Copa C3 | Dia 9, um turbilhão emocional

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POR GABRIEL BRITO

Brasil 2 x 0 Costa Rica – O turbilhão

No maldito horário da manhã, que prejudicou fortemente o mercado de carnes e cerveja, o Brasil encarou sua primeira decisão de fato, isto é, uma partida em que era ganhar ou ganhar.

Sofreu mais que a conta, mas cumpriu a tarefa. Um 2-0 na Costa Rica não é pra se comemorar, exceto na exata circunstância em que se deu: gols nos acréscimos.

Sofrimento imprevisto, mas talvez necessário a um plantel que carrega um peso indissimulável do passado recente. Talvez seja melhor este elenco encontrar sua própria carga de responsabilidade em vez de tentar reparar aquilo que, a bem da verdade, nem o hexa pode nos fazer esquecer ou perdoar.

Ou seja, é preciso jogar a Copa da Rússia de acordo com os desafios do presente momento, e não para compensar problemas estruturais que se encontram em estágio praticamente irreversível em nossa pobre e espoliada pátria. Até porque, dialogando com o que comentamos a respeito da Argentina, podem chorar mil pitangas, mas no business que descaracteriza tudo ninguém mexerá.

E se há um obstáculo a caracterizar esta Copa do Mundo são os muros defensivos que os times da prateleira inferior têm erguido. As retrancas a exigir doses iguais de técnica e paciência já são uma marca.

A Costa Rica e seu paredão de cinco defensores, neste sentido, foram um bom adversário. Inclusive para testar o time emocionalmente, no que o camisa 10 brasileiro vem se mostrando uma figura temerária.

Como destacado no texto do amigo Paulo Junior, um aspecto negativo deste time é não ter um capitão de fato. O revezamento da tarja não traz nenhum bom augúrio.

Primeiro por evidenciar a ausência de líderes autênticos. Segundo por sugerir (o que está pra se provar) uma espécie de dependência emocional do treinador Tite, mestre na retórica que mistura moral do trabalho, autoajuda e espírito corporativo.

Com isso, somos obrigados a lidar com atletas tão milionários quanto carentes do ponto de vista intelectual e mental.

Parece até negativo o segundo gol, da prima dona Neymar, já depois dos 50 do segundo tempo. Lamentavelmente, é o bastante para vermos disparar o gatilho da fanfarronice midiática e bajulação a uma figura que está longe, longe mesmo, de ser ídolo.

O choro pós-jogo é piada, que me desculpem os sensíveis. Segunda rodada de Copa contra a Costa Rica e o sujeito que ousam comparar aos maiores de todos os tempos desaba assim no gramado?

Outra notícia no pós-jogo estarrecedora: o lateral Danilo, que deu lugar a Fagner, de atuação correta, passou mal pela tensão da partida. Se já era estranha a lesão que o tirou de combate após 90 minutos incólumes na estreia, agora parece tudo claro.

Quanto ao jogo jogado, tivemos um time muito apegado ao desenho tático no primeiro tempo, que fez apenas as movimentações de manual, para o que os costarriquenhos estavam preparados.

Na etapa final, Douglas Costa voltou melhor que o burocratizado William, que tem habilidade pra ir além do óbvio, mas não consegue decolar. O canhoto fez bem para o time e talvez ganhe a posição.

Tite também acertou ao sacar Paulinho e por Firmino para acompanhar Gabriel, considerando que do outro lado havia um time praticamente inofensivo. Trata-se da mesma base que fez uma campanha brilhante em 2014, mas envelhecida, sem nenhuma boa novidade individual.

Neymar mostrou que fora do mundo de Galvão e Arnaldo, inserções comerciais na TV e até no metrô, não goza de credibilidade alguma no universo futebolístico. Pela primeira vez vimos o recurso do vídeo fazer o árbitro voltar atrás em favor da defesa numa marcação importante.

A verdade é que o mundo não o reverencia. E Neymar, ao não querer arrematar em gol e se jogar pra trás no lance da discórdia, pareceu mais preocupado em vencer seu duelo particular com o árbitro.

Histérico, o atacante mais blindado da história do futebol brasileiro saiu de campo pendurado até eventual quartas de final. Adoraria que algum veículo de grande circulação fizesse a enquete: “você prefere o Brasil campeão do mundo com ou sem Neymar?”.

Ouso afirmar que um time sem ele e com Douglas pode jogar até mais leve. Sempre impaciente com certos padrões de comportamento a mídia britânica, mais especificamente a BBC em sua transmissão, fez uma interessante observação: “o time inteiro vive em torno dos dramas de Neymar e isso não deve mudar para os próximos jogos”.

Vitória e testes importantes. Porém, contra a Sérvia necessitada dos três pontos o sarrafo aumenta. No final das contas, o Brasil bateu o adversário mais fraco possível entre todos os que pode encontrar nesta aventura na Rússia.

E com este emocional…

Nigéria 2 x 0 Islândia – Musa ou Messi?

