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Torcer é claustrofóbico

[Paulo Fernandes/Vasco.com.br]
[Paulo Fernandes/Vasco.com.br]

Aberta a transmissão ao vivo da rodada de domingo num canal de TV a cabo, a repórter, direto de São Januário, informa que a torcida do Flamengo que já está dentro do estádio reclama da falta de água. Parece que a lanchonete estava fechada no setor dos visitantes, ou mesmo as torneiras sem funcionar, enfim. A repórter diz que a irritação dos torcedores pelo fato pode causar algum problema.

Volta para o estúdio.

O comentarista, mais clichê impossível, afirma que quem vai para o estádio para causar confusão espera só um motivo para tal. Meio que dizendo: pronto, arrumaram uma desculpa para quebrar tudo.

*

Ainda são três e pouco, corta para a Paraíba.

O Blog do Torcedor, no portal NE10, relata que torcedores do Sport precisaram tirar as camisas do clube para entrar no Almeidão, em João Pessoa, onde o clube enfrentou o Botafogo na abertura da Copa do Nordeste. Em razão de um confronto entre a torcida rubro-negra e a policia paraibana no jogo entre os clubes em 2014, o Ministério Público recomendou que desta vez a partida acontecesse sob os olhos de torcida única; na sexta-feira, a PM garantiu a permissão para a entrada dos visitantes, menos a organizada Torcida Jovem; no sábado, a CBF soltou comunicado também clamando pelo veto aos fãs do time do Recife; o próprio clube pernambucano chegou a dizer que, fosse assim, o jogo deveria acontecer com portões fechados. Enfim, quem comprou ingresso, nessa confusão de informações atravessadas e atropeladas, precisou tirar a camisa do Sport para entrar.

Ironia: como ilustra a foto do blog acima citado, um torcedor tem um distintivo, enorme, tatuado no peito.

*

Cinco e pouco da tarde, São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Aos sete minutos do primeiro tempo, o atacante Aylon desvia de cabeça e abre o placar para o Internacional, que visita o Aimoré pelo Campeonato Gaúcho. Na sequência, Mateus empatou para os mandantes. Com menos de 1000 ingressos disponíveis para a partida e preços de abusivos R$100, quem melhor viu os gols não foi um fanático pela bola: a torcida do Aimoré colocou um boneco inflável com a camisa do time na arquibancada. O jogo, visto por poucos, acaba marcado pela união de duas torcidas contra o assalto no valor de uma entrada de começo de temporada.

*

[Gaviões da Fiel - Divulgação]
[Gaviões da Fiel – Divulgação]

Já é segundo tempo da rodada vespertina, coisa de seis e pouco, sol de horário de verão. Em Itaquera, clássico entre Corinthians e São Paulo pelo Campeonato Paulista e a Gaviões da Fiel exibe quatro faixas bem diretas: Quem vai punir o ladrão de merenda? [referência ao deputado Fernando Capez, do PSDB, inimigo histórico das organizadas e citado como participantes dum esquema de propinas em contratos de merenda escolar no estado]; Futebol refém da Globo; Ingresso mais barato; CBF e FPF, vergonha do futebol.

Pelo mesma postura, a torcida já havia sido repreendida pela Polícia Militar em jogo no meio da semana. Os Gaviões, que têm se mobilizado em protestos em frente a Federação Paulista de Futebol desde que punida pela festa realizada na final da Copa São Paulo, em janeiro, desta vez foram “convidados a baixar as faixas” pelo capitão Felipe. Comunicado pelo árbitro, o zagueiro atravessou o campo e fez gestos junto a seus seguidores, que cantavam: Ladrããããão, devolve o futebol pro povão!

Assistindo ao jogo na Globo, vejo Felipe correr com o jogo parado e tiro a TV do ‘mute’. A câmera não mostra a arquibancada. Na Bandeirantes, idem. Na internet, o 3G faz correr a imagem da Zona Leste para quem quiser ver.

*

Torcedor perdendo a razão por estar sem água no verão carioca; torcedor em outro estado tendo de tirar a camisa para ver seu time; gol comemorado por boneco inflável num jogo de Campeonato Gaúcho com preço de final de Copa; o capitão do time pedindo, a mando do mediador, para a própria torcida silenciar o que a incomoda.

