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Trivela #48 Novas regras do futebol

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A regra do jogo

As regras do futebol sofreram importantes ajustes na última semana, sendo o mais relevante deles o uso da tecnologia em vídeo para lances capitais. Infantino, novo presidente da Fifa, faz, assim, seu primeiro grande gesto à frente da federação. O que você achou destas mudanças?

Felipe Lobo, Bruno Bonsanti, Leandro Iamin e Paulo Júnior debateram e especularam em cima destas mudanças. Deixar o impedimento de fora das revisões via replay é um erro? O replay em si é de fato uma bola dentro da Fifa? A IFAB dá um tiro no pé ou marca um gol de placa?

O podcast da semana também fala sobre o uso mais racional do dinheiro por parte da MLS em comparação ao futebol chinês e se diverte com a entrevista de Arlindo Maracanã, que fugiu do roteiro e atingiu Lisca Doido.

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Dibradoras #33 Jackie Silva

Falamos com Jacqueline Silva, ex-jogadora de vôlei (de quadra e de praia) e primeira medalhista mulher da história do Brasil nos Jogos Olímpicos.

Em um bate-papo muito descontraído, Jackie relembrou histórias que viveu durante sua carreira, falou sobre sua relação com Sandra Pires e a luta para conquistar maior espaço para as mulheres na modalidade.
Atualmente, Jackie comanda o Instituto Atletas Inteligentes que incentiva crianças a praticar vôlei na escola.

Além disso, falamos sobre seleção brasileira finalista da Copa Algarve e seleção sub-17 que avançou para a 2ª fase do Sul-Americano.

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O Som das Torcidas #75 Clásico de los Medianos

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Yo no soy Bolso, ni Carbonero

Uma rivalidade recente entre os dois clubes que mais revelam jogadores para La Celeste no últimos anos, de Alvaro Recoba e Nico Oliveira à Edinson Cavani a Maxi Pereira. Distantes geograficamente, franjeados violetas disputam o posto de terceira força do fulbo, ambos com 4 títulos e uma participação na semifinal da Copa Libertadores.

No mais, a relação de dois grandes nomes da música uruguaia com seus quadros; Jorge Lazaroff, filho de um dos fundadores do Danubio FC, e Jaime Roos, que compôs o hino não-oficial do Defensor, após a conquista do campeonato de 1976.

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Central Autônoma #84 Lei antiterrorismo

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Lei antiterrorismo

Enquanto o Brasil enlouquece no meio das disputas políticas entre governistas e conservadores, por conta do mais que controverso depoimento forçado de Lula à Polícia Federal, o programa dessa semana falou dos abusos e atropelos que já atingem (e podem piorar) o cidadão comum: a lei antiterrorista, proposta pelo Governo Federal.

Para Camila Marques, advogada entrevistada pelo programa, trata-se de armadilha que custará caro aos que participam de contestações sociais em um país permanentemente mergulhado em variadas crises, ficando à mercê dos governos e pactos de turno.

Em suma, um projeto de lei que terá tudo pra pesar sobre os ombros menos amigáveis ao mercado, enquanto parte do país ainda se comove por quem atingiu os mais altos patamares de promiscuidade público-privada.

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Bolaños, por duas horas

Esmeraldas, na costa norte do Equador, é conhecida por manter a cultura africana num país em que uma parcela muito pequena, menos de 10% da população, é negra. Diz a história que em 1500 e pouquinho um navio espanhol com escravos afundou na região. Outros chegaram fugindo de regiões como a Nicarágua. E então foi se firmando um ponto de resistência e descendência africana no território equatoriano.

[Divulgação/Grêmio]
[Divulgação/Grêmio]

Vários jogadores de destaque nasceram na região. Uma reportagem da Sportv, às vésperas da Copa do Mundo de 2014, contou sete dos onze prováveis titulares. Erazo, então no Flamengo e hoje no Atlético-MG, é um deles, por exemplo. Curioso é que a cidade de Esmeraldas, capital da província de mesmo nome, nem tradição na primeira divisão do futebol local tem. Miller Bolaños é um dos filhos dessa terra. Esmeraldeño, como dizem. Começou a jogar no Caribe Junior, clube atualmente na terceira divisão e famoso por ser também o campo do início da carreira de Antonio Valencia, equatoriano mais caro da história ao ser contratado pelo Manchester United em 2009.

