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Baião de Dois #06 Divisão das Cotas

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ENTREVISTA COM O JORNALISTA EMANUEL LEITE JR

O programa desta foi semana em homenagem a Leonardo, ídolo da torcida do Sport e terceiro maior artilheiro do clube, que faleceu na terça-feira (1º/3). O programa discutiu como a injusta divisão das cotas de TV prejudicam os clubes nordestino. O jornalista Emanuel Leite Júnior, estudioso do tema e autor do livro “cotas de televisão do campeonato brasileiro: apartheid futebolístico e risco de “espanholização”, conversou sobre o assunto.

Gil Luiz Mendes e Maurício Targino também discutiram a parte chata do futebol onde torcedor não pode levar faixas aos estádios e o abusivo preço do um ingresso para o jogo do Flamengo em Sergipe, através do relato dos correspondentes DeOliveira Junior e Warwick Gomes. Já no quadro Histórias do Futebol Nordestino o personagem da semana foi Jacozinho, folclórico craque do CSA.

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Mesa Oval #06 Zé

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Vitória!!!

O Mesa Oval #6 fala da histórica vitória do Brasil sobre os EUA, no último sábado, pela quarta rodada do Campeonato das Américas. Virgílio Neto e Victor Ramalho analisam este jogo, que já pode ser considerado um marco para o rugby nacional.

Os EUA jogaram quase todas as Copas do Mundo (ficaram de fora em 1995), e o rugby é a modalidade que mais cresce entre a juventude norte-americana. Com a vitória, os Tupis subiram 4 posições no ranking mundial. No programa, temos a presença do preparador físico da Seleção Brasileira, Zé Moraes, que fala sobre os bastidores da equipe e da grandioso triunfo. Mesa Oval é cultura de rugby!

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Trivela #47

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Boa fase!

A Trivela chega com mais um podcast saboroso. Na escalação, Felipe Lobo, Bruno Bonsanti, Leandro Iamin e Paulo Júnior. Na pauta, Morricone, o Oscar e a paixão pelo futebol, Gignac e sua comemoração que só os fortes entenderão, a prova de química que Rashford tem de fazer após amassar o Arsenal e a dura discussão: a CBF trabalha pelas federações ou pelos clubes?

O veto ao Flamengo em Brasília por parte da Federação é uma das aberrações fresquinhas da gestora de nosso futebol. O problema dos jogos acumulados do Bahia (joga pelo estadual e Copa do Nordeste no dia 9 de março, por causa do amistoso que fez com o Orlando City neste sábado) também. A polícia batendo nos jogadores em Itu é efeito colateral do descontrole. Que baixo astral…

Deu tempo também de falar da má fase de times gigantes: está faltando futebol aos times paulistas, e a outras equipes de Série A pelo Brasil? Qual é o problema? Os resultados estão ruins, mas o futebol é ainda pior.

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A negação da sorte

“Quando você constrói e troca quase 600 passes, aí vem um erro de início de temporada [erros de finalização]. Não é por sorte. Ela tem construído os resultados ao longo do jogo”.

A frase acima é do técnico Tite, que recusa, a cada semana, a palavra ‘sorte’. Tem asco, se incomoda, acha coisa menor. Nega um grande trunfo que muitos não têm, ou melhor, que no seu caso, e de seu Corinthians, tem sido sucessivamente um fator positivo. Sim, a sorte. Acontece, professor.

Oscar Schmidt, mais conhecido jogador de basquete da história do Brasil, era outro que sempre cerrou os dedos ao ouvir a paroxítona que parecia contradizer os conceitos de um obcecado por treinamento. A maior lição que aprendi com o Oscar é que sorte não existe, falou certa vez Elias Awad, autor de uma biografia sobre o Mão Santa (aliás, deveria ser Mão Treinada então, não?).

O que me chegava dos papos do meu pai, das revistas Placar e das noites de Mesa Redonda e Cartão Verde é que tal time tem a sorte de campeão. Ou que goleiro bom precisa de sorte. O que artilheiro em boa fase também conta com a sorte, aquela bola que o goleiro espalma, mas vai raspar a trave e entrar devagar… Mas na era da objetividade, da prancheta, dos analistas de desempenho e dos números em tempo real com mapa de calor, a sorte é renegada a segundo, terceiro, quarto plano.

