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Cine #46 Tiradentes Pt. 1

O Central Cine Brasil nesta semana vive uma programação especial: dois programas entrevistando diretores em cartaz na programação paulistana da Mostra de Cinema de Tiradentes, que começa nesta quinta-feira, 23 de março.

Nesta primeira parte, Paulo Junior conversou com Caio Cavechini e Carlos Juliano Barros, diretores de ‘Entre os Homens de Bem’, que segue os passos de Jean Wyllys em Brasília, e também com Luciana Canton, diretora de ‘Intimidade Pública’.

Para acessar a segunda parte do podcast, que falou com os diretores de ‘Um Filme de Cinema’ e ‘Ferroada’, clique aqui.

Ouça, baixe e compartilhe abaixo! E assine nosso feed, Central Cine Brasil, no tocador de podcasts do seu celular.

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A televisão me deixou burro, muito burro demais!

*Por Luiz Thunderbird

Muito feliz de participar da Central 3, agora entre os blogueiros, e me permitir falar de coisas que me interessam, me instigam, me divertem. É uma maneira de dar uma parada nas obrigações do dia e divagar um pouco. No texto, a gente erra, corrige, escreve e joga fora, escreve de novo, mas, às vezes, escreve de supetão mesmo!
Me proponho a falar sobre música, TV, cinema, teatro; as artes mais próximas do meu universo. E esportes também, claro. Esportes sempre presentes na… televisão!

Já fiz muita coisa na TV. Programas de música, de cinema, entrevistas, reportagens, comédia, drama, esportes, programa pra família e programa proibido pra família.
Adoro assistir TV. Mas confesso que, de uns tempos pra cá, não vejo de tudo. Escolho aquilo que me traz alguma coisa, mesmo que seja uma provocação. Não consigo ver alguns programas (às vezes, os mais populares entre a audiência).

Tem um cardápio vasto na TV aberta: Jornalísticos (sempre desconfio), reality shows (acho chato), musicais (dificilmente tem algo que eu consiga gostar), concursos (nunca assisti Masterchef), novelas (não vejo há uns 40 anos), pregações religiosas (não, obrigado!). Tem esportes também. Me permito assistir alguns jogos de futebol e Fórmula 1. Eu saquei que o Galvão Bueno é engraçado. Não que ele tenha essa intenção, mas justamente por isso, fica muito engraçado vê-lo sacolejando na tela, com os erres trepidantes. Faz algum tempo que eu percebi que eu não gosto do que a TV aberta apresenta. E faz menos tempo que eu descobri que a TV aberta nem liga pra mim. Ela não me quer, a gente não se fala, a gente não se entende. Ficamos assim, cada um na sua.
A última vez que fiz TV aberta foi na TV Cultura. Lembro que eu e o diretor ficávamos tentando arrumar um jeito de fazer algo a mais do que o patrão pedia. Era uma briga! Ele sempre estava satisfeito, a gente nunca estava! Um dia, quem sabe, eu volto pra lá pra brigar com o patrão.

Mas veio a TV por assinatura. Ali, o oásis prometido, eu encontraria minha turma, minha diversão. Que nada! Eu até consigo, mas raramente encontro alguma coisa que me faça marcar um horário na agenda pra sentar no sofá e assistir. A vida é corrida e nem sempre estou a disposição da grade da emissora. Mas foi bem ali que tudo começou. Vieram as séries, sempre em doses homeopáticas, semanais, que me deixavam chateado quando eu não conseguia acompanhar. Me pediram calma, pois estava chegando ao Brasil o “serviço on demand”.

Amiguinhos, eu sou frequentador assíduo da Netflix, da Amazon Prime Video, da HBO Go. As melhores séries, vários clássicos do cinema, nessas 3 opções tem o bastante pra me distrair. Alguns amigos me chamam de “viciado em séries”. Dizem que sou louco, por eu ser assim. Loki, mesmo!

Houve um tempo em que o homem saia pra caçar, sobreviver. Não tinha tempo pra se divertir. Tempos difíceis, aqueles. Hoje a gente tem que trabalhar, pagar as contas, se transtornar com as lideranças políticas, brigar nas redes sociais, escolher uma roupa pra sair de casa, fugir da TV aberta, se sentir enganado pela TV por assinatura. Tempos difíceis, os atuais. Ainda bem que tem Netflix!
Sempre que penso isso, me vem aquela campanha feita pelo Mauro Dahmer na antiga MTV, na virada do século: Desliga a TV e vai ler um livro.

