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Cine #49 É Tudo Verdade

O Central Cine Brasil desta semana, chegando ao número 49, detalha a programação do próximo festival É Tudo Verdade, que acontece de 19 a 30 de abril no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Quem são os filmes da mostra competitiva nacional e as impressões da bancada sobre a seleção e o atual momento do cinema brasileiro – com Lucas Borges, Paulo Junior, Bruno Graziano e Murilo Costa. Vem com a gente!

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Lado B #17 Machismo e Racismo

O Lado B #17 recebe a socióloga, ativista negra e feminista Marisa Santana para falar sobre dois dos mais graves problemas estruturais do Brasil: o racismo e o machismo.

Na pauta, o caso do ator José Mayer, que abusou sexualmente de uma figurinistas da TV Globo. Falamos também da triste e revoltante morte da menina Maria Eduarda, assassinada dentro de uma escola e a chacina da Baixada Fluminense de 2005, quando um grupo de extermínio de policiais matou 29 pessoas. E

no confronto entre samba e futebol, a disputa: quem é pior, Liesa ou Ferj?

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Travessia #60: Choro e Lágrimas

As lágrimas podem ser de alegria ou de tristeza. O choro da morte, do amor que passou, da expectativa do porvir.

Choro e lágrimas, é este o tema do Travessia desta semana. Ouça!

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Breve história sobre o gol de videogame

*Por Paulo Junior

Triplo impedimento. Três impedidos marcou o bandeirinha. Vai cobrar o impedimento no centro da cancha Juvenal. Prepara-se Juvenal. Chutou, bola na área uruguaia. Salta Obdulio, defendeu de cabeça, recupera Ademir. Correu para Friaça, entrou na área Friaça, aliviou Gambetta. Empurra então na direção de Augusto. Corre Augusto pela ponta-direita, empurrou para Friaça, caiu Friaça, levantou, ainda centrou, o couro ficou com Gambetta que mandou a córner. Córner contra o Uruguai no último instante da luta. Terminou o tempo, vai agora um córner contra o Uruguai. Há descontos ainda, cobrou Friaça. Cabeça de Jair, marcou o juiz apitando o final da peleja. Terminou o jogo com vitória do Uruguai. Uruguaios campeões mundiais de futebol de 1950, reconquistando o título que haviam obtido em 1930 e perdido depois para a Itália. Desolação natural da torcida aqui no estádio do Maracanã. Porque na realidade foi uma peleja brilhantemente disputada e onde a seleção brasileira em nenhum momento correspondeu a expectativa dos aficcionados. Embora lutando com bastante desembaraço e com bastante entusiasmo, a seleção brasileira não conseguiu render diante dos uruguaios aquilo que se esperava. Peça sempre Brahma Chopp, um produto de qualidade Brahma, a primeira palavra em cerveja.

Antonio Cordeiro, Rádio Nacional, final de Brasil um, Uruguai dois, o mais influente jogo da história do futebol, aquele que até hoje sustenta tudo que pensamos ou dispensamos na banca de jornal às segundas-feiras de manhã ou nos almoços de domingo de clássico.

(Imagina Brasil quatro a zero, dois de Jair, dois de Chico.)

Aí eu tinha um texto que começava assim, lembrando a narração da final da Copa de 1950, esperando alguém vir falar que não era final, era um quadrangular!, então o jogo decisivo, bom, e aí eu tinha uma listinha assim:

– Gol de videogame!

Eu pretendia falar sobre o atual momento, o dos tempos da supercomunicação, e essas expressões que vão nos enfiando goela abaixo, como se dizer GOL

GOL
GOLAÇO
E QUE GOL
É GOL

não mais bastasse. E aqui não me cabe nenhum romantismo, além de um sentimento agradável em ouvir o Cordeiro falar ‘peleja brilhantemente disputada’, porque a história vai ser contada por esses momentos, é mais uma sensação de qual o lugar do nosso tempo no mundo, e se alguém achar que é só nostalgia, tudo bem também, mas como lembrou o Leandro Iamin, interrompendo esse texto com uma pensata, fica a questão:

‘Próxima geração: nos desculpem quando buscar gols antigos na internet: não sabemos por que o que cara fala toca a música ao invés de gol’.