Seguimos em busca de ar.

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Conexão Sudaca #81 Diego Almada

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FASE DE GRUPOS, POLÍTICA E ROOLING STONES

Chamamos o amigo Diego Almada, darsenero e sindicalista, para comentar a classificação histórica do seu River para a Fase de Grupos da Copa Libertadores, ao eliminar a Universidad de Chile: a personalidade do treinador Juan Ramón Carrasco, a volta do zagueiro brasileiro Ronaldo Conceição, o futuro da joia Michael Santos e o perfil da hinchada que frequenta o Parque Saroldi (e também o Campus de Maldonado).

Na esfera política, analisamos o governo “progressista” de Tabaré Vázquez e o Boletim Bolivariano denunciou os ataques da agenda “liberal” de Mauricio Macri, na Argentina, e a resposta da candidata peruana Veronika Mendoza que desmontou o jornalista Aldo Mariátegui no seu devido lugar.

No mais, aproveitamos a turnê sudaca dos Rooling Stones para falar sobre a idolatria à banda de jogadores de futebol e torcidas no continente, além de um tipo social bastante comum nos países vizinhos: o rolinga.

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Xadrez Verbal #36 Paz na Síria?

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COREIAS E POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA

O anúncio de uma suspensão de hostilidades na Síria é o principal assunto do nosso programa de hoje. Os motivos, as expectativas e as possibilidades. Quem está em melhor posição para negociar hoje? Falando em negociar, a Coreia do Norte fez um teste de “foguete” e sua vizinha não gostou, o que complicou as relações econômicas entre os países.

E a Dilma anunciou que o governo pode rever a participação brasileira em órgãos internacionais, como a Comissão Interministerial de Participação em Organismos Internacionais. África Subsaariana, América Latina, Haiti e Irã são alguns dos outros assuntos do programa de hoje, com dicas culturais e os Peões judeus. E o Menino Neymar?

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A Fantástica Fábrica de Chocolate

Por Victor Faria

Vardy vem aí…

A casa era muito apertada para tanta gente e a vida dele era muito desconfortável. Havia dois quartos e só uma cama. A cama havia ficado para os quatro avós, porque eles estavam velhinhos e cansados – tão cansados que nunca se levantavam.

O Sr. e a Sra. Vardy e o garoto Jamie dormiam no outro quarto. Seus colchões ficavam no chão. Na época do calor não era tão ruim, mas no inverno o vento soprava gelado, rente ao chão, a noite toda e era insuportável. Eles eram tão pobres que nem pensavam em comprar uma casa melhor – nem mesmo uma cama a mais.

Com o tempo, James Vardy se viu obrigado a trabalhar como operário numa fábrica de pasta de dentes. Ficava o dia inteiro sentado num banquinho, colocando as tampinhas nos tubos já cheios de pasta. Mas tampador de tudo de pasta de dentes não era exatamente seu sonho, sem contar o baixo salário que recebia. Todos os dias eles só comiam pão com margarina no café da manhã, batata cozida com repolho no almoço e sopa de repolho no jantar. Aos domingos a vida parecia um pouco melhor. Todos esperavam ansiosos pelo domingo, porque, embora comessem exatamente as mesmas coisas, saíam após o almoço para ver Jamie jogar futebol.

Quando ia para o trabalho de manhã, James Vardy via alguns garotos treinando com a bola nos campos. Ficava olhando com os olhos arregalados, o nariz colado no vidro. Aquilo, é claro, era a mais terrível das torturas.

Mas ainda não contei a vocês o segredo que torturava Jamie, o maior apreciador de futebol do mundo. Aquilo, para ele, era muito pior do que ficar vendo outros garotos jogando futebol. Era a tortura mais terrível que se possa imaginar.

Na cidade, pertinho de casa, havia um imenso clube de futebol.

Imaginem só!

E não era só um time de futebol, era o Sheffield Wednesday. Um clube de enorme tradição, que tinha enormes campos de treinamento, era todo cercado por um muro gigantesco. Um cheiro forte de grama molhada se espelhava por todos os lados, a muitos quilômetros além de seus muros. Seu clube de coração, e que o dispensou quando tinha 16 anos de idade.