 

*Luiz Thunderbird é músico, apresentador de TV e comanda o Thunder Radio Show na Central3

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O Som das Torcidas #101 Hertha Berlin

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Die Alte Dame!

Fred Elesbão foi novamente nosso guia na Alemanha, outra vez em Berlin. De Charlottemburg ao Olympiastadion conhecemos a torcida do Hertha BSC, clube que reflete o cosmopolitismo da capital alemã, ao som de eletro, hip-hop, pop-rock e punk!

Conheça outras arquibancadas através do SDT

Acesse a página especial do podcast e visite também o site com a primeira temporada do Som das Torcidas em vídeo, numa turnê pelos estádios da capital paulista!

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O CD vive!

*Por Luiz Felipe Carvalho

Bater no peito. Batucar um tambor. Assoprar uma flauta feita de ossos. Esta é mais ou menos a sequência inicial da evolução musical da espécie humana, ainda milhares de anos antes de Cristo. Fato é que a gente sempre gostou de fazer um barulhinho, fosse para intimidar um inimigo ou tecer loas de amor a alguém. Trovadores e menestréis, na Idade Média, podem ser considerados os primeiros astros pop, mas havia um sério problema: não era possível dissociar o ato de ouvir música da presença do próprio músico. Thomas Edison inventou o fonógrafo já em 1877, o primeiro aparelho capaz de reproduzir um som gravado. O fonógrafo evoluiu para o gramofone, os primeiros discos em 78 rotações foram lançados, mas música ainda era coisa para poucos, já que era tudo muito caro. Foi o lançamento de toca-discos mais baratos e a invenção do LP de 33 rotações (1948) e dos compactos de 45 rotações (1949) que finalmente levaram a música “portátil” a se tornar realmente acessível à maior parte da população.

Ainda não cheguei onde quero chegar com todo esse preâmbulo. Demorou ainda alguns anos para que Frank Sinatra lançasse o maravilhoso “In the wee small hours”, em 1955, e formatasse a música pop como a conhecemos – ou conhecíamos. Um LP feito à reboque do fim de seu relacionamento com Ava Gardner, e que traz, pela primeira vez, uma unicidade entre as canções, não só tematicamente, mas também nos arranjos e em todo o clima do disco, inclusive na arte da capa. E é sobre isto que quero falar, sobre discos de música pop em formato físico, algo que parece estar aos poucos sumindo do mapa.

Não quero ser melodramático. É certo que os artistas ainda lançam discos. Mas são poucas as pessoas que os ouvem. A maioria, e acho difícil estar enganado, simplesmente seleciona algumas canções que gosta, randomicamente, e as coloca em seu celular, ou em seu programa de música em streaming. É um jeito de se ouvir música, mas definitivamente não é o meu. Costumo dizer que ouço discos, e não música. Claro que isso é um pouco de exagero e provocação. Se eu ouvisse só discos perderia, por exemplo, Hey Jude, que só foi lançada pelos Beatles em compacto e em compilações, e nunca fez parte de nenhum álbum.

Nasci em 1980, e cheguei a comprar – ou ganhar – alguns LPs, mas o formato da minha vida, por assim dizer, é o cd. Abaixo listo alguns motivos que me fazem ser um velho de 36 anos que ainda compra pelo menos 50 cds por ano:

1 – O fetiche de colecionador

Costumo dizer que tenho três prazeres: um quando faço compras de discos, outro quando os ouço e outro quando os coloco junto aos seus colegas de coleção. Neste momento solene eu fico um tempo olhando para o mais recente “induzido” com um sorriso nos lábios. Só o fetiche de colecionador pode explicar o fato de eu achar esse último ato tão prazeroso quanto os outros dois. Fetiche é uma palavra bonita. Minha namorada diz que é doença.

2 – A fisicidade

Não me considero um consumista contumaz, mas no que se refere à música gosto de ter, fisicamente, o produto. Pegar nele. Deixar nele minhas marcas, minhas digitais. Até fico feliz quando cai um pingo de vinho no encarte, ou quando a pontinha dele se amassa um pouco. São as marcas do uso. Mas nunca fiz nada disso deliberadamente, juro.

