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Xadrez Verbal #19 ONU 70 Anos

No septuagésimo ano da Organização das Nações Unidas, recebemos o professor Guilherme Casarões (FGV/ESPM) para conversar sobre a Assembleia Geral. As possibilidades de reforma da Organização, as críticas ao Conselho de Segurança e o discurso de abertura de Dilma Rousseff.

Também falamos de outras pautas importantes, como os conflitos no Oriente Médio e as diferenças entre Estados Unidos e Rússia. Catalunha, Colômbia, OMC, Talibã e um Menino Neymar com toques de Arnaldo.

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Raíces de América II

Por Marcelo Mendez

Como bem escreveu Eduardo Galeano “somos aquele povo que existe, embora o mundo não perceba isso. E como tal nossa existência está os nossos amores, nossas paixões, nossas fúrias, nossas idiossincrasias.”

É o nosso jeito sudaca de ser.

E nada, absolutamente nada no mundo retrata esse jeito nosso tão bem quanto a Libertadores da América. Para tal constatação voltemos ao ano de 1983.

Era aquela fase em que as mocinhas aqui no Brasil se encantavam com as madeixas de Antonio Fagundes no seriado Malu Mulher, em que a banda Blitz estourava nas rádios com o hit “Você Não Soube Me Amar” – algo parecido com o rock n roll – e um inglês simpático chamado Ritchie apresentava sua “Menina Veneno”.

Cá do meu lado, além do programa de filmes de pornochanchada da Record – afinal eu já tinha 13 anos – de nome Sala Especial, tinha o futebol que me tomava as horas do dia e dos pensamentos. Naquele ano, vivíamos a ressaca do Mundial de 1982 e a derrota para Itália. Nossa auto-estima ludopédica, baixa, no pé, clamava por algum alento e este estava vindo através do Grêmio que chegou ao triangular semifinal da Libertadores daquele ano, ao lado dos colombianos do América de Cali e os argentinos do Estudiantes de La Plata. Do outro lado da chave, os gigantes uruguaios, Nacional e Peñarol, e a surpresa venezuelana, Atlético San Cristóbal.

Faltando duas rodadas, o Imortal precisava de três pontos para se classificar à finalíssima (lembrando que naqueles idos a vitória valia apenas dois pontos), nas quais visitaria o León na capital da província de Buenos Aires e receberia o Diablo em Porto Alegre.

8 de Julho de 1983, A Batalha de La Plata

Uma partida de Libertadores de América começa muito antes da bola rolar. Era uma época tensa, a Argentina em crise por conta da desastrosa atuação populista de sua agonizante ditadura, que mandou centenas de jovens argentinos para lutar uma guerra já perdida pelas Malvinas, recolhia seus cacos naquele inverno. Para acirrar ainda mais as coisas entra uma reportagem do Zero Hora de 24 de Junho de 1983.

Para encher de orgulho esse velho jornalista que vos redige essa matéria, o companheiro Fernando Gomes deu um flagrante um ano antes sobre aviões ingleses pousados na base aérea de Canoas em pleno conflito nas Malvinas. Após um tempo de apuração vem a matéria e surge a hipótese do Brasil servir de entreposto Britânico durante o conflito. A coisa se acirrou.

Tanto que o porta-voz do Itamaraty, conselheiro Bernardo Pericas Neto, teve que vir a público e na ocasião declarou que: “o governo brasileiro reafirma que não servirá de base para o transporte regular — aéreo ou marítimo — entre o Reino Unido e as Malvinas. Somente em emergências ou casos excepcionais, de caráter humanitário, são concedidas autorizações para que aeronaves britânicas, que cumpram a rota em questão, toquem em território brasileiro”.

Do lado britânico, o embaixador inglês, Tony Lowgrigg, confirmou que. Ocasionalmente, aviões Hércules obtêm permissão para reabastecer no Brasil, o que é normal na prática internacional”. Ainda fez questão de frisar que jamais estes aviões pousaram no Brasil transportando armas, materiais bélicos ou tropas inglesas”.

Seja lá como for, nessa altura do campeonato o bambu quebrou no meio e a marimba comeu, como se diz no Parque Novo Oratório. A reportagem repercutiu, pesou, e no dia do jogo, uma sexta-feira gelada, tomados por esse sentimento de uma hipotética traição da parte do “nosso” governo, os hinchas do Estudiantes tornaram o clima no Estadio Jorge Luis Hirschi péssimo, um inferno e uma panela de pressão pronta para explodir.

O Grêmio jogaria pela sua história e não jamais deixaria passar a chance de ir para a final da Libertadores. Para discorrer sobre este episódio chamei um gremista apaixonadíssimo para me ajudar; Milton Jung, jornalista e apresentador da Rádio CBN, nos conta como foi:

“Nosso campo sempre foi o Pampa que se estende além das fronteiras do Rio Grande. E se o co-irmão (Internacional) havia conquistado antes o Brasil, só nos cabia superá-lo no Continente. E esta façanha se concretizava naquele ano de 1983. A Libertadores era um sonho que poucos se davam o direito de sonhar. E acreditar. Nós acreditávamos.”

Dessa forma, tivemos um jogo. Ou quase…

Para se ter ideia da pressão, o árbitro do jogo, o uruguaio Luis La Rosa, logo no sorteio antes de começar a peleja deu cartão amarelo para o atacante Marcelo Trobbiani. E o pau comeu, torcida brasileira!

