Osorio vs Empáfia

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Por Felipe Dominguez

“O Brasil não precisa de um estrangeiro. Mesmo porque ele não entenderia as nossas peculiaridades, a nossa cultura. Além disso, já conquistamos cinco Copas do Mundo com técnicos daqui” PARREIRA, Carlos Alberto (26 de Novembro de 2012)

Ceticismo e esperança, elementos tão próprios da idiossincrasia brasileira,  marcam a chegada de Juan Carlos Osorio ao São Paulo F.C. Um treinador que impacta, muito mais do que seu currículo acadêmico e a experiência como membro da comissão técnica de Kevin Keegan no Manchester City, por ter conseguido fazer com que o Atlético Nacional de Medellín – com todas as suas limitações econômicas em relação aos clubes brasileiros e argentinos – desenvolvesse o futebol mais atrativo do continente, com um jogo de toque, possessão, pressão constante, que devolveu o quadro Verdolaga às grandes instâncias continentais e ao protagonismo irrestrito do futebol colombiano. Foram 6 títulos em 3 temporadas: Superliga 2012, Copa Colombia 2012, Apertura 2013, Copa Colombia 2013, Torneio Finalización 2013 e Apertura 2014 que o colocam como o DT mais exitoso da história do clube mais popular do país vizinho, sendo agraciado com a cumbia abaixo.

Um técnico que ama o jogo e fala de futebol de forma franca, como pudemos apreciar na entrevista concedida ao jornalista argentino Juan Pablo Varsky no programa Puro Concepto , em Abril deste ano, quando o Atlético Nacional viajou para a Argentina para enfrentar o Estudiantes de La Plata na primeira fase da atual edição da Copa Libertadores. El Profe Osorio, em quase 50 minutos de charla, explana seus métodos de trabalho, sua ideologia de jogo, a analise de grandes treinadores e equipes do futebol mundial, relatando experiências pessoais junto a Marcelo Bielsa, Alex Fergusson e Louis Van Gaal,  além de repassar detalhes táticos de seu ciclo no Nacional de Medellín.

O Tricolor do Morumbi, como nenhum outro clube brasileiro, sustenta uma rica história com treinadores estrangeiros. Como não remeter as longas explanações de Seu Mario Bigliazzi, que escalava de Poy a Gino Orlando, o esquadrão que conquistou o Campeonato Paulista de 1957 sob o comando brilhante do húngaro Béla Guttmann. O treinador veterano era um dos representantes e pensadores do 4-2-4 que dominou o mundo na década de 50, imortalizado pela seleção húngara dos Mágicos Magiares e que  inspiraria Vicente Feola a desenvolver tal esquema tático pela seleção brasileira no Mundial da Suécia. Falamos de Poy e não há como deixar de mencionar o goleiro tetracampeão paulista, que conduziu o tricolor tecnicamente de forma marcante no Paulistão de 1975, tendo como referente El Verdugo Pedro Rocha e abrindo espaço para as pratas da casa Serginho e Muricy.

O português Jorge Gomes de Lima, o popular Joreca, foi outra peça fundamental na trajetória do São Paulo, quebrando o jejum em 1943, quando a moeda passaria a ficar de pé constantemente, e arrematando com o bicampeonato de 1945-6. O ultimo grande trabalho de um estrangeiro na casamata do Morumbi veio sob o interinato do chileno Roberto Rojas. El Condor carimbaria o passaporte para a Libertadores após 10 anos de ausência, alcançando a terceira colocação no Brasileirão 2003, a primeira edição do campeonato no formato em pontos corridos.

El Recreacionista utiliza métodos pouco convencionais  e terá de conviver com o rotulo de “Professor Pardal” – tal qual Paulo César Carpegiani em suas duas passagens pelo CT da Barra Funda – em momento negativos, visto que o nosso universo futebolístico segue viciado ao estilo conservador dos treinadores brasileiros.  Osorio, diferente de todos os comandantes da Série A, não possui um sistema fixo em seus times – variando do 4-3-3 aos 3-4-2-1 –  clamando por jogadores polivalentes e com troca constante de posição.

Juan Carlos Osorio representa uma possibilidade de amadurecimento argumentativa na imprensa esportiva, esta que desdenha da inteligência alheia, quase sempre voltada ao show, as polemicas e ao vazio da discussão sobre o que realmente acontece em campo. Este que é o sintoma mor do ostracismo moral do ludopédio brasileiro após o famigerado 8 de Julho de 2014.

Vários dilemas em um universo onde planteis continuam derrubando treinadores, onde Ricardo Dubrscky é demitido após 7 jogos, onde Luxemburgo é cogitado em qualquer clube grande apesar de 10 anos de decadência, onde os cartolas seguem dando as cartas por critérios políticos e financeiros, para não dizer outros disparates que vivenciamos todos os dias nos noticiários. Enfim, Osorio aparece como uma alternativa contra a mediocridade e a prepotência natural do futebol pentacampeão mundial.

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