Dos rojinegros, Miller foi se profissionalizar no Barcelona, de Guayaquil. Em 2007, jogou o Sul-Americano Sub-17 quando inclusive o selecionado do país venceu o Brasil na primeira fase por 5 a 4, ainda que tenha sido lanterna, depois, do hexagonal final – os brasileiros bateram campeões. E em outubro daquele ano acabou flagrado com uso de cocaína, suspenso por uma pena que acabou diminuída para seis meses e colocando em cheque o futuro como um dos grandes nomes de uma nova geração. Mas reencontrou o bom futebol na LDU, campeã da Sul-Americana em 2009 e nacional em 2010, e apesar de uma passagem sem lembranças no Chivas USA, voltou para casa em tempo de brilhar no Emelec e ser tricampeão em 2013-14-15.

Enfim, Miller Bolaños chegou ao Brasil para atuar pelo Grêmio, considerado por muitos o principal reforço dentre os tantos estrangeiros que chegaram ao Brasil para 2016. Estreou, ironia daquelas, contra a própria LDU. O tricolor gaúcho, coisas do futebol, chegou à primeira semana de março já pressionado. O bom final de Brasileiro sob o comando de Roger foi apagado na velocidade de um ataque do Toluca, que venceu os gremistas, com um jogador a menos, na estreia da Libertadores. Era a hora da verdade, estádio cheio, Porto Alegre em noite de show dos Stones. Bolaños titular.

O atacante de 25 anos não fez a partida da vida, e seria exagero dizer que a atuação foi brilhante, mas a primeira impressão foi mais do que boa. Logo no primeiro tempo, muita movimentação, toques à vontade e um gol, pouco mais de meia hora com a nova camisa, para confirmar a boa atuação do time que enfiou 4 a 0 nos visitantes. Como se fosse velho de guerra, comemorou com intimidade digna de dança com o volante Edinho e dedos erguidos para o céu – ainda que esse último gesto seja universal e automático. Saiu no meio do segundo tempo ovacionado pela torcida.

De quarta para domingo, um pulo, Gre-Nal valendo por dois – pontos para o Campeonato Gaúcho e a Liga Sul-Minas-Rio. E se o Gre-Nal perdeu recentemente D’Alessandro, um de seus personagens mais marcantes de uma história que chegou ao jogo 409, ganhava Bolaños, candidato a ídolo, reconhecendo Porto Alegre logo em semana de Libertadores, Mick Jagger e maior jogo possível.

Mas o clássico, para Miller, durou três minutos. Durou 45, vai, mas logo no começo uma cotovelada de William rendeu uma grave lesão no maxilar. O atacante seguiu em campo, mas no intervalo correu para o hospital e teve confirmada a necessidade de cirurgia. Lance em que, que coisa, o árbitro assinalou falta do equatoriano no colorado. E William, negue e peça desculpas até o Gre-Nal 1000, no mínimo foi para dar. Aquela chegada mais dura, de braço aberto, peso todo jogado contra o rival, que vez ou outra dá nisso. Deu.

Bolaños, duas horas em campo, sendo parte na estreia e outra com um maxilar estourado, já correu o suficiente para deixar saudade. Num deserto de grandes jogadores chamado futebol brasileiro, onde talento é miragem, Miller parecia um cara de valer o ingresso, os minutos em frente à TV. Esperemos.

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Conexão Sudaca #83 Maria Laura Muxi

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LUGAR DE MULHER É NA COPA… LIBERTADORES

Entrevistamos Maria Laura Muxi, dirigente do Club Nacional de Football, sobre o papel da mulher no futebol sul-americano e o atual momento do Bolso.

Como é de praxe, repassamos a rodada da semana que passou em LA COPA e fechamos o programa ao som da banda mexicana Brujería, que anunciou a turnê sul-americana Fuck Donald Trump.

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Xadrez Verbal #38 Alexandre Vidal Porto

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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS NO IRÃ E PRIMÁRIAS NOS ESTADOS UNIDOS

No programa de hoje recebemos o diplomata e escritor Alexandre Vidal Porto. Conversamos sobre diplomacia, a carreira diplomática, o panorama do MRE dentro do atual cenário político e também as novidades de sua carreira literária. Uma conversa obrigatória para todos os interessados no CACD.