Empurrado por uma hinchada furiosa, com algumas trombadas o Estudiantes até que dominou o começo do jogo. No entanto, o Tricolor que contava com um timaço, formado por feras como Osvaldo, Tarcisio, Caio, Tita, Hugo de León e Renato, passou a tocar a bola e dominava as ações da partida. Isso começou a enervar os locais e aos 23 minutos o volante China foi esmurrado por Miguel Ángel Russo. Mais adiante, o jogador agredido cometeu falta em Trobbiani. Revoltado, o atacante se levantou e China apanhou novamente, recebendo o segundo cartão amarelo.

Foi o começo do caos no cruzamento das ruas 1 e 57. Gritaria, invasão de cancha e José Daniel Ponce, empurra o apitador que também o expulsa. Jogo interrompido e o Pincha com 9 em campo aos 30 minutos do 1º Tempo. Em circunstâncias normais o Grêmio teria tudo para levar esse jogo numa boa. Mas, novamente, falamos de La Copa, meus caros…

A partir desse lance a loucura se instaura em La Plata. O Estudiantes se lança a frente, atacando freneticamente e se defendendo na base da pancada!

Em meio a toda pancadaria e munidos da total privação de sentidos e lógica o León consegue sair na frente com um gol de Sergio Gurrieri aproveitado uma falha da zaga gremista. Na raça, o Grêmio conseguiu empatar o jogo no final da primeira etapa com um gol de Osvaldo.

No bairro Menino Deus, em Porto Alegre, o então estudante de jornalismo Milton Jung, de 19 anos, acompanhava a coisa toda pelas vozes da Rádio Guaíba:

“Foi um sofrimento diante do aparelho de rádio, pois desde o início da partida se ouvia a descrição da barbárie que se transformara o Estádio Jorge Luis Hirschi, em La Plata. As informações chegavam com o chiado das transmissões internacionais da época e eram as mais dramáticas possíveis. Sofri com o primeiro gol deles e chorei de raiva quando soube das agressões.”

O ápice dessa loucura vem com o intervalo do jogo. Rapidamente o time gaucho vai ao vestiário e a porta é trancada, enquanto os seguranças do Tricolor matinha a coisa na raça e no braço. Barulhos eram ouvidos durante a preleção e dado momento, o técnico Valdir Espinosa se vê na iminência de arrumar o setor ofensivo e nota:

“Cadê o Caio?”

Pois é, os barulhos na porta eram do atacante tentando entrar no vestiário. No meio do caminho, ele foi interceptado por um grupo de argentinos e se lascou.

“Os dois times entravam pelo mesmo lugar e o Caio acabou ficando para trás. No caminho ele foi pego e apanhou demais, foi surrado e se machucou muito. Tive que tirá-lo, pois não tinha a menor condição de ele voltar para o 2º Tempo” Relembra o técnico Valdir Espinosa.

Baita clima para a etapa complementar, mas aí veio o castigo.

César, que havia entrado no lugar Caio, vira a partida para os visitantes e pouco tempo depois, Renato deita em cima da zaga pincharrata para fazer 3 a 1. Antes de ter tempo para sentirem-se derrotados, Renato resolve jogar um tantinho de gasolina em cima do barril em chamas que se transformou a cancha.

O camisa 7 tricolor se dirige à torcida da casa e com um gesto os manda calar a boca. Oras,  se informado fosse, Renato haveria de saber que tudo que um hincha argentino não faz durante um jogo é ficar quieto…

A hinchada imediatamente reage, gritando, vociferando, cantando o nome do time. Em campo, os jogadores locais partem para cima de Renato, a porrada come e na confusão, o bandeira Ramón Barreto leva uma tijolada na cabeça e cai desmaiado no chão. Uma balburdia!

Em meio à confusão, Julián Camino é expulso. Recomeçando o jogo, quatro minutos depois, Hugo Tévez acerta Renato com gosto e o corajoso árbitro também o expulsa. Nova confusão! Campo invadido, ameaças e pasmem; a partida continua e entra para a História.

Com sete jogadores em campo, o Estudiantes não se achica. Consegue reduzir a vantagem gremista novamente com Gurrieri. A partir daí o León joga a vida. Contando com a conivência do árbitro – agora, compreensivelmente, já não mais tão corajoso assim – que invalida gol legitimo de Osvaldo, os argentinos param o Grêmio na porrada e atacam como se fosse o último jogo de suas vidas. Heroicamente, faltando 4 minutos para o final do tempo regulamentar, Claudio Gugnali empata a partida, na qual a equipe local contava com apenas 7 jogadores.

O senso comum no Brasil era de que o Grêmio empatou aquele jogo para sair vivo de La Plata. No entanto, a mais leve insinuação que de uma facilitação poderia ter acontecido é tida – com razão – como uma afronta ao Imortal:

“Jamais me passou pela cabeça que o Grêmio tenha entregado a partida para sair vivo de campo. Falou-se muito disso, mas nunca enxerguei assim. Lá na frente do rádio, o placar, mesmo com a superioridade no futebol e no número de jogadores, dava a noção clara de tudo que o time estava enfrentando. Eles não tinham quatro jogadores a menos, tinham uma nação dentro de campo, protegida pela polícia e por bandidos armados. O que meu time fazia era heróico, por incrível que possa parecer. Verdade que eles também, do jeito deles, foram heróis. O feito e os defeitos de La Plata apenas reforçavam a paixão que eu tinha pelo Grêmio. Eu e a nossa nação: a gremista. Estávamos lá apenas forjando nossa personalidade: da Imortalidade. O que nos fortaleceu para conquistar o título sul-americano” Opina Milton Jung e ele tem razão.

