Raíces de América VII

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Por Marcelo Mendez

Para que amigo leitor entenda da época que abordamos se faz necessário apresentar o contexto no qual a Taça Atlântico foi realizada. Estamos, portanto em 1976. O torneio em questão, inicialmente disputado por Argentina, Brasil e Uruguai em 1956 e quatro anos depois com o convite ao Paraguai, foi reeditada entre fevereiro a abril daquele triste ano, quando os quatro países envolvidos eram comandados pelos milicos.

Na primeira rodada, a grande novidade era a estreia de Zico pela seleção principal, mas o pau cantou feio na vitória brasileira em pleno Centenário. Nelinho e Rivellino foram expulsos do lado de cá e Nil Chagas, saiu pelo lado uruguaio. Do pouco que se viu de futebol, La Celeste abriu o marcador com Juan Carlos Ocampo e depois disso, foi a vez do goleiro Héctor Santos descobrir as magias de dois dos maiores batedores de falta aqui das nossas terras; o Galinho de Quintino e Nelinho. O lateral cruzeirense empatou com um petardo de mil curvas, e o camisa 10 da Gávea virou o jogo com um cartão de apresentação clássico, uma cobrança de falta no trinco, deixando o gosto da derrota entalada na garganta dos orientales.

Em se tratando de panorama ludopédico os dois países estavam em situações semelhantes. Após ter cumprido um bom papel em três Mundiais consecutivos (1966-70-74) o Uruguai começava uma renovação com jogadores abaixo dos 20 anos, casos de Alfredo de los Santos e Darío Pereyra.

Já os tricampeões mundiais tinham Osvaldo Brandão como o responsável em remontar uma base para as eliminatórias que seriam disputadas no ano seguinte. Além de Nelinho e Zico, era a hora de Amaral, Eneas, Roberto Dinamite entre outros.

Os visitantes confiavam no faro do artilheiro Fernando Morena, um dos maiores centroavantes da história do Peñarol. Rápido, habilidoso, valente, e um exímio cabeceador. Enquanto que Roberto Rivellino ainda dava as cartas na seleção canarinho. O Reizinho do Parque que ao sair do Corinthians comandava a Máquina Tricolor, dispensa maiores apresentações. Mas foi ele quem protagonizou a celeuma histórica daquele final de tarde no Maracanã…

28 de abril de 1976, a Batalha do Atlântico

Como em todos os jogos onde as emoções são de verdade as coisas fervem. O jogo de ida já havia mexido com os brios das duas equipes e no Rio de Janeiro é óbvio que o clima estaria quente. Logo nos primeiros minutos, Nelson Acosta se estranhou com Gil. O ponta do Fluminense não viu a sola deixada e prometeu dar um troco que não veio através dele.

Chicão foi quem chegou a madeira com gosto em Acosta, na jogada seguinte, e como o uruguaio não era bobo e a cara do volante bigodudo do São Paulo não era lá muito boa, ele não se criou mais. Mas foi caçar assunto com Riva, que não era dos mais calmos…

A partir desse momento o jogo de nervos se intensificou, mas na bola o Brasil errou em uma saída da defesa e Julio César Giménez, esperto, se antecipa a Chicão e mete a bola para Daniel Torres, que de canhota acerta um chute no ângulo do goleiro Jairo!

E sempre que os uruguaios marcam um gol no Maracanã voltam os fantasmas do passado e lá se foi o escrete verde-amarelo espantar um novo Maracanazo. Na saída de jogo, Marco Antônio arrisca uma descida pela esquerda e sofre falta de Chagas. Na queda do lateral, o jovem Darío Pereyra pisa no corpo caído. Começa o xarivarí!

Rivellino puxa o cabelo do então volante uruguaio e Acosta responde com um chute em Miguel, no qual o zagueiro do Fluminense começa uma troca de gentilezas. Na cobrança de falta, o próprio Marco Antonio tenta a sorte sendo defendida por Walter Corbo.

Na volta do intervalo, Brandão muda o time. Tira o bom Eneas, que não estava entendendo muito bem o jogo, e coloca Dinamite. O Brasil passava a ter uma referencia no ataque e Rivellino começa a deitar no jogo, lançando mão de todo o seu repertório de jogadas; canetas, chapéus, elásticos, resultando em um baita golaço. A virada vem pelos pés de, Zico convertendo um pênalti e com a vitória praticamente garantida Riva tira os uruguaios do sério.

No último lance do jogo, Zico enfileirou todas as camisas celestes que tinha pela frente e foi derrubado na entrada da área. Novamente os uruguaios partem para cima e no meio da confusão o meia do Fluminense fala umas groselhas para Sergio Ramírez. Após mais uma cobrança de Marco Antônio, o árbitro Romualdo Arppi Filho sopra o apito final.

No mesmo instante, Rivellino de costas não vê o lateral do Huracán Buceo se aproximado para pega-lo, quando é alertado por um jornalista. “Cuidado Riva!” e espertamente foge para o vestiário. Ramírez teria que encarar os cascudos Beto Fuscão, Neneca, Orlando Lelé e outros jogadores citados como Chicão, Gil, Jairo e Miguel na sua perseguição ao camisa 10.

Sergio Ramirez e seus companheiros apanharam dos seus pares brasileiros, além de fotógrafos e repórteres que estavam na beirada do campo. Naquela noite carioca não teve mística celeste que bastasse para segurar os brasileiros. Foi uma surra!

https://www.youtube.com/watch?v=dWFvu-p4J4w

O Brasil conquistou pela terceira vez, e de maneira invicta, a Taça do Atlântico, a qual não se sabe muito bem a serventia para fins pragmáticos. Mas com relação à história do confronto, sem duvidas é um dos mais recordados. E apesar da importância do duelo de amanhã (25/03) pelas Eliminatórias Sul-Americanas, dificilmente veremos CENAS LAMENTÁVEIS como as de 40 anos atrás.

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