Anões

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Por Marcelo Mendez, o gonzo da várzea paulista

Lembro-me de tudo como se tivesse acontecido ontem. Estava atônito, completamente consternado, meio que em transe sem saber exatamente o que fazer. Fui até meu quarto, mexi nas minhas coisas e vi uma foto da Seleção Brasileira de 1982 e chorei. Nos meus 12 anos de idade, aquele momento era o de maior dor na minha tenra vida.

Na minha retina ainda estava clara a imagem daquele terceiro gol marcado por Paolo Rossi contra o Brasil na vitória deles sobre nós por 3 a 2. Um time de sonhos que contava com Falcão, Cerezo, Sócrates, Zico, Serginho, Eder e outros craques havia acabado de perder para a Azzurra por conta de uma coisa que eu começava a ouvir ali e de então passei a ter uma raiva danada: “determinação”.

A partir daquele instante começava uma das maiores falácias de todos os tempos no futebol brasileiro; inicia-se um tempo em que um bando de tecnocratas ludopédicos inventa que, um time de futebol mais plástico, mais bonito, não tinha a tal da “determinação” que segundo estes, havia de sobra em um time duro, truculento, taciturno e triste.

Começa ali o meu desquite com essa Seleção.

Aos 12 anos de idade eu imaginava que alguma coisa aconteceria e eles iam tentar tirar aquela coisa que tanto me encantava. Pois bem…

Tudo isso, na minha cabeça de menino era culpa dessa “tal” de Itália. Dali para frente nunca mais esse jogo passou a ser algo simples para meu amor pelo esporte. Esperei por todas as chances do mundo para ter com eles uma revanche. Torci ardentemente para que tivessem todos os possíveis dissabores na prática do esporte e, inocentemente, imaginei que isso fosse vingar e diminuir um pouco da dor que senti naquela segunda-feira à tarde, de 1982. Não, não foi e jamais será.

O caro leitor que aqui me acompanha há de entender que a dor que senti em 1982 é uma das coisas que faz do futebol o maior dos esportes já criados. Ele é mágico justamente por sua inesgotável fonte de encanto e emoção a cada minuto que se joga uma peleja. O problema é quando os incautos tentam tirar todas essas coisas do esporte…

Vivemos tempos estranhos.

Duros, chatos, intolerantes, absurdos, insanos. Não há mais espaço para a Poesia, para o encanto, não se reserva mais tempo para uma prosa (“me manda um zapzap…”) e um bando de estetas idiotas do chamado new marketing se esforça para nos convencer que de a Poesia é supérflua. Um horror.

E o futebol que não é uma ilha isolada de todo o Cosmo, também se encontra contaminado de todo esse horror. Vejamos a tal da Seleção…

O time que outrora era do Brasil, agora é da CBF. Onde antes havia as emblemáticas figuras de Telê Santana, Vicente Feola, Aimoré Moreira, agora tem o Dunga. Dunga..
.
Dunga é uma espécie de anti-herói sem classe, um personagem estranho. Ao longo de sua vida de volante que jogava de punhos fechados, teve uns bons êxitos. Foi campeão pelo Vasco, jogou em bons times da Europa, ganhou medalha olímpica e quando execrado – injustamente, diga-se de passagem – pela imprensa futeboleira em 1990, teve paciência para esperar quatro anos pra vencer e erguer a taça em 1994.

Dunga tinha tudo para dar a volta por cima. E não deu por que?

Porque ao invés de se comportar como um grande, como um vencedor, como um lendário campeão do mundo, o moço vive com olhos de punhal a fulminar a todos que discordam das suas idéias pra la de ultrapassadas? Simples:

Dunga parou de jogar, mas não tirou a chuteira!

Segue com ela e com todo ressentimento que traz de anos e anos de uma magoa, de uma raiva, de um enorme sentimento de vingança que julga ser necessário para cuidar de sua vida. O time da CBF treinado por ele vai na mesma toada.

Quarta-feira contra Colômbia, o que se viu foi nada. Absolutamente nada. Um amontoado de jogadores perdidos, capitaneados por um jogador genial sim, mas mimado, mimado a ponto de não conseguir entender que por mais belo que seja seu futebol e seus penteados, o mundo não vai girar ao redor de seus milhões de euros vencidos e outros tantos (dizem…) não declarados. Neymar contra a Colômbia foi o fiel retrato desses “novos tempos”.

Tempos em que a dureza tem que prevalecer sobre o bom verbo. Tempos em que todo encanto do mundo não vale mais que três pontos. Tempos de um mundo em crise de tudo, sem mais nada esperar além do que se tem visto por alamedas e outros cantos de cidades aflitas e raivosas.

A seleção da CBF que perdeu na quarta-feira representou tudo isso muito bem. Foi fiel a contemporaneidade de seu tempo. Nem de longe me permitiu sonhar em ser o menino de 12 anos que chorou pelo gol de Rossi. Não, não choro mais.

Após o jogo de quarta-feira, apenas dormi. E muito bem, estranhamente…

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