La Plata

Após a “Batalha de La Plata” o Grêmio venceu o América de Cali, no Olímpico, e semanas depois, venceria o Peñarol no mesmo campo em uma final épica para sagrar-se campeão da Libertadores daquele ano.

 

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Central Autônoma #74 Belo Monte

Belo Monte talvez seja a maior tragédia prática do atual projeto de desenvolvimento do país. Por isso, conversamos com Antônia Melo, líder do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que acabou de ser despejada de sua casa pelo consórcio administrador da usina. Ela nos contou como este fato se desenrolou e do caos que a cidade de Altamira já vivencia em seu cotidiano.

Uma das fundadoras do PT na cidade e região, Antônia denuncia todos os atropelos que marcaram o processo de liberação e execução de obras, a seu ver determinado de cima para baixo desde o início. Além disso, faz uma forte crítica às composições políticas dos governos petistas e ainda espera que a população se dê conta de todas as dimensões decorrentes da destruição do Rio Xingu.

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Futebol Urgente #88

O Internacional planeja contratar músicos para animar seu estádio.

O treinador foi demitido por facebook. O usuário do metrô se matou tirando selfie. O árbitro sacou o revólver.  O Ronaldinho já se foi do Fluminense. O CR7 não dormiu no ponto e tem até filme novo.

O Neymar raspou a cabeça e isso foi mais notícia do que seus milhões bloqueados pela justiça.

Olha, mais um programa carregado de notícias mais surreais do que nossa imaginação poderia criar.

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Trivela #30 Cristiano Ronaldo

O Podcast Trivela está escalado com Bruno Bonsanti, Ubiratan leal, Leandro Iamin e Paulo Júnior.

O quarteto trabalhou por um nome: Cristiano Ronaldo. O português ocupa qual espaço na história do futebol neste momento? Como interpretar estes seus 500 gols na carreira? Qual é a melhor versão do CR7?

Falamos também de Sul-americana, das semifinais da Copa do Brasil e muito mais. Basta clicar abaixo e ouvir a íntegra!

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O Latido do Bulldog

Na última sexta-feira, os nossos sudacas Gabriel Brito, Léo Lepri e Matias Pinto – reforçados pelo amigo Marcelo Mendez – trocaram ideia com ninguém menos que José Luis Chilavert. El Bulldog, fiel ao seu estilo, latiu para todos os lados. Mas, depois, mais afável lembrou com carinho de passagens marcantes da sua carreira.
Confira abaixo a entrevista transcrita e traduzida da língua do escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, autor de Yo El Supremo:

Recentemente você disse que a Conmebol é “um antro de corrupção”. Por ter sido um ex-jogador, líder da categoria, como você consegue comprovar essa acusação?

Bem, é muito fácil. O balanço da Conmebol, que nós temos em mãos quando fomos à uma reunião (no Auditório do Parque São Jorge), aonde estiveram presentes Romário, Careca e Maradona, mostrava que o faturamento da entidade em publicidade e direitos de transmissão era de mais de 130 milhões de dólares. E eles não gastam nem metade desses valor com as premiações devidas aos campeões da Libertadores e Sul-Americana. Então, se Nicolás Leoz (ex-presidente) esteve 27 anos no poder, (Julio) Grondona esteve mais de 30 anos (à frente da AFA) – já faleceu – Ricardo Teixeira também – ninguém fala dele – um dos mais corruptos da história do futebol. Cada dia mais os clubes estão pobres e os dirigentes multimilionários. Por isso, para mim é uma honra, um privilégio, a luta que estamos travando contra essa gente, porque o que queremos e que os clubes voltem a enriquecer e, indiretamente, que o dinheiro sirva para melhores contratos para os jogadores e também premiações.

Auditório

Já que você comentou sobre o Romário, você tem acompanhado o desempenho dele como senador, a carreira política no Brasil?

Romário tem muito respeito. Por alguma razão, o povo o quer e votou nele. Tem uma conduta, uma trajetória como esportista de lei, e que fundamentalmente está trabalhando muito bem na política aí no Brasil. Por isso, essa é uma luta que somente pessoas como nós, guerreiros e lutadores, vamos ir até o final. Até levar essa gente à cadeia. Vou contar um exemplo: houve uma reunião na FIFA, coisa de três ou quatro dias, em Zurique, e vocês devem saber que Marco Polo del Nero (atual presidente da CBF) dispôs seu avião privado para uso do presidente da Conmebol (Juan Ángel Napout) para a sua filha pegá-lo no Paraguai, pois tem medo de sair do Brasil e ser preso, por conta das investigações da justiça americana, já que é um dos corruptos listados. Outro presente era Gorka Villar (filho de Ángel Maria Villar, presidente da Real Federación Española de Fútbol). Eu me pergunto, quem pagou os custos deste voo? Para mim, Gorka é o cérebro, quem manipula a todos e maneja o antro de corrupção. O que faz um espanhol controlando o destino do futebol sul-americano?

Você lembra de alguma partida que tenha disputado e descobriu, posteriormente, qualquer tipo de manipulação?

Quando eu jogava nunca me ofereceram dinheiro nem nada, ok! Mas, a imprensa argentina divulgou uma escuta telefônica entre Julio Grondona e Abel Gnecco (representante da AFA na Comissão de Arbitragem da Conmebol) conversando com Carlos Alarcón (presidente da referida comissão) para designar o árbitro paraguaio (Carlos Amarilla) em benefício ao clube argentino (Boca Juniors, na partida de volta das oitavas-de-final da Copa Libertadores 2013). Isso tudo mundo sabe! E contra isso temos que lutar, porque o futebol tem que ser transparente para todos.