E também falamos muito de eleições. Explicamos (tentamos?) como funcionam as primárias dos EUA, Hillary e de Trump, e eleições na Irlanda e no Irã. Você vai entender um pouco mais o cenário iraniano, de possíveis mudanças. América Latina, Coreia do Norte e refugiados fecham um programa recheado de Menino Neymar.

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Travessia #07 Dia da Mulher

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Mulher

O Dia Internacional da Mulher não é uma data comemorativa: existe para lembrar a necessidade de as mulheres batalharem pela busca da igualdade de condições. A vida feminina numa sociedade dominada pelos homens não é um céu de brigadeiro e a música retrata muito bem isso — para o bem (como denúncia ou crônica de um problema) e para o mal (a banalização da tragédia no dia a dia).

Para falar sobre o tema, Caio Quero e Fernando Vives trouxeram a primeira convidada do Travessia: a cientista social e sambistaVerônica Borges. Formada pela Unicamp, ela participa da bateria da Nenê da Vila Matilde e de rodas de samba em São Paulo, como o grupo Sambadela, formado majoritariamente por mulheres, com o intuito de valorizar e ampliar a participação feminina nas rodas também como instrumentistas.

A escolha das canções foi feita a seis mãos:

– Chiquinha Gonzaga, a mais incrível história de luta feminina da música brasileira;
– Isaurinha Garcia canta sobre uma mulher que gostava de apanhar em tom de humor: a banalidade do absurdo no cotidiano;
– Apoiada pelo governo Vargas, Aurora Miranda dá voz a dona de casa que peita o malandro que gasta o dinheiro que ela ganha;
– Adoniran Barbosa e sua canção sobre a mulher que conta para a mãe que pretende abandonar o marido que a maltrata;
– Dona Yvone Lara, a primeira mulher a conquistar espaço entre os compositores de samba-enredo no carnaval do Rio de Janeiro;
– Anastácia, a desvalorizada parceira de Dominguinhos;
– Leci Brandão e o samba que convoca as mulheres a lutar;
– Joyce, da geração 68, e a conversa com sua mãe sobre o que é ser mulher;
– A quase octagenária Elza Soares mostra que pior que mexer com a Maria da Penha é mexer com a Maria da Vila Matilde.
– Rita Lee e seu pop hedonista feminino.

 

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Tire a calculadora do bolso

Por Gil Luiz Mendes, do Baião de 2

Torcedor, em sua maioria, só é bom com os números na hora de acertar a conta no bar. Mas em algum momento, de qualquer campeonato, todos viram uma espécie de Tristão Garcia ou Oswald Souza. Soma daqui, divide dali e tome probabilidade. Faltam duas rodadas para o fim da primeira fase da Copa do Nordeste e já tem torcedor colocando papel, caneta e calculadora ao lado da camisa e da bandeira.

Os cálculos até parecem simples: são vinte times em cinco grupo e oito passam para a próxima fase. O primeiro de cada grupo se classifica e os três melhores segundo colocados também. É nessa última parte que nasce o drama, e o floreio de números se intensifica. Além de olhar para o seu grupo, é preciso sempre dar uma espiada nos vizinhos para saber o que ocorre por lá.

O Bahia é o primeiro classificado com seus 12 pontos e quatro vitórias em quatro jogos no Grupo C, garantido já no mata-mata. O Campinense, no Grupo A com 10, também já pensa em encostar seu burro na sombra e conta os dias para as quartas-de-final – falta pouco. América-RN, Ceará e Sport lideram as suas chaves com os adversários nos calcanhares. O rubro-negro pernambucano tem até uma certa folga, mas que ainda não lhe garante nada.

Santa Cruz, Coruripe e Sampaio Corrêa terminam a quarta rodada do Nordestão como os melhores segundos colocados. Todos têm os mesmos sete pontos do Vitória da Conquista, que só não entra na brincadeira por conta do número de gols marcados, critério de desempate que vem depois do saldo de gols. Junto com o time do interior baiano, River-PI e CRB incomodam aqueles que hoje sustentam as três vagas de vice-líder que garantem a passagem para segunda fase.

