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Judão #11

E chegamos naquela grande quinta-feira à noite que é essa época do ano. Todo mundo já está voltado pra ansiedade pré-Star Wars, a comic con já passou e, nessa ressaca entre trailers cheios de spoilers, whovians e a sobrevivência da revista Playboy, Borbs e Renan conversam sobre TUDO ISSO QUE TÁ AÍ. 😀
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A (segunda) experiência de uma Comic Con
Então tá, vamo falar sobre o novo trailer de Batman vs. Superman
E, enfim, a Playboy Brasil acabou

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Thunder Rádio Show #84

O Thunderbird recebeu Stela Campos, cantora e compositora e um doce de pessoa e divertida e tal e coisa, o produtor e ativista musical irlandês David McLoughlin (fale em voz alta) e, direto de Los Angeles, Monique Maion, com o seu já tradicionalzinho boletim direto de Los Angeles.

Ao som de John Lennon, que se foi 35 anos atrás, e de música ao vivo pelas mãos de Stela, Thunder e Iamin também ouviram bandas irlandesas, dicas de Maion e falaram muito de vida, de sons, de educação e de como levar a vida de um jeito bonitão.

Programaço que você ouve clicando abaixo!

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Trivela #40

Está em campo o podcast Trivela da semana.

Na escalação, Felipe Lobo, Leandro Stein, Leandro Iamin, Paulo Júnior e o entrevistado Betinho, ex-jogador com destaque no Palmeiras e atualmente técnico do Confiança-SE, que ficou muito perto do acesso nacional.

A última rodada da Série-A também foi discutida, com foco na vaga sãopaulina e na queda vascaína. A conquista do Palmeiras na Copa do Brasil também foi revisitada pela equipe da Trivela, que fez questão de aplaudir os jogadores de futebol que assumem posições políticas fora de campo.

É só clicar abaixo, curtir o debate e participar nos comentários.

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Dibradoras #25

Roberta Cardoso e Renata Mendonça falaram com Tatiane Weysfield, ex-jogadora que fez parte da primeira seleção brasileira de futsal e hoje é coordenadora de projetos de futsal feminino na CBFS, além de Supervisora da Seleção Brasileira de Futsal Feminino.

Pela sexta vez em 6 edições, o time brasileiro de futsal levantou a taça de campeã do mundo. No torneio disputado na Guatemala, conseguimos o caneco de maneira invicta.

As Dibras também falara, do amistoso da seleção de futebol contra a Nova Zelândia, a Copa Sulamericana sub-20 que acabou com Brasil campeão e do Rio Preto, campeão brasileiro de futebol ao empatar com o São José no último domingo, 6.

Então clique abaixo e ouça mais este podcast!

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O Som das Torcidas #72

A 3ª temporada do Som das Torcidas chega a seu final e nós atualizamos a audiência com novas músicas de alguns dos clubes participantes do primeiro ano de podcast: San Lorenzo, Chacarita Juniors, Racing Club, Peñarol, Nacional, Boca Juniors e River Plate.

Nos vemos em 2016, visitando novas arquibancadas e conhecendo diferentes culturas…

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Uma Vela Para Eurico

Por Victor Faria

Eurico sai apressado, guarda-chuva no braço esquerdo. Assim que deixa o estádio, diminui o passo até parar, encosta-se a uma parede. Por ela escorrega, senta-se na calçada, ainda úmida pela chuva. Descansa na pedra o charuto.

Dois ou três membros do clube à sua volta indagam se não está bem. Eurico abre a boca, move os lábios, não se ouve resposta. O senhor gordo, de branco, diz que deve sofrer de ataque.

Ele reclina-se mais um pouco, estendido na calçada, e o charuto apagou. O rapaz de bigode pede aos outros que se afastem e o deixem respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a grava e o cinto. Quando lhe tiram os sapatos, Eurico rouqueja feio, agita-se, bolhas de espuma surgem no canto da boca.

Cada pessoa que se aproxima ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os ambulantes conversam de uma barraca à outra. Os moradores acodem à janela. O senhor gordo repete que Eurico sentou-se na calçada, soprando a fumaça do charuto, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou charuto ao seu lado.