Em 1998, quando você liderou a seleção paraguaia nós sentíamos muito brio e orgulho daquele grupo que representava o seu país jogando futebol. Você acha que falta isso para os jogadores atualmente?

Falta mentalidade, ultimamente os jogadores não são profissionais. E é a melhor profissão do planeta, temos que cuidar do futebol e não permitir que o manuseiem. Muitos querem ser modelos para aparentar alguma coisa, cuidam do cabelo, usam cremes, se depilam e deixam de lado o profissionalismo e a disciplina. Gostam da noite e das mulheres, mas tudo a seu momento. Mas, se querem chegar longe têm que se cuidar.

1998

Qual é a sua opinião sobre a escolha de Ramón Díaz para treinador da Albirroja?

Para mim é o pior treinador que o Paraguai poderia ter escolhido. Ele não trabalha, só pensa em negócios. Assinou um contrato multimilionário por quatro temporadas e a seleção paraguaia não tem uma equipe. Voltaremos a jogar em outubro e ninguém conhece o time principal do Paraguai, porque ele e o corpo técnico não conhecem os jogadores paraguaios. É uma perda de tempo e eu sou muito pessimista com o que pode acontecer com o Paraguai nas Eliminatórias.

Você concorda com a opção dos jogadores naturalizados, sobretudo Lucas Barrios e Néstor Ortigoza, em defender o país natal de seus pais ou mães?

Eu creio que é normal, quando um jogador tem condições de jogar por outra seleção e é superior aos demais jogadores. Tanto Ortigoza quanto Barrios têm sangue guaraníojalá possam ter um grande nível.

Recentemente você incentivou o boicote ao próximo Mundial, a ser realizado na Rússia. Caso fosse o presidente da Federação Paraguaia você tiraria a seleção das Eliminatórias. E qual seria o seu argumento para convencer as demais federações?

É uma luta de todos! E tem que partir das grandes potências. Joseph Blatter está sendo julgado em seu país. Com Platini, eles venderam os direitos de televisão à Concacaf, fundamentalmente no Mundial disputado no Brasil. Porém, por uma cifra irrisória, coisa de 300 milhões de euros. Uma vergonha! Todos sabemos que por essa quantia ninguém consegue a licença para uma Copa do Mundo. Há que investigar quanto a Rússia pagou para ser sede, já que Vladimir Putin declarou que Blatter é um homem honrado. Vai ser o Mundial da corrupção, esta é a imagem que ficará de Rússia-2018.

Além da Rússia, temos a escolha do Qatar em 2022, edição que será disputada em novembro…

Sim, no inverno!

O que você imagina que vai ser do futebol depois de duas Copas do Mundo envolvendo tanta polêmica na escolha dos países sede?

Eu gostaria e pagaria para ver Joseph Blatter e companhia na prisão. E mesmo na Conmebol, Nicolás Leoz está em prisão domiciliar, assim como Juan Ángel Napout e Gorka Villar… Na Conmebol, todos devem estar presos porque fizeram parte do comitê executivo de Nicolás Leoz. E volto a repetir, os clubes devem boicotar porque a Conmebol é um antro de corrupção com dirigentes milionários e os clubes estão cada vez mais pobres. Não é possível que em uma primeira fase de Copa Sul-Americana se pague 150 mil dólares, entende? Com o dinheiro que entra na Conmebol, deveria se pagar entre 600 mil e 1 milhão de dólares. Tem muita diferença. Porque a Conmebol nunca construiu nenhum estádio em nenhum país sul-americano. Todo esse dinheiro terminava em outro lado e por isso a justiça americana está trabalhando bastante de uma boa maneira e tomara que não terminem presos apenas os cartolas, mas também seus filhos que hoje estão desfrutando do dinheiro roubado do futebol. Hoje em dia a família do Grondona, que já não está entre nós, continua aproveitando todo esse dinheiro. A justiça deve ser igual para todos. Eu gostaria que, com esse dinheiro, tivéssemos clubes ricos e que ajudassem os países onde mais precisam que se construam estádios para que as crianças mais necessitadas possam jogar futebol.

O Marín está preso na Suíça, o Del Nero já não viaja porque também tem medo de ser preso…

Marco Polo Del Nero também vai cair daqui a pouco. Assim como todos na Conmebol. Falta pouquinho.

Você acha que os clubes vão agir para reorganizar o futebol sul-americano ou os clubes são tão medíocres quanto os dirigentes que regem o futebol no continente?

Eu espero que, por exemplo, assim como o presidente da Bolívia, Evo Morales, que tem atuado muito bem pela transparência do futebol e que prendeu o tesoureiro da Conmebol, Carlos Chávez, que está preso na Bolívia, e a justiça de cada país, Brasil, Paraguai… a promotoria deve investigar como essa gente aumentou o patrimônio próprio sem trabalhar. Se nós não pagamos impostos, somos presos. Então como eles justificam o dinheiro que têm? Esse é um sonho que tenho: que todos eles terminem presos.

Evo

Logo depois que começaram a cair as cabeças na FIFA, começaram a veicular a possibilidade de ex-atletas ocuparem o cargo mais importante na entidade. Atualmente nós temos o Platini na UEFA, La Brujita Verón na presidência do Estudiantes La Plata… O que você acha de ex-atletas nestes cargos? Seriam boas alternativas?