3 – A arte da capa

Ok, aqui está um quesito em que os discos de vinil dão de lavada nos cds. Mas aprendi a ver charme também nas versões reduzidas, mesmo em discos que também foram lançados em vinil. E muitos artistas que já surgiram na era dos cds se esmeram para lançar produtos diferenciados, investindo também em charmosos e belíssimos encartes, que são verdadeiras obras de arte. O primeiro disco de Marcelo Jeneci, “Feito pra acabar”, é um excelente exemplo. Agora eu vou soar muito blasé, mas realmente não sei se os serviços de streaming oferecem as capas dos discos. Caso ofereçam, ainda assim mantenho meu argumento, invocando o item dois aqui acima.

4 – As informações técnicas do encarte

Uma coisa que me deixa pau da vida é comprar um cd cujo encarte não tem informações sobre o disco. Tem muita gravadora preguiçosa, principalmente no Brasil, mas já comprei disco importado bem pobrinho também. Acho importante, mas não essencial, que tenha as letras, mesmo quando são em português. E claro, os músicos participantes. Assim fiquei sabendo, por exemplo, que Antônio Adolfo já tocou piano em discos da Angela Ro Ro e do Raul Seixas. Costumo ler tudo, até os agradecimentos. De que outra maneira saberia que no encarte de seu disco Lazaretto, Jack White agradece, entre outras coisas, ao baseball, National Geographic, água, inimigos manufaturados, café, chá e açúcar? Não teria como. Aí eu te pergunto, como eu viveria sem isso? Não teria como.

5 – Aquela música escondida

Em geral o consumo de música digital de forma aleatória faz com que a pessoa só escute canções selecionadas. Dificilmente ela vai conhecer aquela que não tocou em lugar nenhum e que ninguém conhece. E aqui não se trata daquela besteira de se gabar de conhecer o que ninguém mais conhece, mas sim do fato de que talvez aquela música seja a melhor do disco. Ou a melhor do disco para aquela pessoa. Mas vamos supor que o contribuinte use os serviços de streaming para ouvir um álbum inteiro. Ele ouve o disco alguma vezes, e acaba escolhendo as músicas de que gosta mais, que passam a fazer parte de sua lista. E então aquelas outras coitadinhas nunca mais serão ouvidas. E uma verdade inabalável é que o tempo passa, as pessoas mudam e, mais voláteis ainda, os estados de espírito mudam. E aquela faixa que não tinha “funcionado” talvez seja a que ele precisa ouvir agora. Tendo o disco em formato físico também há o risco de ela ser sempre pulada, mas também há o risco de ela tocar sem querer, porque ele foi ao banheiro e deixou o cd rolando, e ser redescoberta. Aconteceu comigo, por exemplo, com a canção “Black Cowboys” do disco “Devils & Dust” de Bruce Springsteen. Eu a ouvia pouco, até que em um dia mais sensível eu a escutei prestando atenção na letra e chorei. Tornou-se minha preferida do álbum.

5 – Um instantâneo do momento do artista

Muito mais do que uma canção isolada, um disco é o retrato de um momento da vida de um artista. E isso vale tanto para intérpretes, que escolhem seu repertório baseados no seu momento pessoal, quanto, obviamente, para autores que escrevem suas próprias canções, seja em bandas ou em carreiras solo. E mais: cada disco é também um retrato de seu tempo. Acho que foi a crítica do  cineasta francês Éric Rohmer que disse que todo filme é um documentário de sua época. O mesmo vale para os discos.

6 – As pequenas maravilhas

Esses são meus motivos mais concretos, mas existem outros, menos facilmente categorizáveis. Exemplifico. Tenho um grande amigo que não entendia essa coisa de se sentar para ouvir música. Para ele as canções eram sempre trilhas sonoras para algo que ele estava fazendo, e não um fim em si. Eu sempre adorei me sentar, com uma(s) cerveja do lado, e simplesmente ouvir música. Num desses dias estava ouvindo um álbum do Cartola, e peguei o cd nas mãos. Ainda não havia retirado o encarte, que tem uma foto do mestre sorrindo, em preto e branco. Por algum efeito de luz, me vi refletido na caixinha de plástico do cd. Então, naquele momento, eu não estava apenas ouvindo Cartola: eu estava ao lado dele.

E esse me parece um poético e definitivo motivo para encerrar essa minha loa.

