Reminiscências no Ajax de Van Gaal

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Por Felipe Bigliazzi

Nos resta agradecer e rogar para que doces corações sigam cruzando nosso malogrado destino. Mesmo com o relacionamento se esvaindo em beijos na Ilha do Governador, Vivian Lise, essa alma pura que aguentou os devaneios de Biglia de la gente por três primaveras, decidiu presentear seu então namorado com a assinatura anual da revista britânica Four Four Two. Uma demonstração de carinho que ajudou um calejante inglês em seu franco cultivo do sotaque cockney. A edição de Abril chegava na caixa de correio com o Gareth Bale na capa em meio a pose patética da nova campanha da Adidas batizada como “Mete a Mala”.Apesar de dezenas de páginas com merchan” barato e o tridente Messi, Suarez e James Rodriguez como protagonista, a Four Four Two deste mês se desenrola com casos soturnos na Guiné Equatorial durante a Copa Africana de Nações, os bastidores de um jogo semi-profissional na torcida gay do Dulwich Hamlet e as sandices de um casal de Hong Kong que morre de amores pelo Aston Villa. Na seção de entrevistas, uma conversa sobre politica e bebedeiras com Bruce Grobbelaar, histórico goleiro do Liverpool. Por fim, nos deparamos com Frank de Boer destrinchando pranchetas na coluna ONE-ON-ONE. Cria do Ajax, o atual treinador do tetracampeão campeão holandês foi peça fundamental no esquema daquele timaço dos anos 90, homenageado na última edição do Meu Time de Botão.Comandado por Van Gaal, o Ajax tocou o céu com um time quase todo moldado em De Toekomst, o centro de treinamentos deste inesgotável celeiro dos países baixos. Louis Van Gaal, então assistente técnico de Leo Beenhakker, assume o time principal do Ajax em 1991 com a partida de seu mentor para o Real Madrid. Logo na primeira temporada, Van Gaal vence a Copa da Uefa contra o Torino de Casagrande. Nessa primeira etapa, o Ajax já contava com seu estandarte defensivo constituído por Danny Blind e Frank de Boer. Sem tanto poder coletivo, o fator de sucesso do Ajax atendia pelo monstruoso futebol de Dennis Bergkamp, artilheiro da Holanda em duas temporadas consecutivas. Eis que, no verão de 1993, Bergkamp partiria para a Internazionale. Van Gaal, com olho clínico e sagacidade mil, começou a remontar a equipe com jovens moldados na base e algumas contratações pontuais. O goleiro Edwin Van Der Sar, o lateral Michael Reiziger e o volante Edgard Davids chegaram ao time principal na temporada anterior diretamente da base. Em 93, foi a vez de Clarence Seedorf e Patrick Kluivert subirem para o elenco principal. Do modesto Willem chegou o ponteiro Marc Overmars. O nigeriano Finidi George e o finlandês Jari Litmanen também foram contratados para esta temporada, mostrando o poder de observação de Van Gaal pelas ligas de menor expressão.

A temporada 93-94 culminaria no primeiro dos três títulos consecutivos da Eredivise. A ideia de jogo consistia numa mutação do clássico 4-3-3 holandês. A Copa de 1990 reafirmou o uso da linha de 3 defensores com o título da Alemanha. Van Gaal pegou o futebol total e desenvolveu um modelo mutante e ultra-ofensivo no 3-3-1-3. A chegada de Frank Rijkaar foi fundamental para o desenvolvimento desta ideia. O mítico meio campista do Milan de Arrigo Sacchi, voltava a seu clube formador em 94 para atuar como líbero ou primeiro volante, alternando na função com o também veterano Danny Blind. A linha de defesa era formada pelos velozes Reiziger e Frank de Boer, com Danny Blind na sobra. Rijkaard regia o time com maestria na cabeça de área, dando liberdade para Seedorf e Davids, que completavam o meio com ímpeto e categoria. Ronald de Boer, assim como seu irmão, demonstrava grande inteligencia tática, atuando ora na meia, ora como ponta de lança. Finidi George e Marc Overmars eram os ponteiros, eclipsando a grande tradição holandesa de atacar pelos lados, sempre com ímpeto vertical e ordem defensiva para acompanhar o lateral adversário até o fim. Hari Litmanen, fechava o losango, sendo a referência técnica e o principal goleador na campanha da tríplice coroa da temporada 94-95.

A consagração dessa geração viria na Liga dos Campeões da Europa em 95.Após bater o Bayern de Munique na semifinal por 5×2, o Ajax chegava a Viena para encarar o duríssimo Milan de Baresi, Maldini e Massaro, comandada por Fabio Capello em sua terceira final consecutiva. Jogo duro, com domínio territorial e de posse do time holandês. A Orejona chegou a Amsterdã nos minutos finais com um gol de puro oportunismo do jovem atacante Patrick Kluivert, que acabara de entrar.

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Frank Rijkaard se aposentou precocemente em 95. Seedorf partiu para o futebol italiano. Na decisão da Copa Intercontinental contra o Grêmio, Van Gaal manteve o esquema 3-3-1-3 com Frank de Boer como líbero e Danny Blind na posição de primeiro volante. Ronald de Boer e Davids completavam  o meio ao lado de Litmanen. Kluivert ficava na referência de área entre as patadas de Rivarola e Adilson. O Grêmio de Felipão foi valente, marcando firme e quase vencendo o jogo em contra-ataques puxados por Arílson, Carlos Miguel e Paulo Nunes. Após um 0x0 movimentado e emocionante, a decisão foi para os pênaltis. Arce e Dinho desperdiçaram suas cobranças, consagrando o Ajax no Japão.
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Na temporada seguinte, o Ajax venceria pela terceira vez a liga holandesa, além de voltar a disputar a decisão da Liga dos Campeões da Europa. Na final, parou no ferrolho da Juventus de Marcello Lippi e nas mãos do goleiro Angelo Peruzzi. Van Gaal ficaria no Ajax até 1997,  quando partiu para o Barcelona com seu lado rabugento e os modelos de jogo inventivo. Um ciclo histórico com 8 títulos, craques revelados e a Holanda posicionada novamente na vanguarda técnica e tática do futebol mundial.
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