Central Cine Brasil: Resenha – Ponto Zero

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Ponto Zero: a inquietação do tempo é lúdica

Há quem reclame de trailer que conte demais. Há quem ache que faz parte, é a hora de chamar para o filme, oras. Eu sei lá o que eu acho. Mas quando esbarrei na promoção do primeiro longa do gaúcho José Pedro Goulart, um trecho recortado de algum crítico famoso dizia que ‘Ponto Zero é um OVNI no cinema brasileiro atual’. A sacada do montador, causada pelo impacto da frase, me atormentou durante toda a sessão. Um bom incômodo.

Goulart é um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre e, ao lado do conterrâneo Jorge Furtado, lançou curtas famosos como O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, que está completando três décadas. Mas se o diretor de 56 anos demorou para aparecer, só agora, com seu primeiro longa-metragem, o tempo parece seu aliado: é o amadurecimento, a insólita passagem dos dias na vida adolescente, quem também acompanha o protagonista Ênio (Sandro Aliprandini).

O pai (Eucir de Souza) é o jornalista que trabalha até tarde numa rádio, ausente, de difícil carinho; a mãe (Patrícia Selonk) é quem sofre com essa instituição distante, de pratos à espera do jantar familiar que lhe escapa. E o garoto, na faixa dos 14 anos, é o que apanha na porta da escola, toma leite à porta da geladeira e encara a puberdade com masturbação tímida.

Mas aí vem a grande sacada de Ponto Zero: o lúdico. Diferente de outros tantos filmes que retratam crises de famílias da classe média – adolescência, drogas, sexualidade, traição etc -, aqui Goulart estica as possibilidades de imagem ao fazer o garoto acordar numa cama desprotegida da casa, ou então invertendo as posições do céu e do chão. Nessa confusão visual, a própria existência de Ênio se confunde com ele saindo para passear de bicicleta e se deparando com uma cidade andando para trás, ou com a indiferença ao percorrer os apertados corredores do colégio e da sala de aula também em cima da magrela.

Melhor montagem e melhor som do Festival de Gramado de 2015, Ponto Zero, em cartaz em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, combina a robustez dessas saídas figuradas sem perder o clima de narrativa simples, natural. E diferente, sem tantos irmãos no cinema nacional que chega à sala ao lado.

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