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Mesa Oval #68 Rugby Para Todos

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Judão #83 Precisamos Falar

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O ASTERISCO

Se tem uma coisa que a gente fala muito e não cansa de repetir é que representatividade importa. Poder se reconhecer num filme, série, livro, história em quadrinhos só faz bem pro mundo.

O problema é quando você se reconhece ou acaba sendo forçado a se reconhecer como a piada, como o objeto, o que é errado… as consequências podem ser bem sérias. Não é engraçado, não é mimimi, não é o mundo ficando chato.

Partindo de um personagem como o Ned, de Homem-Aranha: De Volta ao Lar, ao Ronnie de Baywatch, o ASTERISCO, o programa, podcast, talk show, o que você quiser sobre cultura pop e adjacências do JUDAO.com.br discute o que a cultura pop faz com as nossas cabeças por conta dos nossos corpos com a jornalista Mirian Bottan, que durante mais da metade da sua vida sofreu com transtornos alimentares e hoje faz um trabalho muito legal de conscientização e apoio pra quem precisa.

Foi um dos papos mais interessantes e gratificantes que fizemos entre esses OITENTA E TRÊS episódios. Aperte o play! 🙂

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Desta China eu gosto, Montillo

Por Leandro Iamin
A China de muitos brasileiros foi o “pezinho de meia” na entrevista de despedida, a “oferta irrecusável” transmitida pelo assessor, o “até breve” ao torcedor acostumado ao desaforo de quem parte com a certeza de que terá a porta aberta quando voltar. Certeza que já nem ofende mais, o cara ganha 100, vai pra ásia ganhar 1.000, poxa, dez vezes mais!, mas quando volta pede 500. A China era o pezinho de meia, mas ninguém volta ganhando menos do que ganhava quando partiu, né? Exigências irrecusáveis.

Essa China, de muitos brasileiros mas não só deles, também é a China da fuga dos cansados, aqueles que sentem vergonha do 7×1 e preferem viver em um país onde são analfabetos, consagrando a discutível máxima de que a ignorância é uma benção. Correm para lá por acharem que a fantasia de uma liga com traços artificiais pode poupá-los da realidade, das satisfações que o público exige, das coisas que são do futebol desde sempre. Afinal, quem sustenta o jogo é quem por ele sofre, e os que sofrem são os mesmos que aplaudem, você não pode querer o aplauso e fugir da lágrima. O beijo é a véspera do escarro, mas o futebol não tem mais paciência para nenhum ciclo. Má fase é transferência e pronto. Dificuldade é motivo de fuga e acabou. Pagando o que a China paga para te blindar do mundo? Perfeito.

Esta é a China que usa um dinheiro incontável e sem procedência clara, e que não consegue, nem assim, elevar o futebol local a um status mundialista. Com 32 vagas pra Copa, a China dificilmente chega nela. Entre os inúmeros atletas ocidentais levados para lá antes das regras mudarem, um deles foi Walter Montillo. Argentino que teve que sair do país para brilhar de verdade, no Chile, onde entortou o Flamengo e chamou a atenção do futebol brasileiro, esse futebol que só enxerga alguém quando este alguém entorta algum brasileiro. Montillo trocou de mercado, patamar, passou a jogar em um país com salários bem mais altos que os praticados no Chile. Já sabia, creio, a sorte que havia dado – e sorte aqui não tem a ver com acaso.

Montillo é o único destas bandas que foi coerente com a narrativa de que era um pezinho de meia, um até breve e uma oferta irrecusável. Quando seu time, que não sei o nome mas vestia laranja, veio para o Brasil disputar amistosos, Vagner Love e Boi Bandido eram os brasileiros do ataque ao lado dele. Tardelli foi para lá também, rolou um debate sobre limite de estrangeiros, o time teria de se livrar de alguém, e Montillo chegou a ser o alvo da dispensa. Pediu para ficar. Seu filho, que inspira cuidados especiais, estava adaptado em uma escola especial por lá, e ele não queria causar essa ruptura à rotina do rebento. Foi por inteiro, para cumprir um contrato assinado junto de um plano pessoal envolvendo a família. É como deveria ser sempre.