Duas vezes por dia, quando ia e voltava do trabalho, James Vardy passava na frente dos portões do clube.

Ah, como ele adorava aquele clube!

Ah, como ele gostaria apenas de jogar futebol!

O milagre

Jamie entrou na sala do diretor do Fleetwood Town FC logo após a conquista do título da quinta divisão.
O homem atrás da mesa era gordo e bem nutrido. Tinha os lábios grandes, bochechas gorduchas e um pescoção. A banha do pescoço saltava cobrindo o colarinho como um colar de borracha. Pegou um envelope que estava em sua gaveta e o entregou à Vardy. Jamie pegou o envelope, num segundo o rasgou para conferir o conteúdo da carta. Era um contrato, e Jamie pôs-se a ler o mais que depressa, em instante assinou o papel e deu um sorriso. Que felicidade ter aquela oportunidade nesse momento da carreira. A felicidade de jogar num grande time local.

– Parece que você está mesmo com moral, hein, filhote? – disse o diretor, brincalhão.

Vardy concordou com o peito estufado de emoção. Ele estava quase sem fôlego, mas sentia-se maravilhosamente, extraordinariamente feliz. Esticou a mão para cumprimentar o diretor. Parou. Seus olhos estavam fixos na mesa, olhando com minúcia os números do novo contrato.

– Então – ele disse baixinho –, acho que ainda chegarei à seleção nacional, serei o atacante titular.

– Por que não? – respondeu o diretor.

O coração de Jamie parou.

– É uma chance de ouro! – gritou, dando pulos no ar. Inacreditável! Todos verão! Um garoto vindo de divisões amadores, da oitava divisão. E aqui está!

Parecia que o diretor do clube ia ter um ataque. – No meu clube – ele gritava. – Chamem os jornais, depressa! Cuidado, filhote! Essa chance é preciosa! Cuidado para não desperdiçá-la.

Num segundo, umas vinte pessoas se aglomeraram em volta de Vardy, e ainda ia chegando mais gente de fora. Todo mundo quer ver o feliz jogador.

– Olhe lá! – outro gritou. – Ele está com o contrato em mãos! Vejam o brilho nos olhos!

– Eu só queria saber o que ele fez para ter essa chance – gritou indignado um jogador grandão. – Tenho trabalhado há anos e anos!

– Imagine só tudo o que ele vai ganhar – outro jogador disse com inveja. – O suficiente para o resto da vida!

Jamie mal se mexeu. Estava parado, de pé, segurando com força o contrato nas duas mãos, enquanto a multidão empurrava e gritava ao seu redor. Sentia-se zonzo, atordoado. Tinha a sensação de estar levitando, subindo para o ar como um balão. Era como se seus pés não estivessem tocando o chão. Ouviu o barulho de seu coração batendo forte na garganta.

– Quer saber de uma coisa? – disse o diretor do Fleetwood Town FC, parando um pouco e sorrindo para Vardy. – Tenho a impressão que você precisava mesmo de um time de maior expressão. Estou muito contente por você ter encontrado essa oportunidade. Boa sorte, filhote!

– Obrigado – disse Vardy, e foi embora correndo pela neve o mais rápido que suas pernas permitiam.

Agora já como jogador do Leicester City.

O Sr. Claudio Ranieri

O Sr. Ranieri estava ali, sozinho, do lado de dentro dos portões abertos do clube. Era um homenzinho incrível!

Estava com um belo fraque de veludo cor de ameixa. E, numa das mãos, segurava uma bengala com castão de ouro. Seus olhos – seus olhos eram incrivelmente brilhantes. Pareciam estar o tempo todo faiscando e cintilando para as pessoas. De fato, todo o rosto dele era iluminado de alegria, simpatia e felicidade.
E como parecia esperto! Era rápido, decidido e cheio de vida! Começou a fazer movimentos rápidos com a cabeça, balançando-a de um lado para outro, observando tudo com aqueles olhinhos brilhantes. Com aqueles movimentos rápidos parecia um esquilo, um daqueles velhos esquilos ágeis e espertos.
De repente, deu uma dançadinha no gramado, abriu os braços num gesto amplo, sorriu para os jogadores que se aproximavam, e chamou: – Bem-vindos, meus queridos atletas! Bem-vindos ao clube!