Até o dia 23 de março o torcedor somará aquelas contas de bar às equações complexas que comprovam que o time tem chances claras de classificar. Duvida? Senta aqui que eu te mostro os números…

Classificação Copa do Nordeste (após 4/6 rodadas)

Grupo A (todos com chances)
Campinense – 10pts, saldo +3
Salgueiro – 4pts, saldo 0
Imperatriz – 4pts, saldo -1
ABC – 4pts, saldo -2

Grupo B (todos com chances)
América-RN – 7pts, saldo +1
Coruripe – 7pts, saldo +1
CRB – 6pts, saldo +1
Estanciano – 3pts, saldo -3

Grupo C (Bahia classificado, Confiança praticamente fora)
Bahia – 12pts, saldo +8
Santa Cruz – 7pts, saldo +2
Juazeirense – 2pts, saldo -3
Confiança – 1pt, saldo -7

Grupo D (todos com chances)
Sport – 8pts, saldo +3
River – 5pts, saldo -1
Fortaleza – 4pts, saldo 0
Botafogo – 4pts, saldo -2

Grupo E (Flamengo praticamente fora)
Ceará – 7pts, saldo +6
Sampaio Corrêa – 7pts, saldo +2
Vitória da Conquista – 7pts, saldo +2
Flamengo – 1pt, saldo -10

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É tão feio quanto grande

No jantar da noite de quarta-feira, véspera de Palmeiras x Rosário Central, Cristaldo se serviu e chamou um brinde com um copo de suco de laranja: três meses, três meses! O argentino lembrou da final da Copa do Brasil, quiçá a noite mais insana da história da rua Turiassu, para cobrar um time intenso, aguerrido, veloz. Deu certo. Aos 24 minutos, o camisa 9 que por tantas tardes e noites chega a ser quarta opção de ataque trombou com um zagueiro, disputou com outro, fez do gramado pesado um drible de corpo no goleiro e abriu o placar.

Se não era o primeiro tempo dos sonhos, era o primeiro tempo dos sonhos. Se faltou Ademir da Guia ou Alex – que categoria tinham na chuva! -, sobrou disposição e as chances de gol foram surgindo. Finalmente, aliás, depois de três jogos sem vencer em casa no Estadual: ainda que naquele jeitão Palmeiras empurrado pela torcida, de lançamentos longos, unindo vontade a lampejos de seus talentos espasmódicos. Nessas, Dudu acertou o pé da trave, Robinho teve boa chance, Cristaldo chutou mais uma, Jean chegou batendo de fora da área, Thiago Santos tocou fraco de cabeça, Gabriel Jesus foi parado por um impedimento mal assinalado.

[Cesar Greco / Palmeiras]
[Cesar Greco / Palmeiras]

E caso no intervalo Marcelo Oliveira entrasse naqueles filmes onde o personagem pode alterar coisas do passado, tomaria uma decisão simples, de um só gesto: rasgaria a folha de fevereiro do calendário e abriria a temporada com aqueles 45 minutos de água, suor e, finalmente, vitória em casa, até então inédita na temporada.

Mas veio o segundo tempo, um massacre daqueles de líder contra lanterna do Campeonato Alemão.

O Palmeiras, inexplicavelmente para a noite que parecia ser de redenção, mas naturalmente para o que vem jogando tem muito tempo, virou nanico. Uma feiura de assustar. Um time pequenino em seus piores dias, assistindo ao rival argentino fazer do Palestra Itália uma capitania hereditária rosarina.

O Central, muito bem treinado pelo técnico Eduardo Coudet, chegou de tudo quanto é jeito. Cervi batendo firme da entrada da área, Cervi dando carrinho e dividindo com o rosto do goleiro, Da Campo soltando o pé para encontrar a ponta dos dedos do maior palmeirense vivo do momento.

https://www.youtube.com/watch?v=W9YntxnXTrM

Cambaleando nas cordas, à beira do nocaute, o time brasileiro cedeu um pênalti. Mas Marco Ruben, tal como alguns tantos ao longo da última Copa do Brasil, sentiu a aura de Fernando Prass engolir toda uma arena moderna ao pular no canto direito. O espírito do camisa 1, ainda em minutos superlativos, espirrou para fora outra bomba de Cervi, outra cavada de Ruben. E torceu para que tantas bolas do Central – no chão, elegantemente de pé em pé, a quinhentos por cento de posse de bola – passassem longe do gol palmeirense.