Tite, meu caro, é claro que time ruim não ganha na sorte. É claro também que, se o Corinthians chega ao final do jogo criando chances de marcar, é porque tem seus méritos. Mas veio de uma sequência em que venceu o Cobresal, no Chile, em 17 de fevereiro, em bola desviada quando já firmava contrato pelo 0xo; empatou com o São Bento, dia 24, num chute espírita de André com o relógio já apontando a primeira derrota na temporada; e agora ganhou do Oeste, último dia 27, num chute no estouro do tempo que percorreu os exatos milímetros entre os trocentos defensores que tentaram evitá-lo. Sorte, oras.

Foi ainda na semana passada que o José Trajano, na ESPN, disse que o novo Corinthians estava tendo essa sorte, vencendo jogos no fim. Para ser repreendido por comentários de alvinegros indignados, sorte?, esse cara só assiste aos melhores momentos!

Sorte não faz mal, corinthianos. Ainda mais em tempo que os vizinhos têm menos bola e, claro, menos sorte que os que vestem a camisa do atual campeão brasileiro.

Palmeiras e São Paulo não só têm jogado bastante mal como não passam por rivais seja na Libertadores, seja no Paulista, nem com aquele golzinho sortudo no fim. O Santos, só no Estadual, lidera seu grupo, mas muito distante de repetir que seja um rascunho de uma boa atuação do excelente segundo semestre do ano passado. Recusariam um dose de sorte vinda de Itaquera? Duvido. Ainda que, depois do gole seco, negariam. Aqui é trabalho, que sorte o quê, ora. Tsc.

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Dibradoras #32 Mulheres Dirigentes

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As mulheres gestoras do futebol

No podcast #32, Maiara Beckrich, Renata Mendonça e Roberta Nina conversaram com duas

mulheres especiais: Rafaela Escalante, presidente do Plácido de Castro (Acre) e Lisete Frohlich, ex-presidente do Riograndense (Rio Grande do Sul).

De gerações diferentes, mas em busca do mesmo ideal e reconhecimento, elas desafiam a presença masculina tão predominante dentro dos clubes de futebol e começam a fazer história dentro de seus cargos. A jovem Rafaela (25 anos) saiu do posto de torcedora organizada com o objetivo de sanar as dívidas do time do coração e Lisete, a experiente gestora de marcas, deixou seu nome gravado no Rio Grandense, gerindo com muita coragem e profissionalismo o clube de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.

Além do papo descontraído com as entrevistadas, as ~dibras falaram de Copa Algarve, as convocadas do Vadão para o torneio e sobre as jogadoras que tiveram a chance de treinar na Granja Comary com as titulares, mas que não foram para Portugal.

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Central Autônoma #83 Passe Livre SP

A crise econômica continua grave neste ano e através dos tarifaços e aumento cotidiano do custo de vida fica quem claro quem está arcando com o período recessivo. Desse modo, o MPL voltou às ruas para contestar o novo aumento dos transportes coletivos em São Paulo, cujas pautas e contestações foram melhor explicados por Vitor Santos, entrevistado da semana.

Além de condenar a cada vez mais calibrada repressão policial, Vitor ressaltou que mais uma vez estamos diante de uma opção política em favor do lucro privado, escondida em falsas tecnicalidades orçamentárias. Sobre a conjuntura, também destacou que os militantes do passe livre marcarão presença em outros temas de cunho social cidade e país afora.

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A Vida Como Ela É #3 Marido Fiel

Por Victor Faria

Discutiam sobre fidelidade masculina. Rosinha foi categórica:

– Pois fique sabendo: eu confio mais no meu marido que em mim mesma!

Ceci tem um meio riso sardônico:

– Quer dizer que você pensa que seu marido é fiel?

Replicou:

– Penso, não, é!

A outra achava graça. Pergunta:

– Vamos ver. Diga lá.

E Ceci:

– Não ponha a mão no fogo por marido nenhum. O homem fiel nasce morto. E eu te falo com certeza porque também sou casada. E não tenho ilusões. Sei que meu esposo não respeita nem poste!

Rosinha exaltou-se:

– Não sei do teu marido, nem me interessa. Só sei do meu. E posso te garantir que o meu é cem por cento. Ai dele se um dia me trair! Sou muito boa, tal e qual. Mas a mim ninguém passa para trás. Duvido!