A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está partindo. Um grupo o arrasta em direção ao ônibus do clube. Já na porta do veículo, alguém protesta: quem poderá salvá-lo? Acham melhor chamar socorro. Eurico conduzido de volta e recostado à parede – não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.

Ocupado o bar mais próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e a permanência. Agora, comendo e bebendo, gozam as delícias do alívio. Cai a noite. Eurico em sossego e torto nos portões do estádio, sem o relógio de pulso.

Um terceiro sugere que examinem os papéis, retirados – com vários objetos – de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Todos sabem seu nome, idade, um sinal da cruz de nascença. O endereço na carteira é de São Januário.

Registra-se correria de umas centenas de curiosos que, a essa hora, ocupam a rua e as calçadas: é o fim. O carro negro investe a multidão. Vários tropeçam no corpo de Eurico, pisoteado dezessete vezes.

O guarda aproxima-se do corpo, já não pode identifica-lo – os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio – quando disposto – só destacava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão.

A última boca repete: “Ele caiu, ele caiu! E a gente começava a se dispersar. Eurico levou duas horas para definitivamente cair, não podia acreditar que esse seria seu fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um náufrago.

Um senhor piedoso sobra o paletó de Eurico para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito. Não consegue fechar a boca, onde a espuma sumiu. Apenas mais uma queda e a multidão se espalha, as mesas do bar vazias. Do alto das janelas, moradores com almofadas para descansar os cotovelos aguardam o desfecho.

Um menino descalço vem com uma vela, que acende ao lado do corpo. Parece fraco há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.

Fecham-se uma a uma as saídas. Três horas depois, lá está Eurico à espera de seu destino. A cabeça encostada na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se à primeiras gotas de chuva, que torna a cair.

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Conexão Sudaca #76 Fernando Rosa

O mestre Senhor F, curador do El Mapa de Todos, nos brindou com os sons que agitaram as noites porto-alegrenses durante a 6ª edição do Festival.

Do ska tradicional da Vieja Skina à cumbia colombiana de Los Pirañas, das guitarras da Onda Vaga ao violões da Milonga Extrema, fechando com o franco-peruano François Peglau. OÍGAN!!!

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Xadrez Verbal #28 Rosa Parks

Hoje discutimos as políticas externas de Brasil e de Argentina. No Brasil, as relações internacionais voltam ao cerne da política interna. A oposição questiona a agenda presidencial no Senado e os custos do cancelamento das viagens ao Japão e ao Vietnã. Os prejuízos dos cortes no Itamaraty podem gerar consequências maiores ainda? E, logo após a abertura do processo de impeachment, Dilma recebe Macri, presidente eleito na Argentina.

E os hermanos indicam novos caminhos em sua política externa? Fazemos um breve retrospecto das relações internacionais dos argentinos e as recentes notícias, como o anúncio de um político opositor para a embaixada em Washington. E, claro, a relação entre Brasil e Argentina e o papel atual da Venezuela nessa discussão.

Na Turquia, Erdogollum fica mais isolado. Não entendeu o termo? Ouça e você vai entender e verá uma espécide de Casos de Família, com Putin acusando a Turquia de comprar petróleo do EI. Ou Daesh? Confusão presente no Menino Neymar. Giro de notícias com ataques nos EUA, Equador, Europa, Israel e yuan.

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Futebol Urgente #97

Fernando Toro e seus abraços. Fernando Toro e suas broncas. Fernando Toro e sua lucidez misturada com epifania, sua distopia palpável, sua romântica acidez. Fernando Toro e mais um tijolaço-aço-aço.

O time muda de distintivo e paga torcedor para remover tatuagem com distintivo antigo? O jogador attua a si mesmo? O torcedor faz carnaval fora do estádio? Ouça o que ele tem a dizer, junto de Leandro Iamin e Xico Malta.

Aqui, Agora, como diria Ivo Korganti.

