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Thunder #146 Luisa Micheletti

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Gravando!

Ah, mas a Luisa tem aquilo que a gente chama de VERVE. E tem astral também. História pra contar? A Luisa tem. Humor, delicadeza e ironia, sim, claro, também. Senso crítico? Uhum. Uau. Luisa Micheletti é a entrevistada que todo Thunderbird gostaria de ter, e uma amiga da casa que qualquer Leandro Iamin festejaria. Pois mudemos os tempos verbais e vamos ao presente e aos fatos: um baita podcast está aqui, nas suas mãos!

Clique abaixo e fique na companhia do trio, e do cão Rickenbacker. O papo foi longe, voltou pra perto, mergulhou fundo mas ficou um pouco no raso tranquilo, e deu pra rir e pensar ao mesmo tempo. Nada mal!

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Baião de Dois #61 É Campeão!

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Ressaca dos Estaduais!

Tem estadual que acabou, tem campeonato que não se sabe se vai mesmo terminar, tem Givanildo Oliveira mostrando que taça é com ele, projeções das campanhas dos times nordestinos nas séries A e B, nada menos que cinco estados representados no debate e uma ausência inesperada. Quer saber mais? Ouça!

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Mesa Oval #60 Mario Zerbetto

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Desterro!

Recebemos a visita do presidente do Desterro Rugby Clube que falou dos trabalhos extra-campo, dos grandes desafios e das perspectivas para a modalidade em Santa Catarina e no sul do Brasil.

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Judão #75 Aquele com a Leandra Leal

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O ASTERISCO

A gente não gosta muito de divulgar nossos convidados com antecedência, pois acreditamos piamente no poder da zica. Só o fazemos quando temos a certeza absoluta de que vai acontecer. Foi assim com a Mônica, foi assim com a Luisa Micheletti… E foi assim com Leandra Leal. 😀

Ela esteve no Estúdio Sócrates Brasileiro da Central 3, acompanhada do diretor JC Feyer, pra falar sobre O Rastro, filme de terror, brasileiro e mainstream que estreia por aqui no próximo dia 18 de Maio, quinta-feira.

Do golpe às Empreguetes, as nossas Vingadoras, o que rolou foi uma conversa bastante divertida sobre terror, cinema e cultura pop no que podemos dizer que foi “só mais um” programa, sem nada de especial. 😉

Vem com a gente!

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It´s Time #26 Anderson Silva fora do UFC Rio

Mais uma semana sem eventos de grande porte no MMA, mas ainda assim teve assunto relevante no episódio 26 do podcast It’s Time, parceria da Central3 com o site MMA Brasil.

A equipe debateu a saída de Anderson Silva do UFC 212 e a estranha reivindicação por um cinturão, ameaçando aposentadoria. Ainda no card do Rio, a aposentadoria de Vitor Belfort foi debatida – será que ele vai parar mesmo?

Por fim, uma prévia do UFC 211, que será disputado no próximo sábado com um card sensacional e dois brasileiros disputando cinturões.

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Cambista de loteria no Serra Dourada

*Por Gil Luiz Mendes

Na sexta-feira subi a Rua Augusta e adentrei na casa lotérica que fica de esquinal com uma rua transversal de que não me recordo o nome agora. Fiz três apostas. Uma na Mega Sena, uma na Quina e outra na Lotofácil. Números aleatórios, feitos automaticamente pela máquina registradora que nem me dei ao trabalho de conferi ou decorá-los. A pretensão de ficar rico de uma hora para outra ainda me bate o peito, mas menos do que em épocas passadas.

Dois dias depois, já em Goiânia, me arrependi de ter feito apenas aqueles três jogos. Deveria ter feito o quarto apostando na famigerada Timemania e colocado o Goiás como clube do coração. Nunca apostei na loteria criada para diminuir as dívidas dos clubes brasileiros, menos por questões por morais, mas por achar a chance de ganho mínima e valor do prêmio baixo.

Se tivesse me atentado ao noticiário do futebol goiano antes de minha viagem, saberia que com um bilhete da Timemania em mãos teria direito a pagar meia entrada na final do principal campeonato estadual do Centro-Oeste. Sem problemas, fui disposto a pagar o valor inteiro para conhecer o lendário Serra Dourada, ainda mais em dia de decisão.