LEIA AQUI O PRIMEIRO TEXTO DA SÉRIE, ‘A MULHER DO PRÓXIMO’
LEIA AQUI O SEGUNDO TEXTO DA SÉRIE, ‘FLA-FLU’

Ceci, que era sua amiga, não tarda a sair. Sozinha em casa, ela fica a pensar: “Ora veja!”. Desde os tempos de solteira que tinha pontos de vista irredutíveis sobre a fidelidade de um casal. Tanto que, antes de casar com Romário, advertira:

– Passo fome contigo, o diabo. Só não aceito uma coisa: traição!

Diga-se de passagem que o comportamento dele, seja antes ou depois do casamento, era exemplar. Estavam casados há três anos. Até que se provasse o contrário, ele fazia a seguinte vida: da casa ao trabalho, do trabalho à casa. Como amoroso, ninguém mais delicado, terno: mantinha, em plena vida matrimonial, requintes de namorado. Rosinha repetia de si para si: “É mais fácil eu trair Romário do que ele a mim!”. Esta era a convicção em que se baseava seu matrimônio. De noite, quando o esposo chega do trabalho, ela se lança nos seus braços, beija-o com voracidade. À queima-roupa, faz-lhe a pergunta:

– Tu serias capaz de me trair?

– Isola!

Teima:

– Serias?

E ele:

– Sossega, leoa!

Então, Rosinha conta a conversa que tivera com Ceci. O marido rompe com exclamações:

– Mas ora! Parei contigo, carambolas! Tu vais atrás do que diz essa bobalhona? Ela é uma jararaca, uma lacraia, um escorpião! E, além disso, tem o complexo de mulher traída. Vai por mim que é despeito!

Fosse como fosse, a conversa com Ceci marcava o espírito de Rosinha. Escovando os dentes, surpreendeu-se fazendo a seguinte conjetura: “Será que ele me trai? Já me traiu?”. No dia seguinte, pela manhã, vai à casa de Ceci, vizinha à sua. Começa:

– Não pense que sou boba. Se digo que meu marido não me trai é porque tenho base.

A outra admira-se:

– Como base?

Explica, animada:

– Pelo seguinte: eu sei tudo o que meu marido fez. Entra dia, sai dia e o programa dele é este: de manhã, vai para o trabalho; ao meio-dia, almoço em casa; depois emprego e, finalmente, casa. Nunca telefonei para o emprego, em hora de expediente, que ele não atendesse. Mesmo que Romário quisesse me trair, não poderia, por falta de tempo.

Ceci suspira:

– Ah, Rosinha! Sabes qual a pior cega? A que não quer ver. Paciência.

A outra explodiu:

– Ora, pipocas! Cega onde? Então quero que me explique: como é que meu marido pode ser infiel se está no trabalho ou comigo? Você acha possível?

– Acho. Me perdoe, mas acho.

Passou. Mas no domingo, depois do almoço, Ceci apareceu para uma conversa. Bisbilhoteira, percebe que o marido não está. Quer saber: “Cadê teu marido?”. E Rosinha, lacônica:

– Foi ao futebol.

– No Maracanã?

– Sim, no Maracanã!

Ceci bate na testa:

– Já vi de tudo! – e, radiante, interpela a vizinha:

– Você diz que teu marido ou está em casa ou está no trabalho. E aos domingos? Ele vai ao futebol e você fica! Passa a tarde toda fora, longe de ti. É ou não é?

– Mas oras bolas! Você quer coisa mais inocente que o futebol? Inocentíssima.

Excitada, andando de um lado a outro, Ceci: “Pois sim! E se não for ao futebol? Ele diz que vai. Mas pode ser desculpa, pretexto. Claro!”. Pálida, Rosinha balbucia: “Nem brinca”. A vizinha baixa a voz, na sugestão diabólica: “Vamos lá? Tirar isso a limpo? Vamos?”. Reage: “Não vale a pena! É bobagem!”. Ceci tem um riso cruel: “Estás com medo?”. Nega, quase sem voz: “Medo por quê?”. Mas estava. Sentia um pânico dentro de si que ninguém esquece.

– Não custa, sua boba! É uma experiência! Nós vamos lá e pedimos ao alto-falante anunciar teu marido. Se ele aparecer, ótimo. Se não aparecer, sabe como é: estás por aí nos braços de alguma loira. Topas?

Responde, com esforço:

– Topo.