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Nos Olhos do Intruso

Por Victor Faria

Não lembro a primeira vez. Mas aqui e ali comecei a ouvir comentários: aquilo é o que interessa, é onde o jogo acontece, o futuro do futebol fugiu pra lá. E a torcida.

Advertências que repetiam a verdade mais simples, não há como negar. Hoje parecem ressoar a voz de um oráculo. Mas era uma verdade que demorei a rever, que entendi mal, que me apressei em traduzir totalmente errado, nos termos de euforia de um menino, ou até de um tolo.

Talvez eu pudesse ter ficado como estava, talvez o futuro ainda estivesse bem longe até hoje, se naquela noite eu não tivesse ido conhecer a nova Arena. Os jogadores desempenhavam diversas funções em campo e o resultado da partida quase não importava. O espetáculo consistia muito mais na velocidade e na execução das jogadas ensaiadas, nas metamorfoses dos atletas, dos erros e improvisos a gerar lances de gol.

Em pouco tempo eles trocariam de camisa, encarnariam outro tom, outra habilidade, e tudo com um vigor que só podia nascer de um tipo de jogador.

Ao fim da partida, algumas fileiras à minha frente, aconteceu. Quando as pessoas se levantaram apressadas, entrevi, no intervalo das cabeças, um homem parecido com alguém que eu conhecia. Talvez fosse a dança de tantos rostos a meu redor, mas o efeito era o de muitas feições distintas convergindo e se sobrepondo, todas iguais.

Uma desconfiança incômoda me obrigou a olhar melhor e então deparei com um sujeito igual a mim mesmo, apenas um pouco mais novo, bem apresentado. Sacudido por uma espécie de insulto, experimentei o temor de estar sendo substituído.

Com os olhos naquele homem, esqueci que deveria continuar andando. As pessoas atrás de mim, na minha fileira, me responderam com resmungos. Tentei me livrar com estupor, mas o máximo que consegui foi observar o homem da maneira mais discreta que podia. As fileiras escorriam todas na mesma direção, o público escoava ligeiro para o funil da saída e logo o perdi de vista.

Se uma coisa deriva sempre de outra, se todo fato espalha efeitos em todas as direções, por que não notar no que se seguiu uma continuação, um sistema? Podia parecer um caso bobo, uma dessas situações corriqueiras que nem paramos pra pensar. Em um intervalo de semanas, pelo menos três amigos me contataram pra dizer que haviam me visto novamente na Arena, em setores que eu não conhecia, fazendo coisas que eu absolutamente não tinha o hábito de fazer, em dias que eu estava ocupado noutra parte da cidade.

Na primeira vez, juro, tentei negar. Depois, diante da alegre certeza da pessoa, me resignei a ouvir em silêncio. A seguir, de uma maneira que mal percebi, passei pouco a pouco a acreditar que era eu mesmo que ia àqueles lugares e punha em prática aquelas ações. Eu até sorria e pelo menos uma vez cheguei a inventar explicações adicionais, coerentes, apenas para ver se eram bem aceitas pelo meu ouvinte.

Tempos depois, eu vinha distraído pela rua. Quando dei por mim, uma pessoa que não pude reconhecer me dirigia palavras apressadas. Mencionou de passagem um nome estranho para mim como se fosse um amigo comum. Depois pediu desculpas pela pressa, se despediu e foi embora dizendo que me veria em breve. Algo desse tipo se repetiu ainda, em duas ou três situações que outras pessoas poderiam interpretar como encontros fortuitos com lunáticos, do tipo que prolifera nas ruas, eu sei.

Aos poucos, as histórias que esses estranhos atribuíam a mim me pareciam familiares. As pessoas que eles mencionavam chegavam a se tornar íntimas pra mim, com seus nomes e suas ambições cotidianas. Tudo ia se incorporando à minha memória, meus hábitos. O meu passado se expandia com um novo grupo de torcedores e fatos, ao mesmo tempo em que meu presente também se ampliava, numa espécie de movimento comportamental direcionado.