Ao encerrar sua carreira logo após a quinta lesão em meio ano de Botafogo, Montillo tomou a rara decisão de abrir mão de dinheiro, e não foi pouco. O papel assinado na China lhe causou prejuízo emocional, mas ele cumpriu, foi para lá por dinheiro, não por emoção, levou a família sob este argumento, segurou a onda dele, da esposa e dos filhos, do ponto de vista profissional com o qual Montillo enxerga a carreira não fazia sentido sair, ainda que o clube quisesse. O papel que assinou no Rio de Janeiro lhe causou prejuízo financeiro, ao passo que ele optou por rasgá-lo. O segundo papel só existe por causa do primeiro. Foi à China para ganhar moedas, e ao Rio para ganhar memórias. De quê adiantaria ganhar moedas no Rio? Pra quê ter prejuízo emocional, em uma maca, se já viveu seu tempo de espera do outro lado do mundo? O pé de meia já foi feito, o Botafogo servia para outra coisa.

Mas não custava nada ver o contrato correr e os depósitos caírem todo dia cinco, né?

Para muitos, não, e em muitos clubes, se querem saber, era o que tinha que ser feito. Neste Botafogo, não. Uma semana antes, reportagem maravilhosa sobre Roger, o centroavante cuja filha, cega, tinha o sonho de “ver” um gol do pai. Roger faz parte do time de Pimpão, Lindoso, Gatito, Camilo Coalhada, time que seria rebaixado ano passado mas, sem investimentos, com um técnico filho de ídolo e estreante, chegou à Libertadores, tendo que passar por duas eliminatórias decidindo fora de casa contra campeões, depois caindo no grupo da morte com o atual campeão, tudo isso acumulando jogos e lesões, mas mantendo um futebol agradável de ser assistido. Este Botafogo é relacionamento, é grupo que não se forma todo dia, tem algo diferente nele e agora, com o que Montillo fez semana passada, entendemos um pouco melhor do que se trata.

Se for para tomar decisões com o coração, tratando o Botafogo ou qualquer outro time com o respeito que ele merece, sendo franco com todos ao redor e se propondo a algum prejuízo, sendo grato e honesto com o futebol, aí então eu apoio que qualquer jogador vá para a China fazer o tal do pé de meia.

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It´s Time #34

Neste episódio 34 do podcast It’s Time, diversos assuntos foram abordados.

Um resumo do que aconteceu no site durante a semana abriu as discussões, especialmente sobre os 20 anos da luta da mordida de Mike Tyson contra Evander Holyfield, além do maior ensinamento que a derrota do super prospecto Aaron Pico pode dar ao confronto entre Floyd Mayweather e Conor McGregor.

A equipe discutiu o UFC Oklahoma, que aconteceu no último domingo de junho, além do Bellator 180, que aconteceu em Nova York.

Por fim, uma prévia do que virá pela frente no lotado mês de julho no UFC.

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Zé no Rádio #15 João Saldanha, 100

O podcast Zé no Rádio da semana foi especial: uma homenagem para João Saldanha, amigo de José Trajano, nascido há 100 anos em 3 de julho de 1917. Participam do papo, além de Paulo Junior e Leandro Iamin: Thereza Bulhões, ex-esposa de Saldanha e autora do livro ‘As Feras do Saldanha’; João Máximo, jornalista; César Oliveira, organizador do livro ‘As 100 Melhores Crônicas de João Saldanha’, lançado nesta noite; e André Iki Siqueira, biógrafo e diretor de filme sobre João Saldanha. Se liga:

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Pernambuco, a vergonha do Nordeste

*Por Anderson Santos

Depois de anos com o lenga-lenga de ameaçar sair da Liga do Nordeste caso não tivesse seu mimimi elitista atendido, finalmente Náutico e Sport anunciaram o rompimento na última sexta-feira. Se os boatos geraram uma célebre frase no último Baião de Dois nesta Central 3, a confirmação gerou uma revolta de nível bélico no conselho editorial do programa, com uma decisão: guerra a Pernambuco!

A nova fórmula apresentada para 2018 tentou dirimir um dos problemas do torneio nos últimos anos. No formato de 20 times, sempre aparecia um ou mais casos de sacos de pancada (vide Uniclinic na edição deste ano), assim o número foi diminuído para 16, considerando ainda que a partir de 2019, para garantir que times “grandes” não ficassem de fora, as vagas fixas serão definidas pelo ranking da CBF, ponto este que discordamos, mas daria maior atratividade a cada disputa em campo – este ano o Ceará, que foi eliminado nas quartas de final do Cearense do ano passado e, logo, não poderia participar da CNE, resolveu aderir à Primeira Liga, mas você sabe que esse torneio está sendo disputado?

