Bianca Pyl e Luís Brasilino conversam com o historiador Yussef Campos, autor, com Ailton Krenak, do livro “Lugares de origem” (https://bit.ly/3ttWy4z). A publicação, lançada no fim de 2021 pela editora Jandaíra, traça um diálogo entre os autores sobre a trajetória dos povos indígenas e as noções de patrimônio cultural no Brasil. Durante a Assembleia Constituinte de 1988, a redação do artigo 231 da Constituição dizia que: “são terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições e do seu patrimônio cultural”. Por uma manobra do Centrão, esta última expressão, “e do seu patrimônio cultural”, foi suprimida do texto final. Youssef explica na entrevista a importância dessa alteração e fala também sobre a participação de Krenak na Constituinte e o episódio em que pintou o rosto de jenipapo, o que significou o reconhecimento do patrimônio imaterial pela Constituição, os direitos indígenas no Brasil, o rompimento da barragem da Samarco no Rio Doce e seu impacto sobre o povo krenak que vive na região, as atuais ameaças às conquistas de 1988 e muito mais. Yussef é historiador e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e autor do livro “Palanque e Patíbulo: o patrimônio cultural na Assembleia Nacional Constituinte”, fruto da sua tese de doutorado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Trilha: Caetano Veloso, “Terra”; e Milton Nascimento, “Clube da esquina” (Lô Borges, Marcio Borges e Milton Nascimento).