Certa manhã o telefone me acordou. A voz do outro lado avisou que uma determinada pessoa não poderia ir ao jogo e que, automaticamente, havia repassado para mim o seu ingresso. Citou um nome, que não reconheci e nem me dei ao trabalho de memorizar. Mas anotei a hora e o lugar determinado.

Cheguei em cima da hora, um pouco atrasado até. Achei que por isso ninguém se aproximou para me cumprimentar. Raciocinei que temiam perturbar a cerimônia do minuto de silêncio. Somente um segundo antes do início da partida é que distingui as feições do homenageado no telão do estádio. Foi rápido. A imagem se apagou dando lugar às propagandas sobre a vantagem de ser sócio-torcedor. Mas creio ter reconhecido o homem que eu, nem sei quanto tempo antes, vira naquela mesma arquibancada.

Antes que eu me refizesse da surpresa, a partida já se encerrara e todos haviam ido embora sem sequer se despedir de mim. Os modos haviam mudado. Desci as escadas em direção à lanchonete no saguão do estádio. Pedi uma cerveja, na esperança de que o garçom conversasse um minuto comigo, sobre o time, a campanha, o tempo, que fosse. Mas ele logo virou a cara para o meu sorriso, como se estivesse diante de um estranho, um intrometido.

A rigor, aqui e ali, eu descobria motivos para pensar que me consideravam um importuno. Em lugares onde eu esperava ser recebido como um irmão, me rechaçavam com a frieza e a hostilidade educada que só se descarrega sobre os intrusos. Mesmo nos ambientes que, antes eram para mim perfeitamente familiares – meu trabalho, a vizinhança, amigos, colegas – eu me via tratado como alguém indesejável. Foi nessa altura que resolvi me mudar para uma outra cidade, a cidade de que eu ouvia falar anos antes com tanta simpatia.

Acho que poderia viver ali por bastante tempo, sem maiores problemas. Fui para a rua. Forcei minhas pernas a caminhar e vi a Arena fugindo para trás sob os meus passos. Pude notar o reflexo de um homem que me observava. Ele me fitava com insistência.

Por instinto, desviei o rosto pois o homem me pareceu agitado. Fingi que não o via e estou certo que o deixei convencido disso. Mas a vitrine de uma loja logo em frente e seus espelhos permitiam olhares diagonais. Por esse ângulo, pude notar que o sujeito era extraordinariamente parecido comigo. Apenas um pouco mais velho, relaxado.

Sei agora porque devo estar nessa cidade, o ambiente, um novo clube, sua torcida. O olhar admirado do homem fora uma espécie de boas-vindas e também uma despedida para mim. Até que chegue a minha vez, esse sujeito ainda vai ouvir falar muito de mim.

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Leitura recomendada: “Allianz Parque: perdemos o estádio, não a cidade

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Paso a Paso

Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez

Na última edição do Meu Time de Botão, Leandro Iamin e Matias Pinto receberam o jornalista Mauro Cézar Pereira para mostrar as peças do Racing campeão do Apertura, em 2001, no Estrelão da Central3. Este esquadrão que tirou Lacadé de uma fila que durou 35 anos, marcou o final da minha adolescência. Uma equipe sem futbol champagne – para delírio do Doctor Bilardo –  de muito sacrifício, huevo, e sobretudo coragem para reverter partidas impensadas, como o milagre em La Plata, naquela virada épica por 3 a 2 diante do Estudiantes.

A aproximação com o castelhano – mais precisamente o lunfardo, dialeto dos porteños – se deu em meio as narrações da Radio Rivadavia, acompanhando paso a paso, como nos pedia Mostaza Merlo, a saga que naquela altura parecia impossível. Meu primeiro contato com o Campeonato Argentino se deu com as transmissões do clássico da rodada pela TVA SPORTS na segunda metade dos anos 90, quase sempre com os comentários sagazes do mestre Roberto Petri. O Racing ganhava a predileção no meu coração graças a sua crise esportiva e institucional que o levaria a la quiebra. A imagem do bumbo redoblante no olho de Daniel Lalin, o Cilindro abarrotado cueste lo que cueste, o papel picado sempre atrasando o cotejo, a comovedora resistência da torcida para evitar o embargo da sede social na Avenida Mitre, eram cenas marcadas à ferro e fogo.

