Uma Copa frustrante

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Por Leandro Iamin

 

A Gabriele, ouvinte da C3 que nos visitou esta semana, me provocou com a pergunta: quantos golaços, mas golaços mesmo, saíram na Copa? Eu pensei, pensei, e achei um, talvez dois. Pensando depois com mais calma, analisando os gols do mundial inteiro, golaços ou não, me assustei com algumas ausências. O mundial rico em gols de bola parada quase não teve gols e lances de gols cujo atacante se viu de frente com o goleiro, com tempo e espaço para tentar o drible, sem ser em um contra-ataque veloz. Nada neste tipo de análise nos entrega certezas, mas podem colaborar para suspeitas. E a minha diz que a Copa foi deliberada e cansativamente defensivista.

As defesas estão perto das suas áreas. Aquela coisa de marcar pressão, subir a linha defensiva para o meio-campo, só acontece quando o adversário é muito inferior. Não há espaço nas costas dos zagueiros e até mesmo dos laterais para bolas enfiadas que dêem ao atacante terreno para encarar o goleiro. Chutes de fora, com tanta gente ainda entre a bola e o gol, explodem nos defensores. A força física é colega dos atacantes, mas amiga dos zagueiros, e os 10km ou 11km percorridos em uma partida são suficientes para preencher todos os espaços. E aí saem os gols nos minutos finais, muito jogo decidido no finalzinho, e temos então a percepção de que a Copa ao menos está emocionante. Assim parece porque, ufa, ao menos nos minutos finais alguns times arriscam, deixam algum espaço atrás para ocuparem algum terreno à frente, e o futebol, enfim, acontece.

A Copa do Mundo de 2018 me soou apegada em excesso ao utilitarismo dos placares, desconfiada do talento e disquitada do drible. O drible, aliás, é aquele lance cuja margem de erro, obviamente, é grande, e no jogo de hoje, no qual o contragolpe é um dos raros momentos com espaço para os ataques, driblar, e e depois perder a pelota, pode parecer um pecado, erro grave, comprometedor de todo um plano. Intimidado, o drible volta a enfrentar, de uma outra forma, o pragmatismo de um futebol que, na Rússia, voltou a mostrar sua face cinzenta, pouco criativa e dura. Sim, eu achei a Copa do Mundo da Rússia tecnicamente fraca em campo, e muito ruim ao redor dele, observando os trabalhos dos técnicos das seleções.

As Copas com 32 times trazem sempre algumas babas e algumas delegações caóticas, mas não são delas o peso da análise. A Croácia, três prorrogações, chega à final no limite físico sem mostrar qualquer novidade de outra ordem, e nem era a missão deles, mesmo. A França, por sua vez, deixou a gente entusiasmado pela forma como passou por cima da Argentina, mas passou pelas outras duas fases com gols de bola parada, na segurança defensiva, sem entregar nenhuma fantasia ao imaginário coletivo do jogo. É pragmático e poderia entregar muito mais aos que não cedem ao discurso simplista que versa que o importante é a vitória e ponto. Por isso, e pela Alemanha, e pela Argentina, pelo Brasil na hora H, pela Espanha depois da estreia, pelas ausências promissoras, pela Suécia chegando tão longe sem nada a oferecer, a Inglaterra irritante e tantos outros exemplos, me despeço da Copa do Mundo feliz pela diversão de assistir tudo, mas frustrado com o nível do que vi.

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