O Sérgio Rodrigues, quem inclusive escreveria um texto sobre isso muito melhor que esse devaneio rápido, definiu em ‘O Drible’ algo que reproduzo com minhas próprias palavras e síntese desde então: não é que o futebol piorou, é que inventaram a televisão. Nenhum lateral-direito é tão bom diante de vinte câmeras de quarta e domingo.

O futebol pertence ao estádio. Se você não estava no estádio, alguém te contava o que estava acontecendo ou aconteceu: o rádio e a crônica do dia seguinte não tinham compromisso com a reprodução científica dos fatos, assim como os contadores de história. Tem afeto. Tem criação. É arte, oras. Sua avó conta histórias melhor que o History Channel, ponto.

E olha que contraditório: com a televisão, que você está vendo o jogo, óbvio ululante, você não deveria precisar de alguém gritando de dentro daquela caixa, até por falta de educação com seus amigos que vieram assistir ao jogo e trouxeram cervejas e amendoim e tem alguém berrando na sala, mas daí vem o cara e grita

GOL DE VIDEOGAME!

E aí eu fico pensando que se a televisão deixou os laterais-direitos mais grossos, imagina só o que fizeram os joguinhos de simulação com os zagueiros todos quando os garotos percebem que eles não saem jogando e tocando para o goleiro e recebendo de volta e devolvendo para o goleiro, porque é isso, a cada trezentos zagueiros que você já viu jogar bola na vida, meia-dúzia são interessantes e no máximo um ou dois vão te fazer falar que cara bom!

E quando acontece um bonito gol, diariamente ou sempre principalmente entre as multinacionais europeias milionárias e suas fornecedoras de matéria-prima espalhadas pelas cidades menores do país, aquilo é tudo, menos um gol de videogame. Porque se a identidade do futebol brasileiro foi forjada porque as crianças queriam ser iguais aos heróis que elas ouviam no rádio, depois elas passaram a imitar o que faziam seus ídolos na televisão, e agora, olha só, os próprios jogadores estão a copiar o projetado, o virtual.

Não é que o boneco do videogame parece o jogador do Barcelona, o jogador do Barcelona está jogando igual o Playstation. Imagina só, inspirados pelo próprio emulador, a serviço da própria cópia.

E nos tempos que a gente mais se comunica, fala, ouve e lê, o exemplo esse que saltou aos olhos é a falta de assunto, as referências pobres, o mergulho num raso debate científico e tecnológico, das interações de sim ou não, dos memes sem literatura, sem a prepotência de considerar como assunto menor, não, mas com a angústia da demanda reprimida no entorno de uma arte tão nobre, a da peleja brilhantemente disputada.

(Imagina um Bate-Bola qualquer em janeiro de 1957, tela cortada por um L luminoso, bancada futurista saída direto de uma loja da FNAC, quatro homens brancos de camisa polo:

Gasolina já é o melhor do mundo? Participe: #GasolinaGoldenFoot #GasolinaPrecisaIrPraEuropa)

Às bancadas, ou às histórias bem contadas.

E um pano pra dar brilho naquele rádio de pilha velho, outro pra estante no canto do sofá, que hoje é sexta-feira.

 

*Paulo Junior é jornalista, escritor, cineasta e comanda um punhado de podcasts na Central3

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Dê uma chance ao Saul

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*Por Luiz Thunderbird

Eu sempre convivi com os vilões. Eles sempre estiveram presentes no cinema, na TV, na política, na escola, no trabalho, em alguns momentos até na vizinhança. Claro que eu tenho um certo olhar benevolente pros vilões vingadores. Aqueles que fazem justiça, reivindicam vingança aparentemente justa e tal. Não estou falando daquele juiz do STF que veste sua capa do Batman e tem uma aposentadoria confortável.

Lembro do primeiro episódio de “Relatos Selvagens”, quando o protagonista consegue colocar num avião todos os que lhe desgraçaram a vida. É trágico, mas é cômico também. Quando o psiquiatra, a bordo, declara que a culpa de tudo era dos pais do sequestrador, ele mostra que está ciente disso. Tanto que joga o avião em cima do jardim onde estão os genitores. O filme segue com outras vinganças espetaculares. Recomendo muito! O filme, naturalmente. Não recomendo vinganças sanguinárias, por favor! O filme está disponível no site HBO-GO.