Sim. Para mostrar ao mundo que existem profissionais que podem cuidar disso muito bem porque se necessita transparência. Volto a repetir, a questão principal é, por exemplo, cada país possui jogadores que atualmente estão sofrendo economicamente, certo? Não custa nada a Conmebol providenciar uma lista com os nomes destes jogadores, que deram sua vida para o futebol, e pagar a eles um salário normal e também um plano de saúde. Esta é uma forma de devolver algo a ele. Um presente da Conmebol. Esses dirigentes devem saber que a honestidade e a transparência é, antes de mais nada, para o bem do futebol.

Você também disse em uma entrevista recente que 99% dos dirigentes sul-americanos são corruptos. Quem seria o 1% restante? Ainda sobra alguém potável na Conmebol?

Existem dirigentes de segundo nível… No meu país, a Asociación Paraguaya de Fútbol é conduzida por Alejandro Domínguez, o segundo homem no esquema de corrupção. Eles também devem investigar a APF, que é outro antro de corrupção, assim como a Conmebol. Deve ser feita uma limpeza muito profunda na FIFA, na Conmebol, na CONCACAF… deve ser feita uma limpeza a nível mundial. E os únicos que se animam a denunciar sou eu, o Romário, o Maradona… nós não temos medo de mostrar ao mundo que os jogadores também estão preparados para conduzir os destinos do futebol. Estes senhores que estão aí hoje nunca jogaram futebol. Os “Reis Magos” nunca trouxeram uma bola de futebol para eles.  Eles não sabem nem mesmo chutar. Então eles lucram às custas dos jogadores e dos clubes.

Você atualmente mora em Buenos Aires, onde construiu grande parte de sua carreira, e por isso gostaria de saber quais são suas aspirações no Vélez Sarsfield, clube onde você se destacou como jogador profissional?

Vélez Sarsfield está atravessando uma situação muito difícil, está sendo dirigido por pessoas incompetentes, pessoas analfabetas, sem um respaldo econômico, que não conhecem o controle administrativo e isso é transportando, no mundo do futebol, para o campo de jogo. Não se pode passar garotos tão novos das categorias de base a responsabilidade da primeira divisão… Vélez corre um risco sério de ter que lutar, na próxima temporada, contra o rebaixamento.

Velez

O Rubén Darío Orué, da rádio Fútbol 780, de Assunção, pergunta sobre a ideia desse novo projeto de torneio de clubes internacional, a America’s Champions League

Estão tentando mudar a Copa Libertadores da América, querem mudar o torneio porque dessa forma tudo acaba e sem ser investigado, por toda corrupção que a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana geram. Isso é inviável neste momento. Primeiro devemos ir com tudo para que a justiça americana chegue com suas investigações até o final. É uma utopia pensar uma Champions League americana hoje em dia.

E se você tivesse que escolher entre dois cargos: técnico da seleção paraguaia ou a presidência do Vélez Sarsfield? Você se imagina ocupando algum destes dois cargos?

Não, não, não… Se aparecer alguma oportunidade na Conmebol, as grandes figuras da América do Sul devem conversar. Temos que escolher, entre todos, um referente importante… São poucos os jogadores de elite da América do Sul que estão lutando contra esses corruptos que roubaram todo o dinheiro do continente.

Queria que você falasse um pouco sobre o seu início de carreira no Sportivo Luqueño e também no Guaraní, clubes que ganharam destaque nas competições continentais nessa temporada…

Eu comecei a jogar no Luqueño, de 1979 até 1983, e fomos vice-campeões. Em 1984 passei a jogar no Guaraní, onde fomos campeões, e são lembranças que jamais se apagarão. É uma instituição que tenho muito apreço. Sou fanático do Sportivo Luqueño e me encanta que as coisas estejam indo bem a nível internacional. O Guaraní também está trabalhando muito bem.

Luqueño

Você vê alguma possibilidade que o jogador de futebol perceba sua importância e assuma uma postura mais atuante neste atual momento, de turbulência no futebol? Até mesmo pra tentar mudar isso…

Eu não acredito, porque o jogador atualmente não quer misturar-se com isso e tem medo dos dirigentes. Eles acham que o futebol dura a vida inteira. E também não são todos que ganham bem, essa é a realidade. Temos que lutar. Os corruptos devem ser expulsos para o bem do futebol, para o bem de todos. Essa é uma luta permanente, mas o jogador de futebol acha que a carreira dura para a vida toda, quando na realidade é bem curta. Aos 18 anos todos dizem que você é jovem, mas aos 30 já dizem que está velho. Hoje em dia o jogador tem medo, não quer lutar.

Voltando ao futebol e sua carreira, como apareceu a ideia de cobrar faltas e pênaltis, marcar gols etc.?

Antes de ser goleiro, fui camisa 9. Gostava de fazer gols. É por isso.

Algum treinador te impediu de fazer as cobranças de pênaltis e faltas?

Não. Porque antes só me dedicava a defender, mas apareceu uma situação limite no Vélez de Bianchi e recebi a oportunidade. Graças a ele, passei a bater faltas. E também temos exemplos importantes, como Rogério Ceni, um grande amigo, uma lenda viva, excelente profissional e também ganhador de tudo. Um grande goleiro e excelente cobrador de faltas e pênaltis. O importante é que criamos uma escola, a ponto de ser difícil lembrarem do que fizemos debaixo dos três paus.

O que você comenta daquele episódio polêmico com o Roberto Carlos em Porto Alegre?