*Luiz Felipe Carvalho é jornalista, colecionador voraz de CDs e escreve mensalmente sobre música na Central 3

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Thunder #139 Tássia Reis

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Classe!

Tássia é classe. É música, dança, resistência, militância, moda, ritmo e muitas influências. E uma história de vida e de arte que foi acontecendo meio natural, meio ao acaso, saindo do Vale para a capital, e da capital partindo para a reverberação nacional de sua música. Tássia Reis é a convidada da semana de Thunderbird.

Conheça a música e a cabeça dessa excelente notícia de nosso cenário musical. Em nome de Chuck Berry!

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Baião de Dois #54 Eita, Paraíba!

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Mistérios da Meia-Noite!

As coisas pelas bandas da Paraíba andam agitadas. O principal jogador do estado está anunciando sua aposentadoria e a despedida, mas em campos alemães.

O mesmo Marcelinho foi o personagem principal do último clássico entre os time de Campina Grande. Por falar na cidade, foi especulada a chegada de Loco Abreu para vestir a camisa do Treze. Será que vai?

Também falamos do clássico de Natal e da última rodada da fase de grupos da Copa do Nordeste.

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T2 Trainspotting: necessário ou não, um puta filme

Por Eduardo Pereira

Como deixar de viver no passado, quando ele foi seu maior momento? Como encarar tudo que ficou para trás, sem acabar personificando uma eterna RUMINAÇÃO do que já aconteceu?

Essas são questões assombrosas não só para os personagens de T2 Trainspotting – a sequência para a obra prima de Danny Boyle e companhia que é, até hoje, tida como sua mais influente realização – como para o filme em si, tido para muitos como “desnecessário” e encarregado, para outros tantos, da impossível tarefa de superar o clássico original.

Por sorte, Boyle sabe que a resposta reza no equilíbrio. T2 Trainspotting é um poço de energia, emoção e criatividade, ao mesmo tempo que é um mergulho de corpo todo no pior banheiro da Escócia no filme original. É conscientemente uma obra estruturada sobre o sentimento de nostalgia, mas que coloca o desenvolvimento dos personagens e daquele universo sempre em primeiro lugar.

É um filme que usa o passado para construir seu presente e futuro. Que rumina o que ficou para trás, sim, mas só o bastante para que o que está acontecendo e o que está por vir faça mais sentido.

T2 Trainspotting lança mão de vários flashbacks para cenas do original, contém diversos diálogos REMINESCENTES de 20 anos atrás e preserva toda uma aura que trabalham em prol desse sentimento, mas nunca de forma gratuita. Nunca dum jeito sorrateiro. A nostalgia forja um elo entre público e personagens, para que as sensações deles sejam transmitidas com mais credibilidade e intensidade a quem assiste. E isso funciona. Maravilhosamente.

Vinte anos depois de passar a perna em Sick Boy e Begbie, fugindo da Escócia com 12 mil libras ganhas numa venda de drogas e deixando apenas os 4 mil pertencentes a Spud, Mark Renton vive uma vida tranquila em Amsterdan, na Holanda. Livre das drogas, casado, com um bom emprego, ele concentra suas forças – seu vício – em corridas na academia. Um dia, porém, um problema de saúde faz com que a memória dos velhos tempos retornem bem frescas, e ele decida voltar ao seu país natal.

Na terra de Sean Connery (infelizmente, muito menos mencionado aqui do que no primeiro filme), um mais velho e lesado Spud divide seu tempo entre o uso de heroína, grupos de apoio com outros viciados e lamentações em relação a um casamento, uma carreira e uma vida de sobriedade arruinados por conta do horário de verão inglês. Enquanto isso, Sick Boy (agora, só Simon) toma conta do bar que era de sua família e aplica pequenos golpes junto a uma prostituta romena por quem tem um forte #CRUSH.

Com a chegada de Renton, repleto de nostalgia, culpa e motivado por uma possível crise de meia-idade, o trio, agora quarentão, mergulha novamente na época em que regulava 18, 19 anos, reabrindo velhas feridas, revivendo antigas alegrias, retomando amizades do passado e até enfrentando velhos vícios enquanto é forçado a encarar que, apesar de menos cabelos e mais rugas, eles não mudaram tanto assim. Mas quando Begbie foge da cadeia e coloca a vida de Mark – e quem entrar em seu caminho – em risco, talvez seja a hora de mudar.