Tem um personagem da ficção televisiva on demand que considero muito injustiçado. O nome dele é Saul Goodman. Na verdade, o nome é James McGill, mas ele abandona o nome de batismo por questões práticas, ainda a saber nas próximas temporadas da série Better Call Saul.

James McGill era conhecido na sua cidade natal como Jimmy Sabonete. Ele aplicava golpes e era respeitado por isso. Seu irmão, este sim, um respeitado advogado, sempre livrava a cara dele. Até o dia em que ele desistiu da vida fácil e foi trabalhar na firma de advocacia desse irmão. Secretamente, fez um curso de direito por correspondência, acreditando que teria uma chance nessa mesma firma. Isso nunca aconteceu.

Pra entender a coisa toda é recomendável assistir outra série, “Breaking Bad”. Ali, Jimmy, já transformado em Saul Goodman aparece e divide situações com os protagonistas. Então, vamos a um breve resumo Breaking Bad.

Breaking Bad- Disponível na Netflix

Um professor de química, Walter White, resolve ganhar uma grana com seus dotes profissionais e se transforma no melhor produtor de metanfetamina do mundo. A primeira justificativa é a de que ele precisa do dinheiro pra pagar seu tratamento de câncer. Com o tempo, percebe-se que a motivação é outra. Poder, controle, até mesmo se vingar dos antigos sócios que se tornaram milionários com uma ideia que era dele. Walter White inicia uma parceria com Jesse Pinckman, seu ex- aluno, e vai alcançando sucesso no objetivo de ser um bilionário das drogas. Mas a obsessão do Sr. White vai além disso. Ele sente ciúmes do seu produto quimicamente perfeito. Ele vai progressivamente eliminando seus inimigos, um a um, as vezes de forma bastante violenta. Ele se torna cada vez mais frio na execução do seu plano de dominação e egolatria. O que me chamou a atenção é que eu me vi torcendo por ele. A cada superação de obstáculo eu respirava fundo, junto com o personagem. Ele sempre tinha uma justificativa, fosse a família, a honra, a doença, mesmo um patrão mil vezes mais maligno que ele próprio. Breaking Bad é uma da minhas séries preferidas. Já assisti várias vezes todas as temporadas.

Aqui, o trailer da primeira temporada:

A trilha de abertura é ótima, e a que fecha os episódios, varia nos arranjos, sempre incríveis. Músicas incidentais também são muito bacanas. Esse cuidado com a trilha sonora, pra mim, é importantíssimo. Tem passagens que são verdadeiros videoclipes musicais.

Tem essa cena numa boate com o personagem Jesse Pinckman…

E uma das cenas prediletas, quando o assistente do Walter White, Mr. Gale, faz um karaokê de Crapa Pelada…

Num total de 62 episódios em 5 temporadas, a trama se desenvolve muito bem. O protagonista vai mudando de status, de professor de química obrigado a fazer bicos num lava-rápido, a multi-milionário que não consegue guardar, lavar ou contar a própria fortuna. O final é trágico, mas deixa a possibilidade de uma continuação. Eu sempre torço por isso. Mas existe uma alternativa: a vida do advogado que era associado ao chefão do tráfico em Albuquerque, Gustavo Fring e passou a “cuidar dos negócios” de Mr. White, Saul Goodman. A maioria dos amigos que assistiram Breaking Bad não conseguiu assistir Better Call Saul. O personagem era secundário, o ator (Bob Odenkirk) era ofuscado pelas interpretações de Brian Cranston e Aaron Paul (vide o episódio onde Walter White fica trancado no laboratório alucinando, obcecado por caçar uma mosca que invade as instalações impecáveis que ele comanda. Num determinado momento, os atores desenvolvem um diálogo fantástico, intenso, dramático, avassalador!

Esse é só um trecho deste momento espetacular:

Mas quem ficou na obsessão pela série, como eu, precisava de uma continuação. E ela veio com Better Call Saul.

Better Call Saul- Saul Goodman aparece nas primeiras temporadas de Breaking Bad. Ele é advogado criminalista e faz de tudo por seus clientes suspeitos. Quando eu pedia a continuação de Breaking Bad, meus pedidos foram atendidos com a biografia de um dos personagens mais cômicos da série.