Os três de Pernambuco foram contrários, devido à perda de uma vaga direta (mantém as outras duas para campeão e vice), mas ficaram isolados e perderam dentro da Liga. E o que se faz num país como o Brasil quando se perde algo? Dá-se um golpe!

Os clubes reclamam de uma maior cota, pois ganham mais no fixo dos direitos de TV do Pernambucano que ao participar da primeira fase do torneio nordestino – ainda que possam ganhar bem mais se avançarem. Na cabeça bairrista pernambucana, seus times são, junto aos da Bahia, os principais Estados do Nordeste e seria por eles que existe o torneio, logo deveriam ter mais vagas e mais dinheiro que os outros, numa reprodução irritante da espanholização do futebol nordestino, que sumiu da Espanha por decreto legal, mas cresce a olhos vistos no Brasil.

Mais revoltante nisto tudo é que os mesmo times que reclamam de vez em quando da desigualdade nacional nos acordos contratuais da Globo no Brasileiro são os que querem reproduzi-la num torneio criado para destacar os clubes da região– e muito atacado historicamente pela oligarquia do futebol brasileiro, de CBF a Globo e, especialmente, pelas federações estaduais.

Os times pernambucanos entraram na onda de Evandro Carvalho, presidente da federação de seu estado, que vem sendo o grande crítico da Copa do Nordeste nos últimos anos, defendendo o seu quinhão, o Campeonato Pernambucano, que, como todos os Estaduais locais, divide, especialmente nos últimos 3 anos, as datas do primeiro quadrimestre com a CNE.

Vale lembrar que o Sport não quis participar da edição de 2010, após acordo judicial da Liga com a CBF para o retorno do torneio após o corte do único regional de sucesso do país em 2003, de forma unilateral. E não custa lembrar que seu então presidente, Luciano Bivar, fora presidente da Liga no início dos anos 2000, com os pernambucanos fazendo parte da mesma por discordarem da FPF. Quanto ao Náutico, não conseguiu ficar sequer em 3º lugar no Estadual e faz uma das piores campanhas da história dos pontos corridos na Série B do Brasileiro. O Santa Cruz ainda não se pronunciou, depende de decisão do conselho deliberativo, e, por enquanto, enfrentará o Itabaiana-SE no Pré-Nordestão.

Pernambuco tenta levar Bahia e Vitória juntos, mas o primeiro é parceiro do Esporte Interativo na TV fechada e se negou a perdê-lo. O intuito deste grupelho agora é criar uma nova liga com o que consideram ser a elite nordestina, 8 clubes – e uma segunda divisão também de 8 clubes. O típico processo de menino mimado dono da bola que, ao perder o jogo, a pega e leva para casa. Com a diferença primordial que a CNE é um produto excelente também em outros Estados considerados “menores” por eles – vale lembrar que os dois times de Sergipe passaram para as quartas de final deste ano e os públicos dos dois clássicos entre CSA e CRB na primeira fase do torneio.

A saída da Liga não significa necessariamente a do torneio – preferimos até publicar este texto antes da coletiva dos presidentes de Sport e Náutico para não saber a decisão. Mas, já que querem sair, que saiam, mas não voltem nunca mais! Façam um viaduto da arena de São Lourenço da Mata, já que é para ficar na “modernidade”, para Rio de Janeiro e São Paulo! Espera-se que os outros times do Nordeste não só não entrem nessa onda, como tentem fortalecer a CNE. Que Pernambuco pague pela decisão tomada!

 

*Anderson Santos é professor da Universidade Federal de Alagoas, jornalista e mestre em Ciências da Comunicação.

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Conexão Sudaca #132 JP Mendez

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Olé!

Estabelecemos contato mais uma vez com o jornalista de longa-data do diário esportivo Olé, que trouxe sua visão dos últimos acontecimentos no fútbol.

Também comentamos as seis partidas que deram início aos 16-avos de Final da Copa Sul-Americana, celebramos o 21º título boliviano do Club Bolívar e recordamos o último Clásico de Belgrano, entre Defensores e Excursionistas, com a presença de ambas hinchadas.

Na banda sonora, o último lançamento da banda uruguaia Pecho E’ Fierro e os 15 anos da Masacre de Avellaneda na voz de Jorge Fandermole.

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Xadrez Verbal #101 Srebrenica

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PUTIN E TRUMP TEM ENCONTRO AGENDADO PARA SEMANA QUE VEM, AMEAÇA GOLPISTA SOBREVOA CARACAS

No centésimo primeiro programa, contamos com o retorno da professora Ana Luisa Demoraes Campos. Ela nos explica com detalhes a notícia de que os Países Baixos foram condenados em relação ao Massacre de Srebrenica, na Bósnia, em 1995.

