Copa C3 | Dia 7, placares e pautas mínimos

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Dia 7 – Placares e pautas mínimos

por Gabriel Brito

Portugal 1 x 0 Marrocos – Ele está aqui

Bom quando sai gol enquanto ainda tiramos as remelas. Cristiano Ronaldo está mesmo a fazer a Copa que ainda não tinha feito, ótima notícia para o Mundial, que sempre precisa registrar algo além de médias de gols e inovações táticas.

Como dito na primeira rodada, Portugal parece ter mais time que na Euro-2016, quando arrancou o título à base de coração e iluminação. Ainda que falte rodagem a Bernardo Silva, André Silva, João Mario, Gonçalo Guedes, eles são o futuro.

Alternam altos e baixos, mas é de se crer que Fernando Santos siga prestigiando sua nova geração, que no mínimo tem ajudado o astro da companhia a participar mais das partidas.

Defensivamente o time segue forte. Rui Patrício salvou o empate até merecido do time magrebino, que por sua vez se despede dolorosamente cedo.

Um pecado sua derrota para o ferrolho iraniano, quando mostrara mais volume de jogo e melhor técnica, mas pouca inspiração para efetivá-la.

Ontem, atletas como Amrabat e Belhanda subiram um pouco em relação à estreia, mas ironicamente um dos times menos cotados que optou pelo modo ofensivo de jogo acabou eliminado antes de fazer um golzinho só.

Se a quantidade de oportunidades do zagueiro e capitão Benatia caísse em outros pés talvez a sorte fosse um pouco melhor.

Resta uma partida pela honra contra a Espanha, para a qual as motivações estarão mais nos livros de história do que na tabela.

Por fim, impossível não destacar as altercações causadas por sua torcida – as primeiras que flagramos dentro dos estádios – em relação às bandeiras de Israel ao final da partida.

Desconcertadas, todas as transmissões fugiram do tema, por mais evidente que fosse o apoio dos marroquinos à causa da libertação palestina, cuja Nakba (denominação da catástrofe causada pela fundação do Estado de Israel) acaba de completar 70 anos.

Bandeiras deste povo árabe sem Estado estiveram espalhadas pelo estádio. Entre abril e maio, diversas marchas pelo direito de retorno e respeito aos acordos que visam à configuração de dois Estados no mesmo território, de acordo com as fronteiras de 1967, terminaram com sangrenta repressão do potente exército israelense, que assassinou mais de 100 palestinos.

Ademais, é evidente que o apartheid tem se refletido em cada vez mais políticas institucionais do Estado judeu, tanto na manutenção do cerco a Gaza e Cisjordânia como no tratamento aos cidadãos árabes residentes em Israel. O próximo passo é cassar o direito de parlamentares árabes participarem de votações de temas definidos como estratégicos para o Estado comandado por Benjamin Netanyahu.

Condenado amplamente na comunidade internacional, Israel segue a fazer o que bem entende. E, nesta quarta, seu protetor e sede da Copa de 2026 retirou-se do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Toda essa omissão reflete, mais uma vez, o caráter da mídia empresarial brasileira e sua risível preocupação com a dignidade dos povos. Mais do que seletiva, uma farsa.

Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita – Só pode ser assim, Uruguai?

A partida do meio dia já se anunciava como uma das menos emocionantes possíveis do certame. Mas parece que assim não vale para o Uruguai.

A Celeste fez de tudo para complicar um jogo contra um time do nível do Rampla Juniors.

Conservador, Tabarez sacou os novos armadores Nandez e Arrascaeta. No primeiro caso, correta a opção por Carlos Sanchez, que novamente acabaria cruzando a bola do solitário gol da vitória. Mas trocar o cruzeirense pelo manjado Cristian Cebolla Rodriguez, e não colocá-lo em nenhuma das três trocas, pareceu demais.

Aferrado a um grupo que tem na mão, também repleto de relações de confiança, o Maestro não só tardou em renovar seu meio de campo como parece hesitar em bancá-lo até o fim.

Pelo meio, Vecino e Betancour evoluem lentamente, mas precisam armar mais, distribuir a bola com mais calma e não se reduzirem a desarmes e divididas.

Um 4-4-2 com duas linhas um tanto estáticas precisa de suas contribuições pra se dinamizar e fazer valer os armadores por fora. Cavani e Suárez também precisam dialogar um pouco mais com o resto do time, coisa que o primeiro até se propõe a fazer.

