Profissionais

Santos e São Paulo voltarão a se enfrentar na Vila Belmiro, em partida válida pela semifinal do Paulistão. Há mais de 80 anos, no dia 12 de março de 1933, a dupla SanSão deu o pontapé inicial do futebol profissional no Brasil em amistoso realizado no mesmo palco do confronto do próximo domingo. Na ocasião, os visitantes venceram por 5 a 1 com gols de Arthur Friedenreich, Waldemar de Brito (2x) e Araken (2x). Logu descontou para os mandantes.

Folha da Manhã

 

Recentemente as duas agremiações demitiram seus treinadores, prática mais do que comum nas oito décadas de profissionalismo, por divergências entre técnicos e planteis. A resposta dos jogadores é padrão: “somos profissionais, respeitamos o trabalho do professor”. Porém, após as saídas de Enderson Moreira e Muricy Ramalho, os “profissionais” de Santos e São Paulo, respectivamente, mudaram de postura.

A notícia da saída do agora ex-treinador santista foi comemorada por Robinho e seus parças pelo WhatsApp. Já as duas derrotas seguidas, fora de casa, para San Lorenzo e Botafogo de Ribeirão Preto revelaram a desunião do elenco e que Muricy já não tinha mais o apoio de seus comandados, diferentemente da bravata repetida aos microfones: “Vamos jogar por ele”. O momento delicado do clube e também da saúde do treinador, abreviaram sua terceira passagem pelo Tricolor .

A solução imediata para santistas e são-paulinos foi o interinato de velhos conhecidos das duas torcidas. Marcelo Fernandes, escoltado por Serginho Chulapa, assumiu o CT Rei Pelé e foi efetivado no cargo com 8 vitórias, 2 empates e 1 derrota. No Morumbi, Milton Cruz foi testado pela 13ª oportunidade (28j, 14v, 6e, 8d) em 16 temporadas consecutivas como membro fixo da comissão técnica do São Paulo.

Poucas mudanças foram observadas no trabalho dos interinos em relação aos seus antecessores. Não houve tempo hábil para um “choque de gestão”, lançando mão do vocabulário corporativo. Então, como os resultados apareceram em tão pouco tempo? A substituição de apenas uma peça na cadeia de comando já é o suficiente para melhorias?

A hierarquia dentro do futebol brasileiro ainda obedece a uma lógica paternalista e os jogadores são treinados desde cedo para reproduzir este ambiente. Qualquer crise na “família” é respondida com “castigo” ou afastamento do “pai”, no caso o treinador. Se levarmos em conta que os futebolistas são uma das categorias mais divididas, em meio aos mais diversos interesses em jogo, não é de se espantar que ainda existam tantos maus profissionais dentro de campo.

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