Sob a pressão irresistível da outra, mudou um vestidinho melhor, pôs ruge nas faces e dispensou o batom. Já na porta da rua, Rosinha trava o braço de Ceci. Grave triste adverte: “Isso que você está fazendo é perverso, maldade! Vai que ele não está lá. Já imaginou meu desgosto? Você acha que posso continuar vivendo com meu marido, sabendo da traição?”.

Durante toda a viagem para o estádio, Ceci foi se justificando: “Estou te fazendo um favor, compreendes?”. Rosinha suspira: “Se Romário não estiver lá, me separo”. A outra ralhou:

– Separar por quê? A única coisa que justifica a separação é a falta de amor. Acabou-se o amor, cada um vai para o seu lado e pronto. Infidelidade não é motivo.

Quando chegaram ao estádio, notaram o mesmo vazio. Ceci, ativa, militante, tomou todas as iniciativas. Entendeu-se com vários funcionários do Maracanã a respeito do fechamento do local. Rosinha, ao lado, numa docilidade magnetizada, deixava-se levar. Finalmente um funcionário veio informar que a partida fora realocada para o Distrito Federal.

Naquele momento a informação se tornara penosa. Rosinha leva Ceci para um canto; tem um lamento de todo o ser: “Sempre pedi a Deus para não ser traída! Eu não queria ser traída nunca! Eu podia viver e morrer sem nunca desconfiar. Por que me abristes os olhos? Por quê?”. Sem perceber o sofrimento da amiga, Ceci parece eufórica:

– Não te disse? Batata! É nossa sina, meu anjo! O ser humano nasceu para ser infiel!

Sem uma palavra, Rosinha experimentava uma angústia. De repente, o estádio se transformava no mais desagradável e gigantesco dos túmulos. Era inútil ficar. E, então, convencida pra sempre, Rosinha baixa a voz: “Vamos sair daqui. Não aguento mais”.

Ao sair do Maracanã, ela repetia: “Eu não precisava saber! Não devia saber!”. Ao que a outra replicava, exultante e chula: “O bonito é ser traída e aguentar o rojão!”. Nesse momento, vão atravessar a rua rosinha apanha a mão da amiga e, assim, de mãos dadas, dão os primeiros passos. No meio da rua, porém, estacam.

Vem uma lotação a toda velocidade. Pânico. No último instante, Rosinha se desprende e corre. Menos feliz, Ceci é atingida em cheio; projetada. Vira uma inverossímil cambalhota no ar, antes de se esparramar no chão. Rosinha chega antes de qualquer outro. Com as duas mãos, põe a cabeça ensanguentada no próprio regaço. E ao sentir que a outra morre, que acaba de falecer, ela começa a rir. Numa alucinação de gargalhada, como se estivesse em cócegas mortais, grita:

– Bem feito! Bem feito!

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Conexão Sudaca #82

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TEMOS 2 ANOS DE SONHOS, DE SANGUE E AMÉRICA DO SUL

Após o APAGÃO da semana passada, nossos “rapazes latino-americanos sem dinheiro no banco” passaram a limpo todos os jogos da quinzena.

No mais, uma homenagem aos 40 anos de lançamento de Alucinação, obra-prima de Belchior.

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Xadrez Verbal #37 Referendo Bolívia

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CESSAR-FOGO NA SÍRIA E SUPREMA CORTE DOS EUA

Na sexta-feira iluminada pós-apagão, um programa um pouco maior, para compensar. Três blocos do Giros de Notícias e uma Coluna Abierta da América Latina, cujo destaque é a primeira derrota de Evo Morales em dez anos na Bolívia. Também falamos da Argentina, Cuba, com Obama anunciando seu projeto para o fim de Guantánamo, e da Venezuela

A morte do juiz da Suprema Corte dos EUA Antonin Scalia não passou batida e fizemos o paralelo com o nosso STF, além da chance da trinca de Barack. Finalmente, tudo que aconteceu nas duas últimas semanas na Síria e o plano para fim de hostilidades começando agora.

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A Vida Como Ela É #2: Fla-Flu

*por Victor Faria

Amigos, de vez em quando eu esbarro num rubro-negro desvairado. Ainda ontem, encontrei no posto 6, um grande colega. Nunca vi ninguém tão Flamengo! Entre parênteses, ele é um homem que vive tropeçando em milhões. Tem um ar típico de garoto do Pedro II fazendo gazeta na Quinta da Boa Vista. Conta-se que é capaz de arrancar contratos de publicidade até em velórios, até em cemitérios. Pois bem, mas o caso é que ele só pensa no Fla-Flu.

