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Ex Libris #22 Brasileiros Contemporâneos

Brasileiros Contemporâneos, com Ronaldo Bressane

“O escritor é habitado por um imã que catalisa personagens, temas e histórias”, declarou Ronaldo Bressane no 22o episódio do Ex Libris. Escritor, jornalista e professor de escrita criativa, Bressane  acaba de lançar o romance “Escalpo” e conversou com Gê Martins e Pri Fernandes sobre processo criativo, inspiração e o escrever sobre o próprio tempo.

Bressane fez parte da Geração 90, grupo de escritores que estrearam na literatura nos anos 90. Além de “Escalpo”, o paulistano já publicou o livro de poemas “Metafísica Prática”, o romance gráfico “V.I.S.H.N.U”, o infanto-juvenil “Sandiliche” e o livro de contos “Céu de Lúcifer”.

O episódio também conta com o poeta Gabriel Felipe Jacomel, que nos brinda com o poema “Inspirar”, do livro “Deflora”.

Para ouvir, basta clicar no player abaixo. Bom episódio!

 

foto: Alex Silva

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São José e o direito à honra

Por Leandro Iamin

Conheci o Lucas por causa do Palmeiras. Tantas interações virtuais depois, tínhamos em comum, mais que o clube do coração, o outro clube do coração, da cidade do nosso coração. O São José Esporte Clube, enfermo em um abafado leito onde tantos morrem, se tornou nosso assunto particular. As coisas só pioraram desde então, com o rebaixamento à última divisão estadual, o que, levando em conta as chances de, subindo os degraus, alcançar a Serie D nacional, pode ser considerada a oitava ou nona divisão do futebol brasileiro.

O São José jogava tudo neste último domingo, 3 de setembro, 10 horas da manhã, contra o União Mogi, a Serpente do Tietê, que vencera o jogo de ida e tinha o empate e uns trinta torcedores à seu favor. Ou vencia e seguia em marcha para a possante terceira divisão paulista, ou perdia a vaga e ficava sete duros meses sem atividade oficial. Mas, mais que isso, jogava pelo detalhezinho pouco lembrado que eu sempre relembro para os esquecidos: o direito à honra.

Não é só o time grande de primeira divisão e milhões de seguidores que tem direito ao estilo de vida próprio, ao orgulho de ser o que é, ao amor apesar de qualquer situação. O XV de Jaú, tão tradicional, está na mesma divisão do São José, se despediu antes da competição, e continuam por lá pintando a cidade de verde forte e amarelo vibrante como se nunca tivessem abandonado os dias de glória – e não abandonam mesmo, a glória consiste em vencer o elástico do tempo, a glória é uma coisa que fica. Então, que bom ver os arredores do estádio de São José dos Campos pintados de azul e amarelo, ambulantes aos montes, padaria lotada, botecos também, vendedor de bandeira, de chapéu, polícia preocupada, rojões espoucando no céu, mensagem para o primo na Dinamarca relatando aquela beleza, um jogo de futebol acontecendo de verdade, não um exercício futebolístico de sobrevivência como de costume.

Ou seja, tudo que também tem nos jogos do Palmeiras, ou do Flamengo, ou do Bahia. E nessa hora não cabe nem importa a comparação. O sal do mar está, igualmente, em uma colher de água do mar ou em um balde. Duas lágrimas salgadas saíram de mim semanas atrás, ouvindo pela rádio o gol que habilitava a Águia do Vale a passar de fase. Foi de ternura, de lembrar dos cheiros da cidade, que tinha tanta terra e hoje é tanto concreto, e de esperança em ver um jogo com casa cheia, e não importa que caibam 70 mil pessoas no Morumbi, cerca de 4.000 pessoas é casa cheia para alguém, e casa cheia é casa cheia na mansão ou no puxadinho. Ontem, domingo, quando vi que Lucas chorava, não duas lágrimas, mas duas dúzias delas, não me leve a mal, amigo, mas senti algo realmente bom – no fundo, exatamente o que procurava ao pegar a estrada com a namorada tão parceira às sete da manhã.