Aqui, um teaser:

O primeiro episódio faz a transição de Breaking Bad para Better Call Saul. Mostra como o advogado se tornou atendente de uma lojinha num shopping center, para escapar das garras da polícia. Mas essa é só a introdução, pois o roteirista te faz voltar no tempo, na época em que James Morgan McGill trabalhava como advogado porta de cadeia e cuidava do irmão com uma misteriosa doença. No primeiro episódio vemos Jonathan Banks no papel de Mike Ehrmantraut, o chefe de segurança que trabalhava em Breaking Bad. Tuco, o traficante mexicano psicopata de Breaking Bad, chega no segundo episódio.

De cara, percebe-se que Jimmy McGill é um bom sujeito. Espertinho, mas um cara bom. A vida o empurra pra situações em que ele escorrega pra desonestidade. Mas ele é gente boa, um sacana gente fina, digamos. Quando ele consegue engrenar uma onda de trabalho honesto, ainda como James McGill, ele começa a atender idosos. Serve potinhos de gelatina aos clientes, onde no fundo da embalagem se lê Need a will? Call McGill! Genial!

Trailer da segunda temporada:

Na Série The Sopranos aconteceu algo estranho. O protagonista era um tremendo mau caráter!
Tony Soprano, um gângster inescrupuloso, comandava negócios escusos, era um mafioso destemido, ameaçava a psicoterapeuta, intimidava pessoas violentamente. Cheguei a ter um ponta de simpatia por ele, mas não muita!

Dexter, personagem da série homônima, por outro lado, era um serial killer que fazia picadinho de pessoas más. Torci por ele varias vezes.

Voltando para Better Call Saul, o mesmo tem acontecido com James McGill, um picareta adorável. Ele é tão sacaneado pelo irmão, pela vida, que desperta um sentimento de admiração por sua arte de trapacear e tentar se vingar do destino.

Com o tempo, eu percebi que ele teve uma situação que o levou a ser desonesto. Uma passagem com seu pai, na loja administrada por ele, quando é trapaceado por um vigarista e o jovenzinho Jimmy percebe o truque, alerta o pai, que prefere acreditar no ser humano. O adulto Jimmy reuniu forças pra tentar se redimir do passado desonesto. Mas, pasmem, ele foi sacaneado pelo próprio irmão certinho. Mas o que fez James McGill se transformar em Saul Goodman?

Essa curiosidade está me matando!

Acontece que a terceira temporada de Better Call Saul estreia nesta terça-feira, dia 11 de abril, na Netflix, quando supostamente ele conhecerá Gus Fring e a empresa Los Pollos Hermanos (ambos de Breaking Bad).

Gustavo Fring vai, provavelmente, ajudar na transição de Jimmy McGill para Saul Goodman, ainda não tenho certeza. E, se soubesse, não daria a mancada de um spoiller aqui.

E eu não vejo a hora de assistir os próximos capítulos dessa trama.

Apenas uma recomendação! Assista primeiro todas as temporadas de Breaking Bad. Só depois, se jogue em Better Call Saul.

Se você começou e desistiu, faça uma forcinha. Vale a pena.

Dê uma chance para Saul Goodman!
It’s all good, man!

 

*Luiz Thunderbird é músico, apresentador de TV e comanda o Thunder Rádio Show na Central3.

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Dibradoras #74 UEFA Women’s Champions League

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UEFA Women’s Champions League

O podcast 74 fala sobre Champions League, o campeonato mais venerado do mundo também pelas mulheres do futebol. Recebemos o jornalista Rafael Alves, criador do site Planeta Futebol Feminino para falar sobre o histórico do torneio, a evolução e investimento da UEFA no campeonato feminino, o aumento do interesse do público e claro, análises sobre as equipes.

Quem se dará melhor nas semifinais e garantirá espaço na grande final – que este ano acontecerá em Cardiff, na Inglaterra, no dia 1º de junho? Manchester City ou Lyon? Barcelona ou PSG? Rafael Alves aposta numa final francesa entre Lyon x PSG, equipe que conta com as brasileiras Cristiane e Formiga.

Aproveitamos o embalo para falar dos últimos resultados do Brasileirão Feminino e falar um pouco sobre seleção brasileira que enfrenta a Bolívia em um amistoso em Manaus.