LEIA AQUI O PRIMEIRO DOS TEXTOS DA SÉRIE A VIDA COMO ELA É, ‘A MULHER DO PRÓXIMO’

Assim que me viu, ele me arrastou para um canto. Conversamos no calçadão, diante do mar. Simplesmente ele queria falar da batalha das batalhas. Em cima dos seus sapatos, pôs-se a exaltar seu time. E eu senti, desde o primeiro instante, que a sua euforia era inteiramente equivocada, imprópria. Falta a morada clássica digna de um Fla-Flu.

Com sua cara de garoto, cara de Mozart aos sete anos, ele fez-me a seguinte confidência: – vai comemorar a vitória com busca-pé, desfile, bombinhas diversas, fogos de artifício. Pensa também em cantos oficiais para dar o tom alto à comemoração.

Eu o ouço e me calo. Há qualquer coisa de estranho nessa alegria prévia. Amigos, sempre que vai estourar uma catástrofe, o ser humano cai num otimismo obtuso, pétreo e córneo. Foi assim, em Hiroshima, na fatídica manhã dominical da bomba. Nenhum presságio, nenhuma tensão, nada que turvasse a ternura da cidade.

Eis o que me pergunto: – com a sua comemoração antecipada, não estará arranjando sua Hiroshima particular? As reportagens descrevem a mesma euforia em todo o mundo rubro-negro. O treinador Muricy Ramalho está calmo, aceitou a mudança para Brasília de bom grado, gostou das condições do gramado, e digo: – é a calma que antecede a catástrofe. Ao passo que todos os torcedores sentem, na carne e na alma, a angústia anunciada num clássico longe de campos cariocas.

Mas vejam a dupla experiência que está reservada ao meu colega: – ele hoje canta a vitória do seu time, para futuramente chorar saudades do Maracanã. É assim desde os primeiros embates, não há razão para que eternos rivais, símbolos do Rio de Janeiro, resolvam jogar no Distrito Federal. Centenas de jogos já rolaram no campeonato, mas nunca longe de seu habitat natural.

Lembro-me que, num dia de Fla-Flu, alguém morreu na minha rua. E, no caixão, o defunto estava de cara amarrada, porque não ia ver o clássico eterno no estádio. Mas como eu ia dizendo: – com o mesmo otimismo trágico de meu colega, o Flamengo preparou a apoteose. Torcedores de poltrona, de ocasião, aguardavam sem muita euforia o final do embate.

E venceu o Flamengo. Creio que perderam todos, os torcedores de ambas as agremiações. Pode-se ter uma ideia da ira e frustrações dos apaixonados, distantes em milhares de quilômetros de sua salvação. Os cavalos baixaram as orelhas desoladas e mais pareciam tristíssimos jumentos. E agora?

Nesta coluna, faço um apelo aos tricolores e rubro-negros. Um Fla-Flu não pode faltar ao Maracanã num domingo à tarde. Incluo os fantasmas na convocação e explico: – a morte não exime ninguém de seus deveres clubísticos. Em certos clássicos, cada adversário arrisca o passado, o presente e o futuro.

Precisamos pensar nos títulos já possuídos. Ai do clube que não cultiva santas nostalgias. Com os torcedores de hoje, presenciamos o mais lamentável Fla-Flu de todos os tempos.

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Travessia #6 Dor de Cotovelo

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Senhores a senhores, a dor

Diz-se popularmente que a dor que bate na alma e no corpo pelo fora da pessoa pessoa amada se manifesta em um lugar inusitado: o cotovelo, tantas horas encostado no balcão do bar, é quem sofre pelas lamúrias
do coração. Viria daí a origem da expressão “dor de cotovelo”.

A fossa, patrimônio emocional das criaturas demasiado sentimentais, é tema familiar em cada rincão do planeta e traduzível para qualquer idioma, qualquer cultura de qualquer país. É, também e a partir de agora, tema do Travessia, com Fernando Vives e Caio Quero.

A tristeza, a depressão, melancolia, a dor prolongada, traição e o chifre, no fim das contas, fermentam a criatividade musical e é berço de grandes músicas. Nesta hora de resenha com Quero e Vives, temos Maysa, Nelson Goçalves, Cartola, Cauby, Adir Blanc, Nelson Ned e muitos outros. Você conhece todos clicando abaixo.

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