O que vão se lembrar é que o melhor primeiro tempo do ano dentro do possível virou o pior segundo tempo possível. O gol de Allione, num fim de churrasco para lá dos acréscimos, vira trívia para as próximas gerações. Se Marcelo Oliveira vivia o risco de demissão, sobrevive graças à grandeza da camisa, equivalente à feiura do time. E o Palmeiras, 2 a 0 no placar, vira líder do grupo, redefinindo os limites do clichê ‘sofrimento de Libertadores’ – ou aquele outro, tão batido quanto: ‘o que importam são os três pontos’?

*À torcida canalla, fica a solidariedade deste jornalista (e torcedor também, claro) pela má vontade, para dizer o mínimo, da diretoria palmeirense para com a logística dos visitantes.

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O Alimento da Alma

Doce infância

Era uma daquelas manhãs outonais em que o Sol e o céu azul estavam lá, reluzindo, não o bastante pra dispensar moletons e jaquetas. Com a promessa de mais uma ida ao Pacaembu, para ver o time em campo pela primeira vez em disputa internacional, este criança acordou com implacável febre, que ao menos valera falta na escola.

Mas a dor de cabeça e no corpo eram sérias, um peso jamais sentido anulando as forças. Foi necessário ir ao pronto socorro, tomar soro, ficar sob observação. Suspeita de meningite. Uma brutal injeção na medula, a maior agulha já vista na vida, cujo líquido extraído ajudaria no diagnóstico.

Um puta susto, mas tudo bem, alarme falso. Era só ir pra casa, tomar os remédios prescritos e esperar passar. Mas havia Marcelinho, Edmundo, Souza, Zé Elias, Ronaldo e um Pacaembu tomando conta de todos os pensamentos.

Muitas horas de súplicas, uma ou outra informação sonegada à mãe e, finalmente, vamos para o jogo, afinal, no ano seguinte seria transposta a faixa etária que era sinônimo de entrar gratuitamente no estádio municipal.

Havia também Leonardo, que completava um envolvente ataque, pouco lembrado pela sua curta duração em preto e branco. Ele que abriu o placar, completando jogada de ponta do Animal, em um dos seus 5 gols naquela campanha.

E o Corinthians aplicou 3 a 1 com grande facilidade, fazendo valer cada minuto daquela dor que ainda figura na memória celular desse corpo.

Uma pena não terem feito minuto de silêncio para o discreto goleador piauiense, falecido de forma tão incompreensível na semana.

Podem achar chatice de quem é crítico incansável do atual modelo de futebol e estádio preconizado para os grandes clubes brasileiros, sua nova cartilha de comportamento, que empastelam a cultura das arquibancadas dia após dia.

Mas parece um esquecimento “coerente” com os tempos em voga, no qual só se conhecem o sucesso, os títulos, casarões luxuosos, rankings de sócios, patrocinadores, cifras inéditas e os velhos mantras de time maloqueiro e sofredor não passam de slogans vomitados por departamento de marketing.

Vai ver, convém não lembrar muito desse Corinthians que perdia e traumatizava, da torcida que reagia insanamente às decepções, da vida mais simples e feliz no estádio alugado e um jeito menos “materialista” de amar o clube.

Maturidade agridoce

De volta ao presente, estávamos diante do início de mais uma campanha copeira, ainda sob o baque do mais puro ópio chinês e um time que não passa perto de criar grandes ilusões.

Mas seguimos, porque se na arena nosso modo de torcer é podado incessantemente, na televisão, com seus animadores de auditório e “show de imagens” que entopem a tela de closes e replays em câmera superlenta a qualquer banalidade, fica mais difícil ainda manter a devoção.

A expectativa já vinha de antes, com a assombrosa notícia do ataque ao presidente e um secretário dos Gaviões da Fiel, na saída de uma reunião com o Ministério Público e o promotor Paulo Castilho, autêntico sucessor do famoso príncipe da merenda, aquele que alavancou sua carreira política através da extinção da festa e da liberdade dos estádios paulistas.