De lá vamos aos EUA, Donald Trump teve duas vitórias, uma na Suprema Corte, sobre sua política migratória, e outra na imprensa, com a demissão de jornalistas da CNN.

Na nossa vizinhança, repercutimos eventos na Argentina, Bolívia, Colômbia, México, Uruguai e, principalmente, Venezuela, além da decisão de Michel Temer de se ausentar do encontro do G20, semana que vem na Alemanha.

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Lado B do Rio #24 Virgínia Fontes

Nesta semana, os panelistas batem um papo com a historiadora Virginia Fontes. Na pauta, a elite e as burguesias brasileiras e sua vertente golpista e cruel contra a classe trabalhadora.

Também a política de austeridade aplicada no país e no Rio de Janeiro. Sobrou tempo para um esculacho duplo no conspirador Michel Temer e no senador golpista Romário.

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Dibradoras #83 Dia do Orgulho LGBT

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Orgulho!

Aproveitamos o dia do Orgulho LGBT (28 de junho) para falar sobre um assunto mais do que necessário: a presença da comunidade LGBT no futebol e no esporte. Gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais também têm direito de viver o esporte como qualquer um, e os atletas e clubes têm papel fundamental no combate à homofobia em todos os aspectos.

Neste programa especial, falamos com a jornalista Milly Lacombe, uma das primeiras mulheres a conseguir espaço na TV para comentar futebol – e que hoje fala abertamente sobre sua sexualidade, depois de ter enfrentado um grande tabu dentro de casa. Ela contou sobre como foi descobrir e revelar sua sexualidade – principalmente para a família – e como enxerga o machismo e a homofobia que ainda ronda o esporte, especialmente no futebol.

“Eu achava que era uma doença, que eu tinha um problema e que ninguém mais tinha isso no mundo. Mas com o tempo, descobri que a doença não é a homossexualidade, é a homofobia”.

Gabriela Moreira, jornalista da ESPN Brasil, nos contou como foi preparar a série “Futebol Fora do Armário” que, em 30 minutos, mostra a realidade, os preconceitos e desafios de gays que torcem, praticam o esporte e inclusive de quem ainda tem receio de assumir sua sexualidade no estádio com medo de não sair vivo de lá.

Gabi também nos revelou a dificuldade que encontrou para falar sobre LGBTfobia com os clubes de futebol e jogadores, que não quiseram se manifestar sobre o tema. A própria CBF – órgão que comanda o futebol brasileiro – também não preparou nada para a data.

Relembramos casos de atletas mulheres que não esconderam sua orientação sexual em momentos cruciais do esporte, como Isadora Cerullo do rúgbi, pedida em casamento durante a Rio-2016, a americana Abby Wambach, jogadora de futebol que beijou sua namorada depois da conquista da Copa do Mundo em 2015, a brasileira Amanda Nunes, lutadora de MMA, que pediu a namorada em casamento no octógono e a ex-ginasta Laís Souza se declarou gay em uma entrevista à Milly Lacombe para a Revista TPM no ano de 2015.

Tá no ar, pode ouvir e ter a plena certeza de que o esporte é para todxs!

 

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Travessia #71 Marisa Monte

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Cinquenta!

Ela juntou o novo e o antigo, e popular e o cult, e se tornou o principal nome da MPB brasileira de sua geração.

Marisa de Azevedo Monte completa 50 anos em 1º de julho e é ela o tema de hoje do Travessia.

Nesta edição:

— O burburinho do início, pré-estouro. E o clipe no Fantástico

— Os discos “Mais” e “Cor de Rosa e Carvão”, que uniram três gerações da música brasileira.

—  A parceria com Carlinhos Brown

— O dueto com David Byrne, dos Talking Heads

— O fenômeno “ame=o ou deixe-o” dos Tribalistas

— O resgate da Velha Guarda da Portela.

Crédito da foto: Divulgação do DVD “Infinito ao meu redor”.

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Mulher do Pai (2017)

por Murilo Costa*

Após uma bem sucedida carreira em festivais brasileiros e internacionais, o longa-metragem “Mulher do Pai” desembarca no circuito comercial trazendo na bagagem importantes prêmios, como o de direção, fotografia e melhor atriz coadjuvante acumulados no Festival do Rio de 2016, além do Prêmio Abraccine na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e de exibições nos festivais de Berlim e Guadalajara. O filme, dirigido por Cristiane Oliveira, é uma coprodução entre Brasil e Uruguai e situa-se em uma pequena cidade próxima a fronteira entre os dois países.