Divertidíssimo, T2 Trainspotting é uma conquista para quem, como eu, gosta de ver seus heróis (ou anti-heróis) envelhecerem. McGregor, Jonny Lee Miler, Ewen Bremner e Robert Carlyle vestem a pele de seus personagens, mesmo duas décadas depois, como quem nunca as tirou. Atrás das câmeras, Boyle nunca esteve mais seguro na direção: suas metáforas visuais podem não ser tão revolucionárias aqui – já estamos acostumados com elas a essa altura, né? – mas são tão criativas e frescas quanto quando o cara começou a carreira.

A novata Angela Nedyalkova, que vive a prostituta “amiga” de Simon, coloca um tempero interessante no grupo, funcionando como um comentário do próprio diretor na sua obra. “Vocês vivem no passado”, ela diz a ele e Renton. E é verdade. Mas quando Mark declama a ela uma nova versão do monólogo “Choose Life”, ela entende que o passado deles é também o presente. Eles nunca mudaram e, provavelmente, nunca mudarão.

O mesmo não pode se dizer de Spud. Se ele e os outros coadjuvantes eram acessórios à jornada de Mark no primeiro filme, aqui são, em muitos casos, mais centrais à história que o próprio protagonista. Com um dos arcos mais emocionantes do filme, ele é muito mais do que o alívio cômico do grupo. Uma justiça que veio tarde pra Bremner, que vivia Renton nos teatros e foi descartado por McGregor na hora de levar a adaptação do livro de Irvine Welsh para as telonas.

Falando em arcos emocionantes, Begbie assume de vez o papel de vilão nesta sequência, mas não sem receber nuances emocionais que tornam o insuportável psicopata mais simpático ao público. Ainda assim, é inacreditável o quão assustador o baixinho Carlyle pode ser sob a ótica de Boyle, que o enquadra de baixo para cima em cenários de pouca luz só para acentuar o medo que sua figura inspira nos outros personagens.

Minha única queixa fica por conta da minúscula participação de Kelly MacDonald. Sua participação tem um sabor agridoce, além duma referência divertida pros fãs mais atentos, mas poderia ser melhor trabalhada. Ou pelo menos trabalhada de alguma forma. ¯\_(ツ)_/¯

Ao longo do filme, rolou mais de um momento em que minha garganta deu nó e meus olhos marejaram. T2 Trainspotting é um filme mais engraçado, mais otimista e muito menos sombrio que seu antecessor, mas é também muito mais universal – não só pela nostalgia, mas por tocar mais diretamente em tópicos como amizade e relações familiares e, por isso, deve trazer respostas emocionais mais intensas de quem o curtir.

Porque, claro, pode ser que uma galera não goste. Quem espera um filme sobre jovens drogados, procura o de 1996 no Netflix. Quem quer uma comédia sobre crime, também. T2 Trainspotting é muito mais um filme sobre pessoas, relações e frustrações. Sobre passado, presente e futuro, e como tudo caminha junto AND separado na jornada da vida. Sobre como a gente precisa estar constantemente dando passos para trás para irmos à frente. Mas, claro, com UM POUCO de drogas e crime. 😀

Se T2 Trainspotting supera o original? Ele nem tenta. Não é para isso, mas sim para evoluir uma história, personagens, divertir e provocar uma nova reflexão. Se é desnecessário? Tanto quanto qualquer outra grande sequência de um filme “fechado”. Se é um puta filme? Com certeza. Daqueles que ficam com você horas depois de acabar. Que te arrepiam na última cena. Que te seguram na cadeira depois que os créditos começaram a rolar, num ato de agradecimento pelos deuses do cinema terem permitido sua existência.

E se tudo isso for porque eu tenho um fraco para nostalgia, que seja. Taí um filme que já ficou no meu passado, mas que vou adorar revisitar.

 

*Eduardo Pereira é um dos colaboradores do Judão.com

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It´s Time #020 UFC Londres e Brave3

O 20° episódio do It’s Time cobriu o super sábado de lutas. Além do UFC Fight Night Londres, o programa abordou a primeira incursão da organização barenita Brave CF no Brasil.