Sua voz era alta e soava como uma flauta. – Por favor, entrem um de cada vez – convidou ele. – Mostrem-me suas habilidades!

Via-se que o Sr. Ranieri estava tão entusiasmado quanto todos os jogadores. Dois jogadores quase tiveram o braço arrancado do ombro pelo cumprimento animado do treinador.

Vardy deu uma olhada pra trás, por cima dos ombros, e viu os portões do ferro da entrada se fechando devagarinho. Depois daquela última olhada de Charlie, os portões bateram, impedindo qualquer visão sobre o mundo lá de fora.

– Este, meus queridos atletas – disse o treinador elevando a voz além da conta –, é o nosso palco principal. Sigam-me, por aqui! Ótimo! Todos prontos? Então venham! Lá vamos nós!

Pensando bem era um belo grupo. Havia jogadores de diversos cantos do mundo. Dá pra imaginar a quantidade de dúvidas que surgiam nos jogadores, todos tentando acompanhar o raciocínio daquela figura veloz à frente deles. – Venham – chamava o Sr. Ranieri –, mexam-se, por favor! Nunca vamos permanecer na elite se vocês continuarem com essa moleza!

Esta é uma tarefa importante! – exclamou Ranieri, tirando do bolso um bloco de notas com diversas anotações. A parte tática, o centro nervoso de todo o time, o coração de tudo isso! E é tão bonito! Faço questão de que nossas jogadas sejam bonitas! Não tolero feiura nos jogos! Vamos treinar! Mas com cuidado, meu queridos! Não percam a cabeça! Não se excitem demais! Mantenham-se calmos!

Os jogadores estavam tão perplexos que nem conseguiam falar. Estavam tontos. Bestificados. Deslumbrados e estarrecidos. Estavam totalmente abalados diante da imensidão daquelas jogadas. Só conseguiam ficar ali parados, com os olhos arregalados!

Os primeiros felizardos

Nas primeiras rodadas, o time seguia num ritmo alucinante. A boa campanha encantava não somente os torcedores do Leicester, mas todo o país. Os jornais diziam que o time era uma fenômeno, mas que não aguentaria a maratona de jogos numa liga tão disputada. Em todo caso, é melhor ficar brigando na parte de cima da tabela, pelas ligas europeias e essas coisas, do que brigar pelo rebaixamento. No começo da temporada, tratava-se do único objetivo do time, não é mesmo?

Então o país inteiro, ou melhor, o mundo inteiro foi tomado por uma louca mania de acompanhar os jogos do time, as pessoas todas tentando desesperadamente comprar ingressos pros jogos. Mulheres adultas entravam nas lojas de esporte em busca de souvenir do time. Crianças arrebentavam seus cofrinhos a marteladas e corriam para as bancas de jornal em busca de figurinhas dos jogadores, com as mãozinhas cheias de moedas. Numa cidade, um bandido famoso roubou milhões de um banco para gastar tudo com entradas. Quando a polícia descobriu, ele estava no Estádio King Power acompanhando o time de perto.

De repente, um dia antes do confronto contra os Red Devils, os jornais anunciavam que o recorde de gols marcados seguidamente seria facilmente ultrapassado por James Vardy. A trajetória do atacante estava marcada para sempre. Esse mesmo jornal estampou a foto de Vardy na primeira página, uma fotografia imensa do jogador sentado entre os pais sorridentes, um sorriso que ia de orelha a orelha.

Algumas rodadas se passaram, e nós não tivemos tanta sorte. Nada preocupante. O time ainda desempenhava um bom papel, além das expectativas. Claudio Ranieri prometeu se emprenhar ainda mais para manter o embalo do time. Os jogadores também. O clima era de total euforia em Leicester.

O reconhecimento, muitas vezes o melhor dos prêmios, já estava garantido.