Sentir que alguém ainda chora muito por uma derrota de um time que o futebol brasileiro já virou as costas, a própria cidade já tentou matar e que não pode prometer a menor alegria ou protagonismo ao torcedor me reconecta com valores muito caros do futebol que eu acredito cada vez que, do Palmeiras, cobro um futebol bem pensado e jogado mesmo sabendo que o futebol é, em essência, praticado por 99% de times incapazes de entregar estética, arte, sonho. Ops. Estética e arte, consequências de talento e treino, estrutura e tempo, sim, de fato, nem nas primeiras divisões dos países a gente encontra mais do que quatro ou cinco times capazes disso – imagine na quarta divisão de um estado. Sonho, porém, é outra coisa. Ele não depende de garantias, e pode estar mais presente na ralé do mundo do que nas naves espaciais que chamam de estádio. A gente sonha porque sonha, não porque faz sentido.

Lucas chora pelas fotos de criança no estádio que passou a semana, ansioso, olhando, pelos sete meses sem jogos que farão a saudade ganhar proporções imensas, pela incerteza de qual São José ele vai encontrar quando estes sete meses passarem, pelo hábito que lhe será negado todo este tempo, mas não chora exatamente porque perdemos um jogo de futebol – e eu também não estava lá exatamente por isso. O São José, que o Lucas ama e eu adoro, teve uma manhã de sol muito esperada e merecida. Se não deu certo, qual é a novidade? É uma pena, mas existe mais em jogo do que o placar aponta. Sempre.

Do Lucas, ganhei um adesivo do São José, que, ao colar em minha geladeira, sofreu um pequeno rasgo. A cicatriz até que caiu bem. Quando a asfixia das grandes obsessões por títulos mundiais e interplanetários me tirar ainda mais a capacidade de olhar pra baixo e ver o futebol com os (meus) pés no chão, eu ligo o rádio, ou o site, ou pego a estrada, e reencontro o São José. E se o São José não tiver jogo marcado, a gente tenta resistir. Necessário, o São José.

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Conexão Sudaca #141 Sete Seleções

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Fecha 15!

A combinação de resultado da última rodada das Eliminatórias para Rússia 2018 fez com que a distância entre a vice-líder Colômbia para o 8º colocado Equador ficasse em 5 pontos, faltando 3 partidas para o término. Ou seja, 3,5 vagas – pensando na Repescagem com a Confederação Asiática de Futebol – entre 7 países que seguem sonhando com o bilhete para Copa do Mundo.

Destacamos positivamente a vitória paraguaia de visitante no Chile, com direito a narração do terceiro gol guarani no quadro Qué Lindo Es El Fútbol, e negativamente a postura editorial do jornal carioca Extra em relação ao goleiro Alex Muralha, do Flamengo.

Também recordamos os 15 anos da primeira partida da Copa Sul-Americana, no duelo venezuelano entre Deportivo Táchira e Monagas Sport Club, com vitória dos Guerreros del Guarapiche que enfrentariam o futuro campeão San Lorenzo na fase seguinte.

Na banda sonora, a homenagem da banda uruguaia Los Oxford aos argentinos do Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota e a parceria do Xemalami, direto do Grajaú, com os parces do KNC, representando o rap colombiano.

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Xadrez Verbal #109 Angola

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CRISE DOS MISSEIS NA COREIA DO NORTE, DESASTRES NATURAIS PELO MUNDO

Kim Jong Un segue mexendo suas peças no complicado tabuleiro do Mar da China, mas calma ouvinte! Não é sinal de que a Terceira Guerra Mundial está prestes a acontecer. Ainda no hemisfério norte, passando por África, Ásia e América, uma série de desastres naturais deixou um rastro de vitimas e diversas inquietações entre os climatologistas.

Para falar sobre os impasses na eleição angolana, convidamos novamente o Prof. Daniel Sousa, que fez um breve resumo da história recente do país em paralelo com sua trajetória familiar, além da analisarmos os números e as denúncias de fraude por parte da oposição.

Também giramos por Argentina, França, Guatemala, Haiti, Iraque, Sri Lanka e Venezuela com direito a um Breaking News no Quênia, abrindo o mês de setembro, além de um Menino Neymar que desconhece os cinco países que formam o BRICS e a nossa reverência ao maestro Wilson das Neves, que nos deixou no último sábado (26/08).

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Travessia #80: Carros

O automóvel é um dos grandes sonhos de consumo e símbolo de status social. Foi cantado na música brasileira para o bem e para o mal.