Na capital da Inglaterra, nocautes e finalizações para todos os gostos. Jimi Manuwa emulou Mark Hunt com um walk off KO, um nocaute tão perfeito que nem precisou da ação da arbitragem para parar a luta. Já Gunnar Nelson mostrou que a combinação de caratê com jiu-jítsu pode ser mortal no MMA. O podcast ainda homenageou Brad Pickett e falou das ótimas vitórias de Arnold Allen e do candidato a estrela Marc Diakiese, autor de um nocaute espetacular.

Em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, tivemos o Brave CF 3. A organização do Bahrain, que tem a ousada meta de se tornar a segunda maior do mundo em dois anos, mostrou seu potencial com uma estrutura quase impecável e lutas que empolgaram os fãs de ponta a ponta do evento

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Zé no Rádio #01 Estreia do Trajano!

Tem estreia na casa: o grande José Trajano agora toca o seu Zé no Rádio toda segunda-feira, ao vivo, às 20h30 – o podcast sobe na sequência. O programa será sempre  na companhia de Paulo Junior e Leandro Iamin, dupla da Central 3, e um convidado, que na estreia foi o jornalista Luis Augusto Simon, o Menon.

No programa, falamos dos clássicos paulista e carioca, do caso Bruno, do duelo entre Uruguai e Brasil e, claro, muito mais: música, política, histórias de futebol… ao melhor estilo José Trajano. Clique abaixo e vem com a gente!

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José Trajano e Central 3: foi assim

Por Leandro Iamin

José Trajano conheceu a Central 3 há pouco mais de um ano, convidado por Thunderbird para o seu programa de entrevistas aqui na casa. Me achou parecido com o Ivan Lins, foi a primeira coisa que falou comigo. O programa, de tão legal que estava, estourou o tempo previsto. No dia seguinte, ao enviar o link do programa para o whatsapp dele, fiz o de praxe, agradeci a visita e me permiti dizer algo como “nosso estúdio é bonito, mas a nossa luta nem sempre é, e sua visita torna tudo um pouco mais prazeroso”. Estas coisas de quem quer dizer “estamos aqui”. Em fevereiro de 2016 José Trajano era ainda o Trajano da ESPN Brasil, ao vivo na telinha duas vezes por semana e sombra diária que mais ardia do que refrescava.

Me retornou a mensagem poucos dias depois, querendo entender qual era a nossa. É curioso, aliás, como tanta gente que nos visita vai embora com ideias para dar e sugestões a fazer, isso quer dizer alguma coisa, mas, porra, o Trajano? Sim, o Trajano. Levei a boa nova para a nossa cúpula. “O velho quer saber qual é a nossa”. Respondemos com sinceridade e um leve tom de desabafo, e sua segunda visita, sem formalidades, deixou a porta aberta e eu, sozinho na ocasião, perplexo. O velho pegou o Uber em uma tarde de garoa para me dar ideias e pensar alguma maneira da nossa luta ser mais bonita. E entendeu, acho, qual era a nossa.

O terceiro ato viria pouco depois, e envolvia uma produção da Central 3, contratada pelo Museu do Futebol visando os Jogos Olímpicos. Trajano topou o trabalho de locutor da produção sem hesitar. Compreendi, na prática, que estávamos, de fato, em sua lista de produtoras confiáveis. Não se preocupou com o valor do cachê, fez por acreditar no que faria, e, no dia da gravação, comentava, com algum divertimento, que “Porra, tão descendo a lenha em mim, só porquê falei que o Pelé não chega aos pés do Muhammad Ali”. A gente riu, sem saber que poucos dias depois, não por isso, Zé estaria fora da televisão que concebeu. Ato contínuo, alguns de nossos ouvintes mais imaginativos já nos twittavam: “Chama o Trajano pra C3!”. Ainda não fazia sentido pensar nisso – mas a gente pensou.

A gente pensou porque a Central 3 em si nunca fez tanto sentido assim mesmo. Criada quando todos diziam que podcast era um navio naufragando, foi tocada muitas vezes com a intuição, não com o juízo. Quem chegou há pouco não acreditaria nas histórias de nossas jornadas em 2013, a mesa de som que parecia um ET, as falhas técnicas, as faltas de backup, as quedas de energia e as mil histórias que entrarão para o nosso almanaque (compre, quando sair, será leitura da boa). Cada pequeno avanço técnico, no número de audiência ou de domínio do produto que produzíamos era sensível e comemorado. Passou mais água debaixo dessa ponte do que sou capaz de beber. Passa, o tempo. No final de 2016, por intermédio de Pedro Asbeg, que dirigiu a nossa série em vídeo do Som das Torcidas, sentamos em um restaurante para falar com o Zé e deixar que o verão fermentasse uma ideia em sua cabeça: queremos você conosco. Como, quando, quanto, não sabemos.