Circunstâncias de jogo. Naquela ocasião ele chutava de todos os lugares e não conseguia marcar o gol, pois eu pegava todas. Aliás, minha grande pergunta sobre esse jogo é: o que fazia um árbitro alemão numa partida de Eliminatórias Sul-Americanas? Vamos lembrar que se o Brasil empatasse ou perdesse podia ficar fora daquele Mundial. Perdemos de 2 a 0, Roberto Carlos caminhou até a metade do campo e me disse: “índio, ganhamos”. Por isso dei a cusparada. Porque se fosse pra ir pra cima dele eu lhe arrancava a cabeça. Do jeito que falou, parece até que era um alemão de olhos azuis… O importante é que tudo termina dentro do retângulo. Trabalhei na cadeia RCN (da Colômbia), estive em vários estádios na Copa do Mundo de 2014 e as pessoas falavam disso. Mas não há rancor, são coisas do calor do jogo.

Roberto Carlos

Quais são as suas lembranças daquela final da Libertadores em 1994?

O Morumbi é um estádio maravilhoso, um dos melhores do planeta. A torcida do São Paulo também é fantástica. É difícil ser campeão no Morumbi, foi um jogo muito duro. Tenho respeito e admiração pela torcida e pelo clube. Havia uma pessoa que eu adorava: para mim, Telê Santana era o máximo como treinador. Falei apenas uma vez com ele na vida e achei uma pessoa maravilhosa. E enfrentar seu time era difícil, complicado, ainda mais com todas as figuras que tinha o São Paulo. Como disse, é muito difícil ser campeão no Brasil. Tinha o goleiro Zetti, um colega extraordinário, Válber, Juninho, Muller… Um time fantástico. Sempre dizia aos meus companheiros: quando um time está unido tudo é possível. Éramos 11 guerreiros que lutamos de igual pra igual. E, de fato, depois de pegar o pênalti do Palhinha as coisas ficaram mais fáceis para ganharmos de um grande time.

Morumbi

Retomando questão de o Roberto Carlos se sentir europeu, lembro que naquela final as pessoas no Brasil sabiam pouquíssimo sobre o Vélez. Quando o São Paulo perdeu de 1 a 0 na Argentina achavam que aqui seria goleada. Por que você acha que há falta de integração do Brasil com os vizinhos, e o brasileiro não se sente um sudaca, como de fato é?

Sempre digo que a discriminação existe no mundo todo, em todo país. Na Espanha era assim, nos chamam de sudaca, índio. Na França me chamavam de macaco… Mas o interessante é que o Brasil, obviamente, sempre teve figuras que se sobressaíam e confirmavam sua supremacia. Hoje, acredito que o Brasil não tenha tantas figuras como antes e agora as coisas ficaram mais equilibradas. Cada jogo se vê um equilíbrio, inclusive físico, e há mais igualdade. Por isso que desta vez as Eliminatórias serão duras. Porém, pessoalmente me agrada que a seleção tenha trazido Dunga de volta. Tenho admiração por ele e seu estilo, apesar de saber que muita gente não gosta de seu trabalho. Ele leva a cabo um futebol prático e simples, do qual o Brasil poderá tirar vantagem.

Bianchi

Vou citaro nome de dois técnicos, para você responder qual a importância deles em sua carreira: Carlos Bianchi e Paulo Cesar Carpegiani.

Carlos Bianchi foi parte do êxito do Vélez, ganhamos tudo com ele, que é um homem muito inteligente e sábio. Carpegiani conhecia perfeitamente a mentalidade do jogador paraguaio e fizemos história juntos. Uma pessoa capaz, muito trabalhadora e que no Paraguai adoramos.

Nosso companheiro Felipe Bigliazzi é um grande bielsista. É dele a pergunta: como foi seu relacionamento com el Loco, no Vélez?

Normal, de profissionais, essas coisas. Mas é um homem muito difícil, possessivo. É muito difícil suportá-lo. Eu aguentei só dois anos, mas, enfim, fomos campeões.

Bielsa

O Bielsa constrói um imaginário de um personagem bem particular, concorda?

Sim, por exemplo, ele não gosta de voar de avião, tem muito medo. Certa vez, com todas as nossas diferenças, estávamos sentados lado a lado dentro de um avião. Não nos falávamos, por diferenças táticas e afins, mas o avião começou a acelerar e se mexer de um lado pra outro, como um cometa.

Então, me disse, muito assustado:

– “Chilavert, você é feliz?”. Em pleno voo.

– “Sim, sou”, respondi.

– “Como?”, retrucou ele.

– “Vendo as coisas bem na vida, estando minha família, tendo férias com ela…”

E ele me disse:

– “O carro que você tem eu não poderia ter”. Eu tinha um BMW 540, em 1997.

– “Por quê”, perguntei.

– “Porque custa muito dinheiro, é um tapa na cara do povo”.

– “Ah, não me diga que você é mais um socialista de Mercedez Benz?”

Todo mundo quer ser exemplo com bolso cheio. Por isso o populismo que lamentavelmente muitos manipulam é um sistema que, em meu pensamento, é totalmente diferente. É bom ajudar as pessoas a crescerem, ensinar a trabalhar aqueles que têm vontade. Pois hoje em dia em países como Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador, dizem ser preciso ajudar as pessoas humildes. Mas sabemos que são governantes multimilionários. E esquecem do povo. A educação vem antes de tudo. Falar é fácil, mas quando vamos ver são todos corruptos e milionários.

E o que você comenta da transição política de seu país, com a perda de mando do Fernando Lugo e a eleição do Horacio Cartes?