Numa chuvosa noite invernal de sexta-feira, me conectei pela internet ao dial 630AM para escutar o começo do Apertura. Fernando Marin, o famoso gerenciador da Blaquiceleste S.A. havia prometido um pacotão de reforços. Reinaldo Merlo chegou antes do Clausura 2001, com seu vozeirão tangueiro, os cuernitos de la suerte e a melena inconfundível dos anos 70. Criado no River Plate, Mostaza era o 72º treinador após Juan José Pizzuti. Uma maldição que insistia em perdurar, quando La Academia tinha apenas o objetivo de somar pontos para fugir da zona do promedio. Eis que, naquele primeiro jogo contra o Argentinos Juniors no Cilindro, o Racing apresentava 7 novos reforços: o zagueiro Gabriel Loeschbor comprando junto ao Rosario Central, ao lado do atacante Rafael Maceratesi, o lateral-direito Martín Vitali que estava no quarteirão vizinho de Avellaneda, o defensor Francisco Maciel vindo do Almagro e o enganche cordobês Leo Torres, com passagens por Belgrano e Ulsan Hyundai (Coreia do Sul), o gêmeo bom Gustavo Barros Schelotto, emprestado pelo Villareal, e o colombiano Alexander Viveros, encostado no Fluminense.

O esquema tático na estreia foi o 4-3-1-2, tão em voga na Argentina. Defendendo a meta, ainda sem a chegada de Gustavo Campagnuolo, campeão do Clausura pelo San Lorenzo, estava o o goleiro juvenil Gastón Pezzuti, que falhou no empate dos bichos de La Paternal. A defesa contava com Claudio Úbeda e Loeschbor como centrais, além de Pelotín Vitali e Carlos Arano nas laterais. O trio de volantes era formado por Adrián Bastía, Pancho Maciel e Gustavo Barros Schelloto; Leo Torres era o enganche, com Diego Milito e Rafa Maceratesi na frente. A vitória foi dramática, com gol contra do zagueiro De Muner nos minutos finais.

Na rodada seguinte, a prematura visita ao Independiente na saudosa Doble Visera. Era a estreia de Gustavo Campagnuolo para aportar experiência de bajo de los palos. Campa foi fundamental na campanha, obtendo a maior média do torneio segundo o diário Olé! com 6,50. O histórico goleiro racinguista teve duas passagens pela Academia. A primeira finalizada em 2003, quando emigrou ao Tigres de Monterrey, regressando ao Cilindro em 2005, num ciclo que durou 4 temporadas. Neste Clásico de Avellaneda, o Racing arrancou um empate com uma cabeçada inesquecível de Gabriel Loeschbor aos 44 minutos da etapa complementar. O líbero começava a demonstrar seu papel místico na conquista, aparecendo sempre nos momentos decisivos.

A campanha começava com uma cosecha de 4 pontos em 6 disputados. Um começo pra lá de alentador. No entanto, o futebol apresentado era pobre, clamando por retoques em todas as linhas. Mostaza teve papel primordial na conquista, mudando o esquema tático na 3ª rodada na diante do Rosario Central. Maciel foi recuado para o lado direito da defesa, configurando uma linha de 3 zagueiros com Claudio Ubeda na esquerda e Gabriel Loeschbor como líbero. O jogo contra os canallas marcava a estreia de José Chatruc na temporada, retornando após uma suspensão. Eis que logo de cara Pepe vestiria o traje de herói ao anotar o solitário gol no Gigante de Arroyito.