Acabou o verão no último domingo, 19. Trajano estreia hoje, dia 20.

Tenho pra mim que, lá atrás, quando escrevi para o Zé pela primeira vez, poderia ter sabotado a Central 3. Se hoje temos o seu sim e a sua voz, é porque Trajano visitou nosso site, procurou nossas coisas e encontrou, pelo menos, um trabalho coerente com o que acredita e cuidadoso com o que produz. Não se associaria a nós se o que visse fosse poluição, plástico, mais-do-mesmo. Pois se nos cabe algum mérito nesta trajetória toda, é esse: o editorial, que só se aliou a parceiro com boas referências e produziu o que fazia sentido – sim, já abrimos mão de líderes de audiência e de boas possibilidades comerciais em nome de alguma coesão, nunca muito clara, é verdade, mas também nunca tão turva assim. Continuamos uma catástrofe do ponto de vista comercial, vivemos, como toda equipe pequena vive, algumas angústias que o público nunca saberá, lidamos bem com as inevitáveis contradições do caminho em uma produção de caráter independente, mas, olhando hoje, o que teríamos feito de muito diferente se pudéssemos voltar lá atrás? Muito pouco. Quase nada.

De modo que a estreia de Zé no Rádio, às 20h30 de hoje, é para nós, antes de qualquer coisa, a recompensa pelo nexo buscado e harmonia conquistada pela Central 3. Xico Pati, Paulo Junior, Matias Pinto, eu e alguns anos de sonho. Ao nosso lado, uma série de nomes, de Gabriel Brito a Rodrigo Borges, de Murilo Rezende a Gil Luiz Mendes, de Carolina Mendes a Lucas Jim e tantos outros, que fizeram a personalidade de um lugar que, hoje, ganha espaço na biografia profissional de um dos principais nomes do jornalismo brasileiro, e isso não é pouco. Eu gostaria que José Trajano continuasse na ESPN Brasil, escrevesse para quatro ou cinco jornais e tivesse um diário em alguma rádio bala do país, a ponto de não ter tempo para ouvir o que esses malucos da Central 3 tem a dizer. Mas eu é que não vou tentar entender os empresões…

José Trajano está de bem com a vida. Cada encontro que teve conosco foi alto astral, leve, e a impressão que tenho é mesmo que Trajano merecia a chance de ser abraçado como um sujeito comum, que é, afinal, o que jornalistas são, sujeitos comuns, e é o que as redes sociais e as ruas estão fazendo com ele, um grande abraço simbólico e físico, sem aquele magnetismo estalado e distante da TV, com o calor dos que reconhecem nele mais que um mero caçador de simpatia barata. Se nós, da Central 3, merecíamos essa moral por parte dele? Não sei. Quando este podcast virar passado, a gente terá a resposta. Enquanto ele é presente, cuidaremos do jeito que sabemos. Com carinho e responsabilidade.

Eis, enfim, a parte bonita da luta.

 

*   *   *

Leandro Iamin escreve toda segunda no blog da Central 3

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Conexão Sudaca #121 Universidad Católica

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Alta la Frente al Cielo!

Estabelecemos contato do outro lado da Cordilheira dos Andes com a redação da sucursal chilena do El Gráfico para tratar da vitória da Universidad Católica diante do Flamengo, sociedades anônimas atuando no futebol, o fracasso do Plan Estádio Seguro, organização do Sulamericano Sub-20, a preparação da seleção chilena para o duelo de visitante contra a Argentina pelas Eliminatórias e uma homenagem à Angel Parra, falecido no final de semana.

Analisamos cada um dos confrontos de La Copa na semana que passou, ouvindo ao fundo o álbum Oktubre do emblemático conjunto do rock argentino Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota, cujo ex-vocalista Indio Solari foi pauta do quadro Detras del Arco, por conta das duas vítimas fatais no show do último sábado (11/03), em Olavarria.

Para finalizar, celebramos os 80 anos do Club Social y Deportivo Huracán Buceo, tradicional equipe do futebol uruguaio que voltará aos gramados em 2017.

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