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Trivela #122 Quartas da Champions

Na América do Sul e na Europa, as principais competições de clubes do mundo têm jogos importantes. Na Libertadores, a frase de grupos chega à metade. Flamengo , Atlético Paranaense, Palmeiras, Atlético Mineiro e Grêmio entram em campo entre os brasileiros.

Na Champions League, chegamos às quartas de final com grandes duelos. A equipe avalia os momentos de Juventus, Barcelona, Borussia Dortmund, MonacoBayern, Real Madrid, Atlético e Leicester. Ouça!

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Botão #103 Internacional 1992

Colorado!

O Meu Time de Botão de número 103 chega a Porto Alegre para contar a história do Internacional de 1992, campeão da Copa do Brasil com o time do goleiro Fernandez, do zagueiro Celio Silva, do garoto Caíco e do artilheiro Gerson, que morreu muito jovem, em 1994.

O contexto do futebol gaúcho na época, as figuras do título e um depoimento do amigo Douglas Ceconello, jornalista e escritor, você ouve aqui. Vem com a gente:

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MinasCast #01Obras Problemáticas

Estreia!

Nosso programa inaugural do MINASCAST vai falar sobre “Gostar de obras problemáticas”. Nele, discorremos sobre: Como separar o autor de sua obra? Como problematizar com coerência, analisando quando uma obra carrega ou não a má influência de seu autor. Quais obras, ou autores, dentro do universo de cultura pop podem se consideradas “problemáticos”?

Deste programa participaram: Beatriz Blanco Debora Happ, Gabriela Colicigno, Gabriela Franco e Kelly Cristina Nascimento

Conheça o nosso site: www.minasnerds.com.br

Fiquem atentas ao nosso MinasCast! Logo mais teremos novidades e convidadas especiais em nosso programa! Deixe seus comentários e sugestões para discussões!

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Ex Libris #015 Livros livres

Editoras independentes

Que o universo literário brasileiro tem ganhado força com editoras independentes, ninguém mais questiona. A cada ano, os principais prêmios têm voltado a atenção para essas casas. Não fossem elas, talvez, muitas obras e autores preciosos não teriam despontado no cenário nacional.

Neste episódio, o Ex Libris busca entender qual o papel e a importância das pequenas editoras e como elas têm transformado o mercado editorial.

Quem veio conversar conosco foi o poeta e editor independente Eduardo Lacerda, responsável pela Editora Patuá. Eduardo escreveu “Outro Dia de Folia” e publicou pela Patuá os livros “Desnorteio”, de Paula Fábrio, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, e “A comédia de Alissia Bloom”, de Manoel Herzog, um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2015 na categoria Poesia.

Tem dica de livro ou quer falar com a gente? exlibrispodcast@gmail.com
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Edição do episódio: Leandro Iamin. Logo XL: José D’Agostino.

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Pão e chocolate

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*Por Xico Pati

Há 40 anos entrava em cartaz a obra prima do diretor Franco Bursati, Pane e cioccolata (Pão e chocolate). Ótima ocasião para relembrar a maravilhosa cena que mistura futebol e identidade nacional.

É uma das cenas mais místicas do cinema italiano. Em 1973 saia o filme Pane e Cioccolata dirigido por Franco Bursati. É a história de um imigrante italiano na Suíça, interpretado por Nino Manfredi, que almeja um visto de trabalho no país vizinho. O personagem Nino Garofalo passa por enormes dificuldades, chegando a dormir num galinheiro amontoado a outros compatriotas.

Nino é demitido de todos os seus empregos e passa por várias situações constrangedoras por conta de sua origem. Com o objetivo de escapar dessa situação, ele decide pintar o cabelo de loiro para ficar parecido com um local e assim se integrar naquela sociedade hostil. Ai surge a cena antológica onde Nino entra num bar repleto de suíços e alemães (Assista ao vídeo abaixo). Na televisão passa o jogo entre Itália e Inglaterra. Evidentemente todos os suíços torciam para a Inglaterra e vaiavam os italianos. Para não gerar qualquer tipo de desconfiança, Nino é obrigado a fingir que está torcendo para o English Team, vaiando e xingando a sua Azzurra.