O apartamento onde estou hospedado fica a uns 700 metros do estádio e no caminho em vez de pagar R$ 2 numa posta que poderia ser feita na loteria, paguei R$ 5 na mão de um cambista. Sim, nos arredores do Serra Dourada motorista e outros tipos de torcedores eram abordados para comprar apostas feitas em lotéricas e não ingressos para diferentes setores do estádio.

No final das contas, acabei pagando R$ 25 reais, mesmo sendo R$ 40 um valor justo para um final de campeonato. E havia muito tempo que eu não sentia um clima tão bom de decisão. Estavam ali todos os ingredientes que eu jurava terem sumido e que, confesso a contra gosto, os estaduais alimentam.

Estádio dividido meio a meio para as duas torcidas, bandeirões, bandeira com haste de bambu, bandeirinhas com haste de plástico, cerveja com álcool nas arquibancadas, arquibancadas de concreto. Só lamentei ainda existir a geral e ela não ser ocupada por ninguém. Escolhi ficar na torcida do Goiás por motivos logísticos. Foi o primeiro portão que encontrei no estádio, o time tinha vencido o primeiro jogo por 3 a 0, e a torcida estava em maior número.

É estranho estar no meio de uma torcida ensandecida, prestes a conquistar o tricampeonato estadual em cima de um rival e você não ter nenhum sentimento para demonstrar. Nem bom, nem ruim. Ficar apenas a contemplar e fingir algo. Claro que soltava gritos e demonstrava emoção a cada lance mais perigoso, mas tinha que me manter mais serenos quando esses lances fosse favoráveis ao Vila Nova.

A rivalidade é grande, e mesmo o grito, a princípio infantil, de “um, dois, três, o Vila é freguês” quando soado incessantemente por uma massa de mais de 15 mil pessoas ganha uma força e um sentido maior. A torcida do Vila é valente. Mesmo com o revés da primeira partida compareceu em um bom número, completando as 27 mil pessoas naquela tarde de domingo.

Dentro de campo também tivemos uma final à moda antiga. Jogo aberto, catimba, confusão, juiz que hora apita demais, outra apita menos, expulsões e aquele 1 a 0 suficiente para ecoar buzinas por toda a cidade e calar gargantas ainda esperançosas. Eu, pernambucano radicado em terras paulistas, me rendi ao futebol goiano, que, pelo menos nas arquibancadas, parece manter as tradições.

Eu, aqui no meu canto, permaneço sem conseguir acertar na loteria. Passei longe das premiações, mas o último domingo me deu um certo ânimo de crer que esse tal de futebol de arquibancada ainda vai demorar para acabar.

 

*Gil Luiz Mendes é escritor, jornalista e apresenta o Baião de Dois, na Central3.

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Zé no Rádio #07 Julio Gomes

O Zé no Rádio número 7, comandado por José Trajano, Leandro Iamin e Paulo Junior, recebeu nesta segunda-feira (08/05) o jornalista Julio Gomes, repórter e editor de importantes veículos do jornalismo brasileiro e hoje blogueiro e comentarista no UOL Esporte. O debate passou pelos campeões estaduais, pelo início do Campeonato Brasileiro, pelas definições no futebol europeu e, claro, por homenagens musicais – Almir Guineto e Belchior entre eles – e pitacos de política e sociedade. Vem com a gente!

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O Santos e as casas

de Leandro Iamin

O Santos e seus dilemas. O maior time de cidade pequena do planeta é, ou é forçado a ser, um cobaia vivo das experiências do futebol globalizado que mastiga sem pressa o bairrismo que forjou nossa textura esportiva. Em dia de ressaca após o término dos campeonatos estaduais pelo Brasil, a gente male-male tem uma semana para especular o que será de nosso campeonato nacional, e não faltam soldados para metralhar a contenda geograficamente menor. Fica parecendo, numa metáfora rápida, que é, pra variar, o pensamento provinciano atrapalhando os nobres ideais do futebol matemático, aquele que exige que tudo tenha hierarquia, e que cada vez valha mais só o que é de alguma forma maior (onde chegaremos daqui 20 anos com essa loucura pela Libertadores?), e que não faça sentido você comemorar mais o gol do 3×0 que o gol do 1×0, pois, ora, o gol do 1×0 foi mais importante, dane-se que o terceiro foi um golaço – divagações, o Santos não tem nada a ver diretamente com isso.

