House Of Cards e a Casa do Baralho

*Por Luiz Thunderbird

Olá, amiguinhos! Eu estava aguardando a melhor oportunidade de escrever sobre essa série que conquistou meu monitor de TV e o mundo. Não vejo momento mais propício que este que estamos vivendo no Brasil. Além do que, a série estreia nova temporada neste fim de mês.

A saga de Frank Underwood começa quando ele ainda está no senado americano, junto aos democratas, como grande articulador político do partido. O presidente havia lhe prometido um cargo importante se eleito. A promessa foi colocada de lado e isso desperta a fúria de Underwood. Já vimos isso em território nacional.

Ele não tem escrúpulos (vemos muito disso aqui no nosso congresso) e pretende se vingar do presidente eleito (outra similaridade com nosso cenário político). Ardilosamente, o anti-herói inicia suas manobras para a tomada de poder (aqui, chamamos de golpe). Primeiramente (fora Temer?), ele constrói uma armadilha pro escolhido pelo presidente para o cargo de secretário de estado, que Frank tanto desejava. Armadilha! Muito bem sucedido na derrubada do rival, ele almeja muito mais. Ele visa alcançar a vice-presidência.

Com golpes sujos, arapucas, manobras deselegantes, ameaças e até assassinatos, ele assume a vice-presidência dos EUA. Uma cargo importantíssimo, não é mesmo? Mas ele quer mais! Sua sede de poder é insaciável. Ele articula um golpe espetacular para que o presidente seja obrigado a renunciar.

Algumas frases de Frank Underwood…

Cabe aqui uma explicação. Nos EUA e em vários países europeus, uma suspeita de desonestidade é suficiente para que o mandatário maior da nação renuncie. Se há provas de desvios de conduta, a renúncia é quase uma certeza de que esse afastamento voluntário é iminente (não é o que vimos recentemente no Planalto). Lembro de estar num supermercado em 1992, em Los Angeles, e ser abordado por uma senhora muito americana. Eu estava gravando “Thunder Descobre a América” pela MTV, ela reconheceu meu português e me indagou: “Você não tem vergonha do seu presidente?” O tal presidente era Fernando Collor de Mello. Eu respondi que tinha muita vergonha dele e ela perguntou por quê o povo brasileiro não exigia sua renúncia. Pouco tempo depois ele se foi. Mas voltou, né? Tá aí, senadorzão da república. Que vergonha! E tem a nova sensação do Senado, Aécio Neves envolvido com os recentes escândalos nacionais. Ele estaria na minha versão de House Of Cards Brazil!

Voltando à série, depois do golpe Frank Underwood assume o cargo de homem mais poderoso do planeta. Ele finalmente atinge seu objetivo de se tornar presidente da república. Sua esposa, Claire, é peça fundamental na arquitetura do plano. Ela é parceira inconteste do marido, tomando pra si algumas ações bastante condenáveis. Mas sabe como é o poder, né amigos? Aquele vale-tudo que, se bem jogado, rende pontos preciosos no tabuleiro.

Acontece que a própria Claire Underwood desperta para o cenário político, não como esposa, mas candidata aos cargos públicos. A América se apaixona por sua figura altiva e a coloca no elenco como candidata à vice-presidência junto ao marido (pouco provável que aconteça com Marcela, aqui no Brasil). Ela estabelece uma relação com o presidente da Rússia, com requintes de sedução, inclusive. Mas com tanta força e intenções, às vezes nobres, que domina as disputas com o Victor Petrov. Victor vai tão longe na provocação, que tasca um beijão na primeira dama numa festa da Casa Branca!

Aliás, cabe a observação que Michel Temer viajou pra Portugal para o funeral de Mario Soares (ex-presidente daquela nação) com Gilmar Mendes, presidente do STF. Foi a única viagem dele e, em terras portuguesas, teve que ouvir retumbantes FORA TEMER, inclusive com o sotaque luso. Que coisa!

Recentemente, a conta oficial do Twitter da série House Of Cards publicou: “Tá difícil competir”. Fazia referência à denúncia sobre o envolvimento de Michel Temer com Joesley Batista da JBS, hoje, empresa conhecida por todos os brasileiros. Lembram da Friboi? Pois é, a carne é mesmo muito fraca! Se a carne é fraca, a ganância é fortíssima.

House of Cards Brazil ou Casa do Baralho?

Robin Wright, a atriz que interpreta a personagem de Claire Underwood, vem ao Brasil pra falar do Empoderamento Feminino com Meryl Streep. Acho isso sensacional, depois da declaração de Michel Temer, nosso presidente, ter sido objeto de piada mundial, após suas declarações machistas absurdas no Dia da Mulher. Quem é o marqueteiro de Temer? Não é possível que alguém tenha dado essa ideia pra ele como instrumento de marketing. Foi um fiasco tão grande, que tive que ouvir de uns músicos belgas que estiveram no Thunder Radio Show, que essa foi a única relevância de Temer na Bélgica, Que vergonha! De novo!

