Quando o Carnaval já chegou

 

 

Lá dos Quatro Cantos News chega a notícia: já tem folia pelas ladeiras do Sítio Histórico. Estamos ainda em setembro, mas as informações que caem pra cá, via criptografia e barulhinhos eletrônicos, é que na Marins dos Caetés e na Terra do Altos Coqueiros já é verão. Não ligue para essa besteira chamada calendário. Corra e olhe o céu. A boa nova diz que faz mais ou menos um par de semanas que a turma de preto e amarelo da Pitombeira, que na cachaça é a maior, já arma sua festa e ensaios, e essa é a senha que comunica que começou o Carnaval.

A tensão pré-Carnaval bate bem antes dos quatro dias em que Momo dá as cartas no mundo. Inclusive está nesse momento por aqui, entre o Campo Limpo e o Ibirapuera, faltando 159 para começar o momento mais esperado do ano. Depois da passagem aérea garantida, agora vem o momento de planejamento. Sim. Planilhas, metas e controle fiscal e financeiro para que tudo saia da melhor forma. Carnaval não é bagunça, maestro.

Há quem brinque e há quem leve a sério. Tem aqueles que se jogam no meio da multidão sem muitos planos. Ficam à deriva e na primeira troça que passa, seguem. Desistem dessa e correm logo para outra barca que descerá a ladeira do lado. Há também aqueles que curtem ficar parado no meio do furdunço. Vendo e sendo vistos, mas tem tanta coisa rolando que considero isso uma baita perda de tempo.

Mas os que se preparam estão nesse momento pensando em cada fantasia que irão usar. Claro que não podem se repetir. Uma por dia. Para os quatro dias. E não pode esquecer que as peças têm que combinar com as cores dos blocos que vão acompanhar. No caso de ir em dois blocos no mesmo dia, se vira para trocar de roupa no percurso entre um e outro.

Chegado o último trimestre do ano, também é necessário vestir fantasia de economista e fazer projeções em cima dos investimentos que serão feitos com o dinheiro guardado no miaeiro ou cofrinho, como chamam na parte de baixo do mapa, para saber se vai dar pra adquirir tudo que se precisa. Com um cenário econômico tão instável, várias são as dúvidas: quanto estará o quilo do gliter? Três latões continuarão sendo vendidos por dez reais? E o sucesso, quanto custará?

Pra quem mora longe da Linda Olinda e do Recife Me Carregue Pelos Braços, como no caso do crônico cronista aqui, tudo que se pode fazer é isso. Criar expectativas e morrer de ansiedade. Ai, meu ansiolítico. Inveja também tem por aqui. Imagino que meu amigo Felipe Mendes, o eterno Bolinha de Candeias, não sofra de tais males. Sua caixa de correio é na Cidade Alta e a Henrique Dias já ensaia os frevos clássicos quase em frente a sua residência, nessas noites de mormaço e pouca lua.

Outro Filipe, o Niero, ex-candeiense clássico, também perde as alças das suas sandálias Havaianas nos paralelipípedos que vão do Bar de Peneira até a finada Casa do Cachorro Preto, sempre marcando passo e trançando pernas. Ah esses pecados capitais, Paulinho. Se bem que é durante fevereiro, em 2019 já pegando março, tudo vale, inclusive colocar para fora do corpo tudo que merece indulgências futuras. Quem pode estar em Olinda e Recife, está liberado a fazer todas essas estrepolias antes mesmo de chegar o Natal. Queria? Queria. E muito.

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