O Santos incorpora o dilema bairrismo versus globalização de um jeito interessante e falso. Em sua vida, dois palcos: a Vila Belmiro, seu Vaticano particular onde cardeais barrigudos não abrem mão da cadeira cativa, e o Pacaembu, que em dias de Santos Futebol Clube ainda ecoa os aplausos para Pelé e os berros por Giovanni. Ser o maior time de cidade pequena do planeta envolve isso, mesmo, um palco na cidade grande. Subir a serra não é exatamente sair de casa para o Santos, e se um dia a demanda foi aumentada por haver no litoral um time com Pelé, hoje a força que empurra o clube Imigrantes adentro atende pelo nome do novo atleta do século: o número, o fator contábil, e não, não se trata, não aqui, de reclamar dos números – eles podem, assim como o sagrado Pacaembu, ser bem usados.

Numeralha: o placar em 2017 está 29.000 x 8.000. O Pacaembu mobiliza mais que o triplo de torcedores que a Vila Belmiro. 78% do Pacaembu está lotado quando o santos joga, enquanto 49% da Vila é tomado pelos seguidores (cabem mais de duas Vilas no Paca). Comparando Libertadores com Libertadores: dois jogos como mandante, um em cada cancha, 13 mil na Vila, 26 mil no Pacaembu, portanto o dobro de pessoas, mas vá lá, 13 mil na Vila significa 80% de lotação, é bom número. O ingresso médio na Vila era R$29,00 enquanto no Pacaembu (e choveu pra cacete) era R$43,00, de modo que Santos x Stronghest, na Vila, rendeu 380 mil Reais, e Santos x Santa Fe, no Municipal, deu renda de 1 Milhão e 140 mil. É muito mais cifra, além de um considerável engajamento.

Estes números seriam chacoalhados se Santos x Novorizontino fosse no Pacaembu, e não na Vila? 3.195 pessoas foram no estádio da baixada santista, mas quantos iriam ao da capital? Porque sim, o Pacaembu recebe menos “babas” que a Vila, e quem defende a Vila lembra disso, além de considerar os custos com o aluguel de um estádio que não é seu. Vá lá, não estou de lado algum, adoro os dois estádios, estou aqui para pensar um pouco em cima da decisão da diretoria do clube, que parece ter encontrado uma ordem para o dilema: joga 3 vezes na Vila, e uma vez no Pacaembu. Em números, 75% na Vila, 25% no Pacaembu. Quase uma conta inversa à porcentagem de ocupação destes estádios quando o Santos joga. Tendo a achar a divisão justa, desde que a Vila Belmiro esteja sempre lotada, de 12 mil pra cima (cabem 16 mil). E pra Vila lotar, é preciso que o clube não o sabote e o ingresso não seja abusivo – não é o bolso do torcedor que equalizará esta conta.

Caso não lote, que o Santos vá para o 50/50% sem medo, e teste o público da capital também. Planejando, anunciando antes, como agora, como será, ajudando o torcedor a se programar, e, atenção às aspas, “punindo” o palco que tiver adesão abaixo do esperado. Considerando sempre que o Santos é diferente dos outros times do mundo, e jogar no Pacaembu mesmo que o público não compense faz parte da satisfação que a camisa deve à sua própria história, acho uma relação justa. Por conta de eventos musicais, o Palmeiras também vai usar o estádio Municipal no brasileirão. Muito mais legal, convenhamos, usar o velho Paca por motivos de Pelé.

Choveu demais na noite de Santos x Santa Fé, e voltei pra casa de Uber só depois da meia-noite. O trânsito (sim, em São Paulo tem trânsito meia-noite) me permitiu olhar a saída do Pacaembu, e esse retrato impreciso que fiz com os olhos conta uma noite democrática no Municipal. Muita criança com capa de chuva, muito senhor solitário e muita molecada andando para os pontos de ônibus e pequenas ruas do bairro. Isso também conta. Tomara que o clube trate a questão das duas casas com a maturidade e a sensibilidade que a questão merece. Gostei de saber que há um plano de distribuição.