Tem um documentário na Netflix sobre o chefe de campanha de Donald Trump. “Get me Roger Stone”. Recomendo assisti-lo depois da ingestão de um eficiente antiemético. As ânsias de vômito vêm à boca, durante esse documentário, mas explicam a eficiência das táticas sujas de Roger Stone. Ele estava envolvido no escândalo de Watergate com Richard Nixon, na campanha de Ronald Reagan, na eleição de George Bush pai e filho, uma sequência de republicanos horripilantes. Robin Wright declarou no twitter que Stone roubou um monte de ideias da série House Of Cards, uma brincadeira, obviamente. Mas a máxima de Roger Stone é que mais poderosa que a informação, é a DESINFORMAÇÃO. Portanto, os marqueteiros brasileiros, esses sim, podem ter surrupiado as ideias do Sr. Stone. Vimos isso nas recentes eleições municipais. Um dia, falo mais sobre isso.

Aqui o trailer desse documentário sinistro:

Enquanto escrevo esse texto, tudo pode estar acontecendo no desenrolar da história do Brasil. A cada dia vemos acusações, defesas absurdas, novos envolvidos, novas gravações campeãs de audiência nos jornais nacionais. Muita expectativa em relação ao futuro do país! Dia 30 de maio estreia a nova temporada de House of Cards. Estou muito ansioso por isso. A ficção é mais encantadora que a nossa tosca realidade. Qual será o destino de Frank? Claire vai ascender à presidência? As desonestidades do presidente virão à tona? Ele irá renunciar? Vai pra cadeia? E no Brasil? Expectativas!

Aqui o trailer da nova temporada:

 

*Luiz Thunderbird é músico, apresentador de TV e comanda o Thunder Rádio Show, na Central3.

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Dê uma chance ao Saul

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*Por Luiz Thunderbird

Eu sempre convivi com os vilões. Eles sempre estiveram presentes no cinema, na TV, na política, na escola, no trabalho, em alguns momentos até na vizinhança. Claro que eu tenho um certo olhar benevolente pros vilões vingadores. Aqueles que fazem justiça, reivindicam vingança aparentemente justa e tal. Não estou falando daquele juiz do STF que veste sua capa do Batman e tem uma aposentadoria confortável.

Lembro do primeiro episódio de “Relatos Selvagens”, quando o protagonista consegue colocar num avião todos os que lhe desgraçaram a vida. É trágico, mas é cômico também. Quando o psiquiatra, a bordo, declara que a culpa de tudo era dos pais do sequestrador, ele mostra que está ciente disso. Tanto que joga o avião em cima do jardim onde estão os genitores. O filme segue com outras vinganças espetaculares. Recomendo muito! O filme, naturalmente. Não recomendo vinganças sanguinárias, por favor! O filme está disponível no site HBO-GO.

Tem um personagem da ficção televisiva on demand que considero muito injustiçado. O nome dele é Saul Goodman. Na verdade, o nome é James McGill, mas ele abandona o nome de batismo por questões práticas, ainda a saber nas próximas temporadas da série Better Call Saul.

James McGill era conhecido na sua cidade natal como Jimmy Sabonete. Ele aplicava golpes e era respeitado por isso. Seu irmão, este sim, um respeitado advogado, sempre livrava a cara dele. Até o dia em que ele desistiu da vida fácil e foi trabalhar na firma de advocacia desse irmão. Secretamente, fez um curso de direito por correspondência, acreditando que teria uma chance nessa mesma firma. Isso nunca aconteceu.

Pra entender a coisa toda é recomendável assistir outra série, “Breaking Bad”. Ali, Jimmy, já transformado em Saul Goodman aparece e divide situações com os protagonistas. Então, vamos a um breve resumo Breaking Bad.

Breaking Bad- Disponível na Netflix

Um professor de química, Walter White, resolve ganhar uma grana com seus dotes profissionais e se transforma no melhor produtor de metanfetamina do mundo. A primeira justificativa é a de que ele precisa do dinheiro pra pagar seu tratamento de câncer. Com o tempo, percebe-se que a motivação é outra. Poder, controle, até mesmo se vingar dos antigos sócios que se tornaram milionários com uma ideia que era dele. Walter White inicia uma parceria com Jesse Pinckman, seu ex- aluno, e vai alcançando sucesso no objetivo de ser um bilionário das drogas. Mas a obsessão do Sr. White vai além disso. Ele sente ciúmes do seu produto quimicamente perfeito. Ele vai progressivamente eliminando seus inimigos, um a um, as vezes de forma bastante violenta. Ele se torna cada vez mais frio na execução do seu plano de dominação e egolatria. O que me chamou a atenção é que eu me vi torcendo por ele. A cada superação de obstáculo eu respirava fundo, junto com o personagem. Ele sempre tinha uma justificativa, fosse a família, a honra, a doença, mesmo um patrão mil vezes mais maligno que ele próprio. Breaking Bad é uma da minhas séries preferidas. Já assisti várias vezes todas as temporadas.

Aqui, o trailer da primeira temporada:

A trilha de abertura é ótima, e a que fecha os episódios, varia nos arranjos, sempre incríveis. Músicas incidentais também são muito bacanas. Esse cuidado com a trilha sonora, pra mim, é importantíssimo. Tem passagens que são verdadeiros videoclipes musicais.

