Por um futebol menos medroso e mais colaborativo

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Há um consenso de que o futebol brasileiro anda em baixa e podemos encontrar inúmeras justificativas para tal situação. Sem entrar em méritos mais estruturais, algo que me tira do sério é perceber como os maiores times do Brasil têm tanto medo de arriscar e se valem das mesmas fórmulas conservadoras que já funcionaram dentro e fora de campo em alguma outra época.

Em um dado momento da década passada, as grandes equipes perceberam (salvo algumas gratas exceções) que o caminho mais curto para erguer uma taça é arrumar a cozinha, montar uma defesa intransponível, buscar os três pontos dentro de casa e trancar a casinha fora. Fora de campo, os dirigentes resolveram esquecer de treinadores da nova geração e apostar nos medalhões da década de 90. No universo futebolístico, quem não arrisca pode petiscar.

A repetição dessa fórmula levou equipes a grandes títulos e como “futebol é resultado” é difícil criticá-la. Mais difícil ainda é encontrar algum torcedor que prefira, na prática, que o seu time perca jogando bonito e deixando um legado do que ganhe jogando feio. Por conta disso, hoje em dia temos hordas de torcedores que pedem a volta de Eurico Miranda, de Felipão e de Maquiavel ainda que reclamem do 7 a 1. É sempre mais fácil deixar a revolução nas mãos dos outros e reclamar da CBF do que avaliar nossos próprios erros como torcedores.

Apesar de ficar inconformado, eu entendo a postura dos dirigentes de grandes clubes. É complicado promover mudanças estruturais drásticas com milhões de torcedores no seu encalço e quando o seu está na reta, o mais prudente é considerar ostatus quocomo melhor amigo.

Mas se os clubes grandes tem dificuldade de promover inovações o que poderiam fazer os times de menor expressão de diferente?

Se eu tivesse a resposta, não estaria aqui. Estaria oferecendo consultoria para equipes de futebol e já seria rico, mas ao menos posso contar uma iniciativa bacana promovida pelo Jacuipense da Bahia. A equipe do Riachão do Jacuípe comandada por Emerson Pereira (ex jogador de Colo Colo e Corinthians) desenvolveu um aplicativo pelo qual qualquer usuário pode votar em uma escalação e a formação mais votada vai para a cancha. Os jogadores inicialmente estranharam o modelo, mas hoje em dia se divertem e se auto promovem em vídeos no youtube que são colocados no app.

Curiosamente, a equipe tem colhido bons resultados dentro de campo tendo conseguido uma vaga inédita na série D em 2014. Apesar disso, nos últimos jogos, a diretoria optou por um sistema mais light no qual os usuários montam apenas uma escalação fictícia que rende pontos como no Cartola.

É claro que o sistema possui brechas. Torcedores rivais podem baixar o app e escalar um time mais fraco, o técnico pode se irritar, o aplicativo pode ser invadido. Alguns mais fanáticos dirão que a escalação é muito séria para ser decidida dessa maneira. O que me causa espanto, no entanto, é constatar que a presidência da república também é decidida dessa maneira sem grandes contestações.Ou esses fãs não fizeram essa ligação ou consideram que a escalação de uma equipe é mais importante que o governo do país!

Brincadeiras à parte,  apesar de reconhecer e valorizar a inteligência das massas (Wikipedia 10 x 0 Barsa) penso que o problema da criação do aplicativo foi ter sido muito radical e inicialmente ter assustado os torcedores com uma anarquia democrática.

O ser humano têm tendência a adotar escolhas binárias, ser preto ou branco fugindo das interessantes zonas cinzas. Entre adotar ou rejeitar a ideia de um aplicativo que escala o seu time, a maioria fica com a segunda opção. O que muitos não percebemé que o que está em jogo aqui não é a escalação do time, mas sima possibilidade de dar voz aos torcedores mais ativos, de fazer com que eles participem do clube.E SIM ESSA É UMA IDEIA MUITO PODEROSA.

Abrindo um pouco o campo de visão e aplicando o conceito a outras áreas, me parece um tanto óbvio que milhões de pessoas conseguem levantar coletivamente mais iniciativas de marketing do que um departamento com poucas pessoas. Me parece ainda mais óbvio que milhões de torcedores trabalhando em conjunto indicando jogadorespara o seu clube do coração é uma prática mais moderna do que ter um grupo de olheiros espalhados pelos cafundós do país. Quando você começa a pensar no que dá pra fazer com a participação efetiva da torcida em processos gerenciais nos clubes, você vê que as possibilidades são fascinantes.

Entre o que temos hoje e um “Total Choice” temos uma seara enorme de possibilidades não exploradas que se baseiam na colaboração mais efetiva por parte da torcida, mas estamos mais preocupados torcendo para o nosso time conseguir os três pontos e rejeitando ideias novas tal como os dirigentes que tanto odiamos.

 

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