A Vila Belmiro não é a droga que alguns defensores do Pacaembu afirmam, assim como o Pacaembu não é a droga que alguns amantes do Allianz Parque e da Arena Corinthians juram que é. A estes, faço um cafuné solidário, tadinhos. Viva a Vila Belmiro, viva o Pacaembu, e que o Santos saiba explorar o melhor de suas duas casas, dois pontos que explicam a história de um improvável time de bairro que ganhou o mundo, e por que perdê-lo?

 

*Leandro iamin escreve no blog da Central 3 às segundas.

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Conexão Sudaca #126 Classificados

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À Palo Seco!

Após uma semana ocupando e resistindo nas calles, nossos rapazes latino-americanos sem dinheiro no banco voltam suas atenções à Libertadores que conhece os primeiros classificados ao mata-mata: Atlético Mineiro, Barcelona de Guayquill e Godoy Cruz!

Também relembramos o clásico de los 8 contra 11, no qual o Peñarol com três jogadores a menos virou o jogo contra o arquirrival Nacional. Ainda em Montevideo, celebramos os 100 anos do Club Atlético Progreso, campeão uruguaio de 1989 e equipe do coração de Tabaré Vázqueaz, presidente do país e neto de um dos fundadores do Gaucho del Pantanoso.

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Xadrez Verbal #94 Hamas

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DEBATE ENTRE MACRON E LE PEN, MADURO CONVOCA ASSEMBLEIA CIDADÃ

No Oriente Médio, o Hamas publicou um documento em que estabelece novas bases para a ação do grupo e objetivos, aceitando o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967. Quer entender o que mudou e os motivos? Nós explicamos pra vocês.

Vamos para a Venezuela, onde Maduro chamou por uma constituinte. Formada por quem, quando e como? A gente (tenta) contar pra vocês, além da “prova de vida” de Leopoldo López, julgamento na Argentina e eleições no Chile. Voamos para a França e atualizamos vocês sobre o 2º Turno da eleição presidencial que ocorre no próximo domingo (07/05).

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Travessia #64: Noel Rosa

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Noel!

Ele foi o maior compositor de seu tempo. Ligou o morro à cidade e transformou o samba em algo maior em apenas duzentas canções e vinte seis anos de vida.

Noel de Medeiros Rosa nos deixou há 80 anos. É sobre ele esta edição do Travessia, que traz:

— O amor na fábrica de tecidos, na voz de Elizeth Cardoso e no bandolim do Jacó
— A briga com Wilson Batista em forma de canção, por Aracy de Almeida, a maior intérprete de Noel
— Joel & Gaúcho: o Noel do Carnaval.
— Martinho da Vila e a filosofia que guiou o compositor.
— Gilberto Gil interpreta o drama da mãe que escondia as roupas de Noel para ele não sair de casa
— Clara Nunes e a maior homenagem de Noel ao samba
— O coração e o lado médico, cantado pelo próprio autor
— Nelson Gonçalves canta as pastorinhas de Dia de Reis, na parceria Noel-João de Barro
— Francisco Alves e Mario Reis: dois de seus maiores intérpretes
— Paulo Miklos e o Quinteto em Branco em Preto: o legado.

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Campo de Jogo (2014)

*Por Paulo Júnior

Eu queria fazer um filme-ritual, onde cinema e futebol se amalgamassem.

A definição de Erik Rocha, sobre seu espetacular filme Campo de Jogo, dá o tom de seu maior acerto: enquanto falamos e ouvimos e repetimos que o cinema tem dificuldade em retratar o futebol, a presença da câmera na final de um torneio entre comunidades num campo de terra próximo ao Maracanã não conta nem retrata ou narra o jogo – ela encontra o jogo para formar outro lugar de invenção. Amálgama.

Se a grande diferença entre ficção e documentário é a relação ética entre o realizador e seus personagens, Rocha se permite apenas um parágrafo de didatismo. O longa começa situando o espectador sobre o que virá pela frente, a decisão de um jogo entre Geração e Juventude. O campo de jogo, aqui em minúsculas, surge como protagonista, os times sobem à terra batida e a partir daí tudo é vertigem.