Nesta edição:

— Roberto Carlos
— Ronnie Cord
— Rossini Pinto e Renato e Seus Blue Caps
— Wilson Simonal
— Toni Tornado
— Os Brazões
— Raul Seixas
— Almir Rogério
— Skowa e a Máfia
— Camisa de Vênus.

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Dibradoras #91Helena Pacheco

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Da-lhe Helena!

Neste podcast falamos com a mulher que revelou a jogadora Marta para o mundo. Nossa convidada foi Helena Pacheco, ex-jogadora de futebol do inicio dos anos 80 e ex-treinadora do Vasco da Gama.

Helena, que começou sua trajetória no esporte jogando vôlei, nos contou como foi sua migração para o futebol onde defendeu a lendária equipe do Radar do Rio de Janeiro e como se preparou para atuar como técnica. “Fiz faculdade de Educação Física, mas naquela época, mulheres eram proibidas de escolher o futebol como área de atuação. Me especializei nos Estados Unidos e foi ali que eu vi o que era o futebol feminino de verdade”, afirmou.

Helena também citou a falta de espaço e de oportunidade que sempre enfrentou para trabalhar com a modalidade no Brasil. “Nunca sofri preconceito por trabalhar com futebol por parte de ninguém, somente da CBF. Nunca me foi dada uma chance para atuar na comissão técnica de uma seleção e na Olimpíada de 2000, eu fui até Sidney com o apoio do Vasco da Gama, que era meu clube na época, e me bancou para que eu pudesse ver como funcionava um torneio olímpico”.

Durante a conversa, a treinadora relembrou a chegada de Marta para o teste no Vasco da Gama e nos contou que, mesmo sem vê-la em campo, percebeu que a jogadora tinha um grande diferencial. “Nos olhos dela, era possível ver que tinha raiva da vida. Era uma menina muito tímida, calada, mas era muito habilidosa. Canhota, sabia o que fazer com a bola nos pés”. Além do talento, Helena nos disse que ela tinha uma grande qualidade que era “saber escutar” os conselhos que recebia.

Do Vasco para a Suécia, Marta viu sua vida mudar. Helena contou que deu todo apoio para que a transferência fosse, de fato, positiva para a atleta. “Quis saber quem era a pessoa com quem estava falando, quando ia, o que ia ganhar e etc…”. Em entrevistas, Marta sempre agradece o apoio que recebeu de Helena quando perguntada, inclusive citou a ex-treinadora em sua carta pessoal que viralizou pelo mundo.

O papo foi bem bacana, pode conferir!

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Trivela #142 Brasil 2 a 0

O podcast Trivela foi gravado de forma especial na manhã de sexta-feira para tratar da vitória da seleção brasileira, das eliminatórias para a Copa e do mercado de transferências. Vem com a gente!

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Cine #70 João, o Maestro

O Central Cine Brasil desta semana, chegando ao número #70, conversou com Paula Barreto, produtora do filme ‘João, o Maestro’, que retrata a história do pianista e maestro João Carlos Martins. Paulo Junior, Lucas Borges e Murilo Costa também debateram as cinebiografias nacionais e os resultados do Festival de Cinema de Gramado. Vem com a gente!

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Botão #124 Copa do Mundo 1938

A Copa de 38 não é tão lembrada como deveria. O buraco que a segunda guerra mundial causou entre as Copas contribui para isso, e o mundial disputado na França, já vivendo tempos de guerra, foi usado como propaganda de regimes políticos de alguns países. Competição alvo de boicotes de seleções como Argentina, Uruguai e Inglaterra, ficou sem a Espanha, em guerra civil, Japão, em guerra com a China, e Áustria, anexada à Alemanha 3 meses antes.

Paulo Junior e Leandro Iamin contam as histórias desta Copa, dentro e fora de campo, e relatam a saga brasileira até um importante terceiro lugar, liderados pelo artilheiro Leônidas, que até gol descalço marcou. Um regulamento controverso e emocionante, jogos de muitos gols e histórias de um futebol que hoje parece mentira.

Está tudo no ar!

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Vaidapé na Rua #18

O papo do #VaidapéNaRua na Central3 falou sobre diversos acontecimentos que vem tomando conta das manchetes do noticiário brasileiro e outras que tem tido menos atenção, o tradicional time da Vaidapé ainda contou com a presença do grande jornalista Leandro Iamin.