O grande dia

Na manhã do grande dia o sol brilhava, mas o chão continuava coberto de neve e o ar muito frio.
O confronto era contra o vice-líder do campeonato e grande favorito Manchester City, na casa do adversário. Fora dos portões do Etihad Stadium, uma enorme multidão se aglomerava para ver a chegada dos times. A emoção era imensa. Faltava pouco tempo para o jogo. As pessoas gritavam, empurravam, enquanto policiais formavam uma corrente tentando afastá-las dos portões.

Do lado de dentro do portão, num pequeno grupo protegido por seguranças, estavam os famosos jogadores do Foxes. A figura alta e magra de James Vardy se destacava entre eles, e ao seu lado, o treinador da equipe, Sr. Ranieri.

Os torcedores estavam tão impacientes para entrar, que os policiais tiveram que segurá-los com força para eles não pulares o portão. – Calma –, gritavam os oficiais. – Quietos! Ainda não está na hora! Esperem a hora do jogo.

No vestiário, Vardy e os demais jogadores ouviam os gritos da multidão empurrando o adversário e lutando para ver aguardado confronto.

Ao longe, o narrador do estádio anuncia o começo do jogo. Devagar, os jogadores de ambos os times adentram ao campo. Uma completa euforia toma conta do estádio, não se sabe ao certo se pela entrada do time da casa, ou pela presença cativante dos jogadores rivais.

Poucos minutos de jogo e a multidão silenciou de repente. Os torcedores de Machester pararem de gritar a favor do time, já não mais pulavam de um canto ao outro. Todos os olhos se fixaram no gol. Mais tarde mais, e outro. Restou ao time da casa somente um gol de honra marcado de maneira irregular. O resultado, que alguns periódicos bem duvidavam, reiteravam a sensação, dentro e fora de campo.

– Lá está o campeão! – alguém gritou. – É ele!

E era ele mesmo!

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Travessia #04 Crise Econômica

Uma vertente de historiadores diz que o Brasil como nação efetivamente surgiu com a vinda de Dom João VI e a corte portuguesa ao Rio de Janeiro em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte. Treze anos depois, em 1821, Dom João raspou os cofres brasileiros, fez o caminho inverso e deixou seu filho, Dom Pedro, como responsável por cuidar do grande fazendão tropicão do lado de cá do Atlântico.

No ano seguinte nasceram duas coisas que andariam juntas para sempre até aqui: o Brasil e a crise econômica. A música popular, obviamente, não passou incólume a isso. Sambistas, bossanovistas, violeiros caipiras, músicos de várias vertentes em algum momento falaram, ironicamente ou não, de como é difícil viver sem dinheiro.

E é dessa trama que Caio Quero e Fernando Vives tiram o Travessia desta semana. Na lista de músicas tem de Tião carreiro & Pardinho até Silvio Brito, passando por Premê, Noel Rosa, Itamar Assunção e outros sofredores cantantes.

Dê o play e curta esta parte da crise histórica brasileira.

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O Fator Pacaembu

Quarta-feira de cinzas. Mais uma noite de verão em São Paulo. Enquanto o folião paulistano redescobre o Carnaval, o torcedor são-paulino voltava ao Pacaembu, no qual o SPFC mandava apenas a sua 11ª partida neste século, registrando excelente aproveitamento (7v, 3e).

Foi neste local que o clube tornou-se grande, ao conquistar 7 Estaduais entre 1943 e 1957. E onde disputou a primeira final da Copa Libertadores da América, em 1974, batendo o poderoso Independiente por 2 a 1 – coincidentemente o gramado do Morumbi também estava em manutenção.

Todos os caminhos levavam à Praça Charles Miller. Mais de 30 mil tricolores eram esperados – apesar do inflacionamento dos ingressos em relação à mesma fase três temporadas atrás – afinal “o seu, o meu, o nosso Pacaaaaeeeeembuuuu” é mais acessível do que o Morumbi. Inclusive para a grande comunidade peruana na capital paulista. Ao descer a rua Capivari cruzei com quatro jovens com traços andinos que fardavam a camisa albirroja de sua seleção nacional.

O público visitante ciente da proposta do treinador Franco Navarro, seguiu o ditado à risca e “esperou sentado”. Aos olhos desavisados parecia que era o São Paulo quem buscava o resultado, pois o Cesar Vallejo mal ameaçou a meta defendida por Dênis, nos primeiros 45 minutos.

