que conheço quando o assunto é futebol. O cara sabe de tudo. Tem notícias sobre o que acontece em vários campeonatos do planeta. Da China até o Piauí. Tudo isso quase em tempo real. E foi numa dessas que, no último domingo, poucos minutos depois das 16h, que o Campinense tinha entrado em campo, junto com a arbitragem, mas o adversário ainda não estava no gramado.
Depois veio a informação que o ônibus do Atlético-PE tinha quebrado na estrada e o time estava a caminho em um ônibus escolar. Teve jogo. E o time atrasado venceu por 4 a 3. As piadas nas redes sociais sobre a bizarrice do fato não pararam até agora. Aqueles que dizem amar o futebol na essência, que se proclamam raiz e não Nutella, bradaram que ali mora o verdadeiro futebol.
Eles estão certo. O que mais descreve o que o atual futebol nacional está ali, na última divisão do Campeonato Brasileiro. Mas não tem nenhuma graça e nem motivos para se fazer piada. A quarta divisão é o calabouço e o refúgio do esporte mais popular do país. É lá que grandes clubes pagam a duras penas a punição por anos e anos de má gestão. É na série D o único espaço que muitos têm para exercer sua profissão de jogador de futebol com o mínimo de dignidade.
Não consegui rir da situação do Atlético-PE e nem achar incrível seu feito. Refleti mais sobre o Campinense, um dos três maiores times da Paraíba, que está com o quarto técnico diferente em 2017, passando por esse tipo de situação. A do Atlético-PE também não é nada boa. O time não venceu nenhuma partida no Campeonato Pernambucano deste ano e soube que jogaria a competição nacional a poucos dias, depois da desistência do Serra Talhada.
É preciso olhar além, muito mais do que apenas no folclore. O Baião de Dois, podcast que apresento aqui na C3, acompanha o futebol nordestino e as divisões mais abastadas. Séries C e D são muito mais que entretenimento e histórias bizarras. Há problemas que expõe todas as mazelas do futebol atual. Um outro exemplo é o Potiguar-RN, que fez uma parceria com um empresário que levou um caminhão de jogadores para o clube. Após a estreia no último domingo, empate contra o Maranhão, a parceria foi desfeita e 13 jogadores foram dispensados.
Essa é mais realidade recorrente na última divisão. Clubes são arrendados por empresários aventureiros, jogadores, que já ganham pouco, de uma hora para outra não têm mais a sua fonte renda, estádios são péssimos e por aí por diante. Então se você é um dos tantos que brada a plenos pulmões “ódio eterno ao futebol moderno”, passe querer entender e enxergar o que se passa no esporte longe das manchetes fanfarronas da grande mídia.
Portuguesa, Campinense, Bangu, Central, Sergipe são clubes tradicionais, que as suas histórias são tão grandes que não cabem na série D.
O feito do Atlético-PE deve ser exaltada pela grande virada que foi e não pela bizarrice de chegar atrasado depois de ter um ônibus quebrado na estrada. Novas manchetes desse tipo ainda aparecerá, e sempre que cruzarmos com uma delas, lembremos a realidade nada fácil que é jogar uma quarta divisão. Deixemos os sorrisos para os gols.
*Gil Luiz Mendes é jornalista, escritor e apresenta o Baião de Dois, na Central3.
O Zé no Rádio chegou à sua edição de número 9 recebendo uma dupla de convidados: Antero Greco, jornalista do Estadão e da ESPN, e Pedro Asbeg, cineasta diretor de Geraldinos (entre outros), com sessão nesta terça-feira, às 19h, no Sesc Consolação, em São Paulo.
José Trajano, Paulo Junior e Leandro Iamin os receberam para falar de Campeonato Brasileiro, Libertadores, seleção brasileira, cinema… tudo isso com muita música. Vem com a gente!
Longe de mim querer me meter na horta de Fernando Vives e Caio Quero, que comandam o podcast “Travessia” aqui na Central 3, e a cada semana didaticamente passeiam pelo que de melhor a música brasileira produziu sobre um determinado tema. Em 2016, inclusive, a dupla superdinâmica fez um programa sobre trabalho, que você ouve aqui. O tema anda rondando minha cabeça por conta de uma certa reforma lá em Brasília que está nos mandando algumas décadas, ou séculos, de volta no tempo. Sem a pretensão de esgotar o tema, deixem-me pontuar como alguns artistas, ao longo do tempo e da música, trataram do assunto. Uma canção em especial me despertou a vontade de falar disso, porque dias atrás a ouvi e as lágrimas me encheram o rosto. Mas falarei dela mais pra frente. Sempre que possível as canções em inglês trazem vídeos com legendas em português.