Ao meio dia, uma partida que se tornara dramática para a Argentina. Espirituosa, a população hermana fez todas as manifestações de apoio possível ao time africano, de tantos e tantos encontros em Copa.

O que parecia ser um jogo de dois times duros e pouco criativos acabou indo além. O primeiro tempo corrido e truncado se resumiu a lançamentos e cruzamentos infrutíferos, dando a entender que teríamos mais uma partida decidida por uma joelhada ou coisa assim.

Afeitos a este cenário, os islandeses pareciam mais perto do gol.

Mas veio o segundo tempo e os nigerianos foram capazes de resgatar um pouco de sua velha magia. Musa, autor de dois gols contra a Argentina no Beira Rio, apareceu com seu talento e resolveu a partida.

Primeiro no belo domínio que nem o zagueiro esperava, finalizado com arremate indefensável no quique da bola. Depois, após despachada da defesa aquela arrancada de que nem todos os mortais são capazes, com uma linda resolução.

A Nigéria e sua camisa energizada ainda se distraíram e deram a chance do bom Sigurdson registrar seu golzinho em Copa, mas o 10 do gelo repetiu Cueva.

Os Superáguias decidiram a partida em lances de pura força e velocidade. A seguir a desordem completa de uma Argentina desastrosa em todos os aspectos, que não sabe nem com quantos joga na última linha (ou em qualquer linha) os africanos já têm metade do caminho das pedras.

Aliviada, a torcida albiceleste comemorou o resultado de forma que já entra para o folclore desta Copa.

Agora, depende só de si pra se classificar. Mas a Nigéria também.

Suíça 2 x 1 Sérvia

Pra fechar o dia, o interessante confronto europeu do grupo brasileiro. Suíça-Kosovo-Albânia e Sérvia fizeram o jogo que se esperava, isto é, partida muito combativa, com a cara desta Copa, física, tática e psicológica.

Os aliados dos russos neste Mundial deram o famoso enquadro no começo, criando oportunidades e logo abrindo o jogo com Mitrovic.

Tadic, Ljajic, Matic e Milinkovic-Savic eram boas companhias e o time balcânico se assenhoreava do campo.

Mas o domínio não deixou novos frutos e, tal como contra o Brasil, os helvéticos entraram no jogo, o que depende de seus meio-campistas Xhaqa e Shaqiri, basicamente.

Ambos foram os personagens por todos os motivos possíveis. Fizeram os belos gols de um time que mandou no segundo tempo e ainda entraram pra memória das Copas do Mundo ao comemorarem com menções à bandeira da Albânia, de onde descendem e cuja relação com a antiga república iugoslava não é nada pacífica.

Ainda assim, não houve descalabro no estádio, tal como na partida entre Sérvia e Albânia pelas Eliminatórias da Euro, quando um drone com a bandeira vermelha e preta baixou no gramado, desatou a loucura e cancelou a partida no Estádio Partizan.

Voltando a Kaliningrado, estranho como um time recheado de bons jogadores desapareceu da partida. Cada seleção teve um tempo e o segundo gol suíço se deu em contra-ataque que simplesmente não se poderia tomar àquela altura do jogo, ainda mais em vantagem na tabela.

Dessa forma, o Brasil enfrentará um adversário duro e necessitado da vitória na rodada final. Já é mata-mata e não há mais margem de erro para desvarios emocionais.

Fora de campo

Quanto ao Kosovo, é mais uma daquelas nações que se filiou com plenos direitos primeiro à FIFA que à ONU, dado que grande parcela, inclusive o Brasil, como destacado por um incomodado Petkovic no Sportv, não reconhece sua independência. A Sérvia ainda reivindica o território, mas é muito difícil que a recente República volte atrás em sua marcha. A festa nas ruas de Kosovo e Albânia dizem o bastante.

De todo modo, vale rememorar a interferência ocidental em toda a década de 90 no processo de dissolução da Iugoslávia e nascimento de novas repúblicas. O antigo presidente Slobodan Milosevic, no comando de um país que não pretendia perder outro pedaço de território, foi acusado de crimes de guerra e genocídio nos conflitos bélicos do processo independentista kosovar.

No entanto, as tropas dos países acusadores cometeram crimes do mesmo tipo a granel na Bósnia, quando foram fomentar além da conta os separatismos dos anos 90 com suas tropas internacionais.

Neste sentido, os trabalhos do quadrinista Joe Sacco Área de Segurança: Gorazde e O Mediador: Uma História de Sarajevo, são marcantes, além de filmes como e “A informante”, dentre outros sobre o processo de separação da Bósnia, evidente elã da ruptura kosovar. Isso pra não deixar de fora “A vida secreta das palavras”, provavelmente o filme que mais me fez sentir mal numa sala de cinema.

Julgado no Tribunal de Haia por crimes de guerra e genocídio, Milosevic foi encarcerado por cinco anos, tendo falecido antes do veredito final. Depois, acabou inocentado pelo massacre de Srebrenica, movido mais a ódios étnico-confessionais do que por uma decisão do governo. De todo modo, o maior trauma da história europeia do pós-segunda guerra.

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