Achei fantástico que os deputados e senadores tenham tirado Lugo. Porque ele estava transformando o Paraguai em Venezuela. Aliás, aproveito para lançar minha solidariedade ao povo deste país, porque esse personagem e miniditador Maduro está matando gente inocente e o Mercosul finge que não vê. Temos de nos solidarizar. Estão deixando as pessoas sem comida, estão matando as pessoas, deixaram Leopoldo Lopez numa prisão, por defender a democracia, de forma desumana. E nenhum país, incluído o meu, faz nada. Isso deve ser denunciado. Maduro é um sem vergonha que tem de ser preso, uma vergonha mundial. Voltando ao meu país, o Paraguai está indo por um caminho muito bom, com boa economia, gado, exportação de soja, coisas que vão muito bem, felizmente. O que deixa claro que a maior parte do orçamento do país precisa ser colocada na educação e na saúde. Duas deficiências que precisamos superar.

Voltando ao futebol, na sua despedida oficial, em 2004, você reuniu grandes craques no estádio do Vélez, como Zamorano, Francescoli, Higuita, Valderrama… O futebol te deu mais amigos ou inimigos?

Muito mais amigos. Inimigos não. Há momentos de calor, nervosismo dentro das quatro linhas. Mas fora de campo somos todos amigos. É o que fica. E também conheci muita gente. Por exemplo: em casas humildes, não se encontra foto do presidente do país – a não ser que seja um ditador como Maduro na Venezuela – mas encontra-se a foto dos ídolos. O carinho das pessoas pelos esportistas e, em especial, futebolistas é a diferença que existe.

Despedida

E com o Ruggeri, já está tudo bem, pois até aqui no Brasil ficou-se sabendo de sua briga com ele?

Já passou também (risos). É só história agora. Coisas do momento.

Ruggeri

Você também passou pelo San Lorenzo. O que você poderia falar da rivalidade que se criou recentemente entre os clubes?

Realmente, não entendo porque tem que existir rivalidades. Os clubes deveriam ser amigos, são duas grandes instituições e não deveria haver violência entre eles. Todos somos humanos, gostamos de ver nosso time ganhar, mas daí para se passar a matar pessoas não dá. Temos que superar essa situação.

Você bateu, e também impôs, diversos recordes, por ser pioneiro, como nas faltas e pênaltis. Quais gols você considera mais especiais na sua carreira?

O mais especial é o que marquei de falta contra a Argentina nas eliminatórias para a Copa de 1998. E também contra a Colômbia, na classificação do Paraguai para essa Copa. Foi muito bonito. Mas quando se trata de goleiro todos os gols são importantes, todos são diferentes.

Monumental

Ouça o podcast Conexão Sudaca #67

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Judão #01MariMoon

mm

Ela é um fenômeno internético surgido mais ou menos na mesma época que o JUDÃO – e que se tornou grande amiga da gente. E ela também é um ícone do finado Fotolog, estrela de vídeos no YouTube, ex-VJ da MTV, sensação no Instagram… Tão multifacetada quanto as muitas cores de seus cabelos, MariMoon pintou no primeiro episódio PRA VALER do nosso PoOOoOooODCAST! para um papo aberto e sem frescuras.

Foi uma conversa sobre bastidores, com um pouco mais de Mariana, menos de Mari. E zero de Mary. ;D

Falamos sobre os bastidores do Rock in Rio, claro, já que ela foi uma das repórteres da cobertura realizada pelo Multishow e chegou até a comemorar o aniversário na Cidade do Rock, durante o show da Rihanna. Mas também falamos sobre a fama, pessoalzinho de  internet, como a web mudou de lá pra cá, sobre uma certa treta envolvendo um cantor/ator que vai interpretar nos cinemas um vilão da DC Comics…

E mais: revelamos, com exclusividade total e absoluta na imprensa brasileira, a verdadeira história a respeito do primeiro encontro entre ela e o Borbs. SIMPLESMENTE IMPERDÍVEL! Ou… Não. 😀

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Folha Seca #82 Amilcar Barbuy

O Folha Seca #82 conversou com Maurício Sabará, autor do livro O Generalíssimo Amilcar Barbuy, que conta a história deste importante jogador do futebol paulistano; o programa também destacou o lançamento do filme de Cristiano Ronaldo e abriu espaço para Francisco Alves, o “Rei da Voz”.

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Thunder #74 Laerte

Grande encontro!

A talentosa Laerte visitou Thunderbird e falou sobre televisão (apesar dela não assistir mais), as boas novas do Papa Francisco, Donald Trump e seus análogos brasileiros, legalização das drogas, a questão dos transgêneros… Deu tempo de falar de muita coisa!

Tudo ao som de muito rock and roll.

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Visibilidade para o Futebol Feminino EP.5 – A Modalidade que Queremos

O quinto episódio da websérie sobre futebol feminino, intitulado A Modalidade Que Queremos, traz as entrevistas do coordenador de futebol feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha, e da pesquisadora e co-curadora da exposição Visibilidade para o Futebol Feminino, Silvana Goellner.