Tem essa cena numa boate com o personagem Jesse Pinckman…

E uma das cenas prediletas, quando o assistente do Walter White, Mr. Gale, faz um karaokê de Crapa Pelada…

Num total de 62 episódios em 5 temporadas, a trama se desenvolve muito bem. O protagonista vai mudando de status, de professor de química obrigado a fazer bicos num lava-rápido, a multi-milionário que não consegue guardar, lavar ou contar a própria fortuna. O final é trágico, mas deixa a possibilidade de uma continuação. Eu sempre torço por isso. Mas existe uma alternativa: a vida do advogado que era associado ao chefão do tráfico em Albuquerque, Gustavo Fring e passou a “cuidar dos negócios” de Mr. White, Saul Goodman. A maioria dos amigos que assistiram Breaking Bad não conseguiu assistir Better Call Saul. O personagem era secundário, o ator (Bob Odenkirk) era ofuscado pelas interpretações de Brian Cranston e Aaron Paul (vide o episódio onde Walter White fica trancado no laboratório alucinando, obcecado por caçar uma mosca que invade as instalações impecáveis que ele comanda. Num determinado momento, os atores desenvolvem um diálogo fantástico, intenso, dramático, avassalador!

Esse é só um trecho deste momento espetacular:

Mas quem ficou na obsessão pela série, como eu, precisava de uma continuação. E ela veio com Better Call Saul.

Better Call Saul- Saul Goodman aparece nas primeiras temporadas de Breaking Bad. Ele é advogado criminalista e faz de tudo por seus clientes suspeitos. Quando eu pedia a continuação de Breaking Bad, meus pedidos foram atendidos com a biografia de um dos personagens mais cômicos da série.

Aqui, um teaser:

O primeiro episódio faz a transição de Breaking Bad para Better Call Saul. Mostra como o advogado se tornou atendente de uma lojinha num shopping center, para escapar das garras da polícia. Mas essa é só a introdução, pois o roteirista te faz voltar no tempo, na época em que James Morgan McGill trabalhava como advogado porta de cadeia e cuidava do irmão com uma misteriosa doença. No primeiro episódio vemos Jonathan Banks no papel de Mike Ehrmantraut, o chefe de segurança que trabalhava em Breaking Bad. Tuco, o traficante mexicano psicopata de Breaking Bad, chega no segundo episódio.

De cara, percebe-se que Jimmy McGill é um bom sujeito. Espertinho, mas um cara bom. A vida o empurra pra situações em que ele escorrega pra desonestidade. Mas ele é gente boa, um sacana gente fina, digamos. Quando ele consegue engrenar uma onda de trabalho honesto, ainda como James McGill, ele começa a atender idosos. Serve potinhos de gelatina aos clientes, onde no fundo da embalagem se lê Need a will? Call McGill! Genial!

Trailer da segunda temporada:

Na Série The Sopranos aconteceu algo estranho. O protagonista era um tremendo mau caráter!
Tony Soprano, um gângster inescrupuloso, comandava negócios escusos, era um mafioso destemido, ameaçava a psicoterapeuta, intimidava pessoas violentamente. Cheguei a ter um ponta de simpatia por ele, mas não muita!

Dexter, personagem da série homônima, por outro lado, era um serial killer que fazia picadinho de pessoas más. Torci por ele varias vezes.

Voltando para Better Call Saul, o mesmo tem acontecido com James McGill, um picareta adorável. Ele é tão sacaneado pelo irmão, pela vida, que desperta um sentimento de admiração por sua arte de trapacear e tentar se vingar do destino.

Com o tempo, eu percebi que ele teve uma situação que o levou a ser desonesto. Uma passagem com seu pai, na loja administrada por ele, quando é trapaceado por um vigarista e o jovenzinho Jimmy percebe o truque, alerta o pai, que prefere acreditar no ser humano. O adulto Jimmy reuniu forças pra tentar se redimir do passado desonesto. Mas, pasmem, ele foi sacaneado pelo próprio irmão certinho. Mas o que fez James McGill se transformar em Saul Goodman?

Essa curiosidade está me matando!

Acontece que a terceira temporada de Better Call Saul estreia nesta terça-feira, dia 11 de abril, na Netflix, quando supostamente ele conhecerá Gus Fring e a empresa Los Pollos Hermanos (ambos de Breaking Bad).

Gustavo Fring vai, provavelmente, ajudar na transição de Jimmy McGill para Saul Goodman, ainda não tenho certeza. E, se soubesse, não daria a mancada de um spoiller aqui.

E eu não vejo a hora de assistir os próximos capítulos dessa trama.

Apenas uma recomendação! Assista primeiro todas as temporadas de Breaking Bad. Só depois, se jogue em Better Call Saul.

Se você começou e desistiu, faça uma forcinha. Vale a pena.

Dê uma chance para Saul Goodman!
It’s all good, man!

 

*Luiz Thunderbird é músico, apresentador de TV e comanda o Thunder Rádio Show na Central3.

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