O primeiro artista que me vem à cabeça é Bruce Springsteen, que tantas vezes falou sobre a classe trabalhadora americana. E, particularidades à parte, falar sobre a classe trabalhadora de um país é falar sobre todas. Em “Factory”, que faz parte do álgum “Darkness on the edge of town” (1978), Bruce fala do cotidiano do trabalhador de fábrica, que todo dia acorda cedo e segue a mesma rotina, começando pelo apito que anuncia o início da labuta diária. O verso mais significativo é “a fábrica tira sua audição/a fábrica lhe dá vida”, mostrando em poucas palavras a complexidade da relação entre o operário e seu trabalho.
Para provar meu ponto sobre a semelhança entre trabalhadores cá e acolá, nosso Noel Rosa também fez uma canção em que fala dos apitos de uma fábrica. Não é exatamente um canção sobre trabalho, mas sobre ciúmes. Noel escreveu sobre um homem (ele mesmo, dizem) que sente ciúmes de sua namorada que todo dia vai trabalhar em uma fábrica de tecidos. A frustração com a moça fica explícita quando ele diz “você que atende ao apito de uma chaminé de barro/ porque não atende ao grito tão aflito da buzina do meu carro?”. A versão abaixo é com Tom Jobim, mas há diversas outras gravações (Aracy de Almeida, Maria Bethânia, etc).
John Lennon já futucava assuntos políticos antes mesmo do fim dos Beatles, mas o desbunde de fato aconteceu depois disso. Em seu primeiro álbum pós-Beatles ele gravou “Working class hero”, uma canção simples, em que ele se acompanha ao violão, ao estilo de Dylan no começo da carreira. A letra fala sobre o homem comum e oprimido pelo sistema. Nesse contexto, o refrão, curto e grosso, apenas diz “herói da classe trabalhadora é algo para ser”. Ao final, Lennon toma para si a responsabilidade ao dizer “se você quer ser um herói, apenas me siga”.
Nosso Zé Geraldo também falou com imensa propriedade sobre as relações trabalhistas na impagável “Banquete de hipócritas” (1998). Com uma letra simples, curta e de duplo sentido, Zé desvenda a cadeia de poderes que se locupleta nas costas do trabalhador. Não há muito o que acrescentar ao que ele disse – tampouco o que contestar. Observação: repare na escolha das imagens no vídeo abaixo para representar cada um dos personagens da canção.
A profissão mais antiga do mundo não ficou de fora do alcance dos compositores. Elton John e seu parceiro Bernie Taupin fizeram isso com maestria, e na mesma tacada ainda trataram dos marinheiros. Falo de “Sweet painted lady”, canção que abre o lado três do álbum duplo “Goodbye yellow brick road” (1973). Na letra o eu-poético é um marinheiro, com pouco tempo em terra para satisfazer seus desejos. A dupla de compositores consegue extrair poesia daí, embora acusações de misoginia possam surgir aqui e ali. Em minha opinião, tanto letra quanto melodia refletem a melancolia dessa relação, que vem da necessidade de carinho de uns, e da necessidade material de outras. “Nós deixaremos o aroma do mar em suas camas/Onde amor é só um trabalho e nada é dito”. Mais bonito, e triste, que isso não fica.
São tantas as canções falando sobre o próprio ofício de ser músico(a) que vou me abster, arbitrariamente, de colocar alguma aqui. Mas há outras diversas músicas que tratam de outros campos de atuação artística, e entre elas destaco “O país das atrizes”. Oswaldo Montenegro a compôs e incluiu na trilha sonora de seu musical “Aldeia dos Ventos”, lançada em LP no ano de 1987. A letra trata com lirismo do ofício de se transformar em outras. Quem canta, com rara delicadeza, é Glória Pires, que com sua voz de menina (ela tinha vinte e poucos anos quando gravou) traz leveza a versos como “o rosto da pessoa que eu quero ser/está em cada rosto que eu me pintar”. Repare no barulhinho da agulha no vinil!
Chico Buarque tratou diversas vezes do trabalho em suas canções (“Pedro pedreiro”, “Construção”, “Vai trabalhar, vagabundo”, entre outras), mas destaco aqui a bem-humorada “Ela é dançarina”, lançada no LP Almanaque (1981). A música fala da relação sem rotina, porque incompatível em seus horários, entre um funcionário e uma dançarina. A letra não deixa explícito, mas como ele bate ponto e abre o guichê, provavelmente é um funcionário público. São hilárias as incongruências na agenda do casal apontadas pela letra, como no trecho “quando eu tchum no colchão/é quando ela tchan no cenário/ela é dançarina, eu sou funcionário”.