OUÇA AQUI A ENTREVISTA DE CRISTIANE OLIVEIRA AO CENTRAL CINE BRASIL #61

No pacato lugarejo rural, o tempo passa devagar. A vida se arrasta sem pressa e sem novidades. Neste ritmo contemplativo, bem situado pela ótima fotografia de Heloísa Passos (de “Viajo porque preciso, Volto porque te amo”), os protagonistas Nalu e Ruben dividem o lar com a matriarca da família, envolvidos por uma rotina já estabelecida. Ruben é o homem da casa, mas se mostra apático e fragilizado por conta de sua deficiência visual; já Nalu é uma jovem de 16 anos, pouco à vontade em casa, mais preocupada com a escola e as amigas. Entre eles, a personagem da avó e mãe ocupa o lugar central e de domínio, como que intermediando as relações, conduzindo os dias e sendo responsável por manter o equilíbrio do lar. Sua repentina morte, ainda nos primeiros minutos de filme, precipita um conflito que se arrastará pelo resto da projeção.

Usando o personagem cego como ponto de partida, “Mulher do Pai” tem a visão como questão central. Os dois personagens principais, embora tenham vivido juntos desde sempre, de certa forma estão começando a “se enxergar” novamente, após muito tempo. É um processo de reaproximação e descoberta. O pai é obrigado a ver a garota de um novo jeito. Não apenas por necessitar de seus cuidados, mas pela convivência sem o intermédio da matriarca. Aos poucos, a filha vai se revelando também uma mulher, uma garota descobrindo a própria sexualidade e buscando sua independência. Já Nalu precisa se reaproximar do pai e ajudá-lo nas tarefas básicas do dia-a-dia, ao mesmo tempo em que passará a vê-lo também como um homem, com desejos novamente despertados e necessidades. É aí que surgem os conflitos, quando processos naturais acabam sendo apressados por essas novas circunstâncias.

No centro deste conflito, pode-se dizer que a geografia local tem importância fundamental na narrativa. A proximidade da cidade com a fronteira, sua distância dos grandes centros e sua característica rural faz com que os personagens pareçam estar em um estado de suspensão. É como se nada de novo pudesse acontecer por aqueles lados. A esperança de novidades e de novos está atrelada a cidade grande – Porto Alegre, no caso – ou ao Uruguai – seja Montevidéu ou cidades menores. Dentro dessas possibilidades, é Juan, um uruguaio de passagem pela cidade, que conquistará Nalu e abalará seu mundo adolescente e de hormônios em ebulição; enquanto para Ruben é a aproximação com Rosário – professora e amiga da filha – que forçará sua saída da letargia em que se afundou por auto-piedade e conformismo.

A pequena cidade rural, ancorada em valores masculinos de trabalho braçal, lida com animais e com o campo, não comporta as vontades de uma Nalu que está descobrindo a si mesma e ao mundo. “Mulher do Pai” tem um importante discurso feminino, com mulheres bem resolvidas, que procuram sua independência, seu lugar na sociedade. O olhar sensível, uma equipe criativa composta principalmente pelo sexo feminino e uma protagonista mulher já foram suficientes para que o filme fosse taxado de “feminista” em algumas matérias e críticas na imprensa, mesmo que o tom panfletário não pudesse estar mais distante.

A diretora Cristiane Oliveira adota um tom intimista, uma narrativa sóbria, focada nos personagens. Nos papéis principais, a estreante Maria Galant faz um Nalu segura, enquanto Marat Descartes – uma das novas caras mais “onipresentes”do cinema brasileiro atual – mantém a regularidade de suas boas atuações ao viver o sisudo Ruben. O roteiro é uma mini-trama de poucos acontecimentos. A preocupação maior está no tom, na estética, na ambientação e nos atores, tudo tecnicamente bem resolvido. Os enquadramentos rigorosos, precisos, e a iluminação cuidadosa revelam um Brasil ainda pouco visto nas telas, que foge aos estereótipos que nossa cinematografia costuma exportar para o mundo. Um Brasil de interiores, cidades pequenas, vida calma, pacata; do campo, da fronteira, do sotaque gaúcho e do portunhol. E que venham mais filmes assim, mais coproduções e uma maior integração do nosso cinema ao de nossos vizinhos latinos.

*Murilo Costa é cineasta e membro do podcast Central Cine Brasil.

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