Merenda

Políticas de “segurança” comprovadamente fracassadas, após 20 anos de tentativas. Mas nada que impeça sua repetição. “Temos de ser mais europeus e norte-americanos”, disse recentemente o investigado presidente da Assembleia Legislativa.

Folga dizer que é impossível tratar do crime sem fazer ilações com possíveis retaliações do aparato estatal, do momento em que o político em questão (que tem entrado com ações judiciais para impedir jornalistas de citá-lo) virou alvo central, ao lado da Rede Globo, dos protestos dos torcedores organizados do Corinthians, que vão desde o preço dos ingressos à própria corrupção, inclusive a que devastou o futebol brasileiro nos últimos tempos e agora deixa um auto-anistiado da ditadura em seu posto máximo.

Só mesmo uma dose cavalar de dissimulação para focar exclusivamente nas rixas eternamente mal resolvidas entre as organizadas, o que de fato não pode ser descartado.

Dessa forma, o que veríamos em campo dependia um pouco do que se transmitiria de fora. E o agouro era ruim.

Em maio passado, véspera da semifinal do Campeonato Paulista, uma brutal chacina levou deste mundo 8 membros da Pavilhão Nove, em sua própria sede, num ritual claramente associado a grupos de extermínio, cujas ramificações dispensam comentários. Não à toa, exclui-se o massacre das lembranças midiáticas de casos de violência, enquanto mais uma vez as investigações parecem inexistir.

Naquela vez, uma torcida claramente de luto, por vezes sentada, não pôde exercer sua força tradicional e o Timão acabou eliminado nos pênaltis, após chegar a virar o marcador contra o grande rival.

Desta vez, talvez por ninguém ter morrido e a cautela ser estratégica, os Gaviões tentaram viver o jogo em bom astral e comandar as bancadas como de costume. Tarefa inglória já em condições normais, em tempos onde a torcida parece mais pulverizada do que nunca, carente do velho sentimento de irmandade que perpassava todos os setores e tipos presentes.

Ainda assim, era preciso mostrar força, e ela se viu através da reiteração dos protestos contra Globo, CBF, FPF, os preços e o intocável.

O jogo

Em meio ao turbilhão das emoções e memórias, a bola precisava rolar, sempre precisa. Fecha as feridas um pouco mais rápido.

E ao menos nesse âmbito o Corinthians de Tite mantém o hábito de jogar futebol avesso a surpresas e quebras de roteiro.

Um time metódico, peças que compensam a falta de brilho com a perfeita noção de onde e quando precisam estar.

Não existe aquele velho costume de dar tudo por um gol nos primeiros 15 minutos, em pressões de tirar o fôlego e a confiança do visitante. Por outro lado, muito raramente se vive o reverso da moeda, um pedaço de jogo marcado pelo domínio rival e a iminência do indesejável.

Mais uma vez, vimos um jogo de tabuleiro, regiamente seguido pelos colombianos, campeões sul-americanos, lembre-se, e bem treinados e disciplinados pelo argentino Gerardo Pelusso.

Chances contadas, de perigo apenas relativo de lado a lado, ninguém capaz de dar um passe ou drible que quebrassem o sistema oponente, de fazer alguém puxar o ar pro grito que já está na metade da garganta.

Mas a coletividade alvinegra se adaptou, até de bom grado, a essa vida com menos pulsações. Paira no ar uma sensação positiva de que é assim mesmo que vai dar certo, que daqui a pouco uma jogada fortuita e bem executada termina como vimos mais uma vez terminar, no gol do apagado Guilherme em cruzamento excelente de Rodriguinho.

E que depois os minutos passariam na mesma rotação, com toda a onisciência de quem já se acostumou a ganhar assim, sem brilho e naturalmente. Como passaram.

Não há quem discuta a queda técnica em relação ao hexa brasileiro, mas nem o aterrador êxodo é capaz de baixar totalmente a guarda de uma torcida que mantém a fé em seu pastor e seus poderes de transformar o jogo em ciência exata.

A razão e a fé de mãos dadas, eis a receita.

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