Realização: Museu do Futebol
Parceria: Centro de Memória do Esporte da UFRGS e Central 3

Créditos:
câmera: Bruno Graziano
entrevistas: Matias Pinto
produção: Paulo Junior
edição: Bruno Graziano e Paulo Junior

Postado em TV

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Junts Pel Espanyol

Por Felipe El Biglia de la Gente Dominguez

São quase 15h. Sigo perdido num bar localizado nas cercanias da estação Castelldefels. Peço uma tortilla acompanha por uma boa caña, à espera do meu grande amigo Marc. Esta grande figura nos convidara para conhecer a pacata região metropolitana de Barcelona. Bandeiras da Catalunha por todas as partes. As eleições regionais pela renovação do parlamento – realizada no último domingo – pulsam em vermelho, amarelo e azul. Não se fala de outra coisa. Recebo o folheto da coligação Junts pel Sí – que engloba os partidos Convergència Democràtica de Catalunya (CDC), Demòcrates de Catalunya y Moviment d’Esquerres e Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) – que lidera massivamente as pesquisas graças ao clamor sobre a independência da região: “De 1989 a 2009, o governo espanhol modernizou e ampliou em 65 km a malha ferroviária nas cercanias de Madrid. Ao passo que na Catalunha convivemos com atrasos e lotação nos trens. Por fim, as políticas ferroviárias do Estado prejudicam ao povo e as empresas da Catalunha. Necessitamos decidir o modelo que queremos. Contar coma gestão própria, integral e moderna. Todos os anos, 16.000 milhões de euros saem da Catalunha e não voltam. Precisamos recolher nossos próprios impostos. Apenas com a independência teremos a capacidade e os recursos necessários. Você decide: progresso ou retrocesso?”

Bandera

Eis que chega meu anfitrião, um catalão dos quatro costados, que se diz favorável a independência, apesar de elencar os casos de corrupção envolvendo o líder Artur Mas. Cruzamos Viladecans, o seu vilarejo, às margens do rio Llobregat. O município com 65 mil habitantes localizado à 20 km de Barcelona era uma das sedes nos Jogos Olímpicos de 1992, mais especificamente do beisebol. Pela rambla principal, Marc é figura popular. Cumprimenta a todos, amigos e ex-namoradas, sem antes passar pela associação canábica da cidade. A Catalunha possui por volta de 300 centros legalizados de auto cultivo e consumo da erva, o maior da Espanha – seguido pelo País Vasco – mostrando seu DNA progressista em relação ao país. Por fim, com sua colheita em mãos, Marc me faz uma surpresa: havia conseguido ingressos para ver Espanyol x Valencia em Cornella El Prat. Seu pai, que o fizera torcedor dos Pericos, havia repassado seu carnê da temporada. Para nosso puro deleite, a entrada estava garantida sem precisar desembolsar 30 euros – o valor da entrada para não-sócio.

Césped

“Ser do Espanyol é dureza” dizia Marc, logo assim que nos conhecemos em Buenos Aires. Nos dias em que estive por Barcelona, vi apenas um senhor de meia idade ostentando a camiseta blanquiazul. O Barça manda, como um verdadeiro imã de turista, com Messi e Neymar estampados em cada esquina. Falemos do Espanyol, um clube sofrido, que deixou Sarrià em 1997, perambulando pelo estádio Olímpico de Montjuic, até construir seu novo campo, localizado no município vizinho de Cornellá de Llobregat. Chegamos atrasados, aflitos. Por sorte, poucos quilômetros separam Viladecans e Cornellá. O entorno do estádio está tomado por carros. Uma região repleta de indústrias e galpões. Por fim, Marc consegue um lugar reservado aos sócios do clube. Logo na chegada, o gol solitário da partida. Um cruzamento preciso conectado pelo meia Victor Alvarez. O Espanyol vinha de uma vitória agônica sobre a Real Sociedad em San Sebastián, no País Vasco. Resultado este que tentava apagar o massacre da semana anterior, quando levou de 6 do Real Madrid, sendo 5 de Cristiano Ronaldo, em pleno Cornella El Prat.

O Público é pequeno, ocupando pouco mais da metade da nova arena. Os ultras do Espanyol, com aclamada fama direitista, se divide entre a Curva – localizada no setor Cornellá – e La Juvenil, que fica no canto alto do gol oposto. As duas torcidas se juntaram em protesto contra a Real Federación Española de Fútbol que proíbe bandeiras de mastro, faixas e megafones. No estilo espanhol, os cânticos são puxados por um líder que entona as marchas através de um aparelho. Ofensas aos culés são as prediletas. “O Barça é uma mentira. Se dizem mais catalães do que nós. Dizem que somos traidores, sendo que eles foram fundados por um suíço”. O Espanyol manda no jogo. A dupla de ataque formada por Felipe Caicedo e Marco Asensio promete bons frutos. O Valência de Nuno Espírito Santo é apenas um rascunho do time que fez um belo papel no campeonato passado, chegando inclusive a ganhar o direito de disputar a atual edição da Champions League. No final, a vitória do time mandante foi confirmada. Hora de me despedir dos amigos e da Catalunha. Fica a vontade de regressar e desfrutar dos bons ventos provenientes do Mediterrâneo em direção aos Pirineus.

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Dibradoras #17 Draft

No podcast de hoje, as dibradoras Júlia Vergueiro, Nina Cardoso e Renata Mendonça falaram sobre o “jogo dos desmaios”, entre Tiradentes e Viana, em Teresina, sobre o primeiro draft do Brasileirão feminino, que distribuiu 20 jogadoras da seleção permanente em oito equipes nacionais, com direito a entrevista com Marco Aurélio Cinha, coordenador de futebol feminino da CBF sobre os assuntos.

A convidada do dia foi Victoria Lovelady, jogadora de golfe que desbancou os machos recentemente em um torneio nacional.

Além disso, temos entrevista com a ex-jogadora da seleção Daniela Alves, que esteve no Museu do Futebol no último sábado.

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