O debate questionou a criminalização do gênero funk, falou sobre o evento Estéticas da Periferia, a situação atual da Floresta da Amazônia, entre outros temas no estúdio da Central3!

Também teve a Coluna Se Liga Meu, do Cacá Tibério que botou fogo na discussão, o DJ Pae Vito com o lançamento do rapper Black Alien e o ancião Mano Próximo lembrou do motim das mulheres em Mossoró (RN), em 1875.
IESSS

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O Brasil é muito grande, suas desgraças

Sabe quando a manchete indica que o outro time perdeu, e não que o seu time ganhou? Então, é sobre isso

*Por Irlan Simões

Não se trata de vitimismo ou corrida desesperada por algum protagonismo. A verdade é que isso tudo cansa o torcedor da banda de cima do mapa.

A ignorância da qual vamos falar passa pouco de mera questão de preguiça – logo esse problema que tanto nos imputaram, principalmente quando precisavam explicar as discrepâncias econômicas causadas pela concentração política que marca esse país muito antes do futebol chegar aqui – nessas bandas subdesenvolvidas do globo terrestre.

Essas discrepâncias econômicas, se não tudo, explicam parte considerável das desigualdades geográficas e financeiras que atingem nosso futebol. Porque há de ser muito raso o sujeito que realmente acredita que “grande” e “pequeno” são valorações formadas por alguma vibração sobrenatural emanada pela torcida ou construída pelas forças místicas dos estádios-santuários do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Tudo não passa de uma questão básica: cidade é lugar de empilhamento de carne de gente, ferro de máquina e pedra de prédio. Quanto maior a cidade, mais dinheiro circulando em atividades centrais e respingando para atividades secundárias, como o futebol.

O “grande” clube apenas nasceu no lugar certo, no período histórico certo e contou com a ajuda política necessária para que enfrentasse os concorrentes locais. E na pirâmide das metrópoles nacionais, a relevância do poder local fez-se presente para garantir o apoio estatal crucial para a sobrevivência dessas relevantes instituições. Sim, seu time foi ajudado pela Ditadura Militar em algum momento. Caso não fosse, estaria de portas fechadas.

É apenas isso que explica quem é grande e quem é pequeno. Se você não acredita, boa sorte, volte a ler crônicas esportivas como retratos da realidade. Mesmo sabendo que um amigo pessoal de Nelson Rodrigues já tenha revelado ao mundo que sua miopia não permitia enxergar o que acontecia no meio do campo do imenso Maracanã. Era tudo inventado.

Mas sigamos. Essa valoração fictícia tem efeitos reais no funcionamento das coisas. Concentra maior público e mais dinheiro, atrai mais anunciantes, justifica cotas televisivas sete vezes maiores entre um clube e outro, justifica patrocínios estatais seis vezes maiores entre um clube e outro, mobiliza mais meios de imprensa, agita discussões e, principalmente, interfere na organização do próprio futebol em si.

É isso que mais preocupa o torcedor “do Norte”. Porque mesmo quando superadas todas as questões externas ao campo do jogo, ainda vamos encontrar outros tantos tipos de problemas. A começar pela exposição do erro de um arbitro, e a pressão que isso acarreta nos seus trabalhos futuros.

Por que? Experimente observar a repercussão de um erro da arbitragem num jogo entre clubes ditos médios do futebol nacional, como Sport, Coritiba ou Goiás (para deixar de tratar apenas do Nordeste). Pergunte aos torcedores desses clubes se alguma vez, desde que absolutamente todos os jogos do certame nacional passaram a ser transmitidos ao vivo, algum juiz ou bandeirinha levou o famigerado “gancho” por ter cometido algum erro num jogo dos seus times.

Se você torce para algum dos grandes clubes do Rio e SP, você já viu isso acontecer com erros cometidos contra o seu time. Já viu, sim. Nós todos sabemos, porque observamos. E isso igualmente não ganha repercussão porque é assim que as coisas costumam funcionar no futebol brasileiro. É a pauta.

 

*Irlan Simões é jornalista e pesquisador do futebol. Comenta no Baião de Dois, aqui na Central 3. É autor do livro “Clientes versus Rebeldes – Novas culturas torcedoras nas arenas do futebol moderno” (www.facebook.com/clientesversusrebeldes).

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