Zé Geraldo ficou nacionalmente conhecido pela música “Cidadão” (composta por Lúcio Barbosa). A letra da canção traz o ponto de vista de um trabalhador, vindo do nordeste (a letra fala em norte mais como indicação geográfica do que como região), que trabalha na construção civil e não consegue usufruir dos prédios que ajuda a levantar – uma contradição típica do capitalismo. À parte um certo proselitismo religioso em sua parte final, a letra tem uma mensagem poderosa e acessível, valorizada pela bela melodia. Foi gravada por vários artistas além de Zé Geraldo, como o xará Zé Ramalho e Renato Teixeira, mas ganha dramaticidade e sentimento na voz de Luiz Gonzaga, dono da versão aqui abaixo. Gonzagão a gravou em seu disco “Aquarela Nordestina” (1989), o último lançado em vida, já que o mestre morreria no mesmo ano.
Me encho de prepotência imaginando que o leitor está querendo saber qual é, afinal, a música que me fez chorar a reboque da reforma trabalhista. Mesmo que não esteja, dizer-lhe-ei, para emular o mesoclítico responsável por tal reforma (que, acabo de saber, foi pego com batom na cueca). Trata-se de uma canção que nem sequer fala de trabalho formal, daqueles com salário no fim do mês ou coisa parecida. Fala do povo brasileiro mais invisível a nossos olhos, aquele que não tem pra si nem mesmo o mais indispensável dos elementos: a água. Um povo de quem nunca ninguém se ocupou, e para quem migalhas são vistas como privilégios, como se para ele fosse injusto o próprio benefício de viver. Um povo cujo grito é tão eloquente que nos escapa aos ouvidos. “Que piegas!”, você pode dizer. Acho que não. Em verdade acho que nem comecei a tocar a superfície do real problema, aqui da segurança do meu teclado, pertinho de uma torneira que jorra água ao meu comando.
A canção se chama “A força que nunca seca”, e foi feita por Vanessa da Mata em parceria com Chico César. Não sei quem fez letra e quem fez música, mas conhecendo o trabalho de um e de outro, chuto que a letra é de Chico e a música de Vanessa. Mas posso estar redondamente enganado – ou só um pouco. Foi essa música que fez Vanessa ficar conhecida como compositora, já que Maria Bethânia a gravou em 1999 – no disco que, não por acaso, se chama “A força que nunca seca”. Chico César também fez seu registro no mesmo ano, em seu álbum “Mama Mundi”. Vanessa só viria a gravá-la em seu álbum de estreia, em 2002. Mas é dela a versão que me fez chorar, e que considero a mais bela. Bethânia é mais cantora que Vanessa. Chico toca mais violão. Mas gosto da solenidade no arranjo de Vanessa, que faz a letra se sobressair, e a melodia ficar mais límpida.
Abaixo segue primeiro a versão em estúdio de Vanessa. Optei por um vídeo sem imagens, já que a própria letra já é repleta delas, que podem ser preenchidas por nossa imaginação. Sugiro, inclusive, fechar os olhos ao ouvir (mas quem sou eu, pode ficar de olho aberto se quiser). Depois seguem as versões de estúdio de Maria Bethânia e Chico César, para você formar sua opinião sobre qual é a melhor. De chorinho, Vanessa cantando a música se acompanhando ao violão, num clima bem informal.
Se você chegou até aqui ouvindo todas as canções, gastou certamente mais de meia hora de sua vida. Agradeço a deferência. Agora pode ir trabalhar. Ou não.
*Luiz Felipe Carvalho é jornalista, colecionador voraz de CDs e escreve mensalmente sobre música na Central 3
No calor do momento sobre o debate em relação à redução da pena de crimes de lesa humanidade na Argentina, conversamos com o autor do recém-lançado livro Los Desaparecidos de Racing, que traça o perfil de 11 hinchas do quadro de Avellaneda dentre os cerca de 30 mil militantes argentinos que não voltaram às suas casas durante a última Ditadura Militar (1976-83).
Também atualizamos os últimos classificados ao mata-mata da Copa Libertadores, relembramos a final da Copa Mercosul de 2001 e o paralelismo político com o duelo atual entre San Lorenzo e Flamengo, relatamos o jogo válido pela Copa Argentina que opôs uma equipe ligada a um sindicato e um dos 5 grandes do país – ambos dirigidos pela mesma família – e celebramos a quebra do tabu de quase 9 anos do Rampla Juniors no Clásico de la Villa.
Na banda sonora, o valente álbum Aquellos Soldaditos de Plomo de Victor Heredia e o grito de protesto Que se Vayan Todosmusicado por La Mosca Tsé-Tsé.