Do lado mandante, ouvia-se algum murmúrio em relação ao “novo” goleiro em suas reposições de bola, ao destemperado capitão e também a falta de pontaria do setor ofensivo, em especial ao afobado Ricardo Centurión. Mas, no geral, jogadores e torcida estavam em sintonia.

Logo aos 7 minutos da etapa complementar, PH Ganso foi derrubado na entrada da grande área e o árbitro Christian Ferreyra assinalou a penalidade. Jonathan Calleri – destaque nos dois últimos jogos – solicitou a bola, mas a cobrança ficou sob a responsabilidade de Michel Bastos, que conseguiu desviar a bola de Salomon Libman, porém acertou a trave oposta do canto escolhido pelo goleiro adversário.

Mais adiante os chutes de Calleri e Hudson rebateram nos postes em menos 60 segundos de diferença e o grito de gol seguia preso na garganta. Edgardo Bauza já havia sacado Centurión e Mena para a entrada de Wesley e Carlinhos, respectivamente. Mas foi a terceira substituição que deu resultado.

A princípio, Rogério não estaria nem no banco de reservas, se não fosse a amigdalite diagnosticada em Alan Kardec. Entretanto, o camisa 17 entrou no lugar de Ganso e precisou de apenas 2 minutos para aproveitar a bola cabeceada por Rodrigo Caio e fazer tremer o Pacaembu.

https://www.youtube.com/watch?v=veW_NYQrFZM

A equipe comandada pelo Patón classificou-se após duas apresentações sólidas, mas sem brilhantismo, como era esperado, conhecendo o perfil do treinador. São mais seis desafios para o São Paulo voltar às oitavas-de-final, instância na qual o clube foi eliminado nas duas últimas participações na competição. Que venham The Strongest, River Plate e Trujillanos!

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Conexão Sudaca #80 Alejandro Wall

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1ª FASE DA LIBERTADORES, JORNALISMO Y “ACADEMIA, CARAJO”

Em ritmo de carnaval, botamos o bloco da Pré-Libertadores na rua e ouvimos o grito de Alejandro Wall e seus colegas de redação.

O jornalista também falou sobre o momento do Racing Club: a chegada de Facundo Sava, a liderança de Diego Milito, a permanência de Gustavo Bou etc.

Também relembramos a voz de José Carbajal, el Sabalero que versava: que tambores se olvidan y la miseria no!

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Xadrez Verbal #35 Boko Haram

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HAITI, SÍRIA E SUPER BOWL

No programa de hoje, a pauta principal é o Boko Haram e a situação na Nigéria, com os recentes ataques cruéis. O grupo extremista está mesmo derrotado? Qual a origem do problema no país e na região? E o que a comunidade internacional está fazendo sobre o braço africano do Estado Islâmico?

Também falamos da situação na Síria e as duas conferências que tivemos na semana, sobre os refugiados e a negociação política no país. E colocamos as perguntas que devem ser respondidas no futuro breve sobre o Haiti. América Latina, Córsega, cara ou coroa eleitoral, Israel e Julian Assange são alguns dos outros assuntos. E, claro, o Menino Neymar vai ao Super Bowl.

Obs: Tabaré Vazquez foi eleito presidente do Uruguai em 2004.

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Travessia #03 Carnaval

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Carnaval!

Mas é Carnaval!
Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar,
Deixa o barco correr.

Fernando Vives e Caio Quero dão o pontapé inicial no seu carnaval, com uma seleção de músicas temáticas capaz de emocionar e contagiar. A dupla também oferece neste podcast boas histórias que estão por trás destas músicas, e debatem elementos estéticos e técnicos das canções e das letras ao longo do tempo.

No menu, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Toquinho com Vinicius e até o peixe fora d´água Roberto Carlos. Martinho da Vila e Zeca Pagodinho não ficariam de fora desta resenha, e trouxeram Clara Nunes a tiracolo. Caetano Veloso, Los Hermanos e Claudionor Germano completam a lista que você ouve clicando abaixo.

 

 

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