Porque se Campo de Jogo já começa com a premissa de investigar as origens do futebol brasileiro em tempos de padrão Fifa e superexposição do esporte pasteurizado e global, outra fuga, essa da imagem, se dá diante da imposição de uma estética pela televisão. Se é possível assistir a segunda divisão do Campeonato Chinês com tomadas aéreas em HD, por onde se conta a história em Campo de Jogo, entre times que a gente não torce e não temos ideia de como chegaram ali? Pelo chão. Tal como renega a arena cinza construída sobre o Maior do Mundo ofuscado ali ao lado, o filme nos lembra do que vale o cinema se não permitir a inauguração de um novo olhar, que quando bem executado gruda na memória para sempre.

E o gol? Rocha resvalou, em sua entrevista a esta Central 3 em julho de 2015, que em Campo de Jogo o gol não é o mais importante, mas sim o movimento, a dança, o campo de batalha. O diretor é muito bem resolvido com sua proposta, e ele também usou o termo ‘epidérmico’, aquilo que se refere a pele, o suor, o corpo. Lindo. Viaja numa brisa metafísica e metafórica e leva 22 caras correndo atrás de uma bola para um lugar quase inalcançável aos olhos, feito um exercício de Nelson Rodrigues ou outros contadores de histórias do nosso futebol; mas volta, ao chão, à terra, ao vento de areia que corta os olhos do goleiro, elegantemente combinando a vertigem com a realidade. Como Graciliano Ramos, em Vidas Secas: a caatinga estendia-se sobre um vermelho indeciso, salpicado de manchas brancas, que eram ossadas… e quando você pensa que a narrativa vai flutuar num vazio, como se fosse possível uma folha escapar da árvore e parar num vácuo, voltam aquelas pessoas, Fabiano, Sinha Vitória, os meninos, a cachorra Baleia, volta aquela família caminhando no chão de terra batida. Isso é Campo de Jogo.

E o gol?, retomo. O gol não é um mero detalhe, parafraseando Carlos Alberto Parreira ao contrário. Fosse, o chute decisivo da partida retratada no filme não seria repetido quatro vezes, por quatro ângulos, feito os melhores momentos de jogos na internet (aliás, por que melhores momentos na internet têm replay se você mesmo pode voltar o lance?). E aí está a grande peça pregada por Rocha. É futebol ou não é, oras? É dança, mas dança não dá frio na barriga na hora do pênalti. É performance, mas na performance ninguém chora quando perde. É futebol e muito. E o gol é importante demais. Cada vez que alguém fala que futebol é mais que um jogo, lembremos o oposto. É assim, tanto, exatamente por ser SÓ um jogo. Não é experimento social, apaixona porque ganham e perdem.

No fim das contas, Campo de Jogo é uma saudação a um estar no mundo brasileiríssimo. Aquele retângulo – torto, irregular, comprido demais ou de menos, com gramas rebeldes nos cantos – enquanto melhor lugar para se estar em toda a comunidade, bairro, cidade. E enquanto protagonista de uma formação da identidade brasileira irreversível, por mais que os analistas das repetidas mesas redondas da TV – como estão distantes da várzea, nossa – insistam em problematizar a iminente reverberação de Garrincha, Pelé e tantos outros.

Campo de Jogo nos devolve aos primeiros sonhos, que parecem sair de antes do nada, ancestrais tal como crianças chutando bolas, resistência num tempo contemporâneo em que, mais do que nunca, o campo de jogo, de novo em minúscula, anda claustrofóbico, disciplinando até as convicções mais profundas.

(Reflexos do debate mediado por Lu Castro e na companhia do jornalista Diego Viñas em 4 de maio de 2017, no Teatro Anchieta, em São Paulo, após a exibição de Campo de Jogo pela mostra De Encher os Olhos, com programação gratuita, às terças e quintas do mês de maio, e um filme começando sempre às 19h.)

 

*Paulo Júnior é jornalista, cineasta e comanda alguns podcasts dentro da Central3.

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