Porém, no segundo tempo, quando a Itália já vencia por 1 x 0, Fabio Capello aumentou a vantagem para a Nazionale. Overdose de emoção na cabeça de Nino, o qual se segurou durante todo o primeiro tempo. De repente, quando a TV mostrou as bandeiras tricolores se agitarem no estádio, ele surtou e começou a gritar: Gol! Gol! Gol!. Só se ouvia os seus gritos ecoando no bar. Diante do olhar de desaprovação dos suíços, ele desabafa: “Sim! Eu sou italiano! E ai?

Incomoda? Gooooooooooooooool!” A cena termina com Nino indo se olhar no espelho depois de ter discutido com um dos clientes. Após olhar fixamente o ridículo tingimento no cabelo, ele bate a cabeça contra o espelho num gesto desesperado de vergonha por ter traído a sua origem.

Esta cena foi muito comentada em toda Itália, por escritores, cineastas, jogadores e sociólogos, porque ela explica um monte de coisas ao mesmo tempo. Ela demonstra o complexo de inferioridade que os imigrantes italianos sentiam durante anos no estrangeiro, seja na Inglaterra, na França, na Alemanha ou na Suíça. No futebol, esse complexo desapareceu no dia 14 de novembro de 1973, no dia em que os Azzurri foram jogar contra a Inglaterra em Wembley.

Nunca, na história, a Itália, apesar do bicampeonato mundial, havia vencido os ingleses na terra da Rainha. Mas o gol de Fabio Capello, no final do segundo tempo, mudou essa história. O gol começa com um lance de Giorgio Chinaglia (imigrante no Pais de Gales desde os seis anos de idade) que dribla e chuta pro gol. O goleiro rebate e sobra para Capello marcar o segundo e último gol da lendária vitória italiana.

http://https://www.youtube.com/watch?v=3oRX7-AiT2E

Vários imigrantes italianos estavam neste dia em Wembley. Para eles, muitas vezes tratados como simples garçom de bar pelos ingleses, foi uma libertação. Uma alegria imensa que vai além de uma simples revanche sobre a suposta superioridade futebolística britânica.

“Eu pensei na hora neste resultado histórico, mas sobretudo em todos os italianos no exterior. Para eles, é uma espécie de revanche (“riscattto” em italiano). Esse gol foi o mais importante da minha carreira por conta disso tudo”, comentou Fabio Capello em uma entrevista a RAI.

A cena do bar, o gol em Wembley e esta vitória histórica, Fabio Capello assim explicou: “Nos anos 70, a Itália não era uma potencia mundial, mas um país pobre. Os italianos no estrangeiro não eram respeitados e não tinham grande importância. A cena do filme Pane e Ciocolata corroborou com o que eu pensei na hora que marquei o segundo gol. Era um presente para todos italianos no mundo. Era uma resposta para o complexo de inferioridade”.

O famoso jornalista Gianni Brera explicava que em campo os italianos se sentiam inferiores fisicamente, pois corriam sempre menos que os seus adversários. “Eram menores que os alemães e os ingleses. Eram grandes e fortes”.

Uma ligação direta com a escolha de Nino em pintar o cabelo de loiro, antes que ele desse conta que o amor pela sua pátria e o orgulho de ser italiano eram mais fortes que uma simples cor de cabelo.

Fonte: So.foot

 

*Xico Pati é descendente de italianos e idealizador da Central3

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O Som das Torcidas #103 Roma

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Non si discute, si ama!

O SdT desembarca na Cidade Eterna para conhecer uma das torcidas mais engajadas da Europa. Embora não seja a maior tiffosi da Itália, a Roma convive com uma multidão à flor da pele e só pode ser explicada levando em conta o envolvimento passional de sua gente. Para falar dos giallorossi, Leandro Iamin se reuniu com Xico Pati e recebeu o amigo jornalista Gian Oddi, romanista juramentado, ex-morador da capital italiana e discípulo de Totti.

Na relação de músicas passeamos de Rita Pavone até Guantanamera e falamos de ídolos e rivais, lembramos casos de violência, visitamos o bairro onde o clube nasceu e reverenciamos um estilo de vida particular e carismático praticado por uma torcida que soltou o grito de “é campeão” menos vezes do que merecia.

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