Enfim, era jogo pra soltar mais a equipe, ambicionar mais gols e, simplesmente, jogar bem, ainda que fosse quase impossível compensar o saldo de gols russo. Laxault, mais uma boa novidade do elenco, poderia entrar no lugar de Martin Cáceres, por exemplo.

Sabemos do que é feito o Uruguai, mas não precisava levar tão ao limite seu estilo de só jogar sob condições de sofrimento e tensão.

Ainda que péssimo, o time saudita se animou a buscar o empate, que em alguns momentos parecia vir como castigo pela mesquinharia sul-americana.

Mas o segundo placar mínimo do dia se confirmou e o país mais fechado de todos os 32 presentes na Rússia se despede sem deixar a menor saudade. Haja “projeto” para nossos Fabio Carille e Alberto Valentim, que migrarão para a ditadura fundamentalista após o Mundial.

Espanha 1 x 0 Irã – Iniesta contra o muro

No desfecho da quarta-feira, os campeões de 2010 voltaram a fazer partida que deixa dúvidas sobre seu potencial de favorita.

É certo que os iranianos armaram a mais bela retranca de todo o Mundial. Sagaz, Carlos Queiróz trocou a linha de cinco homens atrás usada contra o Marrocos e transferiu contingente para o meio de campo, setor que até as traves sabem ser o que realmente conta no outro lado.

Claro, com domínio total da pelota os espanhóis iam empurrando o oponente para mais e mais perto do gol de Beiravand. Por sua vez, os persas adicionavam mais dois jogadores pelo flanco e defendiam num 6-3-1 pra Vitor Birner nenhum botar defeito.

A fúria trocou todos os passes do mundo, o que não chega a ser um mérito diante de tamanho consentimento rival.

O gol do rompedor Diego Costa saiu quando o rei do tiki taka, Iniesta, tratou de abrir espaço com o drible. E mais um gol de pinball foi para o registro das Copas do campo padronizado.

No entanto, o Irã, além de raça admirável, mostrou alguma capacidade técnica. Se pensamos que o jogo descambaria para um placar largo, aconteceu que o time persa – que por sinal quase achara um gol pouco antes do tento de Diego – conseguiu jogar bola, trabalhar jogadas e ameaçar a sério a baliza ibérica.

Ansarifard e Amiri mostraram capacidade de surpreender, fizeram bons jogos. De resto, um time forte fisicamente e disposto a tudo ajudou a dar emoção. A anulação do empate, por impedimento bem marcado, foi uma pena diante da comemoração mais efusiva de todos os gols até aqui.

Confirmada a suada vitória espanhola, reitero o comentário da primeira rodada: o tiki taka não existe mais. Claro que sua herança é notória, mas a capacidade de envolver o rival (e também tomar-lhe a bola rapidamente) não é mais a mesma. Isco e David Silva são perigosos, no entanto, não me convenço de que tais meias-atacantes, somados a Vazquez e Asensio, são essa sensação toda.

Por fim, parece claro que o time marca mal, deixa espaços e se recompõe lentamente. Mesmo inferiores, sempre que Portugal e Irã ousaram a meta de De Gea foi ameaçada. O time de Hierro ainda deixa dúvidas.

Fora de campo

As iranianas continuam na luta por seus direitos e fazem bonito nos protestos pelo singelo direito de ir ao estádio, coisa que em mais esse país pautado pelo fundamentalismo religioso ainda é heresia.

Felizmente, mais essa barreira vai caindo e ontem as iranianas que ficaram em casa puderam sair às ruas e ver o jogo em telões de campos de seu país. Por se tratar de força periférica do futebol, nunca demos tanta conta de como esse povo ama o jogo mais popular do mundo. Mas torcidas apaixonadas e atmosferas de estádio à moda antiga não faltam na complexa República Islâmica.

Dito isso, não deixa de ser incômodo a mídia dos homens brancos liberais gastar toda sua cota de defesa dos direitos humanos para falar deste tema, com reiteradas imagens, comentários e campanhas. Correto, mas até pelo certo se portam de forma colonial.

Fazer todo esse charme enquanto não se diz uma palavra sobre a grotesca Arábia Saudita, pra não falar da pipocada no caso Palestina-Israel, não é jornalisticamente aceitável. Alguém precisa avisar a esses comunicadores brasileiros que tal alinhamento ao bloco ocidental eternamente imperialista já cansou. Não somos parte disso.

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