O Racing tomou forma no 3-5-2 de Mostaza Merlo. O sucesso de Bielsa no comando da Albiceleste nas eliminatórias sul-americanas oxigenou a ideia dos 3 zagueiros no futebol local. O trio Maciel, Loeschbor e Ubeda se converteu em emblema de um sistema defensivo sólido, que sofreu apenas 17 gols no Apertura.

https://www.youtube.com/watch?v=3M4aqgoNOtw

O capitão Claudio Ubeda é um ícone da história do Racing. El Sifón chegou ao clube em 1995, proveniente do Tampico Madero, após passagens por Central Córdoba, Independiente e Rosario Central nas inferiores, além de convocações para integrar a seleção sub-20. Vivenciou o drama como ninguém nesse plantel de 2001, desde a amargura da falência em 1998 ao tão sonhado título em 2001. Referente total, permaneceu no clube apesar dos inúmeros atrasos de salário para levantar o troféu. Após uma breve experiência no futebol japonês, jogando pelo Tokyo Verdy 1969, voltou ao Cilindro tornando-se o segundo atleta que mais vezes vestiu a camisa blanquiceleste, totalizando 329 partidas, 5 a menos que o histórico Agustín Cejas, para entrar definitivamente no hall de ídolos eternos da metade azul de Avellaneda. Atuou quase sempre como zagueiro pela esquerda, cumprindo o papel de último homem quando da ausência de Loeschbor.

https://www.youtube.com/watch?v=ouMW48tEFg4

Nas alas, Mostaza encontrou seus armadores: Martin Vitali pela direita e Gerardo Bedoya pela esquerda. El Pelotín, encostado no Independiente, chegou na véspera da estreia, convertendo-se no líder em assistências no Apertura com 5 passes que terminaram nas redes rivais. O colombiano Gerardo Bedoya dividiu a titularidade no começo da campanha com o jovem Chiche Arano. O lateral cafetero chegou por empréstimo do Deportivo Cali, no qual foi vice-campeão da Libertadores em 1999, transformando-se em herói com o golaço agônico que empatou o duelo contra River Plate, maior perseguidor do Racing na campanha, que praticamente selou a conquista.

A dupla de volantes, o famoso doble cinco, era uma mescla da experiência de Gustavo Barros Schelotto e o ímpeto jovial de Adrian El Polaco Bastia. José  Chatruc era um dos maiores beneficiados no esquema tático de Mostaza Merlo. Da mesma safra de Ariel Ortega, Juan Román Riquelme e Leandro Romagnoli, o meia ofensivo do Racing se distinguia dos três enganches citados por contribuir incessantemente no combate – e por ter menos talento obviamente. Um jogador fundamental na marcação pressão. Foi também o segundo goleador da campanha com 6 tentos.

O ataque racinguista contou com o rodízio de Dieglo Milito, Maximiliano Estévez e Rafael Maceratesi. La Chanchi foi o grande destaque anotando 7 gols. Jogador de muito temperamento e coração para auxiliar no trabalho defensivo, que veio ao Racing para seu segundo ciclo após uma passagem em falso na Espanha pelo Racing de Santander. Rafa celebrou 5 vezes ao longo do Apertura, eclipsando o jovem Milito, em começo de carreira, que teve menos minutos em campo que seus companheiros de ataque, balançando as redes em apenas 3 oportunidades: o doblete que garantiu os três pontos contra o Newell’s Old Boys e o gol da vitória diante do Colón de Santa Fé. Alfio Coco Basile, ídolo eterno do clube, ao falar sobre Milito foi profético: “A atitude desse time foi o fator fundamental da conquista. Porém, nem tudo é estímulo e coragem. A equipe é ordenada, e possuí algumas individualidades interessantes. O pibe Milito em especial tiene algo. Suspeito que possui um algo a mais do que mostrou nesse torneio. Pelo controle, pelo que busca, e até mesmo pelo azar que tem em determinadas jogadas”.

Um Racing que voltaria a sonhar, com glória e coração, em meio ao Argentinazo, culminando uma metáfora do país na dramática e lúdica tarde de Liniers.  Na temporada seguinte o time se desfez. A Libertadores de 2003, no ano do centenário, traria o trago amargo nas oitavas de final contra o América de Cali. Seria o regresso do Racing aos anos de penumbra, da luta contra o promedio, marcada por equipes de escasso talento. Tempos duros que teriam o desenlace apenas nessa década com o final do gerenciamento e uma nova conquista em 2014, com a volta do Príncipe Militosempre ele…

Racing 2001

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